Crianças que têm hábito de ler se saem melhor nos primeiros anos de estudo
Isso ocorre porque, estimulando o interesse pelo significado das palavras, os pais colaboram para o desenvolvimento

Na hora de reconhecer a capacidade intelectual da filha, Elem Aureliano não poupa boas referências. “Ela se comunica com adultos e crianças, o vocabulário está além do normal para a faixa etária e, na escola, os professores dizem que a Maria Beatriz está à frente dos coleguinhas”, contou. E o orgulho materno não é infundado: antes de completar quatro anos, a menina já reconhece todas as letras, sabe identificar os nomes dos pais e tem noções de quantidade. Também consegue associar as letras a palavras que fazem parte do seu cotidiano. Entusiasmada com o universo que se descortina nos livros, ela aproveita os momentos de leitura da família para carregar seus livrinhos para perto dos pais. Aconchegada a eles, a pequena passa os dedinhos sobre as linhas da história, como se já estivesse lendo perfeitamente.
O bom desempenho escolar e a aceleração no aprendizado não são as únicas vantagens de quem se apega, desde cedo, ao hábito de ler. Segundo o psicólogo e presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, a leitura é uma das formas mais eficazes de dar às crianças um vocabulário mais rico e o contato com uma sintaxe mais complexa. O Alfa e Beto é uma organização não governamental focada em políticas de educação. “Ainda é um processo agradável, que reforça a afetividade com a família. Além disso, vocabulário é conceito, e quanto mais se tem, mais ideias variadas se pode expressar. A sintaxe da escrita é diferente da oral e permite uma forma de pensar mais complexa e rica”, considerou.
Aprendizado
Engana-se quem pensa que textos escritos não são proveitosos para crianças ainda não alfabetizadas. Antes mesmo de dar significado à sopa de letrinhas que visualiza nas páginas, a meninada aprende a segurar um livro, entende a direção da leitura, ganha familiaridade com as sequências que compõem uma história e ainda tem contato com uma explosão de palavras e frases. “Quando está na barriga da mãe, o bebê já ouve sons, reconhece a cadência e a sonoridade das falas e até identifica o sotaque dos pais”, ressaltou Oliveira. Nessa fase, a linguagem é uma forma de transmitir calma e serenidade ao feto.
Entre quatro e cinco meses de vida, o bebê já leva os objetos à boca, até mesmo os livros, e foca a atenção em figuras nítidas. Nessa fase, ele acompanha o olhar dos pais e começa a emitir os primeiros sons que capta. Por causa do hábito de levar os objetos à boca, os livros devem ser adequados para serem folheados na água e precisam ter as pontas arredondadas, para evitar machucados. Apesar de não apreender o conteúdo, o bebê já consegue entender que existe uma linguagem. Por volta de oito meses de idade, ele começa a se interessar por fotos, formas, figuras e cores. “O mais importante nesse momento não é ensiná-lo, mas entretê-lo”, reforça o especialista.
Mas não basta estimular a inteligência, é preciso escolher as ferramentas corretas. Na fase em que crianças ainda não são íntimas do alfabeto, a literatura escolhida pelos pais deve conter cantigas, rimas, sonoridade variada e aliterações, que prendem a atenção ao ritmo. Depois de seis meses de idade, o interesse se expande para figuras de animais, imagens de outros bebês e objetos familiares. A partir dessa etapa, a criançada se fixa nos hábitos e nas atitudes que ajudam a criar uma rotina
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