Monteiro Lobato inspira alunos
A rede particular de ensino não tem as bibliotecas abastecidas pelo MEC. Se tivesse, porém, é provável que as restrições a Monteiro Lobato teriam ardorosos críticos nas escolas. O projeto Janela do Livro, do Colégio Mutirão, incentiva os alunos a mergulhar na obra do criador do Sítio do Picapau Amarelo. A atividade culmina com a encenação de peças teatrais em escolas, empresas e até hospitais. A professora responsável pela Biblioteca Luis Fernando Verissimo, Domingas Colombo Giacomin, coordena a Janela do Livro há 16 anos e nunca ouviu crítica alguma dos alunos ao conteúdo abordado por Monteiro Lobato. Ao contrário, os estudantes passaram a valorizar ainda mais o autor.
Marcella Marques Moreira, 10 anos, interpretou Tia Nastácia na peça deste ano.
– Eu que escolhi fazer esse personagem, porque eu gosto dela e é ela quem conta as histórias. A própria Tia Nastácia sempre fala para não ter racismo. Não é porque ela é negra que vai ser diferente – disse a menina da 4ª série.
Nicole Bianchi, 15, participou do mesmo projeto quanto era pequena.
– Eu fico muito triste com esta crítica que estão fazendo de sua obra, porque meu primeiro livro foi de Monteiro Lobato, contava as histórias para a minha irmã menor. Não acredito que as crianças vão deixar de ler alguma de suas obras, porque ele já faz parte da nossa história – expressa Nicole, com autoridade.
Especialista em literatura infantil, Domingas se diz extremamente revoltada com a posição contrária ao livro Caçadas de Pedrinho.
– Eu não enxergo racismo, vejo valorização do negro por meio de Tia Nastácia. Ou então teríamos que queimar todos os livros que falem de italianos, alemães e de outras raças. Eu jamais imaginei que no ano de 2010 fosse surgir uma polêmica absurda como essa – critica Domingas.
Mesmo que o MEC acate o parecer contrário à distribuição do livro, a professora acredita que a medida não vai surtir efeito prático de combate ao preconceito:
– Quem levantou esta questão não deve ter lido Monteiro Lobato e, portanto, não teve uma infância feliz. Ele colocou outros personagens também, como a idosa Vó Benta e o Tio Barnabé, que falava tudo errado, justamente para que se discutisse a questão da discriminação.
Fonte: Pioneiro
Comments
Powered by Facebook Comments
Com certeza, quem levantou essa polêmica não leu Monteiro Lobato…e, se leu, não entendeu!
Mais claro que as crianças não conseguem fazer um julgamento nas entrelinhas, é preciso ser um leitor aguçado pra perceber mensagens subliminar. A juventude nazista não conseguiu enxergar as mensagens racistas de Hitler e muitos concordavam com a visão da super raça ariana. Quem não vê racismo e preconceito nas histórias do Sítio ainda não passou da fase do analfabeto funcional.
É uma pena… postagens como essa é que fazem com que o Monteiro Lobato, criador da primeira gráfica no Brasil e um visionário, seja visto com maus olhos e enxergado como racista.
Um homem que lutou pelo Brasil, que viu a desigualdade humana como ninguém, que sofreu junto com os negros… o primeiro homem que viu o negro, na época da escravidão, como um ser humano e não como objeto…
Com certeza, quem escreve esse tipo de comentário não faz ideia de quem é ou quais os ideais do Monteiro Lobato. Não conhece a sua história.
Não sei qual visão é a mais preconceituosa: a do Monteiro Lobato ser racista ou das crianças não terem discernimento de interpretação.
Não sei em que mundo você nasceu "Anônimo", mas com certeza de leitura e crianças você não entende nada.