UnB guarda manuscritos do século 14 e mais de 13 mil livros centenários

Setor de Peças Raras possui documentos em cofre climatizado desde a década de 1960.
Natalia Godoy e Luiza Garonce, no UOL
Um um ambiente climatizado de entrada restrita, a Universidade de Brasília (UnB) mantém três papiros do século 14. Pesquisadores estimam que os papéis escritos à mão tenham chegado de Portugal por volta de 1560. Além deles, cerca de 13.500 livros dos séculos 16 e 17 compõem o acervo.
Os documentos são objetos de estudo e ficam guardados em um cofre no Setor de Obras Raras, dentro da Biblioteca Central. Para manuseá-los, é preciso usar luvas e máscara. No caso dos papiros, feitos de couro, o cuidado é ainda maior.
Para minimizar os efeitos de temperatura e da umidade, os manuscritos são envoltos em camadas de papéis livres de acidez. Para diminuir a incidência de luz, eles são guardados dentro de uma caixa.
Para a bibliotecária e responsável pelo acervo, Néria Lourenço, “manter esses documentos disponíveis para os pesquisadores permite que a população conheça melhor um pouco da história”.

Segundo Néria, os livros são de origem diversa, “tem da França, de Portugal e, alguns, escritos em latim”. Há, ainda, cerca de 10 mil exemplares de periódicos – a maioria, publicação brasileira. Todos eles chegaram à UnB na década de 1960 e foram obtidos, principalmente, pela compra de coleções.
Ao longo dos anos, a universidade também recebeu doações de pessoas físicas e de instituições.
Acervo é museu?
O acervo de peças raras da Biblioteca Central da UnB não tem a finalidade de um museu. Ele funciona como um arquivo de manutenção histórica e de fomento à pesquisa. “A prioridade é o ensino e a disseminação da informação”, disse a bibliotecária.
Por isso, quem entra no cofre com papiros, livros e periódicos de séculos atrás precisa ter um motivo acadêmico e tomar todos os cuidados necessários para não causar danos nos documentos.
“A política de segurança é que as pessoas encaminhem um e-mail para o setor explicando o motivo. Muitas vezes é uma curiosidade, mas pra isso, a gente disponibiliza na versão digital”, explica Néria.

Os papiros, por exemplo – escritos em português arcaico com forte influência do latim – servem de base para pesquisas de linguística, evolução da Língua Portuguesa, estética caligráfica e artística.
O pesquisador norte-americano Robert Krueger é professor de português na UnB e, assim que descobriu os pergaminhos, começou a estudá-los.

Apesar da delicadeza e quantidade númerica baixa dos pergaminhos, quem se debruça sobre eles afirma que ainda há muito o que estudar.
“Cada pesquisador identifica alguma coisa nova. Com certeza ainda vamos descobrir muitas coisa interessantes e isso vai enriquecer o conhecimento sobre esses manuscritos”, disse a estudante de história Juliana Medeiros.
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