Bar do interior de SP aposta em livros e minibiblioteca para driblar Wi-Fi e ‘hiperconexão’ de clientes

Dono trabalha no local desde os anos 70 e aposta em novidade para trazer novas experiências aos clientes. Segundo pesquisa do IBGE, eletrônico é usado por 94,6% dos internautas.
Matheus Fazolin, no G1
Um homem apaixonado por livros herda o bar do pai, o transforma em um ponto de encontro para um clube de leitura e incentiva clientes a conhecerem clássicos da literatura em vez de ficarem conectados em redes sociais e Wi-Fi. Isso tudo parece uma narrativa contada em um livro de ficcção, não é? Mas, desta vez, a história é real e o cenário é a pequena cidade de Araçoiaba da Serra (SP).
Hoje André Gimenez Filho tem 60 anos, mas desde 1971 trabalha no mesmo lugar, um bar no Centro da cidade.
O pai dele, “um espanholzão tradicional”, como o próprio André descreveu, abriu o empreendimento e, desde então, o filho começou a querer mudar algumas coisas para evitar a “hiperconectividade” dos clientes.
Segundo ele, a “hiperconexão” está diretamente ligada às pessoas que ficam muito tempo entretidas em celulares e outros eletroeletrônicos. “Este é um conceito novo em que todos estão interligados pelas conexões virtuais, mas, ao mesmo tempo, cria uma relação superficial quando o assunto é olho no olho”, diz.

A história do bar começou a mudar quando o tal espanhol morreu, há quatro anos. O filho passou a tomar conta do bar e o transformar no que ele sempre quis. Em entrevista ao G1, André disse que o bar é inspirado em pubs ingleses e tem forte presença da banda The Beatles.
A jornalista Neusa Gatto, de 50 anos, que por conta da profissão precisa ler muito, diz que a iniciativa é fundamental e deveria ser exemplo para outros estabelecimentos nos quais muitas pessoas estão concentradas.
“É muito difícil encontrar um bar onde as pessoas não estejam a todo tempo no celular. Eu achei a ideia fantástica, já até doei livros. O bar não fica devendo nada para alguns de São Paulo”, afirma.

André, que chegou a ser bancário, disse que a ideia nasceu inspirada em uma mulher que distribuía livros na cidade.
De acordo com André, além de cada mesa ter livros e marcadores de páginas, uma minibiblioteca está sendo montada no estabelecimento.
“Os livros são doados e quem quiser contribuir pode. Alguns se apaixonam tanto pelos livros que acabam levando embora e não trazendo mais”, diz aos risos.

‘Qual é a senha do Wi-Fi?’
Atualmente não há livros ou bibliotecas que evitem a famosa pergunta “qual é a senha do Wi-Fi?”, nem mesmo a iniciativa de André.
Segundo levantamento do IBGE, o celular continua a ser o principal aparelho para acessar a internet no Brasil. Em 2016, o eletrônico era usado por 94,6% dos internautas. Ainda de acordo com a pesquisa, 77,1% dos brasileiros possuíam algum celular.

Ele afirma que não retirou a rede wireless, porque, mesmo que exista bastante adesão dos clientes, muitas pessoas vão até o lugar para trabalhar.
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