Pavarini
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Lançamento de livro vira celebração para Moro e Lava Jato
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O juiz Sergio Moro em evento de lançamento de livro sobre a Lava Jato, em Curitiba (Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo)
ESTELITA HASS CARAZZAI, na Folha de S.Paulo
O autor da noite era o jornalista Vladimir Netto, da TV Globo. Mas quem chegava à livraria em Curitiba nesta terça (21) era direto: “Eu quero o livro do Moro”.
O magistrado que conduz a Operação Lava Jato estampa a capa da obra de Netto, “Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”, lançada pela editora Sextante, que conta os bastidores da investigação.
Foi Moro quem atraiu mais holofotes durante o lançamento nesta noite, na cidade-sede da Lava Jato. Tirou fotos, foi aplaudido, ouviu gritos de “Viva Sergio Moro” e autografou exemplares, ainda que sob protestos –”mas o livro nem é meu”.
Além dele, delegados, procuradores e até o “Japonês da Federal”, o agente Newton Ishii, foram celebrados pelos leitores.
Ishii, recentemente condenado a cumprir pena em regime semiaberto por contrabando, posou para selfies, como sempre. Ele é monitorado por tornozeleira eletrônica.
Moro, que foi aplaudido ao chegar na livraria, é o principal perfilado da obra, que fala sobre os dois primeiros anos da Lava Jato.
“Eu ainda não li, vim na expectativa de ganhar um exemplar”, afirmou à imprensa. “É um jornalista experiente; com certeza é um trabalho de fôlego.”
Após receber um exemplar com dedicatória e posar para fotos, Moro se dirigiu a um café nos fundos da livraria, que funcionou como uma espécie de “camarote”.
Cercados por seguranças da livraria e também da Justiça Federal, procuradores, policiais e delegados conversavam e, eventualmente, atendiam a pedidos para fotos e autógrafos.
Até a mulher de Moro, a advogada Rosângela Wolff Moro, foi assediada pelos leitores. Posou para fotos e chegou a assinar alguns livros.
Concurso Cultural Literário (160)
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Segredos de Pai para Filho
Como A Perseverança, A Ousadia e A Fé Podem Transformar Uma Vida
Uma jornada vitoriosa! Assim podem ser definidas a vida e a carreira de Reinaldo Morais, que traz ao mercado editorial seu livro Segredos de Pai para Filho.
Um dos maiores e mais bem-sucedidos empreendedores do agronegócio brasileiro, fundador e gestor de grandes frigoríficos nas áreas de avicultura e suinocultura, Reinaldo nasceu para vencer – mas só descobriu isso depois de muitas dificuldades e desafios, todos superados com ousadia, iniciativa e fé.
Foi através das carências e lutas na infância e adolescência – quando juntava seus trocados vendendo ferro-velho, limpando estrume de animais e capinando de enxada na mão – que o jovem Reinaldo descobriu o valor do empreendedorismo.
Perseverança, coragem e um genial senso de oportunidade fizeram dele o “rei” do mercado de frango no país.
Aprenda como Reinaldo superou o custo Brasil causado por entraves burocráticos e uma carga tributária excessiva.
No livro, o megaempresário revela como venceu enraizados esquemas de corrupção na política paranaense, colaborando para fazer do Estado do Paraná o maior produtor nacional de frangos e gerando milhares de empregos. Segredos de Pai para Filho vai ensinar ao leitor como os conselhos bíblicos e a coragem para ousar podem mudar a vida de uma pessoa. Uma leitura para vencedores – e para aqueles que almejam o sucesso!
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Em parceria com a Impetus, vamos sortear 3 exemplares de “Segredos de pai para filho“, de Reinaldo Morais.
Para concorrer, fale na área de comentários sobre a importância dos ensinos bíblicos para viver uma vida bem-sucedida.
Se participar via Facebook, por favor deixe seu e-mail de contato.
Para ficar sempre por dentro das novidades e promoções, sugerimos que curta as páginas dos envolvidos neste concurso cultural:
O resultado será divulgado dia 5/7 neste post.
Atenção para os ganhadores: Slander Cota, Maria Lemos e Wesley Ximenes. Parabéns! Entraremos em contato via e-mail.
Luxo, apesar da crise
0Joselia Aguiar, no Valor Econômico
Capa dura, acabamento de luxo e traduções impecáveis de autores da chamada alta literatura, como Herman Melville (1819-1891), Georges Perec (1936-1982) e Virginia Woolf (1882-1941). Edições como essas, que costumavam ser associadas à Cosac Naify, casa editorial paulista que fechou as portas no ano passado, continuam a chegar às livrarias e estão sendo produzidas por uma editora de fora dos grandes centros cada vez mais saudável financeiramente – a Autêntica.
A fundadora, Rejane Dias, evita a palavra “crise”. Neste ano, não aceita menos de 40% de crescimento, como diz, bem-humorada, aos 57 integrantes de sua equipe. Fundada em Belo Horizonte (MG) em 1997 para publicar ciências humanas, a pequena editora desdobrou-se em quatro e hoje é um grupo que atua em múltiplos segmentos.
Parece uma história que começou há pouco tempo, uma vez que apenas nos últimos cinco anos o seu desempenho se tornou visível para o mercado de livros. Num catálogo que soma cerca de 600 títulos, a produção alcançou 150 no último ano, volume que a aproxima das grandes casas, com as quais se instalou pela primeira vez no mesmo pavilhão na última Bienal do Rio, em setembro passado. “Escutei de um distribuidor: ‘Onde vocês estavam que não havíamos percebido?’.”
A fundadora tenta relativizar e diz que “40% não é difícil” porque estão partindo de um patamar ainda baixo. Para ela, “o aprendizado é recente” e só depois, quando a editora estiver em certo patamar, ficará mais difícil superar os superar os dois dígitos de crescimento. O percentual não é pouco, no entanto, num cenário de retração como o atual, quando editoras registram perdas e até fecham portas. As que vão bem têm comemorado o fato de encerrar o ano sem variação.
Filha de operários que nasceu há 49 anos em Itabira (cidade a 99 km de Belo Horizonte), Rejane Dias recorda que, numa população católica de funcionários públicos, havia certo constrangimento quando se tratava de ganhar dinheiro. “Quem sabia fazer comércio estava em Santa Maria, cidade vizinha.” Não encontrou livros em casa, mas os procurou na escola, onde, ao se formar, recebeu um diploma por ter sido a mais assídua na biblioteca. Na capital mineira, estudou ao mesmo tempo jornalismo e letras, foi sócia em uma pequena empresa de editoração eletrônica e montou uma agência de comunicação que chegou a ter 40 clientes.
A certa altura, percebeu ser necessário diversificar o negócio, que se tornava incerto com o surgimento da internet. “Achava bacana fazer parte de uma indústria e não apenas oferecer serviço. Como tinha uma equipe cujas habilidades nos permitia também fazer livro, pesquisei e escutei muita gente dizendo que estava louca. Entrei assim mesmo no mercado editorial.” No primeiro ano, pensava em lançar quatro livros. Foram 18. Apostou em títulos de educação com design caprichado, num modelo que à época passava a ser introduzido no país pela Cosac Naify.
Rejane ficou tão fascinada com a nova atividade que foi deixando o ramo editorial ocupar todo o tempo da agência de comunicação. “Uma editora demora muito tempo para ser autossustentável”, afirma. Quando completou cinco anos de funcionamento, colecionava erros que não quis mais repetir. Com tiragem de 2 mil exemplares para obras que vendiam 200 por ano, tinha dinheiro imobilizado por uma década, estoque difícil de administrar. “De início, a editora não se realizou.”
Para resolver o que define como “falta de compreensão do negócio”, contratou consultores e profissionais com raciocínio de gestão vindos de fora do mercado editorial. “Há muitos clichês e mitos no setor editorial que são percebidos justamente quando o comparamos a outros setores.” No início, teve a orientação de um especialista em gestão administrativa. Aprendeu a estabelecer metas, medir resultado de cada livro e segmento. Compreendeu que, concentrada em livros de humanidades, descuidara dos títulos do chamado “trade”, mais comerciais.
Um consultor em gestão de vendas e marketing ajudou Rejane a investir de modo apropriado conforme o nicho. Agora, terá um consultor em gestão financeira e organizacional. Foram tantas as mudanças em tão pouco tempo que os cargos e funções precisam ser reacomodados. Nos dois reacomodados. Nos dois primeiros anos, o crescimento superou os 20%. No terceiro e no quarto, os 30%. No quinto, os 40%.
O caso que mais ilustra a virada para o segmento “trade” é o da autora mineira Paula Pimenta, com a série “Fazendo Meu Filme”, voltada para o público feminino adolescente. Entre março e abril deste ano, deve completar 1 milhão de exemplares vendidos, com 14 títulos no total. Alcançando mesmo público, a blogueira e escritora Bruna Vieira soma cerca de 300 mil exemplares vendidos em seis títulos.
“Estamos publicando mais daquilo que está dando certo”, diz. As redes de livrarias têm prestado mais atenção ao grupo, o que permite maior exposição e circulação dos livros. Há, além disso, “mais equilíbrio” nos investimentos em alta literatura e humanidades, não necessariamente títulos deficitários. Melville, Perec e Woolf, por exemplo, saem com tiragens entre 2,5 mil e 3 mil. “Percebemos que aqueles em acabamento de luxo, com capa dura, permanecem mais tempo em destaque nas lojas e, portanto, acabam tendo um giro maior.” Entre os bem-sucedidos em vendas nesse segmento, “Ética”, de Spinoza (1632-1677), superou os 20 mil vendidos.
Conciliar catálogos diferentes foi fundamental para a sobrevivência. “É muito difícil hoje ter editora só de alta literatura ou humanidades para público que está dentro da universidade. Tem-se um público reduzido e há muitas editoras fazendo coisas bárbaras, concorrendo”, diz. Ela não descarta lançar títulos sem garantia de lucro. “É uma prerrogativa de quem faz livro: publicar o que julga importante mesmo que, do ponto de vista do negócio, seja deficitário. Mas não pode ser o catálogo inteiro assim”. Rejane diz que não se trata de “fazer concessão”, mas compreender que se deve “pensar o catálogo a partir do leitor, não apenas no gosto pessoal”. Ela aponta limites, no entanto. “Não quero fazer o livro do [Adolf] Hitler [‘Minha Luta’, de 1925], por exemplo.”
O catálogo adulto tem à frente a própria Rejane Dias e Cecília Martins. Na Autêntica Editora são publicados livros de literatura adulta e infantil e humanidades. Nas decisões editoriais, há ainda Arnaud Vin, sócio na Editora Nemo e no selo Vestígio diretor-executivo em ambas. A Nemo volta-se para quadrinhos, “graphic novels” e universo “geek”. O Vestígio abarca o gênero policial. Na Editora Gutenberg, com títulos de interesse geral, o comando é de Silvia Tocci Masini. No catálogo infantil e juvenil, encontra-se Sonia Junqueira, também autora conhecida na área.
A linha literária passou a contar com o reforço de Maria Amélia Mello, vinda da José Olympio (grupo Record), nome de peso na área. Somaram-se nomes fortes da literatura brasileira, como Ferreira Gullar, Rubem Braga (1913-1990), Maura Lopes Cançado (1929-1993) e Campos de Carvalho (1916-1998), entre lançamentos de 2016 e outros previstos para este a e outros previstos para este ano.
Ao mesmo tempo em que se estabelecia como grupo, em 2011, a Autêntica montou seu escritório em São Paulo. O do Rio de Janeiro foi aberto três anos depois. “Estar em um território fora do eixo nos obrigou a trabalhar mais a divulgação, a participar de mais eventos, a fazer tudo cada vez mais com qualidade para que pudéssemos competir nos mesmos espaços, para que pudéssemos ganhar mais lugares de destaque nas lojas. Então essa limitação de estar fora do eixo acabou se transformando em um estímulo para depurarmos os nossos projetos.”
O investimento no “trade” ajudou a Autêntica a diminuir a dependência de compras públicas. Com esse cancelamento, muitas editoras se desequilibraram. “Todos se deram conta de que não se pode ter um só grande cliente. Isso é regra para qualquer negócio”, diz.
Até 2010, as vendas governamentais representavam entre 60% ou 65% dos resultados. A partir de 2011, caiu para 23,9%. Ano a ano foram perdendo representatividade. “Em 2015, seriam 18%, mas uma venda que ocorreria em dezembro acabou faturada em fevereiro deste ano. No final das contas, significaram apenas 2% do resultado. Ou seja, crescemos 44,11% ancorados quase totalmente no varejo.” Mesmo assim, Rejane diz que seu aprendizado ainda não se concluiu. “Ainda quero fazer cursos na Fundação Dom Cabral ou na Getulio Vargas, mas ainda não tive tempo”, diz.
Editoras mais populares no Instagram (12)
1Sérgio Pavarini
Há duas semanas o Instagram avisou que iria promover mudança no feed. Traduzindo: seriam exibidas primeiramente as imagens de perfis com que os usuários mais interagem, em lugar da ordem cronológica usada desde o início da rede. Os internautas chiaram bastante e eles adiaram a mudança para daqui a alguns meses.
Para deixar os usuários mais satisfeitos, o Instagram anunciou a liberação da publicação de vídeos mais longos, de até 1 minuto. O novo recurso também permitirá usar vários clipes na edição de um único vídeo.
Depois de uma pausa, estamos de volta com o ranking de popularidade das editoras no Instagram. Vejam o que aconteceu nos últimos meses. Panelinha, Intrínseca e Rocco permaneceram nas primeiras posições. A Arqueiro ganhou duas posições e agora está no 4º lugar. A Cia das Letras também subiu dois degraus e está na 7ª posição. A Editorial Record subiu 3 lugares e está em 9º. Zahar ganhou duas posições e está em 13º. A Globo Livros deu o maior salto: de 19º para 14º. A Universo dos Livros também ascendeu duas posições. Por fim, a Nemo estreou em 18º lugar.
Em abril tem mais. 🙂
Ranking de março
1. 225.000 Panelinha @editorapanelinha
2. 186.000 Intrínseca @intrínseca
3. 115.000 Rocco @editorarocco
4. 104.000 Arqueiro @editoraarqueiro
5. 86.900 Novo Conceito @novo_conceito
6. 78.500 Casa dos Espíritos @casadosespiritos
7. 78.000 Cia das Letras @companhiadasletras
8. 66.800 Gutenberg @editoragutenberg
9. 64.300 Editorial Record @grupoeditorialrecord
10. 63.000 Mundo Cristão @mundocristao
11. 62.500 Sextante @editorasextante
12. 42.830 Galera Record @galerarecord
13. 39.000 Editorazahar @editorazahar
14. 28.600 Globo Livros @globolivros
15. 27.600 Univdoslivros @universodoslivros
16. 22.700 Central Gospel @editora_centralgospel
17. 16.100 WMF Martins Fontes @editorawmfmartinsfontes
18. 10.500 Editora Nemo @editoranemo
19. 10.200 CPAD @editora_cpad
20. 6.900 Editora Saraiva @editora_saraiva
(atualizado em 29/3/2016)
Referência no mercado por livros de arte de luxo, Cosac Naify fecha as portas
0Antonio Gonçalves Filho, no Estadão
Quase 20 anos após seu nascimento, a editora Cosac Naify chega ao fim por decisão de seu fundador, o editor Charles Cosac. Ele comunicou seu fechamento em entrevista exclusiva ao Estado, nesta segunda-feira, 30, à tarde, em sua casa, justificando-o não por causa da crise econômica atual – que também pesou, mas nem tanto como as dificuldades em seguir adiante no caminho traçado por ele em 1996. “Só o meu desejo de que ela existisse não justificaria a manutenção da editora, cujos projetos culturais se encontram ameaçados neste momento”, resume. Com 1.600 títulos no catálogo, de clássicos como Tolstoi a monografias de artistas, passando por romancistas estrangeiros como Enrique Vila-Matas e Valter Hugo Mãe, a Cosac Naify surgiu como editora com o livro Barroco de Lírios, de Tunga, e vai encerrar sua história também com um livro do artista pernambucano, ainda em preparo.
Cosac comunicou nesta segunda-feira, 30, sua decisão aos funcionários da empresa, após conversar com seu sócio, o empresário norte-americano Michael Naify, que apoiou sua iniciativa. Em situação deficitária pelo alto investimento que demandam seus projetos editoriais, alguns com produção gráfica sofisticada e sem garantia de retorno financeiro, a Cosac Naify tentou, segundo seu fundador, criar fórmulas que cobrissem os prejuízos dessas edições especiais, mas a situação do mercado não ajudou. “Somos uma editora cult, cujos livros são destinados a professores acadêmicos e estudantes de arte, e não gostaria de ver nossa linha editorial desvirtuada”, justificou.
Uma dessas fórmulas foi criar coleções de literatura com obras que estão em domínio público, como as de Tolstoi, até hoje um dos best-sellers da editora. “Mas não queria fazer o que outras editoras já fazem.” Seu interesse inicial, como um editor que estudou e coleciona obras de arte, era produzir monografias para divulgar a produção contemporânea brasileira, como a mais recente, dedicada à artista carioca Elizabeth Jobim, lançada há um mês, cuja produção foi pessoalmente cuidada pelo editor.
“Eu vejo a editora se descaracterizando, se afastando daquilo que fez dela tão querida, e prefiro encerrar as atividades a buscar uma solução que possa comprometer seu passado”, diz, referindo-se a uma possível fusão com grupos editoriais poderosos, como tem sido frequente no mercado. Como exemplo de uma coleção difícil de ser considerada por editoras mais comerciais, ele cita a dedicada ao crítico Mário Pedrosa, que só teve três volumes lançados dos sete planejados com a obra crítica e ensaística daquele que é considerado uma referência da arte brasileira.
Cosac lembra que teve dificuldades para manter outras coleções, como as de Murilo Mendes e Jorge de Lima. Para publicar títulos de difícil consumo, ele tentou investir ainda mais nos clássicos de literatura, lançando recentemente as Novelas Exemplares de Cervantes, obras que, a exemplo dessa, poderiam, eventualmente, permitir a publicação de outras, de interesse restrito. “Como disse, não criei a editora para recauchutar obras em domínio público”, observa. “Quero que ela termine como começou, não gostaria que ela entrasse em decadência.”
Desde os primeiros anos da Cosac Naify, o editor valorizava a reimpressão de obras que considerava de interesse acadêmico, mesmo sem retorno financeiro. Publicou, por exemplo, os principais títulos de Lévi-Strauss e do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, mantendo-os em catálogo. No momento em que declara o fechamento da editora, ele afirma que pretende “perpetuar” de forma generosa essa tradição. “Não podemos deixar que esse legado morra e, naturalmente, vamos fazer o possível para que esses livros sejam publicados por outras casas editoriais.” Será como uma contribuição pessoal sua. “Não vou tentar dizer que essas séries são minhas”, adverte. “Não estou vendendo aquilo que a gente construiu.”
Quando Cosac fala no plural, ele está se referindo aos editores e colaboradores que contribuíram para o êxito da editora, cujos autores aparecem sempre nas listas dos principais prêmios literários do Brasil, entre eles o São Paulo de Literatura, que premiou ontem como melhor romance de 2014 o livro de Estevão Azevedo, Tempo de Espalhar Pedras, desbancando autores veteranos como Chico Buarque (leia mais na página C7). “Esse esforço não morre com o fechamento da editora, que não consegue viver da literatura que publica, apesar dos nomes que estão em nosso catálogo, como Zambra, Tabucchi e tantos outros.” Há exceções que, chegam a ser considerados best-sellers diante do fraco desempenho dos títulos de arte e arquitetura no mercado, edições luxuosas dirigidas a estudantes ou especialistas. Dois autores dos quais a editora lançou quase toda a obra são o espanhol Vila-Matas e o português Valter Hugo Mãe, amigo pessoal do editor, ambos com público cativo no Brasil
Cosac esclarece que pretende tratar cada caso individualmente ao encerrar as atividades da editora. “Cada livro é um livro e falaremos com cada autor”, adianta, valendo o mesmo para fornecedores e demais pessoas envolvidas no processo. A editora, que mantinha 110 pessoas em sua equipe no começo do ano, foi reduzida à metade com os cortes realizados por causa do ajuste à realidade do mercado. “Tínhamos uma estrutura caseira e a editora cresceu demais.” Ele diz que sempre deu liberdade aos editores, que não concordava com todos os títulos publicados, mas que incentiva projetos mesmo nesses casos. “Ela deixou essa estrutura caseira e se tornou acadêmica, sobretudo após a entrada do Augusto Massi, que criou escola.”
A editora não está em processo de falência, garante Cosac. “Do capital investido, cerca de R$ 70 milhões, nunca recebi um tostão de volta”, revela. Ao contrário. As perdas, diz, somam o dobro disso. “Mas não estou culpando ninguém, nem a Dilma nem a alta do dólar”, acrescenta. Apenas não se pode manter uma editora, segundo ele, vendendo meia dúzia de títulos como foi o caso da coleção de arte da Yale University, que lançou logo no início, quando não tinha experiência como editor, ou as edições experimentais, múltiplos de luxo numerados que não deram certo num país sem essa tradição.
“Para mim, o balanço foi positivo, pois conheci autores que não conhecia, publiquei outros que amava, como Goncharov, mas lamento não ter editado a obra de Bataille a Artaud.” Quem sabe alguém ainda o convença a fazer isso.