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Como o livro “A Peste”, de 1947, dialoga com a era do coronavírus
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William Hurt (à direita) interpreta o médico protagonista na adapação para o cinema de 1992Compagnie Française Cinématographique / Divulgação
Segundo especialistas, obra de Albert Camus reproduz a contemporaneidade de incertezas
William Mansque, no Gaúcha ZH
Lançando em 1947 e com vendas multiplicadas este ano em meio à pandemia de coronavírus, A Peste é uma obra atemporal. O livro escrito por Albert Camus, apontam especialistas, dialoga com a contemporaneidade de incertezas.
A Peste aborda as consequências de uma epidemia que atinge a cidade de Orã, na Argélia, narrando o início, ápice e fim do surto ao longo de 10 meses. Centralizada na figura de um médico, a obra narra a história de pessoas contaminadas, que morrem aos milhares, lutam contra a doença e se isolam.
Conhecido também por obras como O Estrangeiro (1942) e O Mito de Sísifo (1942), Camus rejeitava o rótulo de filósofo e existencialista em suas obras. Abordava o absurdo na vida. Quando publicou A Peste, era possível captar uma analogia com a recente a ocupação alemã na França durante a Segunda Guerra Mundial.
– Também durante a ocupação, os franceses encontravam-se em um lugar sitiado, conviviam com o risco de morte, tinham a liberdade restringida. Era como se fossem estrangeiros em sua própria terra tomada pela “peste marrom” do nazismo – explica o pesquisador de Camus Raphael Luiz de Araújo, doutor em Letras pela USP e tradutor de Os Primeiros Cadernos de Albert Camus.
Araújo aponta que, com o passar dos anos, o clássico foi recuperado em outros momentos de calamidade social, como é o caso do aumento de vendas do livro quando houve o acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão, em 2011.
Ricardo Barberena, professor da Escola de Humanidades da PUCRS, avalia que A Peste dialoga com um sentimento de absurdo do cotidiano transformado pela pandemia.
– Não sabemos da onde vem esse inimigo invisível, que acaba questionando toda uma forma de pensar, de sentir e de construir uma identidade contemporânea. A Peste carrega consigo um sentimento de castigo e punição por algo que foi feito de forma indevida por toda a humanidade – aponta.
A Peste é um romance que explora o debate acerca da condição humana frente à assustadora situação que se apresenta, como indica o escritor e professor do curso de Letras da Ulbra Ítalo Ogliari. Ele aponta que elementos como a solidão, o medo, a morte, a fé, a solidariedade, a coletividade e até mesmo o moderno mundo do consumo, da imprensa e do capitalismo têm espaço no enredo.
– Isso tudo faz com que o diálogo com nosso tempo e com o que hoje estamos vivendo não seja outro senão o de possibilitar a reflexão sobre o próprio homem, seu modo de vida, sua cultura e suas práticas – conclui Ítalo.
Hábitos rompidos
André Guerra, psicólogo e mestre em psicologia social pela UFRGS, realça uma afirmação de Camus: “O ser humano começa a viver antes de começar a pensar”. Para Guerra, o escritor expõe em A Peste um inimigo invisível que está sempre à espreita de todos nós: o hábito.
– Camus aponta insistentemente para o papel que o hábito desempenha em nossa vida cotidiana. Ele reflete sobre a facilidade com que nos habituamos a viver como vivemos, a raciocinar como raciocinamos, a desejar como desejamos – diz.
Segundo Guerra, a peste retratada no livro pode simbolizar uma ruptura no qual todos os hábitos são abruptamente dissipados:
– Muitas das coisas que até então valorizávamos acima de todas as outras simplesmente se esvaziam de sentido. Até duas semanas atrás, o que era tomado como natural, hoje é incerto. Esse sentimento é justamente aquilo que Camus denomina de “exílio”, outra temática muito presente desde seus primeiros escritos.
A sombra da peste
Araújo lembra que no início da peste na narrativa, o governo demora a agir, etiquetando a doença de maneira eufemística e condenando a cidade ao aumento das mortes. A (falta de) decisão das autoridades é trágica.
– A doença também não poupa os mais abastados. A vida de todos é transformada. A morte transborda em cemitérios superlotados e em dados estatísticos de jornais – atesta.
Para o pesquisador de Camus, a doença é como uma sombra projetada sobre as pessoas para esconder suas verdades, aquilo que cada uma tem de humano:
– Hoje, a peste está nos discursos mentirosos dos governos, nas fake news, na negação da ciência, no ataque ao jornalismo.
Qual a importância das fotos dos escritores, para eles e para os leitores
0Retratos de escritores projetam uma imagem que forma a mitologia em torno de suas personalidades e acompanha a leitura de suas obras
Juliana Domingos de Lima, no Nexo
Por ser um escritor nascido ainda no século 19, o homenageado pela Festa Literária de Paraty de 2017 Lima Barreto não tem tantas imagens de si circulando por aí, como é o caso dos escritores contemporâneos.

Lima Barreto em 1909, ano de lançamento de “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” – Foto: Domínio Público
A pouca iconografia existente do autor, que inclui as fotos analisadas pela professora da UFRJ Beatriz Resende no ensaio “O Lima Barreto que Nos Olha”, no entanto, ajuda a entender o que atormentava o escritor, qual a sua história e qual era a condição de um escritor negro no início do século 20 no Brasil.
Até a pesquisa de Resende, as fotos de Barreto que ela analisou nunca haviam sido vistas por alguém externo à instituição psiquiátrica onde ele foi internado e fotografado em 1914 e 1919. Para a pesquisadora, as fotos eram a “prova material” do que ele havia relatado no livro “Diário do Hospício”. Projetam, além disso, uma imagem muito diferente do escritor jovem, confiante e vestido com esmero no ano de publicação de “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”.
Para Dustin Illingworth, jornalista especializado em literatura que escreve para o site “Literary Hub”, as fotos de escritores constituem um texto paralelo à própria obra de um autor. A expressão do escritor em imagens, seja na orelha de um livro ou em um banner de livraria, ecoa e acompanha a experiência de leitura. E constrói uma fantasia em torno da figura por trás do texto. “Se a nossa é uma cultura da primazia visual, há dúvidas de que as fotos de nossos autores venham a habitar os textos que eles escrevem?”, questiona Illingworth.
Primeiros retratos de escritores brasileiros
O primeiro dos grandes escritores brasileiros a ter sua trajetória registrada por meio de fotografias, e portanto a deixar imagens de si para gerações posteriores, foi Machado de Assis. Nascido na primeira metade do século 19, sua geração coincide com a que viu, no Brasil, a fotografia se tornar parte da vida social, cosmopolita e intelectual das pessoas. A trajetória do escritor contada em fotos foi reunida no livro “A Olhos Vistos: Uma Iconografia de Machado de Assis”, organizado pelo professor de Literatura Brasileira na USP Hélio de Seixas Guimarães.

Machado fotografado por Marc Ferrez e Joaquim Insley Pacheco, em 1884 – Foto: Domínio Público
O modernista Mário de Andrade também foi intensamente retratado, em pinturas e fotos, e se mostrava consciente do cultivo de sua imagem de escritor e homem público a partir desses registros. “Dos retratos que foram feitos em vida, Mário de Andrade exerceu influência direta sobre muitos deles, interferindo e opinando durante a sua execução e também os criticando em textos e cartas depois de terminados”, diz o artigo “Retratos de Mário de Andrade: catálogo da iconografia dedicada ao escritor”, escrito pela pesquisadora em História da Arte da Unicamp Tameny Romão.
O trabalho explicita as construções da imagem do autor de “Macunaíma”, assimiladas pelo imaginário popular: seus retratos, tirados em casa ou no estúdio, cercado de objetos que havia trazido de suas viagens folclóricas ao Nordeste ou com um cigarro na boca, projetavam um homem culto, viajado, descontraído ou circunspecto e triste, como é muitas vezes o ideário romântico alimentado em relação à personalidade de escritores.
Em uma carta de 1944 enviada ao amigo Newton Freitas, Mário de Andrade envia uma foto dele mesmo que diz, na correspondência, ser a que mais gostava por marcar no seu rosto “os caminhos do sofrimento, você repare, cara vincada, não de rugas ainda mais de caminhos de ruas, praças, como uma cidade. (…) ele denuncia todo o sofrimento dum homem feliz”.
As fotografias de escritores
Fotógrafo e colaborador de editoras como Companhia das Letras, Planeta, Rocco e 34, Renato Parada já fotografou autores contemporâneos brasileiros e estrangeiros. José Saramago, Mia Couto, Elvira Vigna, Drauzio Varella, Daniel Galera e Ian McEwan estão entre seus retratados.
“Acho que essas escolhas fazem parte de como esses autores querem que o leitor se relacione com seus livros”, disse Parada em entrevista ao Nexo.
Ele concorda que quando o leitor julga, pela aparência, um escritor como “bonito, inteligente, agradável ou maldito”, isso tem impacto na forma como ele é lido.

‘Saber que Daniel Galera é um contemporâneo meu me fez ter mais interesse por seus livros’, diz Parada – Foto: Renato Parada
Como leitor, Parada relata como sua experiência ou seu interesse pela literatura de alguns autores passa pela imagem deles. “Saber que Daniel Galera é um contemporâneo meu me fez ter mais interesse por seus livros”, diz. Também fala de como a imagem do autor do calhamaço “Graça Infinita” o convenceu a chegar ao fim do livro. “O fato de um escritor como David Foster Wallace se vestir como um Axl Rose acadêmico me influenciou a conseguir ter a dedicação suficiente para conseguir ler seus livros. Me ajudou a entender que ler um livro de 1.000 páginas também pode ser algo extremamente legal e divertido de se fazer”.
O retrato tirado de Elvira Vigna, autora do livro “Como Se Estivéssemos em um Palimpsesto de Putas” é um dos preferidos do fotógrafo por comunicar a força e a dureza da personalidade e do estilo literário da escritora.

Retrato tirado da escritora Elvira Vigna é um dos preferidos do fotógrafo – Foto: Renato Parada
Ele diz preferir fazer fotos “não literais”, fugir da pose intelectual ou profunda, das fotos convencionais com uma estante de livros ao fundo.
“São pessoas mais interessantes que isso”, diz. “As pessoas têm essa ideia do que é um escritor – alguém mais velho, acadêmico, e isso pode distanciar alguns da literatura, como os jovens, que podem achar que esse universo não é tão legal e interessante”.
Kafka, Plath, Camus
No texto “Como fotos de autores mudam nossa maneira de ler”, publicado no site “Literary Hub”, Dustin Illingworth cita alguns casos de fotos de escritores muito conhecidos cujos retratos são inseparáveis, para ele, das respectivas obras.
“A última foto tirada de Franz Kafka, meses antes dele morrer de uma tuberculose que o havia perseguido por anos, revela a magreza, a contemplação e a intensidade quase insuportável de um rosto transformado em um tipo de aforismo físico: o rosto de Kafka como uma história kafkiana”
Dustin Illingworth
Para o “Literary Hub”

Para o jornalista do ‘Literay Hub’ a expressão de Kafka concentra características de um personagem de um de seus livros – Foto: Domínio Público
O sorriso enigmático e a expressão ambígua da americana Sylvia Plath, autora de “A Redoma de Vidro” e do livro de poesia “Ariel” também ficam impressos, para ele, à ferocidade de sua obra poética. Illingworth registra ainda a elegância e a rebeldia do teco de cigarro nos lábios do francês Albert Camus, em sua foto mais famosa. Camus é, segundo ele, o James Dean do existencialismo.
25 livros indispensáveis para qualquer estudante
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Fonte: Shutterstock
Existem grandes obras da literatura que são indispensáveis para qualquer estudante
Conheça a lista e entenda a importância de ler tais livros para a sua vida
Publicado no Universia Brasil
Durante o período de férias, os estudantes tendem a se distanciar um pouco das leituras, até mesmo para relaxar por algumas semanas antes de voltar para a rotina de estudos. No entanto, existem grandes obras da literatura que são indispensáveis para qualquer estudante pois, além de ampliarem os conhecimentos, são também grandes fontes de entretenimento.
Pensando nisso, a Universia Brasil preparou uma lista com 25 obras que não podem faltar na sua estante nessas férias. Aproveite seus momentos de descanso e leia!
1. Freedom – Jonathan Franzen
Este livro narra a história de uma família norte-americana e suas desventuras durante o século 20. É interessante observar as diversas mudanças de pontos de vista e da sociedade com o passar dos anos.
2. Este Lado do Paraíso – F. Scott Fitzgerald
Trata-se do primeiro romance do escritor de O Grande Gatsby. Assim como ele, é uma grande crítica a sociedade (especialmente aos jovens) dos Estados Unidos do período da Primeira Guerra Mundial. Um dos pontos interessantes do livro é o forte cunho autobiográfico, especialmente no que diz respeito ao protagonista, Amory Blaine, um aspirante a escritor.
3. Norwegian Wood – Haruki Murakami
Batizado em homenagem a uma canção dos Beatles, o livro se passa no Japão, na década de 60. O personagem principal, Toru Watanabe vive um dilema ao se dividir entre dois amores e enfrentar as descobertas da faculdade em uma época conturbada.
4 . 1984 – George Orwell
Uma das obras mais famosas do gênero da distopia, 1984 é um livro de forte cunho político, que debate questões éticas sobre a individualidade das pessoas e até que ponto o controle do Estado é válido. É fundamental para a formação do senso crítico de qualquer estudante.
5. Crime e Castigo – Fiódor Dostoievski
Uma das obras primas da literatura russa, Crime e Castigo foi publicado no século XIX, mas sua discussão sobre os valores morais permanece atual. Permeado por influências filosóficas, o livro narra a história de um estudante, Rodion Rasólnikov, que não consegue lidar com sua própria consciência após cometer um assassinato.
6. Admirável Mundo Novo – Audous Huxley
Outro clássico das distopias, Admirável Mundo Novo, lida com questões muito pertinentes, como a chamada “ditadura da felicidade” – na qual todos teriam que estar sempre felizes, não importam os meios necessários para atingir esse estado – e a alienação. Embora se passe em um mundo imaginário, a história tem muitos elementos que fazem repensar as atitudes e pensamentos das pessoas na atualidade.
7. Cem Anos de Solidão – Gabriel García Marquez
Escrita pelo vencedor do Prêmio Nobel, Cem Anos de Solidão é uma obra essencial para compreender o realismo mágico da literatura latino-americana. Ao narrar todas as desventuras de gerações da família Buendía, o escritor expande os limites da linguagem e discorre, também, sobre aspectos da história da América do Sul. Tudo isso com o grande mote da solidão humana como plano de fundo na trama.
8. Lolita – Vladimir Nabokov
Mais um tesouro da literatura russa, Lolita é um clássico que lida com sentimentos profundos e controversos como a paixão, além de polêmicas éticas e morais. Trata-se da história de Humbert, um homem casado que se apaixona pela enteada, Dolores (Lolita), de maneira obsessiva.
9. O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
Ambientado na década de 1920, O Grande Gatsby é uma crítica ácida ao consumismo e a frivolidade da classe alta americana da época. Além de tratar sobre temas como o egoísmo e a ambição, é um livro indispensável para aqueles que buscam compreender o “American Way of Life”.
10. Adeus às Armas – Ernest Hemingway
Outra narrativa com cunho autobiográfico, o livro foi baseado nas experiências do escritor e jornalista como motorista de ambulâncias na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, o que garante a veracidade da ambientação. Além das mazelas da guerra, o leitor também se envolve com a profundidade do trágico amor de Frederic e Catherine.
11. As Vinhas da Ira – John Steinbeck
Também escrita por um vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, esta narrativa é ótima para quem deseja entender um pouco mais do contexto da Grande Depressão nos EUA durante os anos 30. Trata-se da trajetória da família Joad que, após se endividar e perder tudo, enfrentar uma dura jornada em busca de oportunidades na Caifórnia.
12. O Mestre a Margarida – Mikhail Bulgakov
Esse é um caso em que o processo de elaboração da obra é tão interessante quanto sua narrativa em si. Para escrever a história de uma visita do diabo à Moscou dos anos 20, o escritor elaborou 4 manuscritos, ao longo de 12 anos, sendo que a versão final foi concluída por sua esposa, após a morte de Bulgakov. Por seu forte conteúdo crítico sobre a política de a sociedade, O Mestre e a Margarida chegou a ser censurado pelo governo soviético e sua primeira versão integral foi publicada somente em 1973, na Alemanha.
13. A Cabana do Pai Tomás – Harriet Beecher Stowe
Esse livro também tem uma grande importância histórica, pois é considerado por muitos um dos fatores que levou à Guerra de Secessão dos EUA(1861 – 1865). Trata-se de um grande manifesto contra a escravidão, afinal, Tomás, o personagem principal, é um escravo pacifista que acaba sofrendo duramente as condições da escravidão. A história revela o horror dessa prática e deve ser lida por estudantes para que erros como esse não se repitam.
14. O Estrangeiro – Albert Camus
O filósofo argelino Albert Camus mostra em O Estrangeiro, uma de suas obras mais conhecidas, as bases de sua filosofia do absurdo. Ao discorrer sobre a história de Mersault, um homem frio e aparentemente sem sentimentos, o autor buscar entender a relação do homem com o universo e como esse mistério pode apenas não fazer sentido.
15. A Arte da Felicidade – Um Manual para a Vida – Dalai Lama e Howard C. Cutler
Esse livro se baseia em uma série de entrevistas concedidas pelo Dalai Lama ao dr. Howard Cutler. Como o próprio título diz, ele ensina como driblar problemas típicos da vida dos estudantes, como ansiedade, estresse, medo e, ao mesmo tempo, a cultivar sentimentos como a bondade.
16. Fausto – Johann von Goethe
Baseada em uma lenda alemã, a obra prima de Goethe conta a história do médico Fausto, que fez um pacto com o diabo Mefistófeles para obter conhecimento e acaba perdendo a alma, mesmo após apaixonar-se pela doce e pura Margarida. Além de ser um dos clássicos da literatura mundial, Fausto oferece um grande conteúdo histórico para os estudantes.
17. Paraíso Perdido – John Milton
Os versos do poeta britânico fazem referência às obras bíblicas, como o Gênesis. Trata-se de uma releitura da história sobre a perdição de Adão e Eva no Jardim do Éden, que recria o debate sobre os princípios éticos e morais, os conceitos éticos e morais.
18. O Senhor das Moscas – William Golding
A narrativa se passa em uma ilha deserta, após um acidente de avião em que crianças e adolescentes sobrevivem sem a supervisão de nenhum adulto. Para sobreviver, os jovens formam uma comunidade, que acaba tendo um final trágico. O livro representa uma grande crítica ao ideal do “bom selvagem” e também ao comportamento das pessoas na sociedade.
19. O sol é para todos – Harper Lee
Mais uma história que debate um dos maiores problemas da sociedade, o preconceito, O Sol É Para Todos conta a trágica história de um jovem negro que foi acusado injustamente de ter estuprado uma jovem branca. Além de tocar no polêmico tema da violência sexual, O Sol É Para Todos aborda a injustiça racial e se tornou uma das obras que embasaram o movimento pelos Direitos Civis nos EUA nos anos 60.
20. O Concorrente – Stephen King
Mais um clássico de ficção científica, O Concorrente se passa no ano de 2025, em um cenário nem um pouco animador. É em um mundo dominado pela pobreza e a alienação que Ben Richards, o protagonista, vive. Para conseguir pagar o tratamento de saúde da filha, ele acaba sendo voluntário para participar do programa de TV O Foragido, no qual pessoas perdem a vida na tentativa de ganhar o prêmio, em uma espécie de luta de gladiadores. A história discute os valores morais e sentimentos como a determinação e o respeito pela vida.
21. Laranja Mecânica – Anthony Burgess
Outro clássico das distopias, a Laranja Mecânica é indispensável para entender as raízes da violência. Em uma sociedade do futuro, o jovem Alex é líder de um grupo de adolescentes que cultuam a violência, porém, para interromper seus atos brutais, o governo inglês acaba transformando Alex em uma vítima do próprio conceito que pregava. A história reflete sobre a banalização da violência e suas consequências para a mente humana.
22 – Civilização e seus descontentamentos – Sigmund Freud
O pai da psicanálise aborda nesta obra um tema clássico da psicologia: o dilema entre a vontade individual do ser humano frente ao bem comum. Partindo desse embate, Freud analisa como as pessoas conseguem lidar com a culpa gerada por seus desejos reprimidos pela sociedade, criando novas formas de expressão. Uma boa dica para quem deseja entender o pensamento de Freud, tema de aulas em diversas áreas.
23. Hamlet – William Shakespeare
Considerada uma das melhores tragédias já escritas, a peça de Shakespeare é aclamada por sua trama recheada dos maiores dilemas existenciais da humanidade, que trata de sentimentos universais como a ira e a ambição.
24. A Divina Comédia – Dante
Obra prima do Renascentismo na literatura, A Divina Comédia é uma trilogia de poemas -Inferno, Purgatório e Paraíso – utilizada até hoje para compreender os valores do mundo medieval. Além da beleza poética, seu valor histórico também é imenso, afinal, o livro é considerado o primeiro texto escrito em italiano (o Latim era o idioma utilizado em obras literárias até então).
25. O Rio Que Saía do Éden – Richard Dawkings
Com base na teoria de Charles Darwin, Richard Dawkings explica o surgimento das milhares de espécies de seres vivos do planeta a partir da genética, estabelecendo relações entre eles. Com uma linguagem leve, repleta de metáforas, o cientista consegue desenvolver suas ideias e torna-las compreensíveis para os estudantes, fazendo com que O Rio Que Saía do Éden se torne uma leitura recomendada não apenas para estudiosos da biologia.
Principal grupo editorial de Portugal adquire o selo “Livros do Brasil”
0Publicado por Yahoo
Lisboa, 8 jan (EFE).- O principal grupo editorial de Portugal, Porto Editora, anunciou por comunicado nesta quinta-feira a compra do selo Livros do Brasil por cerca de 500 mil euros com o objetivo de relançar a editora nos próximos três anos.
Inaugurada há 70 anos em Portugal, a “Livros do Brasil” foi criada para divulgar as grandes obras da literatura brasileira e de outros renomados autores em nível internacional, cujos livros ainda não tinham sido publicados em solo lusitano.
Escritores como Albert Camus, Ernest Hemingway e Eça de Queirós são alguns dos autores incluídos em suas coleções.
“A Livros do Brasil se tornou, durante anos, um dos mais importantes selos editoriais portugueses”, afirmou a Porto Editora, que concluiu a sexta aquisição nos últimos 13 anos.
A última compra será “relançada” com um investimento de mais 500 mil euros, segundo explicou o administrador do grupo, Vasco Teixeira, em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo “Jornal de Negócios”.
O responsável pela companhia lembrou da compra dos ativos da alemã Bertelsmann – uma das principais empresas do setor editorial em nível mundial – em 2010 e afirmou que desde então a ampliação do negócio da Porto Editora se deve mais “à preservação de um determinado patrimônio cultural” que à melhora da receita.
Sobre a “Livros do Brasil”, Vasco Teixeira ressaltou o “importante papel” do selo “no cenário cultural”, mas considerou que ele esteve “um pouco adormecido” nos últimos anos.
Segundo os dados divulgados pela empresa, as vendas da Porto Editora beiram os 150 milhões de euros por ano e o lucro em 2013 chegou aos 16,2 milhões de euros.