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Em Frankfurt, artista pede 100 mil livros para construir templo grego
0Mauricio Meireles, na Folha de S. Paulo
A ideia é botar de pé um monumento que simbolize os ideais estéticos e políticos da primeira democracia do mundo. A artista argentina Marta Minujín pediu a ajuda de leitores e editores na Feira do Livro de Frankfurt, nesta quinta-feira (20), para reconstruir O Parthenon dos Livros, instalação que montou em Buenos Aires em 1983, durante a ditadura argentina.
A artista quer reunir, como na obra original, cem mil livros proibidos —agora ou no passado. A nova versão do Parthenon será erguida em 2017 durante a Documenta de Kassel, cidade alemã onde os nazistas queimaram 2.000 livros em 1933.
A obra de Minujín foi uma dos símbolos da redemocratização argentina e trazia obras banidas pela junta militar que governava o país. Ela foi inaugurada cinco dias depois das eleições democráticas.
Dessa vez, serão reunidos livros de todo o mundo. A ideia, como na época, é que o público possa pegá-los para si. O que sobrar deve ser doado para bibliotecas.
“[A ditadura na Argentina] foram anos de tristeza, privação de liberdade. Conseguir deixar a instalação de pé foi um milagre, com a ajuda das pessoas consegui 30 mil livros”, relembrou Minujín.
Dois contêiners estão disponíveis na Feira de Frankfurt para receber as doações.
“Nesse novo Parthenon, pensei no mundo em crise, perverso na [política de fronteiras], com os imigrantes. Quero dar representação a todas as vozes em todas as línguas possíveis”, disse a artista.
Ela aproveita a feira para pedir ajuda de editores. Durante a cerimônia, uma mulher, que se apresentou como da editora alemã Suhrkamp, lhe presenteou com cinco livros. “Por favor, peça para sua editora mandar 2.000!”, disse a artista.
Pesquisadores da Universidade de Kassel fizeram uma lista de livros proibidos ou que causaram mal-estar político —relação que vai crescer conforme as pesquisas continuarem.
Há, até agora, um livro brasileiro na lista: “O Alquimista”, de Paulo Coelho, que em 2011 afirmou que seus livros haviam sido proibidos no Irã. Na relação, também estão “O Código Da Vinci”, de Dan Brown; “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht; “Versos Satânicos”, de Salman Rushdie; e “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck, entre outros.
Cinema agora faz parte do currículo de escolas infantis da Argentina
0Ana Beatriz Rosa, no Brasil Post
Escola Vai Ao Cinema.
Esse é o nome do novo programa de educação do país hermano que muita gente invejaria e que é inspirado em uma política semelhante França. Agora, os filmes fazem parte do currículo da educação infantil do país.
O projeto é resultado de um acordo feito entre o presidente francês, François Hollande, durante sua visita à Argentina e que teve o aval do INCAA Film, o instituto de cinema do país, da agência de filme CNC, da França, e do Instituto Francês.
A ideia é fazer um esforço para aumentar as audiências nos cinemas locais e incentivar o mercado de filmes argentino.
Especialistas franceses visitaram Buenos Aires e se reuniram com os profissionais argentinos para estudar uma forma viável de replicar o programa francês de sucesso École au Cinema.
Agora, alunos de sete entre 24 províncias argentinas serão levados às salas de cinema para assistir às obras nacionais e terão aulas sobre o histórico e a crítica da produção do país, de acordo com informações da Variety.
“As crianças vão muito pouco ao cinema, e, do que viram, poucos são os filmes argentinos. E os filmes que se assistem são normalmente vistos on-line”, argumentou Alejandro Calcetta, presidente da INCAA. “Nós fizemos um programa de longo prazo que esperamos intensificar ao longo do tempo para que se torne parte da política do governo.”
A expectativa dos envolvidos é que o impacto da ação seja tão positivo quanto foi na França – lá, o programa nas escolas foi lançado em 1989 e hoje o país tem um dos maiores mercados nacionais de qualquer cinema europeu, de acordo com estatísticas da CNC.
“O trabalho tem que ser agora na distribuição e exibição. Se nós só produzirmos, mas não mostrarmos os nossos filmes, seremos um cemitério cinema”, argumentou Calcetta.
Argentina exibe manuscrito de Jorge Luis Borges encontrado no Brasil
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Originais do conto ‘A biblioteca de Babel’, do escritor argentino, podem ser vistos na Biblioteca Nacional, em Buenos Aires
Publicado no UAI
O manuscrito do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) usado para o famoso conto A biblioteca de Babel, encontrado no Brasil, começou a ser exibido em Buenos Aires, revelou o escritor Alberto Manguel, diretor da Biblioteca Nacional argentina.
“O documento estava em um ambiente lotado de papéis, quadros, fotos, mapas, cartas de rainhas e próceres como San Martín e Rivadavia. Me surpreendeu que, em uma pasta suja, tenha aparecido algo de tanto valor. Fiquei com a voz trêmula, foi uma emoção muito grande”, disse Manguel.
O original está escrito em letra minúscula. A obra pode ser observada na Biblioteca Nacional, que é dirigida há alguns meses por Manguel, um escritor que desenvolveu grande parte de sua carreira fora do país.
Borges foi autor de obras lidas e estudadas em todo o mundo como O Aleph. É considerado o maior escritor argentino da história e um dos grandes da literatura do século 20, mas não recebeu o Nobel.
Manguel trabalhava em uma livraria quando conheceu Borges e iniciaram uma amizade. O autor de História universal da infâmia, afetado pela cegueira, pediu a Manguel que lesse para ele em seu apartamento e isto aconteceu por quatro anos na década de 1960. Borges também foi diretor da Biblioteca Nacional.
Manguel levou o manuscrito para Buenos Aires como um empréstimo. Ele o encontrou quase ao acaso com um colecionador particular em São Paulo.
A biblioteca de Babel foi um dos contos incluídos no livro Ficções (1944), um dos pilares da obra borgeana. A ideia apresentada por Borges é a de um universo com uma biblioteca que contém todos os livros. É considerado uma metáfora sobre o infinito e foi objeto de estudos, inclusive do ponto de vista científico.
“É um autêntico tesouro. Estes papéis têm um valor material indiscutível e, por outro ladom um valor simbólico. Há poucos elementos que formam a simbologia universal e devemos a Borges um destes elementos: o conceito da biblioteca de Babel, que hoje podemos associar a Internet”, disse Manguel.
O valor material do manuscrito é avaliado em US$ 500mil.
Um teatro do século XIX convertido numa espetacular livraria em Buenos Aires
0Publicado no Idealista
O Ateneu Gran Splendid em Buenos Aires abriu em 1919 como teatro, mas em 2010 converteu-se numa livraria e loja de música de 2.000 m2 de superfície. Conserva os frescos do teto pintados pelo artista italiano Nazareno Orlandi e as cariátides esculpidas por Troiani Troiano.
O arquiteto argentino Francesco Manzone liderou a reconversão em 2012 deste espetacular edifício. Onde havia lugares de plateia colocou estantes cheias de livros e música. Muitos detalhes do antigo teatro foram conservados, tal e qual, como o auditório.