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Livro sobre os últimos dias de Nelson Mandela é recolhido por editora
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O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela – AP Photo/Denis Farrell
Obra foi escrito por médico do sul-africano, mas família afirmou não ter dado autorização
Publicado em O Globo
JOHANNESBURGO — Um livro recém-lançado sobre os últimos dias de Nelson Mandela, escrito por um médico que trabalhou com o ex-presidente da África do Sul, foi recolhido pela editora, após a família do líder sul-africano afirmar que não havia autorizado a obra.
“Mandela’s last years” (Os últimos dias de Mandela, em tradução livre), escrito por Vejay Ramalakan, foi lançado na África do Sul no dia 18 de julho, para coincindir com o nascimento de Mandela, que morreu em 2013, aos 95 anos.
De acordo com a “BBC”, o livro mostra episódios polêmicos do final da vida do ex-presidente, assim como disputas dentro de sua família pelo seu legado.

Capa do livro ‘Mandela’s last years’, escrito pelo médico Vejay Ramalakan – Divulgação
A viúva do ex-presidente, Graça Machel, cogitou processar o médico, alegando que ele teria quebrado o sigilo entre médico e paciente.
O médico afirmou, em entrevista ao canal “eNCA”, que recebeu permissão da família para escrever o livro, mas não especificou de quem.
A editora do livro, Penguin Random House, disse que a intenção era “mostrar a coragem e a força de Mandela até o final da sua vida”, e explicou que a decisão de recolher a publicação foi tomada “em respeito” à família. O número de cópias vendidas não foi informado.
O porta-voz da Fundação Nelson Mandela, Sello Hatang, afirmou que o livro não deveria ter sido publicado, e elogiou o fato da obra ter sido recolhida.
— No momentos, estamos avaliando sistematicamente o livro. Quando terminarmos, iremos divulgar uma listas das imprecisões — afirmou.
Detento do CE comemora aprovação na UFC após Enem: ‘Nova chance’
0Jovem de 24 anos conquistou uma vaga na Universidade Federal do Ceará.
Agora ele aguarda autorização da Justiça para cursar Ciências Sociais.
Publicado em G1
Assistir aulas atrás das grades foi o que possibilitou que 13 detentos do Ceará conseguissem uma vaga no ensino superior por meio do Prouni. Quem estuda enquanto cumpre a pena, reduz o tempo de detenção. A cada 12 horas de aulas, um dia é reduzido na condenação. Mas esse não foi o objetivo que levou um detento de 24 anos a estudar e ganhar bolsa do programa do Governo Federal. (A pedido da Secretaria de Justiça do Ceará, o detento não foi identificado.)
Ele conta que apenas depois de cumprir a pena teve passou planejar um futuro longe das grades. Para isso, começou a estudar quatro horas por dia, duas na sala de aula e duas na cela. Como instrumento, apenas um livro. Mesmo sem ter acesso a nenhuma tecnologia para auxiliá-lo nas pesquisas, ele conseguiu ser aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.
“Todo dia nós temos uma nova chance de fazer uma nova história pela nossa vida e é a educação que abre novas portas, né? Porque o conhecimento tem o poder de vencer obstáculos na nossa vida”, diz o jovem que foi aprovado para o curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Ceará (UFC). Agora, ele aguarda a autorização da Justiça para frequentar as aulas na universidade.
Enquanto aguarda, segue na rotina de trabalhar e estudar, acreditando que o futuro reserva uma outra vida, muito diferente da que leva na penitenciária. “O final dessa história só depende de mim, fazer a mudança. E que final vai ser esse? Mostrar para as pessoas que todos nós somos passíveis de erros, mas que também temos a possibilidade de reverter a situação”, diz o jovem.
O presidiário é aluno de uma escola penitenciária em Pacatuba, na Grande Fortaleza. Lá, dos 860 detentos que cumprem penas, 65 estudam. “É uma missão que a gente considera muito valiosa, né? A gente procura dar o melhor e espera também isso deles”, comenta o professor Gilmário Nobre.
Prouni
No Ceará, 13 detentos foram aprovados no Programa Universidade Para Todos (Prouni) e ganharam bolsas em cursos de graduação e tecnológicos em faculdades particulares do Estado. Entre os aprovados, oito são internos das grandes unidades prisionais da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Aloísio Leo Arlindo Lorscheider, de Fortaleza. Todos eles ganharam bolsas integrais. Os
Dos oito internos aprovados na RMF, dois passaram para o curso de Direito. Um reeducando foi aprovado no curso de Licenciatura em Educação Física e outros cinco internos em cursos tecnológicos: um para Sistemas para Internet, um para Gestão de Recursos Humanos, um para Gestão Hospitalar e dois para Logística.
Dentre os cinco aprovados em Aracati, um garantiu a bolsa integral e os outros quatro, bolsas parciais que custearão 50% do valor da universidade. Os internos conseguiram vaga nos cursos de Administração, Química (3) e Comércio Exterior.
Justiça autoriza lançamento de ‘Lampião, O Mata Sete’, biografia que diz que rei do cangaço era gay
0Rodolfo Viana, no Brasil Post
Virgulino Ferreira, o famoso cangaceiro nordestino, era gay. Sua mulher, Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita, era adúltera.
Estas são algumas das afirmações de Pedro de Morais, juiz aposentado que escreveu a biografia ‘Lampião, O Mata Sete’. Por causa dessas conclusões, o livro teve sua publicação proibida há dois anos, a pedido de Vera Ferreira, neta de Lampião. Graças à Justiça, a controversa obra deve chegar às livrarias em breve.
No último dia 30 de setembro, a 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE), por unanimidade, reformou a sentença de primeiro grau que proibia o lançamento e a venda da obra. No voto, o desembargador Cezário Siqueira Neto, relator do processo, entendeu que garantir o direito à liberdade de expressão coaduna-se com os recentes julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não é demais repetir que, se a autora da ação sentiu-se ofendida com o conteúdo do livro, pode-se valer dos meios legais cabíveis. Porém, querer impedir o direito de livre expressão do autor da obra, no caso concreto, caracterizaria patente medida de censura, vedada por nossa Constituinte”, afirmou.
Além disso, o relator afirmou que a liberdade de expressão é algo fundamental na ordem democrática, não cabendo ao Poder Judiciário estabelecer padrões de conduta que impliquem restrição à divulgação do pensamento. “Cabe, sim, impor indenizações compatíveis com ofensa decorrente de uma divulgação ofensiva”, completou.
Para o desembargador, “as pessoas públicas, por se submeterem voluntariamente à exposição pública, abrem mão de uma parcela de sua privacidade, sendo menor a intensidade de proteção”, citando em seu voto a doutrina do procurador federal Marcelo Novelino.
Processo
Em entrevista à CartaCapital, Morais disse que os questionamentos sobre a sexualidade de Lampião e o assédio dele aos cangaceiros “não chega a ser nem um capítulo do meu livro”. Além disso, o tema já foi abordado em outras publicações, como a tese do historiador e antropólogo Luiz Mott. “O professor já falava sobre isso 30 anos atrás. Tem uma tese na Sorbornne que cita esse lado feminino de Lampião. Todo mundo aqui no nordeste sabe que ele era um exímio estilista e gostava de plumas, paetês e perfumes franceses”, defende-se.
Ainda que “todo mundo no nordeste saiba”, em outubro de 2012, Vera Ferreira entrou com duas ações na Justiça: uma por danos morais, justamente, pelo autor discutir a sexualidade do cangaceiro; e outra impedindo o lançamento do livro.
Vera queria uma indenização de 2 milhões de reais nas duas ações, por danos morais e por Morais ter vendido os livros na 2ª Bienal de Salvador, que ocorreu em 6 de novembro de 2011. O escritor disse que Vera perdeu nas duas ações que moveu.
O livro, de 306 páginas, ainda não tem data para ser lançado. “Vou conversar com o meu advogado, Frederico Costa Nascimento, sobre o assunto. Também pretendo conversar com o escritor Oleone Coelho Fontes, que faz a introdução do livro, para decidirmos isso”, comentou o autor, que tem 1 mil exemplares em casa e outros 10 mil já encomendados.
O advogado de Vera Ferreira, Wilson Winne de Oliva, disse que vai recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que, embora respeite a decisão do TJ de Sergipe, não concorda, pois o que está em jogo é a intimidade de uma família. “E intimidade não é história”, defende.
De acordo com o iG, o advogado ressalta:
“O livro agride por demais, afirmando que Lampião era gay, que Maria Bonita era adúltera e até que Expedita Ferreira Nunes não é filha dos dois. Isso causou transtornos a toda a família, aos netos, aos bisnetos na escola.”
O Brasil Post procurou no Diário Oficial da União, no Diário Oficial de cada uma das 27 unidades federativas, no vade-mécum de Direito Civil, no vade-mécum de Direito Constitucional e até mesmo no Yahoo Respostas informações a respeito da data em que ser gay — ou ser chamado como tal — se transformou em agressão, mas não encontrou resultado algum.
Menina agredida em colégio estudará o resto do ano em casa, diz mãe
0Segundo Débora, estudante de Sorocaba vai trocar de escola.
Mãe diz que jovem foi autorizada pelos professores a encerrar ano em casa.
Ana Carolina Levorato, no G1
A menina agredida dentro de uma escola estadual em Sorocaba (SP) não voltará para o colégio este ano. A estudante Júlia Apocalipse, de 13 anos, que sofreu várias lesões e perdeu dois dentes depois que apanhou de uma jovem de 16 anos na saída da escola estadual Hélio Del Cistia, no Jardim São Guilherme, Zona Norte da cidade, no dia 9 de setembro, pediu à família para estudar em outro lugar.
De acordo com a mãe da adolescente, Débora Apocalipse, Júlia vai mudar de colégio a partir do ano que vem. “Temos dois colégios em mente e agora ela vai decidir para onde quer ir. Já aconteceu tudo o que podia naquela escola, muita gente apoiou e outros riram dela. Ela não precisa mais passar por isso”, explica a mãe da menina, em entrevista ao G1.
Para não perder o semestre, a estudante foi autorizada pelos professores a encerrar todas as disciplinas com trabalhos escolares. “Ao invés de fazer provas, ela foi autorizada a elaborar trabalhos em casa para todas as matérias. Ela tem o prazo de 30 dias para entregar para a escola avaliar o semestre”, afirmou a mãe.
Segundo Débora, Júlia está bem e se recupera das lesões no rosto, principalmente na boca. A menina precisará fazer acompanhamento mensal no dentista em Atibaia (SP) e passará também por avaliações psicológicas. “Ela está evoluindo a cada dia, mas acreditamos que ela precisa de todo apoio possível depois de tudo o que passou. Evitamos que ela saia sozinha de casa, mesmo que seja em algum lugar perto. É o que conseguimos fazer para preservá-la”, diz.
Tentativa de homicídio
Em entrevista ao G1, o delegado da Delegacia da Infância e Juventude (Diju) Alexandre Cassola, responsável pelo caso, disse que não descarta a hipótese de tentativa de homicídio. “Inicialmente não foi do meu convencimento que se tratava de uma tentativa de homicídio, mas no laudo irá apontar a gravidade das lesões e, por isso, não descarto a possibilidade. O laudo é a materialização da intenção do crime”, explica.
O exame de corpo de delito de Júlia foi feito no dia 15 de setembro no Instituto de Criminalística em São Paulo. O resultado deve ser entregue em até 30 dias.
O Procedimento de Polícia Judiciária – instaurado pela Diju para apurar o caso – foi baseado no registro de ato infracional de lesão corporal. Foram ouvidas as duas adolescentes envolvidas no caso, o pai de Júlia Apocalipse, os policiais militares que registraram a ocorrência e uma inspetora de alunos da escola. “A funcionária da escola nos trouxe o vídeo, mas as imagens estão ruins. Enviamos para o IML (Instituto Médico Legal) na tentativa de melhorar as imagens para avaliarmos a situação”, informa o delegado. Segundo ele, a inspetora garantiu que a briga ocorreu fora da unidade de ensino.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a internação na Fundação Casa é prevista se o menor for apreendido em flagrante ou se for avaliado que a conduta do adolescente mereça esta medida. “A agressora não tem histórico de atos infracionais, então, relatamos o procedimento à Vara da Infância e Juventude sem pedir sua apreensão”, explica o delegado.
O delegado comparou o caso ao da agressão de São Roque (SP), no qual Fernanda Regina Cézar Santiago sofreu traumatismo craniano após levar uma forte cotovelada no dia 16 de agosto, em São Roque (SP), de Anderson Lúcio de Oliveira.
“No caso de São Roque, a agressão resultou em trauma craniano com perda de massa encefálica. Já em Sorocaba, nota-se que as agressões foram direcionadas para região da boca, que não é uma área letal. Tem que partir do pressuposto de que o autor quer matar a vítima para falar-se em tentativa de homicídio”, esclarece Cassola.
Segundo o pai, Jairo Apocalipse, a jovem apanhou “por ser bonita”. “Me contaram que ela (a agressora) batia na minha filha e gritava: ‘Quero ver quem vai te querer agora, quero ver você ser bonita agora’”, disse o aposentado em entrevista ao G1, no dia 10 de setembro.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado negou que a agressão tenha ocorrido dentro da escola e informou que a agressora não está matriculada naquela instituição de ensino.
Motivação
No dia 11 de setembro, a agressora esteve na Delegacia de Infância e Juventude com o tio, que é seu tutor legal, e disse que bateu na adolescente para defender uma amiga. “Ela chamou minha amiga de ‘macaca’“, afirmou na ocasião.
Após a suposta ofensa, segundo ela, as duas passaram a trocar mensagens com ameaças, até que Júlia a bloqueou. Ela decidiu, então, ir até a porta da escola para “tirar satisfações”. “Na escola continuamos a briga, ela caiu e mordeu meu pé. Depois, rolou pela escada e desmaiou”, disse.
A jovem também disse que não sabe o motivo pelo qual a vítima ficou tão machucada. “Não sei o que ela fez na boca para ficar daquele jeito. Dei alguns murros, mas não foram fortes.”
O delegado Carlos Marinho ouviu Júlia no dia seguinte. Segundo ele, a vítima afirmou que nunca havia conversado com a agressora, nem pelas redes sociais. A estudante negou ter feito ofensas racistas para qualquer amiga da agressora. “Nem a conheço, nem sei que são seus amigos e amigas”, disse.
Sorriso de volta
Júlia Apocalipse passou por um tratamento dentário na quarta-feira (17), em uma clínica especializada em Atibaia (SP). Segundo Débora Apocalipse, a mãe da vítima, Júlia “está radiante” com seu novo sorriso. A jovem participou do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, nesta quinta-feira (18), para falar do ocorrido e mostrar o novo visual.
O tratamento dentário, que foi oferecido à adolescente de forma gratuita, usou uma tecnologia considerada nova no Brasil, segundo a clínica. A boca da estudante foi escaneada e uma impressora 3D produziu os dois dentes perdidos com a agressão. “O tratamento é rápido e praticamente indolor”, explica a dentista Luciana Saraiva.
Apesar de um dos dentes da estudante ter sido arrancado pela raiz, a dentista explica que a máquina, que custa cerca de R$ 800 mil, consegue produzir a prótese independentemente da gravidade do caso.
A mãe de Júlia não conseguiu esconder a felicidade de, depois de tanto sofrimento, ver a filha podendo sorrir de novo. “Ela não consegue parar de se olhar no espelho”, afirma Débora sobre o implante da menina, que também recebeu um aparelho provisório na parte superior para ficar com o sorriso alinhado.
Perdão à agressora
Em entrevista ao G1 no sábado (14), Júlia afirmou que perdoa a agressora (Veja vídeo), mas que jamais esquecerá o que passou. “Ela poderia ter chegado conversando, me conhecido, visto quem sou, daí tenho certeza que tudo isso não teria acontecido. Não desejo mal a ela [agressora], peço para que ninguém faça nada, pois a polícia está fazendo a parte dela. Peço que Deus abençoe a agressora, para que ela mude, ser assim violenta não vai levá-la a lugar nenhum”, diz.
A jovem conta que no dia 5 de setembro recebeu uma mensagem de texto por meio de um aplicativo para celulares de um número desconhecido. “Era a agressora dizendo que não gostava de mim e que era para eu ficar esperta que iria apanhar”. Ela diz que bloqueou a agressora do celular e deletou as mensagens.
No dia da agressão, Júlia conta que saiu sozinha pelo portão e não encontrou o pai, mas sim um grupo grande de pessoas. “Vi a agressora caminhando na minha direção de braços cruzados. Ela me disse ‘Late aí então, não gosto de você, você é muito metida’, mas respondi: ‘Se sou metida o problema era meu’. Ela me mandou ajoelhar e pedir perdão, como me neguei levei o primeiro soco na boca”, descreveu. “A partir daí só me defendi. Empurrava e fazia de tudo para ela sair de cima de mim”, disse.
Depois a estudante caiu, conseguiu se levantar e correu para dentro da escola. “Apanhei mesmo foi dentro da escola, desci a rampa correndo, ela puxou meu cabelo, caí, rolei o lance de escadas e desmaiei”, conta. Algumas testemunhas disseram à família que mesmo desacordada, Júlia continuou apanhando.