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Harry Potter ensina a lutar contra o preconceito
0Pesquisa revela o que os fãs da série já sabiam: ler as aventuras do ‘menino que sobreviveu’ faz de você uma pessoa melhor
Luciana Galastri, na Revista Galileu
Uma pesquisa, publicada noJournal of Applied Social Psychology, mostra que a leitura de Harry Potter ensina crianças a lutar contra o preconceito. De acordo com os psicólogos responsáveis pelo estudo, da Universidade de Modena e Reggio Emilia, ler a série torna mais favorável a percepção de jovens sobre minorias como imigrantes, homossexuais e refugiados.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores criaram um experimento em três fases. Na primeira, ministraram um curso de seis semanas sobre o universo de Harry Potter para 34 alunos da quinta série (também queríamos um curso desses quando estávamos na escola). Depois os estudantes receberam um questionário – e os que se disseram interessados pelas aulas e sabiam mais sobre o mundo bruxo se mostravam mais favoráveis a situação de imigrantes na Europa.
A segunda parte do estudo analisou 117 estudantes do ensino médio – novamente, aqueles que leram e gostaram de Harry Potter tinham opiniões positivas sobre questões homossexuais. E a terceira etapa analisou estudantes do Reino Unido e mostrou que os Potterheads ‘que se identificavam menos com o personagem de Voldemort’ (que, lembrando, quer um mundo dominado por bruxos, onde pessoas sem poderes mágicos não teriam lugar) também se preocupavam com refugiados.
Aparentemente, a maior conquista de Harry não é derrotar Voldemort. Sua luta para manter os trouxas seguros, assim como os bruxos que não são “sangues-puros”, se reflete no pensamento de fãs da série, transpostos no mundo real como um posicionamento mais forte e positivo em relação às minorias. Infinitos pontos para a Grifinória!
Concurso Cultural Literário (13)
0Acostumado a aventuras em games, ele terá de vencer perigos e desafios no mundo real.
Nesse jogo de sobrevivência, porém, não há segunda chance.Centenas de anos atrás, um embate sangrento entre nativos e invasores brancos armados até os dentes marcou a disputa por uma região no nordeste brasileiro. Para pôr fim à luta impiedosa, o Grande Caipora e a Iara, a senhora das águas, fizeram com que aquele pedaço de terra se descolasse do continente e passasse a vagar pelos rios do país, criando a lendária e mágica ilha flutuante de Anistia.
Séculos depois, A. C., o herói pré-adolescente da série O Legado Folclórico, descobre não apenas a localização da ilha, mas consegueadentrá-la e participar da grande competição entre organizações secretas que acontece periodicamente. Passa, então, a conhecer os segredos de Anistia, a saber sobre os sonhos que separam os vivos dos mortos, e a perceber a influência que os poderosos exercem sobre o povo. Porém, é tempo de lua cheia e ele terá de lidar com problemas que surgirão com ela e que ele nem suspeitava existirem.
Prata, Terra & Lua Cheia, a continuação de Ouro, Fogo & Megabytes, é o segundo volume da série que une com ineditismo a atmosfera geek com releituras nada convencionais dos mitos e das lendas do folclore nacional.
Prontos para mais um Concurso Cultural Literário?
Três participantes vão ganhar Prata, Terra & Lua Cheia, segundo volume da Trilogia O Legado Folclórico.
Para participar, responda por email qual o nome do protagonista dos livros “Ouro, Fogo & Megabytes” e “Prata, Terra & Lua Cheia”.
ATENÇÂO: Envie sua resposta para [email protected]. Respostas na área de comentários serão apagadas. 🙂
O resultado será divulgado no dia 1/10 às 17h30 aqui no post e também no perfil do twitter @livrosepessoas.
Boa sorte!
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Parabéns: Breno, Cleomara Alves e Wesslen Nicácio =)
Enviar seus dados completos p/ [email protected] em até 48hs.
Paulo Rónai e a inspiração do romance ‘Budapeste’ (de brinde, um poema)
0Raquel Cozer, no A Biblioteca de Raquel
O crítico e tradutor Paulo Rónai (1907-1992) nunca chegou a sumir de livrarias brasileiras. Mesmo que houvesse uma má vontade fora do comum das editoras, ia ser difícil estancar publicações relacionadas a ele, que sofria de uma invejável incontinência produtiva, fosse com traduções, como “Os Meninos da Rua Paulo” (Cosac Naify), de Ferenc Molnár, fosse com obras próprias, como “Curso Básico de Latim” (Cultrix), que é, acredite, o título mais vendido dele no Brasil.
Mas algumas pérolas de sua produção andaram esquecidas, lapso que vem sendo revertido desde 2012, quando quatro editoras passaram a reeditar alguns de seus trabalhos mais importantes como ensaísta, tradutor ou organizador.
A saber: Globo (“A Comédia Humana”, de Balzac), José Olympio (“A Tradução Vivida” e “Escola de Tradutores”; em breve, “Pois É”), Casa da Palavra (“Como Aprendi o Português e Outras Aventuras”; em breve, “Encontros com o Brasil”, “Não Perca o Seu Latim” e “Contos Húngaros”) e Nova Fronteira (em breve, “Mar de Histórias”, parceria com Aurelio Buarque de Holanda).
Esse resgate, incluindo o motivo pelo qual essas obras andaram deixadas de lado, foi tema de reportagem minha para a “Ilustríssima”, mais de um metro e meio de texto, uma maravilha de espaço, mas precisaria de uns três metros para incluir tudo de que gostaria.

Rónai (o segundo da esq. para a dir.) com Drummond (ao centro), de quem ficou amigo (os outros não sei mesmo, você me diga se souber)
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Um ponto que ficou de fora, embora tenha sido conversado com familiares, foi a extensão da inspiração em Paulo Rónai para o romance “Budapeste”, de Chico Buarque.
Quem atentou para a semelhança às avessas com a vida de Rónai (no livro de Chico, um brasileiro vai lidar com letras na Hungria) foi Sérgio Rodrigues, no extinto No Mínimo. O texto, reproduzido no blog da jornalista Cora Rónai, filha do crítico, me chegou no Facebook via Renata Lins, que disse ter tido, na época, a mesma impressão ao ler “Budapeste”.
Ele escreveu à época, sobre “Como Aprendi o Português e Outras Aventuras”:
“Um livro que, escrito a partir dos anos 40 e lançado em 1975, compartilha com o grande best-seller do momento [o livro de Chico] dois traços fundamentais: a oscilação entre a capital húngara e o Rio de Janeiro (com a diferença de que parte daquela para chegar a este, enquanto o herói buarquiano faz o caminho inverso) e a coragem de mergulhar de cabeça nos abismos da língua, das línguas, da linguagem.
[…] De um lado, encontramos o brasileiro José Costa, que por acaso ou fastio começa a construir uma nova identidade – uma identidade húngara – no dia em que a música de um idioma incompreensível o subjuga e mesmeriza. “Sem a mínima noção do aspecto, da estrutura, do corpo mesmo das palavras, eu não tinha como saber onde cada palavra começava ou até onde ia. Era impossível destacar uma palavra da outra, seria como pretender cortar um rio a faca.”
[…] Do outro lado, temos a presença comovente de um jovem húngaro, Paulo Rónai, e sua paixão também gratuita pelo português, numa Budapeste que estava a poucos anos de se tornar quintal da Alemanha nazista. “A mim, sob seu aspecto escrito, (o português) dava-me antes a impressão de um latim falado por crianças ou velhos, de qualquer maneira gente que não tivesse os dentes. Se os tivesse, como haveria perdido tantas consoantes?”
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Quando entrevistei Laura, filha mais nova de Rónai, perguntei se Chico chegara a falar algo com a família a respeito, algum sinal além da impressão.”Ele nunca falou, mas todo mundo percebe. É fato conhecido. É tão fato que é a história do papai ao contrário”, ela respondeu.
Então perguntei ao Mario Canivello, assessor do Chico, que entrou em contato com o homem, na França, e me enviou a resposta dias depois: “Durante a escrita de Budapeste, Chico leu alguns contos húngaros traduzidos por Paulo Rónai, numa antologia organizada por ele e com prefácio do Guimarães Rosa. Dos contos, ele se lembra de ter tirado alguns apelidos húngaros, como Kriska e Pisti. E se lembra sobretudo de ter adorado o prefácio, mas só isso.”
Tendo lido “Budapeste” e “Como Aprendi o Português e Outras Aventuras”, também tenho a impressão de que foi mais do que isso. Ainda que Chico acredite que não.
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Rónai com a mulher, a professora aposentada Nora, que hoje, duas décadas após essa foto, é campeã de natação na faixa 85-89 anos
E vai aqui também a íntegra do poema que encerra a reportagem, enviado por Rónai para Américo, marido de sua irmã Clara.
Foi escrito em 13 de março de 1970, logo depois de Américo ter comprado um carro novo. No aniversário do cunhado, Rónai lhe deu uma pasta para guardar documentos (Américo era um bagunceiro convicto), acompanhada dos seguintes versos:
Américo, eu vos peço,
Prestai atenção ao problema:
Como reza o nosso lema,
Sem ordem não há progresso.
Para que à desordem escapeis
Sem perder tempo em vã busca,
Correndo feliz no fusca,
Guardai bem os vossos papéis
Arquivados, classificados,
Em bom lugar conservados,
Todos na pasta competente,
Para serem encontrados fácilmente.
Afim de atingirdes essa perfeição
Oferecemos-vos neste dia festivo
Para bem e felicidade da nação
Nada menos do que êste arquivo.
Ficai digno dêste lindo móvel
Arranjando quanto antes algum imóvel
Valores à beça, cédulas em quantidade
Consolando-vos assim dos estragos da idade.
A ambição da criação poética Rónai abandonou muito cedo, antes mesmo de vir ao Brasil. Mas, em seu acervo no sítio Pois É, em Nova Friburgo –biblioteca para a qual a família busca, sem sucesso, uma instituição disposta a administrar–, há vários poeminhas do gênero. Escritos para amigos, familiares, colegas, sempre como brincadeira.