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Sobre diálogo, educação, democracia, escravidões, monstros e mulas sem cabeça
0Guilherme Perez, em UOL
Na democracia, não dá para pensar em educação sem diálogo.
É a partir do contato e da conversa com os outros que nos formamos, aprendendo os conhecimentos, os hábitos, as habilidades, os valores do grupo social. E essa conversa da qual surgimos é, ao mesmo tempo, o espaço para a construção e revisão de todas as verdades e justiças e injustiças aprendidas. Habermas diz: no diálogo, porque passíveis de serem criticados, os conhecimentos podem ser corrigidos. Permite aprendizado a partir dos erros explicitados.
Isso tem tudo a ver com democracia. Em última análise, com a regra da maioria, as eleições periódicas, os direitos de participação da vida política, os direitos e liberdades individuais, os direitos a saúde, alimentação, assistência aos desamparados, educação, etc, a Constituição projeta a democracia como um grande e abrangente diálogo.
Mas estamos longe disso. O diálogo é não uma coisa que temos visto, com frequência, por aí.
Em encontro do Grupo de Pesquisa “Educação e Direito na Sociedade Brasileira Contemporânea”, que lidera, João Virgílio Tagliavini, fazendo referência ao conto de Julio Cortázan, falava da “casa tomada” que se tornou nossa mente.
Nossa mente está tomada de monstros que nos escravizaram. Mulas sem cabeça, almas penadas, zumbis e vampiros. Seu testemunho de humanidade é a linguagem das opiniões rasas e preconceituosas, da violência, da discriminação, do esporro, do senta e escuta, do cala a boca. Hospedando em si a humanidade que conheceram, nossos monstros são arrogantes, autoritários, severos, inquisitoriais, desumanos. São donos da verdade. Bastiões da liberdade, da justiça e da razão que negam, sistematicamente. Tudo julgam e condenam, portanto. Xingam, sem pudor. Sabendo de tudo, dispensam a conversa, expediente somente necessário para quem quer encontrar algo que não sabia.
Vivemos, sem dúvida, o “declínio da fala”, referido por Adorno.
Precisamos, urgentemente, esvaziar as mentes dos monstros que as habitaram e as superlotaram, sem deixar espaço para mais nada. Nesse tempo que, “ainda é de fezes, maus poemas” (nauseando Drummond), precisamos de uma desconstrução de valores e verdades que é, também, reconstrução.
O diálogo aparece como a alternativa que sobra para quem não quer impor a si e a seus monstros ou – o mais comum – para quem, simplesmente, não quer aceitar goela abaixo monstros e fantasmas alheios. Parte do reconhecimento de que não dá mais para decidir, a priori e de uma vez por todas, quem tem que aprender com quem; quem tem que decidir por quem.
O desafio é gigantesco: aprender a conversar e consolidar o diálogo, a partir da própria experiência do diálogo em construção. Remete-nos à educação para a democracia, por meio da incipiente e frágil vivência da democracia. Não há outro caminho. Diálogo e democracia não são práticas que se aprendem sentado na cadeira, em silêncio, anotando no caderno o que afirma o professor, para repetir, depois, na hora da prova.
Por enquanto, repetimos e revivemos, cotidianamente, mudos ou aos xingos (a depender do papel que ocupamos), a história do escravo Prudêncio, narrada por Machado de Assis. Feito “cavalo de todos os dias” do ainda menino Brás Cubas e por ele açoitado, fustigado, um dia ele foi liberto. Teve, então, seu próprio escravo, que vergalhava em praça pública: “Era o modo que Prudêncio tinha de se desfazer das pancadas recebidas – transmitindo-as a outro”.
Agente literária recebe pedidos de direitos de textos falsamente atribuídos a Drummond, Verissimo e Quintana
0Lucia Riff conta histórias de solicitações para usar textos da internet em peças publicitárias, exposições e livros
Maurício Meireles, em O Globo
Semana passada, o governador da Bahia, Rui Costa (PT) pediu licença para citar um poema em seu discurso de posse: “Sonhe com aquilo que você quer ser/ porque você possui apenas uma vida/ e nela só se tem uma chance/ de fazer aquilo que quer”. O texto circula há tempos na internet atribuído a Clarice Lispector — e logo a gafe ganhou a imprensa. Afinal, qualquer um que conheça a obra da autora de origem ucraniana sabe que ela não usaria tal retórica de autoajuda.
A agente literária Lucia Riff, dona da agência que leva seu sobrenome, a mais antiga do país, já olha essas casos com uma mistura de irritação e enfado. Administrando os direitos de vários dos principais escritores brasileiros, Lucia vê a ascensão de textos falsamente atribuídos a medalhões da literatura de um lugar privilegiado. Afinal, é à sua porta que muita gente bate pedindo autorização para usar os textos mais absurdos.
Pior, diz Lucia, é quando quem a procura nunca leu um livro do autor na vida. São campanhas publicitárias com textos falsos, peças teatrais, antologias, exposições — a lista é longa. Ela recebe mensagens como: “Estamos trabalhando em um projeto que será lançado nas redes sociais e o mood (sic) desta campanha esta (sic) ligado a um texto do Carlos Drumond (sic) Andrade.”
— Acabam confessando que buscaram os textos na internet. Na maioria das vezes, nunca tiveram um livro do autor — diz Lucia.
Há casos que chocam a agente literária: outro dia um sujeito montou uma peça cheia de poemas “de Mario Quintana”, em homenagem ao autor, e foi pedir os direitos. O problema é que todos haviam sido garimpados na internet — e nenhum era do escritor.
— Eles entram em desespero quando digo que a autoria está errada — conta a agente, que está de olho em uma página do Facebook que mistura textos originais e falsos de Manoel de Barros, morto em dezembro, um dos autores favoritos dos falsificadores.
Há textos que já ficaram célebres. É chegar o fim de ano para Lucia receber pedidos para usar “Desejo”, poema sobre o réveillon atribuído há anos a Carlos Drummond de Andrade, no qual o autor deseja ao leitor coisas como “viver sem inimigos”, “noite de lua cheia” e “ter fé em Deus” — o que os admiradores acham uma lindeza.
Outro que já virou “clássico” chama-se “Quase”, atribuído faz uma década a Luis Fernando Verissimo — outro nome amado pelos impostores.
— O Luis Fernando já foi homenageado em uma festa de formatura e, ao chegar lá, os alunos leram esse texto falso. Foi horrível! Já me pediram para usar em uma antologia em francês, com o título “Presque” — diz a agente, lembrando que até hoje a família de Moacyr Scliar, morto em 2011, recebe pedidos de autorização para o uso de sua suposta obra.
A agente literária afirma que tenta atuar como filtro e fica feliz que, hoje, seja preciso pedir autorização.
— Seria um desastre se pudessem publicar sem pedir. Qualquer citação errada em um livro é um desserviço para a memória do autor. Nós garantimos que o texto saia correto — diz Lucia.
Começa no Brasil aluguel de livros eletrônicos
0Publicado por Catraca Livre
Já estamos habituados ao aluguel mensal de filmes. Mas agora, surge no Brasil o aluguel de livros eletrônico, muito semelhante ao mesmo sistema. A pessoa paga R$ 19 por mês e tem direito a 10 livros mensais. Ou seja, por o preço de um livro pode ler atá 10 exemplares.
Trata-se do Kindleunlimeted que ,assim como outros canais de locação, não inclui os lançamentos na plataforma. Se quiser testar, os primeiros 30 dias são gratuitos. Clique aqui
Os 10 livros mais esperados de 2015
0Jonatan Silva, na Contracapa
2014 está acabando e já dá para se preparar para as leituras do próximo ano.
Confira na Contracapa os 10 dez lançamentos mais esperados para 2015.
The Pale king – David Foster Wallace
O último livro do autor de Graça infinita deve chegar por aqui ainda no ano que
vem pela Companhia das Letras sob a tradução de Caetano Galindo. A obra é
inacabada e foi lançada em 2011, três anos após o suicídio de Wallace.
The Bleeding edge – Thomas Pynchon
Mais recente livro do misterioso escritor norteamericano, The Bleeding edge
teve os direitos comprados pela Companhia das Letras e deve ser traduzido por
Paulo Henriques Britto, responsável pela edição brasileira de O Arcoíris da
gravidade.
Building stories Chris Ware
Lançada em 2012, a graphic novel de Ware é um dos projetos mais engenhos
da literatura contemporânea. Composta por diversos painéis com estruturas
narrativas, o obra permite diversos tipos de leitura.
The Zone of interest – Martin Amis
O livro chocou meio mundo por conta de seu enfoque menos trágico sobre o
holocausto e provocou o debate sobre a abordagem de Amis sobre o assunto.
A obra acabou sendo recusada por diversas editoras em todo o globo.
How to be both – Ali Smith
How to be both foi um dos finalistas do Man Booker Prize, que acabou ficando
com Richard Flanagan, e deve chegar no Brasil pela Companhia das Letras já
em 2015. Considerado um dos melhores livros de 2014 lá fora, a obra é a
consolidação de Ali Smith como uma escritora de peso.
Purity – Jonathan Franzen
Programado para setembro, o sucessor de Liberdade (2011) tem a difícil
missão de conseguir o mesmo interesse e atenção de público e crítica. Franzen
é considerado um dos melhores romancistas norteamericanos da atualidade.
A Girl is a halfformed thing Eimear McBride
Sob tradução de Denise Bootmann, o livro, um dos grandes sucessos editoriais
lá fora, promete fazer sucesso no Brasil também. O jornal britânico afirmou que
o livro já é um clássico moderno. A editora Biblioteca Azul será responsável pela
publicação.
Beautiful losers – Leonard Cohen
Cotado para sair em 2014, o segundo e derradeiro romance de Cohen – que
completou 80 anos – só deve chegar por aqui no que vem. Originalmente
publicado em 1966, o livro é fruto dos anos do autor em uma ilha grega. Os
direitos pertencem à Cosac Naify.
Funny Girl Nick Hornby
Hornby é um dos melhores autores quando o assunto é universo pop. Seu
romance Alta fidelidade foi relançado no ano passado e mostrou que o escritor
está mais vivo que nunca. O livro deve sair pela Companhia das Letras.
Us - David Nicholls
Bestseller mundial com Um dia, Nicholls se transformou em coqueluche para
que gosta de romances mais simples mas não fazem questão do “água com
açúcar”. O livro deve sair pela editora Intrínseca, responsável pelos outros
lançamentos do autor por aqui.
Autora de ‘Se eu Ficar’ terá mais dois livros transformados em filme
0A Universal Pictures adquiriu os direitos de ‘Apenas um Dia’ e ‘Apenas um Ano’ da autora americana Gayle Forman

Os atores Chloë Grace Moretz e Jamie Blackley em cena do filme ‘Se Eu Ficar’, de R.J. Cutler – Divulgação/VEJA
Publicado por Veja
Mais dois títulos da escritora americana Gayle Forman, do best-seller adolescente Se Eu Ficar, serão adaptados para o cinema. A Universal Pictures adquiriu os direitos dos livros Apenas Um Dia e Apenas Um Ano, com a intenção de unir as duas tramas e transformá-las em apenas um filme. As informações são do site da revista americana The Hollywood Reporter.
No Brasil, Apenas Um Dia foi lançado este mês pela editora Novo Conceito, e Apenas Um Ano está previsto para chegar às livrarias em fevereiro de 2015. A trama dos títulos conta a história de Allyson Healey e Willem, um jovem casal que se conhece em Paris e passam 24 horas juntos. O primeiro livro mostra o ponto de vista de Allyson, enquanto Apenas Um Ano conta a versão de Willem.
Com direção de R.J. Cutler e os atores Chloë Grace Moretz (Carrie, a Estranha) e Jamie Blackley (Branca de Neve e o Caçador) como protagonistas, a versão cinematográfica do livro Se Eu Ficar fez 75 milhões de dólares (192 milhões de reais) em bilheteria no mundo todo.