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Distopias políticas vão ganhar novas edições em 2017!
0Teca Machado, no BurnBook
Depois de ter passado para o topo da lista de mais vendidos dos EUA no mês passado, uma das distopias políticas mais conhecidas do mundo, 1984, de George Orwell, vai ganhar uma nova capa e uma nova edição de capa dura.
Outra distopia política/científica que ganhou nova identidade foi O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), de Margareth Atwood. Ambos os livros serão publicadas pela Houghton Mifflin Harcourt, uma editora americana volta para obras educacionais.
Em 1984, publicado em 1949, os personagens “vivem aprisionados na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico”. Especialistas dizem que 1984 voltou a ser best-seller justamente quando o presidente americano Donald Trump assumiu o governo. Coincidência? Talvez. De qualquer modo, uma adaptação do livro será encenada na Broadway a partir de junho.
Já O Conto da Aia, lançado em 1985, “passa-se num futuro próximo, na República de Gilead – antigos Estados Unidos da América – em uma teocracia totalitária cristã que derrubou o anterior governo democrático americano. O regime instaurado é fortemente caracterizado por uma divisão social semelhante às castas; cada membro da sociedade ocupa um lugar fixo na hierarquia social, desempenhando assim uma função específica”. O motivo de essa distopia ter voltado a ser lida pelos americanos é o anúncio que de que em breve uma série baseada nela será lançada na plataforma Hulu e tem como protagonista Elizabeth Moss, de Mad Men.
Fonte: Publishers Weekly
Mais pop que “50 Tons de Cinza”, livro apresenta Leminski complexo à geração do Facebook
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O escritor Paulo Leminski posa para foto em bar de São Paulo, em 1984 (Foto: Avani Stein/Folhapress)
Carlos Minuano, no UOL
Feito raro num país que dá pouca bola à literatura, Paulo Leminski é pop. Morto em junho de 1989, aos 44 anos, os versos do escritor e jornalista paranaense circulam há décadas em agendas e cadernos de estudantes e, hoje, encontram terreno fértil também na internet, sobretudo em redes sociais como o Facebook. Um dos poemas mais populares na rede diz o seguinte: “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”.
E é para além do universo de citações fáceis – e muitas vezes descontextualizadas ou incorretas – que uma série de lançamentos e projetos futuros, incluindo livros, filmes, discos e site, pretende levar a obra do autor descrito por Caetano Veloso como “concretista beatnik”, por Haroldo de Campos como “polilíngue paroquiano cósmico” ou simplesmente como “samurai malandro”, por Leyla Perrone-Moisés.
50 TONS DE LARANJA
Recém-publicado pela Companhia das Letras, “Toda Poesia” reúne os seus mais de 600 poemas, de diferentes fases e estilos, e procura decifrar o complexo universo de Leminski, que transitou com desenvoltura pelos territórios distintos, e eventualmente opostos, do erudito e do popular.
Prova de que o poeta é mesmo pop, o livro está há semanas no topo da lista dos mais vendidos nas livrarias brasileiras na categoria ficção e já desbancou até mesmo o best-seller pornô soft “50 Tons de Cinza”.
No conjunto, a criação poética de Leminski apresentada em “Toda Poesia” mostra como ele circulava livremente por diferentes estilos. Do concretismo ao coloquialismo, em haicais ou poemas-piadas, o caboclo polaco-paranaense (descendente de negro e polonês), exibe uma linguagem, que resiste ao tempo.
Apesar de não trazer nenhum texto inédito, o lançamento republica material de livros raros, quase todos já fora de catálogos. A maior parte organizada em livros pelo próprio Leminski, segundo a poeta Alice Ruiz, viúva do autor, e responsável pela seleção dos poemas reunidos na nova publicação.
“O que ficou de fora foi porque ele assim quis, e respeito isso”, diz. “O que ele não considerou pronto não será publicado”, completa.
Múltiplo Leminski
Os holofotes que se voltam sobre Leminski nesse momento, além de recolocar em destaque um nome de relevo da poesia brasileira, também devem jogar luz sobre facetas do autor mais desconhecidas do grande público.
Por trás de tudo isso, o esforço da família, Alice e as filhas Estrela e Áurea, que há anos trabalham na organização e difusão da extensa produção de Leminski nas mais diferentes áreas. Parte desse trabalho resultou na exposição “Múltiplo Leminski”. A mostra, que fica até outubro em Curitiba e depois segue para Goiânia e Recife, além da obra poética, destaca os trabalhos do artista na música, no cinema, grafite e quadrinhos.
Áurea também está à frente da digitalização do acervo de Leminski. “Trabalho muito extenso”, desabafa. “Já são quase três anos debruçada sobre esse material”, conta. O motivo de tanta labuta é lançar em agosto deste ano o acervo digital do autor, a ser distribuído em bibliotecas e universidades.
Outra parte deve se tornar um site oficial gerido pela família. Embora familiarizada com a obra do pai, Áurea diz ter se surpreendido com a multiplicidade de suas criações. “Ele era profundamente interessado em todas as formas de conhecimento, sobretudo as ligadas às áreas humanas”. (mais…)