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Livros para fins “especiais”
0Anna Fedorova, na Voz da Rússia
A leitura no banheiro já faz parte das nossas vidas há muito tempo. Segundo as estatísticas, mais de 50% da população leitora do nosso planeta leva consigo livros para “o abrigo da tranquilidade, das obras e da inspiração”. Os russos afirmam que esse hábito surgiu nos tempos soviéticos graças ao engenho inesgotável do povo russo. Mas Jack Sim, o fundador da World Toilet Organization (Organização Mundial do Banheiro), diz que a leitura no banheiro está difundida por toda a Europa e América. Hoje já será impossível descobrir quem foi o primeiro a introduzir esse “costume”: se os russos, os alemães ou os norte-americanos.
Segundo os dados estatísticos, um em cada três ingleses (26% das mulheres e 49% dos homens) levam consigo para a privada qualquer coisa para ler. Os jornais fazem as preferências de 65% dos respondentes prefere os jornais, 14% gerem os seus assuntos correntes, 10% leem revistas e só 8% lê um livro. Para entreter os leitores, na Grã-Bretanha foi editado um manual da arte japonesa do origami em papel higiênico. Assim, sem parar de fazer o que estiver a fazer, uma pessoa pode aprender a compor com papel florzinhas, peixinhos, cachorrinhos e outras coisinhas engraçadas.
Sociólogos alemães afirmam que na Alemanha cada habitante lê no banheiro em média durante 20-25 minutos por dia. Isso levou os alemães, sempre práticos, a imprimir obras dos seus clássicos em papel higiênico, abrangendo desse modo um vasto auditório! Para iniciar esse experimento, escolheram a poesia de Heinrich Heine. Mas depois eles verificaram que um livro não cabia num só rolo e assim passaram a vender o papel em embalagens correspondentes a um livro. Esse produto não era comercializado em supermercados ou em lojas de artigos de higiene, mas sim em livrarias, que eram o seu lugar.
Mas quem melhor desenvolveu esse ramo editorial especializado foram os norte-americanos. Neste momento, nos Estados Unidos funcionam várias editoras especializadas na publicação de literatura para leitura no banheiro. Desde o século passado que elas publicam séries de livros especialmente para esse tipo de leitura. Atualmente, nos EUA há várias dessas editoras como a Uncle John’s Bathroom Reader e a Red-Letter Press, Inc. Elas publicam os seus livros em séries. Normalmente se trata de informação de entretenimento: palavras cruzadas, enciclopédias de curiosidades, piadas e livros de humor.
Na Rússia ainda não há editoras especializadas em literatura “de banheiro”, por isso as pessoas levam para a privada tudo o que reflete os seus interesses imediatos. Os participantes de uma pesquisa anônima online partilharam com a Voz da Rússia as suas preferências literárias:
“Eu leio livros fantásticos, acho que é um gênero adequado e que entretém”, “Os clássicos, sem dúvida. Li consecutivamente os quatro volumes da “Guerra e Paz”, de outra forma não conseguiria, não tinha paciência”, “Eu gosto de revistas femininas ou romances policiais, quero alguma levez e despreocupação”, “Eu leio livros de culinária, procuro novas receitas, é muito útil para toda a família”.
Como vimos, o hábito da leitura no banheiro está disseminado por todo o mundo. Os interesses dos leitores são multifacetados, mas há uma coisa que os une: ao visitar esse bastião da privacidade eles levam consigo um livro. Fazendo a escolha da literatura acertada, se pode obter, no local da “meditação” diária, muita informação útil como, por exemplo, aprender a gramática de uma língua estrangeira!
dica do Chicco Sal
Obras raras na Biblioteca Pública do Amazonas
0Peças centenárias, pergaminhos religiosos e manuscritos de autores célebres estão entre preciosidades do acervo
Publicado no Jornal A Crítica
Local de descobertas, pesquisas e de entretenimento, a Biblioteca Pública do Amazonas, com seu acervo de 345 mil volumes, guarda entre suas paredes e salas alguns dos maiores tesouros do patrimônio cultural e histórico do Estado como manuscritos de grandes autores brasileiros, pergaminhos religiosos do século 17, livros folheados a ouro, revistas nacionais e importadas com mais de 100 anos e uma coleção de jornais locais que contam nossa história de 1864 até os dias atuais.
Logo na entrada do prédio está o Salão Genesino Braga. O local abriga as coleções Amazoniana e de Obras Raras e Especiais com mais de nove mil itens catalogados, onde se destaca o Missal – coletânea de preces e ritos eucarísticos católicos – confeccionado por monges copistas em mosteiros europeus no século 17. A peça, que atualmente está sendo restaurada pelos técnicos da Secretaria Estadual de Cultura, deverá ser exposta ao público nos próximos meses.
Escritos a mão
Outro destaque da coleção é o manuscrito do romance “Pureza”, do paraibano José Lins do Rego. Datado de 1937 (um ano antes do lançamento oficial) o livro escrito de próprio punho pelo autor é tido por especialistas e críticos literários como fundamental na transição entre os primeiros trabalhos de seu chamado Ciclo da Cana de Açúcar, iniciado com “Menino de engenho” (1932) e o célebre “Fogo morto” (1943).
Consagrado como um dos melhores escritores brasileiros de todos os tempos, Graciliano Ramos também está presente no acervo especial da biblioteca com seu manuscrito de “São Bernardo”, livro de 1934 que faz parte da trilogia “Angústia” (1936) e “Vidas secas” (1938), também denominada de Ciclo da Seca que marcou a 2ª Geração (1930-1945) do Modernismo.
Uma curiosidade sobre o manuscrito existente na Biblioteca Pública é que a assinatura do autor é de 1938, cerca de um ano após ser solto pela ditadura de Getúlio Vargas. A experiência do claustro e suas humilhações seriam relatadas em “Memórias do cárcere” que, assim como “Vidas secas”, foi publicado no mesmo ano.