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Após 21 anos, alunos de São Paulo terão lição de casa, nota e boletim
1Karina Yamamoto, no UOL
O prefeito Fernando Haddad (PT) e o secretário de Educação César Callegari (PSB) apresentaram, na manhã desta quinta-feira (15), um novo programa para a rede municipal de ensino. Chamado “Mais Educação São Paulo”, o pacote de iniciativas faz clara referência ao programa de ensino integral do governo federal criado por Haddad enquanto ministro.
As escolas públicas municipais terão um novo regimento geral que mudará a rotina dos estudantes e professores: provas a cada dois meses (bimestrais), lição de casa, notas de 0 a 10 e boletim que poderá ser consultado pelos pais na internet.
PROGRESSÃO CONTINUADA EXISTE HÁ 21 ANOS NA REDE MUNICIPAL DE SÃO PAULO
“O ensino na rede municipal de ensino de São Paulo foi organizado em ciclos em 1992, na gestão da prefeita Luiza Erundina de Souza, filiada então ao PT (Partido dos Trabalhadores). Nesse período, o ensino fundamental de oito anos passou a ter três ciclos: ciclo 1, 1º , 2º e 3º anos; ciclo 2, 4º, 5º e 6º anos e ciclo 3, 7º e 8º anos. Em 1998, na gestão de Celso Pitta, o ensino foi reorganizado em dois ciclos: ciclo 1, correspondendo aos quatro primeiros anos do ensino fundamental, e ciclo 2, aos quatro últimos anos.”
Márcia Aparecida Jacomini, no artigo “Por que a maioria dos pais e alunos defende a reprovação?”
“[O programa] procura resgatar ideias boas e velhas e [acrescentar] ideias boas e novas”, afirmou o prefeito Fernando Haddad. “[É uma] combinação virtuosa, com resgate de uma escola que passou por um suposto processo de modernização.”
Segundo diagnóstico da Prefeitura, apenas 34% dos alunos apresentam conhecimento adequado ou avançado em português e 27% em matemática. Na 8ª série, 23% estão com nível adequado e avançado em português e 10% apresentam esse resultado em matemática.
As mudanças passam a valer a partir de 2014 e o texto está sob consulta pública (com recebimento de sugestões de mudança) até o dia 15 de setembro.
Há 21 anos, o município havia implantado a chamada progressão continuada, uma concepção em que não há reprovação todos os anos e existem ciclos — a ideia é que os alunos têm diferentes ritmos e tempos para a aprendizagem.
Ideias “velhas”
A retenção (reprovação) dos alunos poderá acontecer em cinco momentos — atualmente, ela só é possível ao final do 5º ano (antiga 4ª série) e ao final do 9º ano (antiga 8ª série). Com as mudanças propostas, um estudante da rede municipal pode ser reprovado ao final dos 3º, 6º, 7º, 8º e 9º anos.
“Em dois ciclos, havia pouca possibilidade de retenção. [E isso] para mim é ruim porque o aluno perde a referência, o aluno acaba não conseguindo acompanhar seu desenvolvimento no tempo”, afirmou Haddad.
Os alunos também passarão a ser avaliados com notas de 0 a 10 em vez de receberem conceitos como “suficiente” e “insuficiente” — a média para ser aprovado deve ficar em 5, segundo Callegari.
“Boletim, prova e lição de casa são a melhor estratégia para envolver a família”, disse Haddad. “São elementos centrais que se perderam [com o tempo]”.
Ideias “novas”
Junto ao retorno de práticas consideradas tradicionais, o governo municipal propõe algumas novidades. As medidas que vão interferir mais diretamente na rotina dos estudantes são a mudança da composição e caráter dos ciclos e a permanência da figura do professor de sala no 6º ano (antiga 5ª série quando os estudantes passam a ter diversos professores em vez de um único responsável pela turma).
A divisão dos anos de escola ficará assim:
Ciclo da alfabetização: vai do 1º ao 3º ano (do antigo pré à antiga 2ª série) e tem como objetivo a alfabetização dos estudantes
Ciclo interdisciplinar: será composto dos 4º, 5º e 6º anos e, como o nome sugere, terá ênfase na abordagem interdisciplinar dos conteúdos (ou seja, um mesmo tema será estudado nas diversas matérias) em projetos. Há previsão de docentes para o desenvolvimento dos projetos
Ciclo autoral: reunirá os anos entre o 7º e o 9º e a intenção é que o estudante esteja preparado para articular os conhecimentos adquiridos de maneira individualizada. Ao final do 9º ano, será elaborado um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), um tipo de produção que é mais usual no ensino superior
Ao manter apenas um professor para as aulas de por português e matemática no 6º ano (antiga 5ª série), a intenção é “fazer uma transição mais suave” entre o os anos iniciais e finais do ensino fundamental. As avaliações nacionais mostram queda no desempenho dos alunos no fundamental 2 — fase considerada de difícil adaptação para o aluno que deixa de ter um professor de classe e poucas matérias para uma rotina com diversos docentes e disciplinas novas como biologia e história.
A adesão mais ampla ao programa federal de educação integral (Mais Educação) e a implantação de uma rede de formação de professores com cursos semi-presenciais (por meio de um outro programa federal, a UAB – Universidade Aberta do Brasil) são outras “ideias boas e novas” na concepção do “Mais Educação São Paulo”.
Aluno de SP poderá repetir em 5 das 9 séries
0Fábio Takahashi, na Folha de S.Paulo
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), decidiu fazer uma reorganização nos ciclos e nos currículos da rede municipal de ensino.
A proposta em estudo prevê que possa haver reprovação em até cinco séries do ensino fundamental, ante as atuais duas. E, em alguns casos, poderá haver a dependência de matérias.
O documento com a proposta, obtido pela Folha, foi enviado pela Secretaria Municipal de Educação há cerca de dez dias a dirigentes da rede para discussão.
Ainda pode haver mudanças até a apresentação oficial, em cerca de 15 dias.
Hoje, os alunos só podem ser retidos ao final do 5º e do 9º anos, séries que finalizam os ciclos atuais. O mesmo acontece na rede estadual.
A proposta é que os ciclos passem a terminar na 3ª, na 6ª e na 9ª séries (com possibilidade de reprovação) e que possa haver retenção também na 7ª e na 8ª.
Desde o início da gestão, o secretário da Educação, Cesar Callegari, tem sinalizado a possibilidade de adotar a reprovação no 3º ano, destacando que seria apenas em casos graves, em que o aluno precise rever o conteúdo ao final do ciclo de alfabetização.
Como hoje a primeira retenção só pode ocorrer no 5º ano, a avaliação do secretário é que se demora muito para recuperar um aluno que não foi alfabetizado. Não havia sido apresentada, até então, a possibilidade de reprovação no 7º e no 8º anos, que estão no meio de ciclo.
A possibilidade de reprovação é vista por parte dos professores como uma forma de inibir a indisciplina nas salas e de evitar que alunos avancem sem saber o conteúdo.
Já educadores apontam que um repetente tende a ter desempenho pior para todo o restante da vida escolar, com mais chances até de evadir -e que alguns estudantes precisam de mais tempo para aprender o mesmo conteúdo.
A melhoria da qualidade do ensino fundamental é um dos principais desafios do prefeito Haddad. Hoje, a rede municipal de ensino da cidade de São Paulo São Paulo tem cerca de 1 milhão de alunos.
Nos últimos anos, o município não atingiu as metas federais, que consideram desempenho dos alunos em português e matemática e a taxa de aprovação. Haddad, ex-ministro da Educação, tem participado pessoalmente das discussões sobre as mudanças na área.
SEM DETALHAMENTO
Chamado de minuta para consulta pública, o documento não aborda o risco de aumento de reprovação.
Afirma apenas que, para as três séries finais do ensino fundamental, há a possibilidade de o aluno ficar de dependência -ou seja, se reprovar em português, por exemplo, o aluno refaz apenas essa disciplina, mas passa de série. Ainda não há um detalhamento sobre como fica a situação do estudante que ficar de dependência em uma matéria no último ano ou daquele que mudar de rede.
Na proposta, também ainda não estão definidas quantas matérias seriam necessárias para reprovar totalmente o estudante.
Procurada pela reportagem, a gestão de Fernando Haddad afirmou que não comentaria as ideias do documento por ele poder ainda passar por alterações.
Outra proposta da gestão é que haja ao menos duas avaliações por semestre aos estudantes (hoje as escolas definem quantas aplicarão), e as notas devem ser enviadas às famílias, para que elas sejam mais envolvidas no cotidiano escolar.
A minuta enviada aos dirigentes de ensino prevê ainda a possibilidade de uma mesma unidade de ensino infantil abrigar crianças de 0 a 5 anos. Hoje, elas ficam divididas em dois tipos de escolas, de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos. O texto não explica o porquê da alteração
Professor de SP que faltar vai receber bônus menor
0Fábio Takahashi, na Folha de S.Paulo
A Prefeitura de São Paulo decidiu diminuir o valor do bônus pago aos professores que tiverem faltas neste ano.
Até o ano passado, ausências ao trabalho poderia significar redução de até 50% no valor (pago geralmente em duas parcelas). Agora, o peso das faltas subiu para 90%.
Os outros 10% referem-se à proporção de vagas a estudantes ocupadas na escola (que antes eram 50%).
Desde que assumiu a prefeitura, a gestão Fernando Haddad (PT) tem dito publicamente que o número de ausências é uma das principais dificuldades para a melhoria no ensino no município.
Segundo a Folha apurou, em 2012, em média, cada professor faltou 30 dias.
Como no ano passado, a gratificação será de R$ 2.400. Terão o desconto professores que tiverem faltas por licença médica, abonadas, justificadas, injustificadas, para tratar de assuntos particulares ou os que se afastarem para outros órgãos.
Cada tipo de ausência tem um peso. A que impacta menos é a de licença médica. As referentes a assuntos particulares e afastamentos para outros órgãos são as com os maiores impactos.
Se o docente faltar quatro vezes ou mais devido a assuntos particulares, por exemplo, receberá até R$ 22. Se faltar dez vezes devido a licenças médicas, ganhará até R$ 1.728.
“Não vemos como uma punição a quem faltar, mas um incentivo à assiduidade”, afirmou o secretário de Educação, Cesar Callegari.
Segundo ele, mesmo as faltas por licença médica descontarão do bônus porque a prefeitura criou um programa específico para melhorar a saúde dos docentes, que prevê ações como exames e vacinas aos educadores.
Os números apurados pela Folha mostram que 50% das faltas em 2012 ocorreram devido a motivos de saúde.
A primeira parcela do bônus será pago nos próximos dias. A segunda parcela será em janeiro de 2014 -quando haverá os eventuais descontos. Caso os cortes sejam maiores que essa parcela, haverá desconto no salário.
No ano que vem, será considerado ainda a nota das escolas no Ideb, exame federal a alunos da rede pública, aplicado a cada dois anos.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração
0Animação feita para a série “Livros Animados”, exibida no Canal Futura, a partir do livro “A Menina e o Tambor” de Sonia Junqueira.
Ilustrações de Mariângela Haddad. Trilha sonora original composta por Fernando Moura.