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Universitária em cadeira de rodas perde aula por falta de acesso
0Estudante de Arquitetura da Unifor, em Fortaleza, fica impedida de chegar à sala porque rampa do prédio é íngreme demais
Relato de aluna no Facebook ganha apoio de milhares de internautas
William Helal Filho em O Globo
RIO – A estudante Lorena Melo Martins, de 22 anos, faz faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Fortaleza (Unifor), mas está enfrentando dificuldades para frequentar o curso devido aos problemas de acessibilidade do prédio, na capital do Ceará. Ela passou por uma operação no joelho e, obrigada a usar uma cadeira de rodas, não consegue chegar à sala de aula porque a rampa até o segundo andar é íngreme demais. Depois de perder várias aulas, a aluna fez um relato sobre seu drama no Facebook. O post já tem mais de 6,2 mil compartilhamentos e 170 comentários.“Todos os dias venho pra aula e não consigo chegar nas salas de aulas por causa da péssima acessibilidade da universidade”, conta ela, antes de descrever com detalhes os diversos apelos feitos à Unifor e os constragimentos que sofreu. “Já me humilhei, chorei e perturbei as pessoas aqui na universidade por uma coisa que é minha de DIREITO! Não só minha, mas de TODOS!”.
De acordo com seu texto na rede social, Lorena pediu à coordenadoria do curso para passar sua turma a uma sala no térreo. Mas, em vez disso, a direção deixou à disposição três pessoas para ajudá-la a subir a rampa todos os dias. No começo, deu certo, ainda que de mal jeito, mas, nesta segunda-feira (12), a aluna chegou ao local no horário certo e não havia ninguém para ajudar. Depois de um telefonema, veio um funcionário.
“O segurança demorou 20 minutos pra chegar. Mesmo assim, ele não conseguiu me levar, pois tenho 1,80m e sou gorda. Impossível subir a rampa do bloco C”, critica a estudante, que perdeu a aula nesse dia. “Já é a terceira semana de aula que começo perdendo”.
O direito de ir e vir é de todo brasileiro, previsto no Artigo 5 da Constituição Federal. A Lei de Acessibilidade, criada em 2004, exige que toda construção de uso coletivo ofereça facilidades a cadeirantes. De acordo com o arquiteto Arthur Fortaleza, da Unifor, a faculdade tem cerca de 20 blocos. Nove deles foram construídos em 1972. Nestes, as rampas de ligação com os andares superiores são mais íngremes do que as demais. Os alunos sentem a diferença mesmo caminhando. Para pessoas em cadeira de rodas, ele reconhece, é bem complicado.
– Até o momento, todos os problemas que aconteceram por causa das rampas haviam sido contornados, com mudanças de salas. Mas isso não foi possível neste caso. Estamos para apresentar à diretoria um plano que prevê melhorias na acessibilidade do campus – diz Artur.
Já a estudante termina seu relato com um desabafo.
“Enfim, a Unifor é uma das maiores universidades particulares do Nordeste, é um local de uso coletivo, ou seja, tem OBRIGAÇÃO de ser acessível. Amigos arquitetos e estudantes da Unifor, gostaria de pedir a ajuda de vocês para, juntos, termos uma universidade acessível para todos. Isso é NOSSO direito!”
Encontro do GLOBO debate tecnologia e educação
0Para professor Klaus Denecke-Rabello, Isadora Faber é exemplo de como transformar a realidade utilizando as redes sociais

William Helal, editor da Formou!, Isadora Faber e o professor Klaus Denecke- Rabello Ana Branco / Agência O Globo
Marina Morena Costa, em O Globo
O primeiro evento da série “Encontros O GLOBO nas universidades” promoveu um debate entre Isadora Faber, criadora do “Diário de classe” no Facebook para denunciar problemas em sua escola, e Klaus Denecke-Rabello, professor da ESPM e especialista em comunicação digital há 12 anos. Com mediação do jornalista William Helal Filho, editor de Educação do GLOBO e da “Formou!”, o evento realizado nesta quarta-feira discutiu as influências da era digital na vida dos estudantes.
Uma entrevista com Isadora abriu o evento. Ela falou sobre a trajetória da sua página, que com menos de um ano contabiliza mais de 600 mil curtidas no Facebook. A estudante da Escola Básica Municipal Maria Tomazia Coelho, em Florianópolis, contou que a instituição passou por reformas e melhorias após suas denúncias. Mas nem tudo foi fácil. A direção da escola e professores ficaram contra a aluna, que passou a sofrer ameaças de outros estudantes.
— Acho que nem todo mundo gosta de ouvir a verdade. Os professores registram queixas contra mim na delegacia. Fico meio insegura, mas meus pais estão sempre junto, me apoiando — disse a estudante, que já foi acusada de calúnia e difamação por uma professora.
O professor Klaus disse que Isadora é um ótimo exemplo do uso das redes sociais em prol da educação. Em uma apresentação em que abordou o impacto da era digital nas escolas e universidade, o especialista destacou a importância dos valores éticos nos tempos atuais.
— Podemos levar excelência, aulas ministradas por professores de ponta, para os quatro cantos do mundo. Tempo e espaço ficam suspensos. Tecnologia é meio, nunca fim — destacou o professor. — A melhora da educação parte de pontos como a Isadora, que estimulam a rede a falar e pensar.
Laura Tardin, 21 anos, estudante de Administração da ESPM, participou do debate e acredita que a tecnologia exige muito mais disciplina e concentração dos alunos.
— A tecnologia facilita, deixa tudo mais rápido e mais fácil. Mas pode comprometer a formação, se o estudante não valorizar a pesquisa e a própria aula — opina.
Louise Marins, 21 anos, estudante de jornalismo da ESPM, acha que é necessário que as escolas acompanhem as mudanças tecnológicas.
— O professor é fundamental, mas essas facilidades tecnológicas são um incremento importante e ajudam na formação dos alunos.
Este foi o primeiro de uma sequência de eventos que vão reunir estudantes e especialistas para debater os temas abordados pela “Formou!”. A primeira edição da revista foi inteira sobre a Tecnologia e pode ser conferida na página da revista na internet.
O “Encontros O GLOBO nas universidades” integra uma série de medidas do jornal voltadas para a educação. Além da revista, publicada sempre na primeira segunda-feira de cada mês, a página de Educação do site do GLOBO ganhou diversas ferramentas, como a seção de jornalismo participativo “Eu-Estudante”, um espaço com vídeos exclusivos e uma janela com ofertas de estágio do LinkedIn.