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Divulgada a lista com os finalistas do Prêmio Jabuti de literatura
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Luis Fernando Verissimo está concorrendo com a obra “As mentiras que as mulheres contam” Foto: Revista Rolling Stone Brasil / Divulgação
Entre os selecionados, estão escritores como Luis Fernando Verissimo
Publicado no Zero Hora
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou nesta sexta-feira os finalistas do 58º Prêmio Jabuti. Maior premiação literária no Brasil, o Jabuti reúne 27 categorias do prêmio, e teve mais de 2.400 inscritos no total. Entre os escolhidos, estão escritores gaúchos como Luis Fernando Verissimo, por As mentiras que as mulheres contam (Contos e Crônicas), e Maria Pilla, com Volto semana que vem (Romance).
Para essa edição, o prêmio faz uma parceria inédita com a Amazon. As obras finalistas das categorias Romance, Contos & Crônicas e Poesia concorrerão ao prêmio Escolha do Leitor, decidido pela avaliação dos leitores, pelo site amazon.com.br/premiojabuti.
A cerimônia de entrega do Jabuti acontecerá dia 24 de novembro, no Auditório Ibirapuera. Os primeiros colocados de todas as categorias que compõem o prêmio receberão o troféu Jabuti e R$ 3,5 mil; também os vencedores dos segundos e terceiros lugares ganharão o troféu. Neste dia, também serão revelados os vencedores do Livro do Ano – Ficção e Livro do Ano – não Ficção que serão contemplados, individualmente, com o prêmio de R$ 35 mil, além da estatueta dourada.
Veja os escolhidos nas principais categorias abaixo (ou clique aqui para ver a lista completa de finalistas).
ADAPTAÇÃO
Título: A Flauta Mágica e o Livro da Sabedoria – Autor: Del Candeias – Editora: Sesi-sp Editora
Título: Auto da Barca do Inferno – Autor: Ivo Barroso – Editora: Sesi-sp Editora
Título: Contos Mouriscos – Autor: Susana Ventura e Helena Gomes – Editora: Callis Editora
Título: Dois Irmãos – Autor: Fábio Moon e Gabriel Bá – Editora: Companhia das Letras
Título: Hamlet ou Amleto – Autor: Rodrigo Lacerda – Editora: Editora Zahar
Título: Histórias Russas – Autor: Ana Maria Machado – Editora: FTD Educação
Título: O Nariz/O Retrato – Autor: Luiz Antônio Aguiar e Doyague – Editora: FTD Educação
Título: O Pequeno Príncipe em Cordel – Autor: Josué Limeira da Silva Júnior – Editora: Editora Carpe Diem
Título: Um Esqueleto – Autor: Diego A. Molina – Editora: Editora Pulo do Gato
Título: Vidas Secas: Graphic Novel – Autor: Arnaldo Branco – Editora: Galera Record
ARQUITETURA, URBANISMO, ARTES E FOTOGRAFIA
Título: Claudia Andujar, no Lugar do Outro – Autor: Claudia Andujar – Editora: Instituto Moreira Salles
Título: Evandro Teixeira, Retratos do Tempo – 50 Anos de Fotojornalismo – Autor: Evandro Teixeira – Editora: Bazar do Tempo
Título: Guerra dos Lugares – Autor: Raquel Rolnik – Editora: Boitempo Editorial
Título: Histórias Mestiças: Catálogo – Autor: Lilia Moritz Schwarcz e Adriano Pedrosa (organizadores) – Editora: Editora Cobogó
Título: Kazuo e Yoshito Ohno – Autor: Emidio Luisi – Editora: Edições Sesc São Paulo
Título: Marianne Peretti: a Ousadia da Invenção – Autor: Tactiana Braga (org.) – Editora: Edições Sesc São Paulo e B52 Desenvolvimento Cultural
Título: Rio – Autor: Marc Ferrez – Editora: Instituto Moreira Salles
Título: Rio Revelado – Autor: Cristiano Mascaro – Editora: Casa da Palavra
Título: Sobre a Arte Brasileira: da Pré-história aos Anos 1960 – Autor: Fabiana Werneck Barcinski – Editora: Martins Fontes / Edições Sesc
Título: Stanislávski: Vida, Obra e Sistema Autor: Elena Vássina e Aimar Labaki – Editora: Funarte
BIOGRAFIA
Título: Abilio – Determinado, Ambicioso, PolêmicoAutor: Cristiane Correa – Editora: Primeira Pessoa
Título: Angela Maria: Biografia – Autor: Rodrigo Faour – Editora: Editora Record
Título: D. Pedro: a História Não Contada – Autor: Paulo Rezzutti – Editora: Editora Leya
Título: Geraldo Vandré: Uma Canção Interrompida – Autor: Vitor Nuzzi – Editora: Kuarup
Título: Histórias de Meu Avô Tristão, a Biografia de Alceu Amoroso Lima – Autor: Xikito Affonso Ferreira – Editora: Azulsol Editora
Título: Júlio Mesquita e Seu Tempo – Autor: Jorge Caldeira – Editora: Mameluco Edições e Produções Culturais
Título: Luiz Carlos Prestes – Autor: Anita Leocadia Prestes – Editora: Boitempo Editorial
Título: Mário de Andrade: Eu Sou Trezentos: Vida e Obra – Autor: Eduardo Jardim – Editora: Edições de Janeiro
Título: Tancredo Neves: a Noite do Destino – Autor: José Augusto Ribeiro – Editora: Civilização Brasileira
Título: Todo Aquele Imenso Mar de Liberdade – Autor: Carlos Marchi – Editora: Editora Record
CAPA
Título: A Superfície Sobre Nós – Capista: Daniel Justi – Editora: Minha Editora – Selo: Amarylis
Título: Alice através do Espelho – e o Que Ela Encontrou Lá – Capista: Marcela Fehrenbach – Editora: Editora Poetisa
Título: Apocalipse Nau – Capista: Eloar Guazzelli – Editora: Editora Nós
Título: Baré: Povo do Rio – Capista: Tuut Design – Editora: Edições Sesc São Paulo
Título: Número Zero – Capista: Leonardo Iaccarino – Editora: Editora Record
Título: O Gigante Enterrado – Capista: Alceu Chiesorin Nunes – Editora: Companhia das Letras
Título: O Sumiço – Capista: Diogo Droschi – Editora: Autêntica
Título: Pittoresco – Capista: Gabriela Viana – Editora: Imprensa Oficial do Estado e Editora da Universidade de São Paulo
Título: Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil – Capista: Luciana Facchini e Karine Tressler(assistente) – Editora: Imprensa Oficial do Estado
Título: Viver é a Melhor Opção: a Prevenção do Suicídio no Brasil e no Mundo – Capista: André Stenico – Editora: Correio Fraterno
CONTOS E CRÔNICAS
Título: Amora – Autor: Natalia Borges Polesso – Editora: Não Editora
Título: As Mentiras que as Mulheres Contam – Autor: Luis Fernando Verissimo – Editora: Objetiva
Título: Avesso Sentido – Autor: Maria Teresa Hellmeister Fornaciari – Editora: 11 Editora
Título: Crônicas Absurdas de Segunda – Autor: Raymundo Netto – Editora: Edições Demócrito Rocha
Título: Eles Não Moram Mais Aqui – Autor: Ronaldo Cagiano – Editora: Editora Patuá
Título: Fim de Festa – Autor: Renata Wolff – Editora: Terceiro Selo
Título: Histórias Curtas – Autor: Rubem Fonseca – Editora: Nova Fronteira
Título: Jeito de Matar Lagartas – Autor: Antonio Carlos Viana – Editora: Companhia das Letras
Título: O que não Existe mais – Autor: Krishna Monteiro – Editora: Tordesilhas
Título: Rio de Janeiro – Autor: Luiz Eduardo Soares – Editora: Companhia das Letras
POESIA
Título: Acerto de Contas – Autor: Thiago de Mello – Editora: Global
Título: Agora Aqui Ninguém Precisa de Si – Autor: Arnaldo Antunes – Editora: Companhia das Letras
Título: Antologia da Poesia Erótica Brasileira – Autor: Eliane Robert Moraes (organização) – Editora: Ateliê Editorial
Título: As Rugosidades do Caos – Autor: Luis Dolhnikoff – Editora: Quatro Cantos
Título: Da Lua Não Vejo a Minha Casa – Autor: Leonardo Aldrovandi – Editora: V. de Moura Mendonça Livros (Selo: Demônio Negro)
Título: Manual de Flutuação para Amadores – Autor: Marcos Siscar – Editora: 7Letras
Título: Ópera de Nãos – Autor: Salgado Maranhão – Editora: 7Letras
Título: Pig Brother – Autor: Ademir Assunção – Editora: Editora Patuá
Título: Sermões – Autor: Nuno Ramos – Editora: Iluminuras
Título: Treme Ainda – Autor: Fabio Weintraub – Editora: Editora 34
Título: Tróiades – Remix Para o Próximo Milênio – Autor: Guilherme Gontijo Flores – Editora: Editora Patuá
Título: Versos Pornográficos – Autor: Chico César – Editora: Confraria do Vento
Título: Vertigens – Autor: Wilson Alves Bezerra – Editora: Iluminuras
Título: Viagem a um Deserto Interior – Autor: Leila Guenther – Editora: Ateliê Editorial
REPORTAGEM E DOCUMENTÁRIO
Título: A Noite do Meu Bem – Autor: Ruy Castro – Editora: Companhia das Letras
Título: A Outra História da Lava-jato – Autor: Paulo Moreira Leite – Editora: Geração
Título: Bateau Mouche – Autor: Ivan Sant´anna – Editora: Objetiva
Título: Corumbiara, Caso Enterrado – Autor: João Peres – Editora: Editora Elefante
Título: Cova 312 – Autor: Daniela Arbex – Editora: Geração
Título: Moçambique, o Brasil é Aqui – Autor: Amanda Rossi – Editora: Record
Título: O Nascimento de Joicy – Transexualidade, Jornalismo e os Limites entre Repórter e Personagem – Autor: Fabiana Moraes – Editora: Arquipélago Editorial
Título: Propina, Política e Futebol – Autor: Jamil Chade – Editora: Objetiva
Título: São Paulo Deve Ser Destruída – Autor: Moacir Assunção – Editora: Record
Título: Uma Cidade se Inventa – Belo Horizonte na Visão de seus Escritores – Autor: Fabrício Marques – Editora: Editora Scriptum
ROMANCE
Título: A Imensidão Íntima dos Carneiros – Autor: Marcelo Maluf – Editora: Reformatório
Título: A Resistência – Autor: Julián Fuks – Editora: Companhia das Letras
Título: Ainda Estou Aqui – Autor: Marcelo Rubens Paiva – Editora: Alfaguara
Título: Bazar Paraná – Autor: Luis S. Krausz – Editora: Benvirá
Título: Desesterro – Autor: Sheyla Smanioto – Editora: Editora Record
Título: Mulheres Que Mordem – Autor: Beatriz Leal – Editora: Imã Editorial
Título: O Grifo de Abdera – Autor: Lourenço Mutarelli – Editora: Companhia das Letras
Título: O Senhor Agora Vai Mudar de Corpo – Autor: Raimundo Carrero – Editora: Editora Record
Título: Rebentar – Autor: Rafael Gallo – Editora: Editora Record
Título: Volto Semana Que Vem – Autor: Maria Pilla – Editora: Cosac Naify
A Flip chega à adolescência
0Começa nesta quarta mais uma Festa Literária de Paraty, a mais famosa do gênero no Brasil, que completa 12 anos abrindo espaço ao pensamento indígena e à América Latina
Camila Moraes e Marina Rossi, no El País
Quando dizem que a maturidade chega com o tempo, não é à toa, e essa máxima vale tanto para as pessoas como para as celebrações culturais. A Festa Literária de Paraty (Flip), que depois de 12 anos de existência é o evento literário brasileiro de maior visibilidade dentro e fora do país, é prova disso. Depois de pouco mais de uma década de prós e alguns contras, essa festa dos livros que acontece entre os dias 30 de julho e 2 de agosto em uma charmosa cidade do litoral do Rio de Janeiro, prova que ganhou personalidade, dando atenção a dois temas de total vigência no cenário de hoje: o pensamento indígena no Brasil e os laços entre brasileiros e seus vizinhos latino-americanos.
Esse passo seguro parece estar atrelado a um jovem curador, que no entanto nega o esforço de imprimir uma marca pessoal à programação do evento. “A meu ver, isso seria um engano, porque a Flip tem uma tradição. Tentei observar grandes momentos que a festa já teve, não para reproduzi-los, mas para recriá-los com novos convidados e conteúdos”, explica o jornalista e editor Paulo Werneck, de 36 anos. Sob seu comando, a Flip continua apostando em nomes célebres da literatura nacional e também da internacional – sempre dentro do formato que a consagrou, o de mesas de leituras e conversas entre escritores cujas trajetórias literárias encontram pontos em comum. Mas – ainda bem – resolveu olhar um pouco mais para os lados.
Em termos gerais, Werneck chegou trazendo da sua experiência em jornalismo a qualidade de destacar temas quentes e estabelecer diálogos. Junto à homenagem ao escritor, ilustrador, humorista e dramaturgo brasileiro Millôr Fernandes, reconhecido por seu estilo irreverente e satírico, o grupo de autores brasileiros se destaca por respirar ares jovens e, com diferentes matizes, fazer críticas ao poder, como comprovam as obras de escritores como Marcelo Rubens Paiva (Feliz ano velho; Não es tu, Brasil) Fernanda Torres (Fim), Antonio Prata (Meio intelectual, meio de esquerda; Nu, de botas) e Eliane Brum (A vida que ninguém vê; Uma duas).
mais informações
Mas as mudanças mais chamativas são outras. Primeiro, o “núcleo amazônico” que aparece pela primeira vez, composto pelo líder indígena yanomami David Kopenawa, pela fotógrafa Claudia Andujar e pelos antropólogos Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castro. Todos intelectuais ligados a causas indígenas frequentemente ignoradas no país. Depois, a presença notável de quatro autores da América Latina hispânica, que nunca foi muito bem representada na programação. São eles o chileno Jorge Edwards, o mexicano Juan Villoro, a argentina Graciela Mochkofsky e o peruano Daniel Alarcón, ícones de quatro gerações e estilos literários bem diferentes. “A literatura latino-americana em espanhol vive um boom que, sendo editor, posso notar depois de acompanhar essa evolução no meu trabalho. No Brasil, apesar da proximidade, não estamos a par disso. É tarefa da Flip ajudar a transpassar esse tipo de barreiras culturais”, esclarece o curador.
Aproximar o Brasil do resto do mundo, de certa maneira, é algo que a Flip faz desde seus primeiros passos. A ala internacional é sempre representativa e costuma atrair grande parte do público que lota Paraty ao longo dos cinco dias de evento. Alguns nomes célebres da vez são o editor estadunidense Glenn Greenwald, que publicou no The Guardian uma série de reportagens feitas a partir dos documentos revelados por Edward Snowden; o escritor Vladímir Sorókin, o primeiro russo a participar de uma Flip, tido como o principal representante literário da resistência Governo Putin; e a escritora britânica Jhumpa Lahiri, filha de indianos e ganhadora de um prêmio Pulitzer que aborda temas como nacionalismo e imigração. Outros hits que merecem ser citados são os norte-americanos Andrew Solomon e Michael Pollan e o suíço Joël Dicker.
Mas nem tudo são flores. Uma das críticas que ainda se faz ao evento é a presença minguada de escritoras. Dos 47 convidados, apenas sete são mulheres – 15% do total. É uma parcela bem inferior à dos homens, como se observa no meio editorial como um todo, e que merece ser revista ao longo de toda cadeia. Werneck concorda: “É uma questão a se batalhar. Essa marca acompanha o próprio mercado, em que há mais homens lançando livros. Mas sem dúvida pode e deve ser melhorada”. Aí está mais uma missão plausível para uma festa de gente grande.
Dias de Millôr
Um dos mais importantes jornalistas, dramaturgos, escritores e cartunistas brasileiros, Milton Viola Fernandes é o homenageado da FLIP deste ano.
Nascido no Rio de Janeiro em 1923, Millôr, como era conhecido, teve a irreverência e inteligência como suas maiores marcas e passou pelos maiores veículos de imprensa brasileiros, incluindo os que surgiram durante a ditadura militar e hoje estão extintos, como O Cruzeiro, O Pasquim e Pif Paf.
Ao longo dos mais de 70 anos de carreira, o jornalista ganhou fama por suas colunas de humor, cheias de sátiras e ironias. Publicou mais de 20 livros, escreveu diversas peças de teatro, espetáculos musicais e centenas de crônicas. Millôr definitivo – A Bíblia do Caos é uma de suas obras mais conhecidas, com 5.142 frases do autor, que morreu em 2012, aos 88 anos, depois de sofrer um acidente vascular cerebral.
Durante a FLIP, serão publicadas cinco edições de um jornal batizado de Daily Millor, com intervenções feitas por convidados do evento, como Antonio Prata, Chico Caruso, Luis Fernando Veríssimo e Ivan Fernandes, filho de Millôr.
O amor segundo Luis Fernando Verissimo
0Série do GNT e livro reúnem histórias do autor que vão da conquista à separação
PORTO ALEGRE – Até que, para quem está casado há 50 anos com a primeira mulher que namorou pra valer — “A verdadeira Lúcia Verissimo”, nas palavras do marido —, Luis Fernando Verissimo tem experiência com o amor. Um tema recorrente em seus textos, que ele escreve há mais de 40 anos, afinal, são os casais se apaixonando, convivendo ou se desfazendo. Agora, parte dessas histórias vai virar livro e série de TV. O GNT lança, dia 8 de janeiro, às 22h30m, “Amor Verissimo”, dirigida por Arthur Fontes, com 13 episódios inspirados em textos do autor que tratam de relacionamentos. No dia 15 do mesmo mês, a editora Objetiva, inspirada pela série, lança um livro homônimo, com 50 textos. São histórias sobre sedução, traições, obsessões, sexo, taras, corações partidos — e até os apelidinhos íntimos (e ridículos) dos casais.
Colunista do GLOBO e vencedor do último Prêmio Jabuti (com “Diálogos impossíveis”), Verissimo abriu sua casa, em Porto Alegre, anteontem, para uma sessão dos primeiros episódios da série. E falou do novo livro e de suas experiências com o amor. Quer dizer, falar não é bem o forte do autor gaúcho. Dono de uma timidez já conhecida, suas frases são marcadas por um falar manso e silêncios compridos. Dá até para fazer um estudo matemático de sua timidez: a entrevista propriamente dita teve 50 perguntas, que Verissimo respondeu em 40 minutos — menos de um minuto por resposta. Isso sem contar os silêncios.
Amores que não dão certo
Tudo bem, a vida de Luis Fernando Verissimo é um livro entreaberto, mas de onde vem toda essa experiência com o amor, depois de 50 anos casado?
— Até chamaram a minha atenção para o fato de eu escrever muito sobre casais se desfazendo. Não tem nada de autobiográfico — diz Verissimo, 77 anos, lembrando que hoje não circula muito por aí, mas que, jovem, teve “bastante experiência” com o amor.
A primeira foi aos 7 anos. Ele se apaixonou por uma garota da escola em que estudava, em Los Angeles, onde a família morava. Para se aproximar da jovem paixão, o escritor roubou uma pulseira de casa (“Nada de valor”). A história está contada na crônica “A pulseira”, incluída no livro.
— Mas eu entreguei a pulseira e saí correndo! Nunca nos falamos, ela não entendeu nada. Minha vida no crime foi por amor — diz o autor, que sentiu medo de, na hora da declaração, se confundir com o inglês e acabar dizendo “My love is name and I Luis you.”
Coisa séria mesmo só com Lúcia Verissimo (a verdadeira, vale lembrar), com quem começou num namoro de escritório, outro tema clássico de suas histórias. Eles trabalhavam juntos e estavam “ficando”. Um dia, o escritor venceu a timidez, comprou uma aliança e deu um ultimato: ela tinha cinco minutos para decidir. Verissimo ainda lembra o dia: 22 de novembro de 1963 — dia do assassinato de Kennedy. Lúcia disse sim.
— Acho que eu disse algumas palavras. Algumas frases, pelo menos, tenho certeza. Estávamos mais ou menos namorando. Estamos juntos há 50 anos. Pelo visto o casamento vai dar certo — brinca Verissimo.
A diferença entre os dois também é marcante. Ela é falante, extrovertida; ele, o caladão de sempre. Mas Verissimo se defende, e diz que não fala muito porque Lúcia não deixa espaço.
— Estou há 50 anos esperando uma brecha para falar — ri.
Verissimo se esquiva na hora de falar de sua vida amorosa antes de Lúcia. No livro “Conversas sobre o tempo”, uma entrevista que ele e Zuenir Ventura deram a Arthur Dapieve, em 2010, ele menciona a história de uma húngara que…
— Eu contei a história da húngara?! Não me lembrava. Ela era masoquista — diz o tímido, meio espantado consigo mesmo.
Pois é, contou. Aos 23 anos, Verissimo foi com a família à Europa, pela primeira vez, onde passaram quatro meses. Um dia, começou a conversar com uma húngara em um café, rolou um clima e os dois foram para o quarto. O caso não deu certo porque a húngara queria apanhar.
Também há a história de quando Verissimo era um Odair José gaúcho. Ele se esquiva da pergunta — e Lúcia, que está presente, prefere sair da sala (“Eu não me meto nesse assunto”) —, mas confirma que costumava se apaixonar por garotas de programa na juventude.
— Tinha um pouco daquilo de “Quero tirar você dessa vida”. Mas também não fui muito disso — afirma Verissimo, lembrando que, embora fosse romântico, não teve nenhum grande amor naquela época.
O escritor gaúcho assistiu a “Amor Verissimo” com um sorriso no rosto. Achou que o diretor, Arthur Fontes, conseguiu explorar o humor de uma forma parecida com o Porta dos Fundos, do qual é fã.
— Achei que o programa ficou um pouco na linha do que eles fazem. Essa interpretação mais sutil, com aqueles silêncios. Gosto dessa coisa de nem sempre buscar a gargalhada. Às vezes um sorriso basta — defende Verissimo.
O diretor do programa afirma que buscou textos do autor nos quais “coisas estranhas” acontecem. Como “História de verão — Uma leve brisa”, em que um dos personagens apresenta a nova namorada aos amigos, que ficam boquiabertos com a beleza, simpatia e inteligência da mulher, interpretada por Luana Piovani. Não bastasse isso, a tal ainda tem uma brisa “mágica” que sopra nos seus cabelos. “Ela parece um show da Beyoncé”, define um dos personagens.
— Adoro essas histórias com coisas inexplicadas. Costumo chamar essa veia do Verissimo de surrealismo light. Também prefiro dirigir as histórias com mais pausas e silêncios — diz Arthur Fontes.
Sem apelidinhos
Na série “Amor Verissimo”, a narrativa é entrecortada com depoimentos dos personagens e de casais reais, interpretados por atores, como Fernanda Paes Leme, Letícia Colin e Gabriela Duarte, em um sofá. As histórias de amor, roteirizadas a partir de entrevistas, são uma homenagem ao diretor Eduardo Coutinho e a seu “Jogo de cena” (2007).
No livro, a galeria de personagens é ainda maior: Don Juan, a grávida que chora por pena do detergente que não lava mais branco e o Corno Lírico, entre outros. Os apelidinhos dos casais, como “bituquinha” ou “pituxo”, também são uma das marcas dos textos do autor sobre a vida a dois. Mas qual seria o apelido de Verissimo no casamento? Ele jura que não tem.
Trecho retirado da crônica “Sexo, sexo, sexo”, do livro “Amor Verissimo”, que a Objetiva lança no dia 15 de janeiro
“Rudi Mentar, analista de sistemas. ‘Língua na orelha. Decididamente, língua na orelha. O resto é para não iniciados.’
(…)
Flora Medicinal, motorista. ‘Gostava muito mais do método antigo de reprodução humana. Lembra como era? Tiravam uma costela do homem, por cesariana, sem anestesia, e faziam outra pessoa. A mulher ficava só na vida mansa, não era nem com ela. Depois mudou tudo e hoje é a mulher que sofre para dar cria.’
(…)
Mara Zul, nutricionista e vidente: ‘Usar sexo só para reprodução é como só sair com o carro para levar na oficina’
(…)
Manuela Bacal, bibliotecária. ‘Todo mundo conhece o sadismo, que é o sexo feito à maneira do Marquês de Sade, e o masoquismo, que é o sexo como gostava o Barão de Masoc, mas pouca gente sabe que existem outras taras sexuais ligadas à literatura. Por exemplo: o Jorge Luís Borgismo, quando o homem só chega ao orgasmo sendo açoitado por uma estudante de linguística dentro de um labirinto. O Ernest Hemingwayismo, que é quando o homem só se satisfaz transando com uma mulher e atirando num leão, ou vice-versa, ao mesmo tempo.’”
Maurício Meireles viajou a convite do GNT
Saiba quais são os livros com maior tiragem no Brasil
0Mais do que best-sellers, buscam-se agora os chamados mega-sellers
Marcelo Gonzatto no Zero Hora
O mercado editorial brasileiro atualmente é movido por um sistema de grandes apostas. Mais do que best-sellers, buscam-se agora os chamados mega-sellers – títulos capazes de romper a barreira de 1 milhão de exemplares vendidos. Saiba quais são, atualmente, os exemplares que saem para a venda em maior número:
50 mil
Pode parecer pouco em comparação ao topo da lista, mas autores como Luis Felipe Pondé (Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, Editora LeYa) e Martha Medeiros (com A Graça da Coisa, da L&PM) saem com tiragens mais de 10 vezes superiores à média nacional.
80 mil
O médico Drauzio Varella virou best-seller após a publicação de Estação Carandiru, em 1999, que chegou a ser adaptado para o cinema. Seu mais recente livro, Carcereiros (Cia das Letras), saiu da gráfica como mais uma aposta do mercado editorial brasileiro.
100mil
Patamar de lançamento para tradicionais bons vendedores brasileiros como Luis Fernando Verissimo (com novo título a ser lançado em breve pela Objetiva) e Paulo Coelho, com Manuscrito Encontrado em Accra (Sextante). Estão junto de Mario Vargas Llosa e Elizabeth Gilbert.
150 mil
Autor célebre pelo romantismo (excessivo para muitos) de suas obras, Nicholas Sparks lança este mês no Brasil Uma Longa Jornada (Arqueiro). Está no mesmo patamar de George R.R Martin – (cuja obra inspirou a série televisiva Game of Thrones) com A Dança dos Dragões (LeYa).
200 mil
Nesta faixa, encontram-se o brasileiro Laurentino Gomes com 1889 (Globo Livros), acompanhado de dois estrangeiros habituados a grandes vendagens: Khaled Hosseini com O Silêncio das Montanhas (Globo Livros), e Jeff Kinney, autor de Diário de um Banana 7 (V&R).
230 mil
A presença dos escritores Cristiane Cardoso e Ricardo Cardoso no rol de apostas do mercado nacional pode surpreender muitos, mas o espanto é atenuado quando se descobre que os autores de Casamento Blindado (Thomas Nelson Brasil) são filha e genro do bispo Edir Macedo.
500 mil
Fenômeno literário nacional desde a publicação de Ágape, em 2010, o padre Marcelo Rossi entrou para uma seleta galeria de autores com expressivas tiragens iniciais. Kairós: O Tempo de Deus saiu da gráfica na mesma quantidade de Inferno (Arqueiro), de Dan Brown.
600 mil
Uma das maiores tiragens dos últimos anos, a última parte da trilogia erótica escrita pela britânica E.L James, 50 Tons de Liberdade, já saiu do prelo com mais de meio milhão de exemplares impressos pela Editora Intrínseca – conhecida por apostar em poucos títulos.