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9 livros que falam do Nordeste
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Livros ambientados no Nordeste são de grande importância para a literatura nacional (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
Selecionamos alguns clássicos da literatura brasileira para celebrar o Dia dos Nordestinos
Vinicius Galera, no Globo Rural
Nesta quinta-feira (8/10) foi comemorado o Dia dos Nordestinos. O objetivo da data é celebrar as raízes e tradições culturais do Nordeste. A data também é uma homenagem a um dos maiores poetas populares da região, Patativa do Assaré, nome pelo qual ficou conhecido o cearense Antônio Gonçalves da Silva, que nasceu em 8 de outubro de 1909.
Para homenagear o Nordeste, fizemos uma lista com 9 livros que retratam a região.
1. O Sertanejo
Um dos fundadores do romance brasileiro, o cearense José de Alencar escreveu uma série de livros sobre tipos característicos do país. O Sertanejo, de 1875, conta a história do vaqueiro Arnaldo Loureiro, personagem que luta pelos seus ideais e pelo amor de Dona Flor. Neste romance, Alencar descreve a paisagem do sertão nordestino na região de Quixeramobim (CE).
2. Os Sertões
Marco da literatura brasileira, Os Sertões foi escrito não por um nordestino, mas pelo fluminense Euclides da Cunha. O livro, publicado em 1902, retrata o conflito real ocorrido no arraial de Canudos, na Bahia, quando forças da recém-fundada República brasileira lutaram para acabar com a comunidade que se formou em torno do beato Antonio Conselheiro, num dos momentos mais sangrentos da História do Brasil.
3. A Bagaceira
Primeiro romance daquele que seria chamado de regionalismo nordestino, A Bagaceira, de 1928, é situada num período de seca. Conta a história de Valentim Pereira, obrigado a migrar com sua família do sertão para a região dos engenhos. Sobre seu autor, José Américo de Almeida, João Guimarães Rosa disse que “abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro”.
4. O Quinze
Este livro retrata uma das piores secas da história do sertão, a de 1915. A autora, Rachel de Queiroz, situa a narrativa em dois planos em que são contadas as histórias da professora Conceição, que vive caso de amor com o criador Vicente, e a de Chico Bento, obrigado a migrar a pé com a família do sertão de Quixadá para a capital, Fortaleza. Essas histórias, contadas em uma prosa simples e comovente, fizeram com que o romance de 1930 se tornasse um dos clássicos da literatura brasileira.
5. Menino de Engenho
Neste romance de José Lins do Rego, Carlinhos, a personagem principal, conta sua história vivida nos engenhos nordestinos, com costumes e tradições diferentes do Recife, onde começa a narrativa. O menino se encanta com o campo e fica marcado com o ambiente local e com acontecimentos como a chegada de um cangaceiro, histórias contadas por negras escravas sobre a viagem até o Brasil e lendas de lobisomem. A obra foi publicada em 1932.
6. Capitães da Areia
Escrito pelo baiano Jorge Amado, este romance retrata a vida de crianças desamparadas e relegadas a um destino incerto. Para sobreviver, aplicam pequenos golpes pelas ruas de Salvador. Quando lançado, em 1937, o livro teve exemplares queimados em praça pública por determinação do regime da época, o Estado Novo.
7. Vidas secas
Mais um marco da literatura brasileira, Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos, foi publicado em 1938. Conta a história de Fabiano e sua família, que de tempos em tempos são obrigados a se mudar de regiões castigadas pela seca. A secura do ambiente e das personagens é acentuada pelo estilo do autor, que se tornou característico.
8. Auto da Compadecida
Auto da Compadecida, de 1955, conta as aventuras dos amigos Chicó e João Grilo, que lutam para sobreviver em meio ao ambiente opressivo do sertão. Seu autor, o paraibano Ariano Suassuna, recorreu à forma teatral medieval (o auto) para retratar as características do sertão, incluindo na comédia elementos da literatura de cordel.
9. Cante lá que eu Canto Cá
A poesia de cordel é, sem dúvida, um dos principais representantes da cultura nordestina. E Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, um de seus maiores representantes. Este livro, de 1974, mostra o cantador no auge de sua forma lírica.
Obras raras na Biblioteca Pública do Amazonas
0Peças centenárias, pergaminhos religiosos e manuscritos de autores célebres estão entre preciosidades do acervo
Publicado no Jornal A Crítica
Local de descobertas, pesquisas e de entretenimento, a Biblioteca Pública do Amazonas, com seu acervo de 345 mil volumes, guarda entre suas paredes e salas alguns dos maiores tesouros do patrimônio cultural e histórico do Estado como manuscritos de grandes autores brasileiros, pergaminhos religiosos do século 17, livros folheados a ouro, revistas nacionais e importadas com mais de 100 anos e uma coleção de jornais locais que contam nossa história de 1864 até os dias atuais.
Logo na entrada do prédio está o Salão Genesino Braga. O local abriga as coleções Amazoniana e de Obras Raras e Especiais com mais de nove mil itens catalogados, onde se destaca o Missal – coletânea de preces e ritos eucarísticos católicos – confeccionado por monges copistas em mosteiros europeus no século 17. A peça, que atualmente está sendo restaurada pelos técnicos da Secretaria Estadual de Cultura, deverá ser exposta ao público nos próximos meses.
Escritos a mão
Outro destaque da coleção é o manuscrito do romance “Pureza”, do paraibano José Lins do Rego. Datado de 1937 (um ano antes do lançamento oficial) o livro escrito de próprio punho pelo autor é tido por especialistas e críticos literários como fundamental na transição entre os primeiros trabalhos de seu chamado Ciclo da Cana de Açúcar, iniciado com “Menino de engenho” (1932) e o célebre “Fogo morto” (1943).
Consagrado como um dos melhores escritores brasileiros de todos os tempos, Graciliano Ramos também está presente no acervo especial da biblioteca com seu manuscrito de “São Bernardo”, livro de 1934 que faz parte da trilogia “Angústia” (1936) e “Vidas secas” (1938), também denominada de Ciclo da Seca que marcou a 2ª Geração (1930-1945) do Modernismo.
Uma curiosidade sobre o manuscrito existente na Biblioteca Pública é que a assinatura do autor é de 1938, cerca de um ano após ser solto pela ditadura de Getúlio Vargas. A experiência do claustro e suas humilhações seriam relatadas em “Memórias do cárcere” que, assim como “Vidas secas”, foi publicado no mesmo ano.