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Por que publicar os clássicos?
0Editor aposta nos ícones da ficção científica para formar leitores do gênero no Brasil
Diogo Sponchiato na revista Galileu
Já leu Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?. Não? Ok, mas você já assistiu (ou pelo menos ouviu falar) Blade Runner: O Caçador de Androides, certo? É bem provável que não sejam muitos os brasileiros que mergulharam nas páginas do livro de título misterioso de Philip K. Dick, que inspirou o filme de Ridley Scott. Mas, em breve, você terá uma chance de conhecê-lo e se perturbar (e se encantar) com esse autor clássico da ficção científica. A obra será lançada no segundo semestre pela Editora Aleph, principal referência em publicações do gênero no país. Para Adriano Fromer Piazzi, publisher da casa, K. Dick ilustra bem um dos papéis da ficção científica: especular e debater as inquietações humanas em relação ao futuro. Desde que lançou em 2003 Neuromancer — prestigiado livro de William Gibson, uma das fontes do filme Matrix — , a Aleph enveredou para esse nicho que, aos poucos, ganha cada vez mais leitores. Piazzi acredita que muito do preconceito contra o segmento já veio abaixo e, no Brasil, sua valorização se reflete no maior interesse da crítica e da academia. Nessa entrevista, concedida em seu escritório em São Paulo, ele fala dos clássicos e do futuro do gênero e da missão de mostrar ao mundo que ficção científica não se resume a Guerra nas Estrelas e historinhas de robôs.
Em ano de lançamento de ícones da ficção científica no Brasil, conversamos com Adriano Fromer Piazzi, publisher da Aleph, editora que virou referência no segmento. Confira a entrevista na íntegra:
GALILEU: Como é que a ficção científica entrou na editora e veio a se tornar seu carro-chefe?
A Aleph tem 27 anos e foi uma das pioneiras a publicar o gênero. Ela iniciou, nos anos 1990 com o meu pai, uma série de ficção científica com cinco livros, a coleção Zênite. Um deles era o clássico Neuromancer, de William Gibson. Depois passamos por diversas mudanças estratégicas até que, em 2003, por causa do filme Matrix, um consultor nos sugeriu: por que vocês não relançam Neuromancer, já que ele foi uma das fontes inspiradoras do filme? Analisamos essa possibilidade e começamos a discutir a oportunidade de retomar não apenas o Neuromancer, mas uma linha de clássicos de ficção científica com uma proposta diferente: fazer o público jovem conhecer os principais livros de ficção científica. Não só o jovem, mas o público não-leitor de ficção científica. Se ficássemos só com os fãs do gênero, estaríamos ferrados, porque o número deles, em 2003, era muito pequeno. Precisávamos aumentar esse público e nossa estratégia foi buscar dar aos livros uma cara que não fosse tanto de ficção científica. Abandonamos nas capas aquele conceito de naves espaciais e robôs. Pensamos em projetos gráficos mais pops, com mais cara de obra literária. E o marco disso foi o relançamento do Neuromancer, com nova tradução e ilustração do Titi Freak, grafiteiro super conhecido hoje. Depois dele veio Laranja Mecânica, cuja edição no Brasil estava esgotada. Retomamos essa linha e percebemos que havia interesse para um segmento que estava abandonado pelas editoras brasileiras. Daí nossa proposta de publicar tudo que é clássico, livro importante de ficção científica, inédito por aqui ou que se encontrava esgotado há algum tempo. E lançamos Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Philip K.Dick…
E desde então mudou o panorama de leitores desse gênero no Brasil?
Sim, o público cresceu significativamente. E isso foi acompanhado de uma valorização da cultura geek. A ascensão do geek começou a ser observada por pessoas que não se enquadravam geralmente nesse perfil. Virou cool ser nerd, ser geek… E a ficção científica acompanhou esse processo. Antes era uma coisa de nicho, exclusiva de fã. Outras pessoas passaram a notar que ela é uma literatura de inspiração. A ficção científica tem um diferencial, por exemplo em relação à literatura de fantasia, porque se propõe a algo mais realista, de base científica. Por mais que algo seja absurdo ali, ele será embasado, terá uma explicação. Hoje ficou feio não ler Asimov. Dá pra dizer que é a mesma coisa que não ler Gabriel Garcia Márquez. E, particularmente no Brasil, a ficção científica passou a ganhar atenção da academia, a virar objeto de muitos trabalhos, dissertações de mestrado… As pessoas estão estudando, por exemplo, Philip K. Dick [autor de, entre outros, o livro que inspirou o filme Blade Runner]. Ele é um filósofo, que usa a ficção científica como pano de fundo. O preconceito contra esse nicho tem diminuído na medida em que as pessoas percebem que ele não se resume a Guerra nas Estrelas. Aliás, os puristas nem consideram Guerra nas Estrelas ficção científica. Ela seria uma fantasia espacial: a Força se refere a algo mágico. É mais fantasia que ficção científica. Diferente do Star Trek, que seria uma ficção científica no sentido clássico.
Com base nisso, dá pra dizer que o segmento tem um bom horizonte pela frente?
Temos livros que vendem muito e outros, bem pouco. O que mais vende aqui na editora hoje é o Laranja Mecânica, seguido do Neuromancer. O autor que mais vende é o Asimov. Não são vendas exorbitantes, mas é um mercado que tem muito a ser explorado. Ainda há muita gente que não sabe o que é ficção científica, que acha que isso só tem a ver com robôs. No início, fazíamos questão de não mencionar, de não propagar que aqueles eram livros de ficção científica. Queríamos passar a impressão de que William Gibson, Philip K. Dick e os outros eram somente literatura. Hoje estamos mostrando cada vez mais nossa cara de ficção científica.
Como você avalia a evolução da ficção científica ao longo do século 20, período que rendeu os clássicos que vocês têm publicado?
O grande boom da ficção científica se deu na chamada Golden Age, a idade dourada desse segmento, o que aconteceu lá nos anos 1930, 1940. Foi ali que surgiram os grandes autores: Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Robert Heinlein. Nessa época o tema era mais hard, científico mesmo. Asimov faz questão de explicar cientificamente cada um dos processos que aborda, como se viaja no espaço, como é possível chegar até certa galáxia. Eles tinham essa preocupação porque eram cientistas. Clarke foi o inventor do satélite. Sim, a ideia de um satélite veio de um autor de ficção científica. O próprio Asimov publicou, dentro da sua numerosa obra, vários livros de divulgação científica. Eles tinham esse cuidado com a precisão nas questões que envolviam ciência. Nos anos 1960 e 70, vem o movimento New Age, representado por Philip K. Dick, que procura trazer abordagens existenciais, sociológicas e filosóficas a esse tipo de literatura. É dessa fase Ursula Le Guin, uma das poucas mulheres que se sobressaem no gênero, autora de um livro fantástico, A Mão Esquerda da Escuridão, que é um verdadeiro tratado sociológico, de libertação sexual, onde a ficção científica só aparece como pano de fundo mesmo. Fazer a história se passar em outro planeta serve apenas para gerar estranheza. É um planeta onde o ser humano não tem sexo, que ele só se manifesta no momento do cio e isso é aleatório: a natureza faz o indivíduo ser homem ou mulher; na próxima vez, isso pode se inverter. Assim, você pode ser pai e mãe em uma sociedade de andróginos que, tirando o período de cio, não tem apetite sexual. Aí, um enviado especial vai para lá e passa a viver dentro dessa estranheza, se apaixona por alguém, que nem sabemos o que é. A ficção serve, nesse caso, como cenário onde são feitas indagações sociológicas e psicológicas. Já nos anos 1980 começa o movimento Cyberpunk, que pode ser resumido por aquele clima de Blade Runner. Os autores passam a abordar aspectos sombrios da tecnologia. Ela passa a ser vista não mais como algo positivo. O clássico que abre esse caminho é o Neuromancer, do Gibson.
Lúcia Santina Dresch: “Passei no vestibular com 71 anos”
0Moradora do Paraná conta por que decidiu voltar para a sala de aula na terceira idade

LÚCIA SANTINA DRESCH
Ela tem 81 anos e mora em Quatro Pontes, no Paraná. Fez supletivo aos 69 anos, entrou na faculdade aos 71 e se formou em pedagogia aos 74 (Foto: Guilherme Pupo/ÉPOCA)
Thais Lazzeri, na Época
“Minhas mãos estavam trêmulas. Olhava para aquele lugar e não conseguia encontrar um canto para acalmar minha ansiedade. Estava sozinha. A mulher que me recebeu na secretaria da faculdade não imaginava que estava ali para falar de mim, do meu maior sonho. Aos 71 anos, fiz minha inscrição para o vestibular de pedagogia. E passei.
Nasci em 1931, em Arroio do Meio, interior do Rio Grande do Sul. Sou a filha do meio de cinco mulheres de uma família simples. Logo cedo pedia para estudar, como alguns vizinhos faziam. Não existia ensino público. Era preciso pagar. Minha mãe não via valor nos estudos, só na enxada. Meu pai queria realizar nossos sonhos. Com o apoio dele, aos 8 anos entrei na escola.
Para não me atrasar, acordava quando nem havia sinal de sol. Trocava de roupa na penumbra. O trajeto para a escola resumia-se a uma trilha, no meio do mato. Quando chovia, ia a pé com outras crianças. Quando não, a cavalo. Não perdia uma aula. Queria conhecer o mundo além da trilha da minha casa até a escola. Na volta para casa, almoçava e ia ajudar meu pai na lavoura. Só conseguia voltar aos livros à noite. Meu pai acendia o forno a lenha para eu ler.
Na minha formatura da 4ª série, fui a primeira aluna da sala. Ganhei de presente um livro de histórias e uma caixa de bombons. Nunca tinha comido chocolate, nem provado o sabor de uma conquista. Uma das professoras notou meu interesse e se ofereceu para ajudar a arcar com meus estudos. Eu teria de morar na casa dela, porque a escola era longe do nosso sítio. Fiquei fora de casa por uma semana. Não aguentei de saudades.
Logo depois, mudamos de cidade, e não existia um centro de ensino próximo. Naturalmente, a vida me levou de volta para a roça. Casei aos 16 anos. Tive oito filhos. À procura de terras férteis, fomos para Quatro Pontes, no Paraná, onde moro até hoje. Criei minha família com o trabalho na lavoura. Quis que todos os meus filhos estudassem. Nunca abandonei a vontade de voltar a frequentar uma sala de aula.
Aos 69 anos, soube de uma campanha da prefeitura para que os moradores voltassem a estudar. Meus filhos eram independentes, e eu viúva. Não tinha compromisso com mais ninguém. Decidi encarar o desafio. Peguei carona com um vizinho e, sem dar satisfação a nenhum filho, fiz a inscrição no supletivo para completar o ensino fundamental e o médio. Foram dois anos.
Ali, descobri que me faltava uma faculdade. Alguns filhos, percebendo minha motivação, propuseram pagar para mim. Prestei vestibular para pedagogia aos 71 anos. Passei na primeira chamada. Fui muito ajudada durante todo o curso pelos meus colegas de sala, que tinham idade para ser meus netos. Até lugar no ônibus da volta eles reservavam para mim. Nos três anos do estudo, faltei dois dias porque o ônibus passou mais cedo. Na formatura, meus filhos aplaudiram de pé minha conquista. Lancei um livro com minhas memórias para agradecer a todos que me apoiaram. Com esse curso, vou ajudar meus 17 netos e 12 bisnetos a encontrar prazer nos livros. Ajudo os que estão por perto em casa a estudar. Uso Skype e Facebook para manter contato com os que moram longe.”
A educação e as redes sociais
2Isadora Faber, no O Globo
Criadora do “Diário de Classe” acha que toda escola deveria ter um canal semelhante para cobrar transparência e qualidade no ensino
Quando comecei o “Diário de Classe”, inspirada na escocesa Marta Pail, nunca imaginei a repercussão que daria. Conheci a força das redes sociais, e a direção da escola e a prefeitura também. Em poucas semanas, a escola foi reformada. Logo me dei conta de que poderia ser assim em todas as escolas e que tudo começa com uma boa direção. Transparência é fundamental. Saber como os recursos são aplicados é direito de todos. A escola é pública, mas não é de graça. Pagamos impostos, então, temos o direito de saber como os recursos são aplicados.
Mas a infraestrutura das escolas é apenas parte do problema. Outro dia, achei uns livros e cadernos do meu pai dos tempos em que ele estava na escola, nos anos 70-80. Como não sabia exatamente como era a educação antigamente, resolvi dar uma olhadinha. Os trabalhos eram escritos à máquina, e trabalhos e provas em mimeógrafo. Na época, não existia celular, computador nem internet. Quando olhei o conteúdo dos cadernos, fiquei surpresa. Parecia um caderno meu ou de qualquer colega. Eu pensei: passaram-se 40 anos, inventaram o computador, a internet, e a escola continua a mesma? Será que no resto do mundo a educação é assim também? Com uma rápida pesquisa pela internet é possível ver que não. Escolas asiáticas estão muito à nossa frente. Escolas europeias e da América do Norte também. Professores despreparados e desmotivados fazem parte do problema. Chegou a hora de a educação brasileira ser levada a sério. Todos temos direito a uma educação de qualidade.
Toda escola deveria ter dois “Diários de Classe”: um dos alunos e outro da direção e dos professores. Todos devemos cuidar da escola, alunos, professores, pais de alunos. Hoje, com as redes sociais, podemos mostrar como estão os colégios no Brasil, cobrar dos responsáveis atitudes, vergonha na cara. Não há motivos para poupar quem não faz nada. Todos são profissionais e ganham por isso, logo, têm que trabalhar e fazer o melhor. Pessoas que não trabalham ou não mostram competência têm que ser afastadas. As redes sociais já mostraram sua força em outros países e até derrubaram governos. Por que não podemos fazer o mesmo em relação à educação?
O fim do mundo em 10 livros
0Veja como o apocalipse foi retratado na literatura por autores como Stephen King, José Saramago e Cormac McCarthy
Publicado no IG
Se a profecia se confirmar e o mundo realmente acabar nesta sexta-feira (21), quantos livros você terá deixado fechados na estante ou empilhados na mesa de cabeceira? Um número considerável, talvez, mas não desanime: se o apocalipse da vida real for minimamente semelhante aos narrados na literatura, há uma chance de você ser o único ou um dos poucos sobreviventes.
Nesse caso, você ainda terá tempo para ler, e personagens criados por autores como Richard Matheson e Cormac McCarthy poderão dar algumas dicas sobre como encontrar alimentos e combater canibais em um planeta destruído.

Pensando nisso, o iG separou uma lista de livros sobre o fim do mundo – que também valem a leitura mesmo se nada acontecer.
“Apocalipse”, livro final do Novo Testamento (45 e 90 d.C.): É intitulado e iniciado pela palavra “apocalipse” que, no grego, significa “revelação”, “descoberta”. O autor, identificado como o apóstolo João, descreve eventos futuros que foram revelados a Jesus Cristo, que passou tal conhecimento aos seus discípulos.
“O primeiro anjo tocou a trombeta. Granizo e fogo misturados de sangue foram jogados sobre a terra. A terça parte da terra virou brasa, a terça parte das árvores e toda erva verde. O segundo anjo tocou a trombeta. Foi lançada no mar como que uma grande montanha ardendo em chamas e a terça parte do mar se converteu em sangue. Morreu a terça parte das criaturas que vivem no mar e foi destruída a terça parte dos navios.”
“O Último Homem”, de Mary Shelley (1826):Da mesma autora de “Frankenstein”, o livro se passa no ano 2100. Lionel Verney, filho de uma família nobre lançada à pobreza, é o único sobrevivente de uma praga que, gradualmente, destruiu a humanidade.
“Enquanto isso, meu pai, esquecido, não conseguia esquecer. Ele lamentava a perda daqueilo que para ele era mais necessário do que ar ou comida – a excitação do prazer, a admiração dos nobres, a vida luxuosa e polida dos grandes. A consequência foi uma febre nervosa, durante a qual ele recebeu os cuidados da filha de um camponês pobre, que lhe ofereceu abrigo.”
“Eu Sou a Lenda”, de Richard Matheson (1954): Adaptado três vezes para o cinema, conta a história do único sobrevivente de uma epidemia de um vírus. Em Nova York, ele continua lutando por sua vida, ameaçada por humanos infectados que se transformaram em criaturas semelhantes a vampiros.
“Ele se deitou na cama e respirou a escuridão, torcendo para conseguir dormir. Mas o silêncio não ajudou muito. Ele ainda podia vê-los lá fora, os homens de rosto branco rondando sua casa, incessantemente procurando um jeito de entrar e chegar até ele. Alguns deles, provavelmente, agachados como cães, os olhos vidrados na casa, os dentes se mexendo devagar; indo e vindo, indo e vindo.”
“Na Praia”, de Nevil Shute (1957): Depois de a Terceira Guerra Mundial devastar a maior parte do planeta com ataques nucleares, alguns sobreviventes na Austrália são ameaçados por nuvens radioativas que se movimentam em sua direção. Quando um capitão de um submarino detecta um sinal vindo da região onde antes se encontrava uma cidade americana, tem início uma busca por possíveis sobreviventes.
“O tenente-comandante Peter Holmes, da Marinha australiana, acordou pouco depois do amanhecer. Ele ficou deitado, sonolento, por um tempo, embalado pelo quente conforto de Mary, que dormia a seu lado. Ele sabia, pelos raios de sol, que era por volta de 5h: muito em breve a luz iria acordar sua filha Jennifer, no berço, e eles teriam de levantar e começar os afazeres. Não havia motivo para começar antes disso; ele podia ficar deitado um pouco mais.”

“Um Cântico para Leibowitz”, de Walter M. Miller Jr. (1960): Centenas de anos após uma guerra nuclear acabar com a maior parte da Terra, monges em um monastério no deserto americano tentam preservar livros que podem salvar o que sobrou da humanidade.
“Fervorosamente, Paulo rezara para que esse momento fosse como uma ponte sobre o abismo de doze séculos – e para que, através dele, o último cientista martirizado de uma era remota pudesse dar a mão ao porvir. Havia, na verdade, um abismo. Isso era claro. O abade sentiu de repente que não pertencia à era presente, que ficara encalhado num banco de areia ao longo do rio do Tempo, e que nunca houvera uma ponte.”
“O Mundo Submerso”, de J.G. Ballard (1962): A sacada do escritor britânico foi criar um protagonista que, ao contrário dos presentes na maioria dos livros sobre o apocalipse, não se sente perturbado, mas, sim, fascinado pelo caos que se instaurou sobre a Terra após uma catástrofe ambiental.
“Do balcão do hotel pouco após as oito horas, Kerans viu o sol despontar além das densas matas de gigantescas gimnospermas crescendo sobre os telhados das lojas de departamento abandonadas, a quatrocentos metros dali, do lado leste da lagoa.(…) O disco solar já não era há muito uma esfera bem definida, mas uma elipse, saltando no horizonte ocidental como uma colossal bola de fogo, seu reflexo tornava a superfície morta do lago em um escudo brilhante de cobre.”