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Rubem Fonseca: 3 obras essenciais do mestre da literatura policial
0Bandidos e mocinhos se misturam nos livros do escritor, que usava a desigualdade social e o submundo do crime como inspiração
Amanda Capuano , na Veja
A literatura nacional perdeu nesta quarta-feira, 15, o escritor Rubem Fonseca. O autor, que morreu de infarto, aos 94 anos, ficou conhecido por usar da violência, sua marca registrada, para tecer críticas contundentes à sociedade e suas contradições. Dentre os seus temas preferidos, o conflito entre classes se sobressai em histórias que unem figuras marginalizadas e os ditos poderosos, além de heróis de índole duvidosa. Confira três livros essenciais da vasta obra deixada pelo autor:
Agosto
Publicado em 1990, o livro carrega o leitor de volta aos anos 50, quando a política brasileira foi incendiada pelo suicídio de Getúlio Vargas. O romance policial acompanha o comissário Mattos, um investigador do Departamento Federal de Segurança Pública, que tenta desvendar uma série de crimes — alguns inspirados em casos reais vistos pelo próprio escritor, que atuou como policial por seis anos antes de se aventurar na literatura. Com uma mescla primorosa de ficção e fatos históricos, Fonseca destrincha os conflitos políticos que culminaram na morte de Getúlio, e discorre sobre a obsessão pelo poder e pela ganância que permeia a sociedade. A obra ganhou ainda uma minissérie exibida pela Globo em 1993.
Feliz Ano Novo
Publicado pela primeira vez em 1975, em meio à ditadura militar, o livro foi censurado e proibido de circular durante um ano após seu lançamento, sob a alegação de atentar contra a moral e os bons costumes. A obra reúne contos que usam da violência para escancarar as contradições da sociedade brasileira da época — mas que poderia muito bem ser o Brasil dos dias de hoje. No conto que dá nome ao livro, o narrador observa os preparativos para a festa de Ano Novo na televisão e, em meio a sua própria miséria, idealiza como será a comemoração dos ricos – exemplificada pelas propagandas que ele acaba de assistir. Armados até os dentes, ele e os amigos resolvem invadir o Réveillon de uma família abastada. Além da Feliz Ano Novo, outros 13 contos compõem a obra.
A Grande Arte
Os acontecimentos do romance se desenrolam a partir do assassinato de Gisela, uma prostituta, e de sua amiga, que tiveram o rosto marcado com a letra P dias depois de Gisela procurar o escritório do advogado Mandrake para defendê-la de um criminoso a quem tentou chantagear. O advogado com aspirações de detetive narra a obra. Ele fica fascinado com o crime e persegue pistas em busca da verdade. A obra, publicada originalmente em 1983, ganhou adaptação cinematográfica com direção de Walter Salles, em 1991. Já Mandrake, que aparece em outros textos de Fonseca, inspirou a série que leva seu nome, exibida pela HBO.
9 clássicos da literatura que foram rejeitados
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A saga Harry Potter, de J.K. Rowling, é uma das obras que foi rejeitada várias vezes antes de ser publicada e conquistar o público
Publicado no El País
Às vezes, o sucesso leva tempo. A história da literatura também traz uma série de obras essenciais que foram inicialmente rejeitadas, títulos que causaram muitos desgostos até que seus autores conseguissem vê-los publicados. Confira nossa lista com livros que foram recusados (em alguns casos, muitas vezes) para depois conseguirem conquistar os corações de milhões de leitores que os transformaram em best-sellers.
Quando Vladimir Nabokov escreveu Lolita, o livro foi rejeitado por várias editoras que consideravam seu argumento indecoroso. Alguns viram nas páginas da obra-prima de Nabokov uma ode à pedofilia, em vez de uma ode à literatura, e foi apenas em 1955 que a editora parisiense The Olympia Press ousou publicá-la. O que aconteceu posteriormente já faz parte da história da literatura.
Stephen King colecionava cartas de rejeição recebidas de várias editoras às quais havia enviado o manuscrito de seu primeiro romance, Carrie a Estranha. Agatha Christie também demorou muito para ver sua primeira obra publicada; muitas portas foram fechadas até a publicação de O Misterioso Caso de Styles. John Kennedy Toole cometeu suicídio sem ver publicada a obra Uma Confraria de Tolos, mas o empenho de sua mãe conseguiu que o romance póstumo ganhasse o Prêmio Pulitzer e se tornasse um dos pináculos da literatura norte-americana do século XX.
André Gide rejeitou o primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, o clássico de Marcel Proust. James Joyce se tornou especialista em receber nãos. Foi rejeitado várias vezes antes de ver a publicação de Dublinenses, mas também não foi nada fácil com Ulisses. Foi Sylvia Beach, proprietária da lendária livraria Shakespeare & Co., que com bom faro apostou na obra que, ao longo dos anos, tornou-se um clássico da história da literatura.
A trajetória de William Golding foi de sangue, suor e lágrimas para ver publicado O Senhor das Moscas. Embora talvez a rejeição mais cara da história tenha sido a de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Mais de uma dezena de editoras recusaram a obra de J.K. Rowling, sem intuir o sucesso que se escondia por trás da história do menino bruxo.