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Virtudes: aprendizado para a vida
0Método que valoriza a prática de valores no dia a dia foi apresentado a brasileiros pela primeira vez. Exemplo deve partir dos adultos

Dara Feldman, presidente do Projeto das Virtudes, ressalta que o desenvolvimento de virtudes leva a um bom desempenho escolar
Jônatas Dias LIma, na Gazeta do Povo
Trabalhar as virtudes com estudantes não contribui apenas com a formação de pessoas moralmente melhores; aumenta também as chances de sucesso na vida profissional e escolar. Essa é uma das defesas da educadora e escritora norte-americana Dara Feldman e um dos fundamentos que sustentam o Virtues Project (Projeto das Virtudes, em português), método reconhecido pelas Nações Unidas, endossado por dalai-lama e presente em 95 países. Dedicada à pesquisa das virtudes, Dara esteve no mês passado em Curitiba e apresentou o projeto que preside pela primeira vez aos brasileiros.
O Virtues Project tem chamado a atenção de profissionais da área de educação por englobar ações aplicáveis não apenas à escola, mas que também se adaptam à vida profissional, familiar ou comunitária. O método não prevê tarefas destinadas aos alunos, mas sim uma transformação no modo de agir de pais e professores. “O projeto trata de mudar o comportamento dos adultos para que possamos honrar a nobreza inerente nas crianças”, diz Dara.
Para ela, a linguagem é a ferramenta crucial no desenvolvimento do método, que usa cinco estratégias comportamentais (veja box ao lado) para despertar uma personalidade mais virtuosa. Uma delas é a de dar destaque, verbalmente, à presença das virtudes em situações cotidianas. “Em vez de dizer apenas: ‘bom trabalho’, o adulto pode dizer que viu a determinação da criança em executar uma tarefa ou ir além do ‘muito obrigado’ e dizer ‘muito obrigado por sua gentileza’”, diz. Ao fazer disso um hábito, pais e professores levam o aluno a perceber e valorizar a virtude demonstrada, desenvolvendo o desejo de potencializá-la.
Desempenho escolar
Um questionamento comumente feito a Dara sobre o método é a relevância do ensino de virtudes na obtenção de melhor desempenho educacional. A esse respeito, a educadora tem a resposta na ponta da língua: “Do que um aluno precisa para ir bem em um exame? Determinação, perseverança, compromisso, excelência etc. Tudo isso são virtudes e podem ser estimuladas”. “Uma escola que não se preocupa com valores acaba por criar profissionais incapazes de ver significado ou propósito na vida”, completa.
Para o doutor em Educação João Malheiro, o método não chega a ser uma novidade, já que nos últimos anos houve um visível aumento na oferta de materiais didáticos que estimulam discussões sobre ética. Mesmo assim, o educador vê com bons olhos, principalmente, o enfoque dado à mudança de comportamento dos adultos. “Vejo a necessidade de se formar melhor pais e professores, de maneira que não só entendam a importância desse aprendizado, mas que se decidam a falar a mesma linguagem ética, com o exemplo e com a palavra”, diz.
Adesão
Embora o Projeto das Virtudes conte com um conselho de pesquisadores, não é preciso passar por nenhum procedimento burocrático para tornar-se um aplicador do método. “As pessoas podem entrar no site, ler sobre a metodologia, baixar o material e aplicar na sala de aula ou em suas vidas”, explica Dara Feldman. Ela é voluntária na posição de liderança que ocupa no projeto e diz que só se empenha em divulgar o método por “realmente acreditar no bem que as virtudes podem fazer ao mundo”. Mais informações nos sites www.virtuesproject.org ou www.darafeldman.com.
Diretriz
Ensinar valores não é algo restrito a escolas confessionais
A possível subjetividade da formação moral é um ponto passível de discussão no ensino de virtudes na escola. Como instituições confessionais tendem a ser as mais lembradas na ênfase dada a um comportamento virtuoso, o termo quase sempre aparece na educação vinculado a princípios religiosos.
O Projeto das Virtudes, no entanto, não tem ligação com qualquer denominação religiosa. “Nos Estados Unidos, quando começamos, as pessoas pensavam que era alguma igreja ou até um partido político. Vemos as virtudes como qualidades de caráter universais”, explica a presidente do projeto, Dara Feldman.
Universal
A visão positiva do ensino de virtudes inclusive em escolas não confessionais é compartilhada pela pedagoga Ana Cristina dos Santos, orientadora disciplinar do Colégio Decisivo. Para ela, a importância da formação moral não pode ser limitada às instituições que aderem a uma doutrina religiosa específica. “Valores regem o bom funcionamento da vida em sociedade”, afirma.
Conforme o doutor em educação João Malheiro, as entidades confessionais fazem uso do ensino das virtudes porque elas dão fundamento para uma vida religiosa, mas as virtudes em si pertencem ao campo da ética e não da religião.
Na linha
Confira quais são as cinco estratégias do Projeto das Virtudes para trabalhar com os valores na escola e em casa:
• Falar a linguagem das virtudes. Evidenciá-las verbalmente quando se nota a presença de uma virtude em alguma situação.
• Usar a virtude como um guia. Ao dar instruções, cite a virtude a ser usada no cumprimento de uma tarefa.
• Estabelecer limites, tendo uma virtude como referência. Ao corrigir a criança, identifique qual a virtude está em falta e a convide a voltar a agir conforme essa virtude.
• Ser coerente em todos os ambientes. Uma verdadeira transformação da linguagem só ocorre quando ela não se limita a um espaço, mas sim quando se torna uma prática habitual em todos os locais de convívio.
• Mostrar-se presente. Ouça com atenção e ajude àqueles que o procurarem, buscando clareza a respeito das próprias virtudes.
dica do Chicco Sal
Professor cego mostra em livro como ensinar física para quem não enxerga
0Eder Camargo pesquisa formas não visuais de ajudar no ensino da matéria.
Ele perdeu visão aos 9 anos e hoje tem pós-doutorado pela Unesp.

Com pedaços de plástico e diferentes tipos de barbante é possível criar modelos táteis para ensinar conceitos de óptica, explica o professor Eder Camargo, da Unesp (Foto: Arquivo pessoal/Paulo Maciel)
Ana Carolina Moreno, no G1
O professor de educação para a ciência Eder Pires de Camargo, que dá aulas na Universidade Estadual Paulista (Unesp), reuniu em um e-book ferramentas úteis para professores ensinarem física a alunos que não enxergam. Lançado neste ano pela Editora Unesp, o livro avalia os obstáculos para incluir os estudantes cegos no aprendizado de conhecimentos como óptica, eletromagnetismo, mecânica, termodinâmica e física moderna, e sugere formas de viabilizar a participação e o entendimento desses alunos. O livro pode ser acessado gratuitamente pela internet.
Em entrevista ao G1, Camargo explicou que este é o terceiro livro produzido por ele a respeito da educação inclusiva de conteúdos de física. Seu quarto livro, no qual ele pretende propor modelos teóricos para melhorar a formação dos professores nesta área, já está nos planos.
Desde 2007, ele dá aulas na Unesp para futuros professores de física e afirma que já tem obtido resultados interessantes. O professor explica que decidiu pesquisar o tema, entre outros motivos, porque perdeu a visão a partir dos 9 anos de idade. Além disso, “em ordem primeira de importância, este é tema de grande necessidade social”, disse o professor.
“Pensei em estudar formas de ensinar física para um aluno com a mesma deficiência que a minha, para facilitar o acesso desse aluno a um tipo de conteúdo amplamente relacionado à visão, não que em sua natureza seja, mas por uma cultura de videntes esta área do conhecimento acabou sendo tornada dependente da visão”, afirmou Camargo. Hoje, aos 40 anos, ele tem pós-doutorado e dá aulas na graduação e pós-graduação da Unesp em Bauru e em Ilha Solteira.
O livro é resultado da pesquisa de pós-doutorado do professor, realizada a partir de 2005 sob a supervisão do professor Roberto Nardi, da Unesp de Bauru. Ele tenta driblar costumes que estão enraizados na dinâmica de uma sala de aula, onde o professor usa ao mesmo tempo sua fala e a informação visual para se comunicar com os alunos. “Se utiliza muito um tipo de linguagem que envolve o áudio e a visualização simultânea da informação. Por exemplo: ‘note as características desse gráfico’ (professor indica o gráfico na lousa), ‘isto mais isto dá isto’ (indica a equação)”, explicou ele.
Dessa forma, segundo Camargo, o estudante cego não consegue participar da aula e sequer tem condições para formular perguntas a respeito do que está sendo ensinado, porque só tem acesso parcial ao conteúdo. “Mais de 90% dos momentos de comunicação em sala de aula de física utilizam o perfil que descrevi. Nisto reside uma parte das dificuldades enfrentadas pelo aluno cego.”
Segundo ele, não há soluções definitivas para ensinar todos os conteúdos de física para quem não vê, mas é preciso dar mais atenção a outros canais de comunicação. “De um lado, não podemos comunicar coisas estritamente visuais a um cego total de nascimento. Contudo, de outro, nos faz pensar que as outras experiências (táteis, auditivas etc) são fundamentais para a construção de realidade, pois, pelo contrário, como estaria o cego no mundo? Ele é um individuo que está ai, pensa, vive e muito bem sem a visão.”

Camargo decidiu estudar a educação inclusive em
física porque, além de ele não enxergar desde os
9 anos, ele afirma que, “em ordem primeira de
importância, este é tema de grande necessidade
social” (Foto: Arquivo pessoal/Paulo Maciel)
Metodologia
Para entender como superar esse obstáculo, ele passou um ano coletando dados com a ajuda de estudantes de licenciatura em física e 35 alunos videntes e dois cegos. “Na primeira parte, desafiamos futuros professores de física da Unesp de Bauru a planejarem materiais e atividades de ensino de física adequadas para a participação de alunos com e sem deficiência visual. Na segunda parte da pesquisa, esses futuros professores aplicaram módulos de ensino de física sobre cinco temas. O curso todo levou 80 horas.”
As aulas foram gravadas em vídeo e, depois do curso, todos os participantes da pesquisa foram entrevistados. “A análise desses materiais foi realizada durante os outros anos da pesquisa, 2006 a 2009”, explicou Camargo.
Não sei por que, depois de um tempo, na escola tudo se torna enlatado em livros e lousa e giz, de tal forma que toda aquela criatividade do ensino infantil é esquecida”
Eder Pires de Camargo
professor da Unesp
Segundo ele, uma das formas pelas quais é possível driblar os hábitos de comunicação excludente na sala de aula é ensinando por meio de maquetes táteis. Ao transferir o conteúdo dos gráficos e esquemas da lousa para um modelo 3D, não só é possível incluir os alunos cegos, mas a ferramenta também pode facilitar o processo de aprendizado dos colegas videntes, além de incentivar a interação entres os alunos.
Outros materiais que podem ser usados são barbante, arame, massa de modelar, isopor e pregos, entre outros. “Não sei por que, depois de um tempo, na escola tudo se torna enlatado em livros e lousa e giz, de tal forma que toda aquela criatividade do ensino infantil é esquecida. Não estou dizendo contra livros e lousa, e sim criticando seus usos exclusivos”, afirmou Camargo.
Além disso, outra diferença nos hábitos do professor, na hora de pensar em como dar uma aula acessível para quem não consegue enxergar, é a necessidade de planejamento com maior antecedência. Isso permite a construção dos modelos adequados para o ensino do conteúdo específico da aula. Por isso, ele defende que, além do incentivo à formação qualificada do professor, é preciso que o governo dê, no caso das escolas públicas, a infraestrutura necessária para que o trabalho seja feito.
Na opinião do professor, essas condições ainda não são satisfatórias. Mas Camargo defende que de nada adianta constatar o estado das coisas hoje, principalmente considerando o sistema atual de ensino. “Eu diria que torna-se muito complexo e contraditório falar em inclusão no atual modelo de escola e sociedade, cujo ensinamento central é a competitividade e o acúmulo, valores divergentes aos apregoados pela inclusão.
Por isto, é preciso falar em inclusão em seu sentido prospectivo, porque a inclusão não está pronta, constituindo uma meta a ser atingida, uma meta de uma nova sociedade e de um novo modelo social.”
Holanda inaugura 1ª escola ‘Steve Jobs’ que ensina os alunos em iPads
0Metodologia da Steve Jobs School desenvolve criatividade das crianças.
Ao todo serão inauguradas 12 unidades para atender mil alunos.
Publicado por G1
Uma escola onde cada estudante recebe um iPad conectado na internet. Nada de lousa, giz, professor passando lição, nem uniformes. A Holanda experimenta um novo formato de ensino voltado totalmente para a tecnologia e a interatividade do aluno com o conteúdo. A cidade de Sneek inaugurou esta semana a primeira unidade da Steve Jobs School, a escola experimental criada a partir dos conceitos e da tecnologia desenvolvidos pelo fundador da Apple que morreu em 2011.
Pela metodologia da escola, as crianças “vão escolher o que desejam aprender com base no que passar a ter curiosidade”. A escola explica em seu site oficial que “o ensino baseia-se nos talentos de cada estudante e tem como objetivo trazê-los para desenvolver e fortalecer, nomeadamente por meio da cooperação. A pedagogia e didática levam em conta o estilo de aprendizagem individual do aluno”.
Ao todo serão 12 escolas espalhadas pela Holanda. A iniciativa é da O4NT (Educação para um novo tempo), uma ONG que promove a inclusão de iPads para a educação infantil. A proposta é oferece as ferramentas e o conteúdo para crianças de 4 a 12 anos. A previsão é que mais de 1 mil crianças vão estudar neste modelo.
Além do espaço físico, a escola oferece um ambiente virtual de aprendizagem para as crianças. “O ensino é focado em adquirir as habilidades do século 21 como a criatividade, a inovação eo pensamento crítico, resolução de problemas, habilidades motoras empréstimos comunicação, colaboração, adaptabilidade, liderança, produtividade e social. Os alunos irão fazer uso do mais recente hardware e software. Como eles adquiram as competências básicas implicitamente definidos para as escolas primárias”, diz a escola em sua apresentação.
Os pais são peças fundamentais para ajudar os alunos a desenvolver suas habilidades, segundo a Steve Jobs School.
Brincadeiras com texto acima dos 3 anos melhoram capacidade de leitura
0Cristiane Capuchinho, no UOL
Incluir exercícios com letras e números na educação de crianças a partir dos três anos melhora o desenvolvimento na alfabetização, afirmam especialistas. A prática, conhecida como letramento, não é novidade em escolas particulares. No entanto, na rede pública, a educação infantil ainda se resume ao cuidado e a brincadeiras sem intenção didática.
A proposta não é a de transformar creches em escolas, mas a de colocar as crianças em contato com textos, letras e conceitos como preparação para a alfabetização, explica a psicóloga Tarciana de Almeida, especialista em psicologia cognitiva.
DESIGUALDADE
As crianças que moram em casas em que os pais têm o hábito de leitura já saem na vantagem e a escola pública não ajuda a mudar esse quadro
ANGELA DANNEMANN, diretora da Fundação Victor Civita
“Assim as crianças podem chegar ao final do 3º ano [do ensino fundamental] como leitoras, escritoras e falantes de sua língua cada vez mais competentes”, afirma a pedagoga Patrícia Moura Pinho, professora da Universidade Federal do Pampa.
“É a escola pública que não faz isso com a alegação de que se está ‘escolarizando’ a educação infantil. Isso só aumenta a desigualdade, estamos reduzindo as chances dos alunos de escola pública”, pontua Angela Dannemann, diretora executiva da Fundação Victor Civita.
Para as especialistas, as críticas ao letramento infantil não são pertinentes. “Desde sempre a criança está inserida no mundo da escrita. Tudo depende de como a questão for trabalhada, podemos, por exemplo, trabalhar textos de forma muito rica, sem que a criança seja necessariamente alfabetizada”, considera Tarciana.
Confira nove brincadeiras que melhoram a capacidade de leitura

Especialistas afirmam que o estímulo de brincadeiras com palavras, textos e histórias contribui com a capacidade de leitura das crianças a partir dos três anos de idade. Os enredos inventados e as brincadeiras dão liberdade ao pensamento infantil e motivam seus processos criativos, possibilitando o aprendizado efetivo da leitura e da escrita. Confira nove atividades, retiradas e adaptadas do livro “Corpo, atividades criadoras e letramento”, da editora Summus Editorial, escrito por Marina Teixeira Mendes de Souza Costa, Daniele Nunes Henrique Silva e Flavia Faissal de Souza iStockphoto
Ampliando horizontes
De maneira lúdica, os professores podem tornar familiar as letras, diferentes formas de apresentação de texto ou conceitos. “A comparação entre tamanhos de sapatos ou alturas pode ajudá-las a entender o sistema métrico e até mesmo a compreender dezenas e centenas”, exemplifica Angela.
A leitura de diferentes tipos de textos, como livros, cartas e jornais, apresenta a diversidade de registros possíveis para a escrita. “Esta é uma forma de trabalhar linguagem em uso real e não descontextualizada e sem sentido, como a escola costuma fazer” acrescenta Tarciana.
Os pais têm importante papel na introdução das crianças ao mundo das letras, lendo histórias e apresentando os diferentes mundos da escrita. No entanto, é também aí que mora o problema. “As crianças que moram em casas em que os pais têm o hábito de leitura já saem na vantagem e a escola pública não ajuda a mudar esse quadro”, critica Angela.
Educação infantil no país
Em 2012, a educação infantil reunia 7,3 milhões de crianças matriculadas no Brasil, segundo o Censo da Educação Básica. Dessas, 4,7 milhões estavam na pré-escola e os outros 2,5 milhões em creches.
Para inserir o letramento nesse período escolar, no entanto, é necessária a capacitação dos professores, que “não têm conhecimento didático”, afirma Angela. Segundo o Censo Escolar de 2012, 35% dos professores da educação infantil têm apenas o ensino médio.
DESEMPENHO
53,4% dos alunos do 3° ano do fundamental apresentaram conhecimento adequado de escrita
56,1% dos estudantes do 3° ano liam de maneira adequada para sua fase escolar
Fonte: Prova ABC 2011/Todos pela Educação
Idade certa
O Senado aprovou o Pnaic (Pacto Nacional para a Alfabetização na Idade Certa), que prevê uma série de ações envolvendo União, Estados e municípios para garantir a alfabetização dos alunos da rede pública de ensino até os 8 anos de idade até 2022.
O Pnaic prevê o apoio do governo federal para financiar a formação continuada dos professores; as bolsas oferecidas aos profissionais e outras atividades voltadas ao cumprimento dos objetivos do pacto. A estimativa é que sejam investidos cerca de R$ 3 bilhões até 2014.
Dica do Chicco Sal