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Faça uma dieta de leituras
1Passar o dia inteiro nas redes sociais é tão saudável quanto viver à base de fast-food
Danilo Venticinque, na revista Época
O Facebook está insuportável hoje. Pelo menos foi isso o que um amigo me disse. Não duvido: com a quantidade de assuntos polêmicos em pauta, poucos resistem à tentação de entrar em debates acalorados e intermináveis sobre tudo. O advogado de bermuda, a comentarista descompensada, o Batman no Leblon. Quanto mais pitoresco o tema, maior parece ser a vontade de se debruçar sobre ele para escrever um post “definitivo”. Perdi a conta de quantas vezes sucumbi a essas armadilhas. Com a proximidade das eleições, elas devem se tornar cada vez mais frequentes. Tenho tentado não cair nelas. Estou de dieta.
Houve um tempo em que os pessimistas diziam que passaríamos o dia inteiro assistindo à televisão e não leríamos mais nada. Estavam errados. Ironicamente, nunca lemos tanto quanto hoje, nos celulares, tablets e na tela do computador. E, infelizmente, nunca lemos tão mal.
Nutricionistas costumam organizar os tipos de alimentos numa pirâmide. Na base estão os cereais, verduras e frutas que precisamos comer várias vezes ao dia. O meio é reservado às carnes magras e derivados do leite, que devemos comer com moderação. No topo, tudo aquilo que devemos evitar no dia-a-dia, como doces e carnes gordurosas.
Poderíamos fazer um gráfico semelhante com as leituras. Na base estariam os livros. No topo, as discussões vazias nas redes sociais. No meio ficariam os artigos e reportagens, online e offline. Alguns podem ser tão enriquecedores quanto um livro. Outros, tão superficiais quanto uma foto de um gato no Facebook.
Não é preciso levar o exercício mental muito adiante para perceber que nossa dieta anda péssima. As redes sociais tomam a maior parte do nosso tempo de leitura. Elas nos levam com frequência a blogs ou sites de notícias. Aproveitamos um texto ou outro, mas nos esquecemos da imensa maioria.
Aos livros, que teoricamente deveriam ser nossa principal fonte de leituras, reservamos apenas uma pequena fração do nosso tempo de leitura. Por acreditar que os livros exigem concentração e silêncio, preferimos nos distrair com textos irrelevantes o dia inteiro e deixar as leituras sérias para o dia seguinte ou para mais tarde, quando já estamos cansados de ler bobagens e mal aguentamos manter os olhos abertos. É como se tivéssemos um banquete à nossa disposição, mas nos entupíssemos de balas e cachorros-quentes antes de sentar à mesa.
O primeiro passo para mudar a sua dieta de leituras é reconhecer que aproveitamos muito mal nosso tempo. Vale repetir a pergunta proposta pelo escritor suíço Rolf Dobelli em seu livro A arte de pensar claramente: de todas as notícias e posts em redes sociais que você leu no último ano, quantos realmente fizeram diferença na sua vida? Minha resposta foi alarmante: apenas dois ou três posts em blogs e, com sorte, meia dúzia de reportagens. Nenhum post em redes sociais. Nada que justifique as dezenas de horas que dedico a essas leituras semanalmente. Quanto aos livros, lembro de todos os que li durante o período. Mesmo os que não gostei de ler me ensinaram algo. Era hora de mudar meus hábitos.
Seria um exagero abandonar o Facebook completamente, assim nenhum nutricionista que se leve a sério diria para alguém cortar os doces para todo o sempre. O mesmo vale para o fast-food da informação. As redes sociais nem sempre são prejudiciais. Basta usá-las com moderação e tirar algum proveito delas. Cada um sabe sua forma de aproveitá-las.
Desde que decidi fazer uma dieta de leituras, abandonei as discussões no Facebook e no Twitter. Em vez disso, tenho usando as duas redes para receber e compartilhar reportagens sobre literatura. Por falar em reportagens, também reduzi o tempo que dedico a elas. Jamais conseguiria ficar três anos sem ler notícias, como Dobelli ficou – especialmente na minha profissão. Mas descobri que posso sobreviver tranquilamente lendo somente as principais notícias do dia e assinando três ou quatro publicações essenciais para quem trabalha na minha área. O resultado? Além de conseguir mais tempo para os livros, não sinto a menor falta das polêmicas digitais.
Na próxima vez em que o seu Facebook estiver insuportável, não reclame dele. Feche a aba do navegador. Procure outras leituras. Se alguém insistir para que você diga algo sobre o assunto polêmico do dia, experimente a sensação libertadora de não ser obrigado a expressar sua opinião sobre tudo. Peça desculpas. Diga que está de dieta.
Você sabia que o captcha que você digita na internet pode ajudar a mudar o mundo?
0Ademilson Tiago de Miranda Ramos, no Engenharia é:
Tempo atrás, o Captcha, aquelas palavras que digitamos antes de baixar alguma coisa ou verificação de contas, não tinham utilidade nenhuma além de evitar fraudes.
Percebendo isso, um dos inventores da ferramenta, Luis von Ahn, resolveu dar outra utilidade para o Captcha. Quando você digita uma palavra nesta ferramenta, você pode estar ajudando a digitalizar livros.
O que? Como assim?
Sim, se você perceber que o Captcha que está escrevendo é do projeto ReCaptcha, você está ajudando a passar livros para o computador.
Para entender: há um processo automático que digitaliza as obras para um formato digital, mas o sistema do computador tem dificuldades em ler algumas palavras de livros mais antigos. Assim, essas palavras que o sistema não compreende são jogadas no Captcha, nós as reconhecemos e ajudamos o mundo a ter mais livros digitais. Legal né?
Para saber que o que escrevemos está correto, eles disponibilizam duas palavras: uma que o computador sabe e outra que ele não compreende. Ao acertar a que o computador já sabe, ele automaticamente entende que você também acertará a que ele não entende.
São mais de 200 milhões de ReCaptchas resolvidos todos os dias, o que dá cerca de 5 milhões de livros por ano. Isso tudo está explicado no vídeo abaixo, em que Luis também fala sobre outro projeto colaborativo para aprender novas línguas: é o Duolingo.
Portanto, da próxima vez que aparecer um ReCaptcha para você, pense que você não está perdendo o seu tempo e sim ajudando a transmitir o conhecimento para o mundo digital. (:
dica da Suelen Vargas
17 livros picantes para adolescentes
0Temática amorosa e pitadas de erotismo podem aproximar adolescente da boa literatura

Aproveite os hormônios fervilhantes dos adolescentes para incentivar a leitura (Foto: Nana Sieviers)
Ava Freitas, no Educar para Crescer
Fomentar o gosto pela leitura tem de começar na infância, mas como lidar com o adolescente que não adquiriu esse hábito quando criança? Um bom recurso pode ser apresentá-lo a bons títulos da literatura brasileira e mundial com pitadas de erotismo.
“Relações amorosas e sexo são temas que fervilham na cabeça do adolescente. Toda vez que usei, em sala de aula, livros que tocam de alguma forma na questão do amor, foi sucesso total. Com passagens mais picantes, então, gerava muita discussão boa”, afirma Claudio Bazzoni, professor de literatura do Colégio Santa Cruz, em São Paulo, e assessor de língua portuguesa da Prefeitura de São Paulo.
João Luís Ceccantini, professor de literatura da Unesp (Universidade Estadual Paulista), no campus da cidade de Assis (SP), também endossa essa tese. “Só que é importante a atuação dos pais, de um professor ou bibliotecário para apresentar o título para o jovem.”
A sugestão de leitura do mediador é, claro, tem de passar pela avaliação da maturidade do adolescente, pontua João Luís Ceccantini.
A convite do EDUCAR PARA CRESCER, o professor Bazzoni elaborou uma lista em que mesclou sugestões mais “light” com outras com sexualidade mais explícita. Confira!
1. Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
Clássico da literatura brasileira, a obra gira em torno do romance de Bentinho – narrador da história – e Capitu e o ciúme doentio que decorre desse amor. O professor Claudio Bazzoni destaca o capítulo A Mão de Sancha, em que Bentinho se pega desejando loucamente a mulher do melhor amigo, Escobar. O sentimento o faz a começar a duvidar da sua fidelidade e a dos outros.
2. Missa do Galo
Autor: Machado de Assis
No conto, o sr. Nogueira, já adulto, relata um acontecimento de quando tinha 17 anos. Morando na casa do senhor Meneses para estudar, o jovem se vê seduzido pela mulher de seu protetor, dona Conceição. Sabidamente traída pelo marido, ela premedita um encontro com o adolescente na noite da Missa do Galo. “É um texto carregado de sensualidade”, comenta Bazzoni.
3. Uns Braços
Autor: Machado de Assis
Com o mesmo tom de Missa do Galo, nesse conto, Inácio, um garoto de 15 anos, fica fascinado pelos braços de dona Severina, mulher de seu padrinho. Em conflito com o desejo proibido, um dia na rede, o adolescente sente a aproximação de sua amada e deixa os leitores na dúvida se a beijou ou não.
4. As Ligações Perigosas
Autor: Choderlos de Laclos
Na sociedade aristocrática de antes da Revolução Francesa, a marquesa de Merteuil e o visconde de Valmont, ex-amantes, mostram por meio de uma intensa troca de cartas que seus passatempos favoritos são manipular pessoas e colecionar aventuras sexuais.
5. Na Alcova – Três Histórias Licenciosas
Autores: Denon e Guilleragues e Crébillon
O livro reúne três novelas de ficção escritas – todas com um tom sensual – por três autores franceses diferentes. O professor Bazzoni destaca Por uma Noite, na qual uma mulher adúltera leva seu amante para a “câmara secreta de prazeres” na propriedade rural de seu marido.
6. Vestida de Preto
Autor: Mário de Andrade
O conto está no livro Contos Novos. Nele, Juca relembra o clima de descoberta das primeiras experiências amorosas com a prima Maria e a frustração de ter sido interrompido por Tia Velha. Os personagens voltam a se encontrar na maturidade.
7. Vestido de Noiva
Autor: Nelson Rodrigues
Peça de teatro que se desenrola em três planos: realidade, alucinação e memória. Alaíde é atropelada e está entre a vida e a morte. Enquanto os médicos tentam salvá-la, ela entabula uma conversa com Madame Clessi, sua heroína, que foi assassinada vestida de noiva. Alaíde rememora uma discussão que teve com a irmã, Lúcia, no dia em que se casou com Pedro. Lúcia a acusa de roubar seu amor. Apesar da concretização do casamento, Alaíde descobre que é vítima de uma conspiração de Pedro e Lúcia, que querem matá-la para ficarem juntos. “Ao explicitar desejos reprimidos dos personagens, o texto provoca no leitor afetos intensos”, diz Bazzoni.
8. Livro das Mil e Uma Noites
A tradução feita a partir dos originais pelo arabista brasileiro Mamede Mustafa Jarouche, para a Editora Globo, sepulta a ideia comum de que este é um livro para criança. A obra – que tem quatro volumes – começa contando a história de dois príncipes irmãos. Depois de um tempo separados, um deles resolve deixar seu reino e viajar para visitar o outro. No meio do caminho, o príncipe que viajou sente muita saudade da mulher e volta para casa. Ao retornar, encontra-a com o amante e a mata. O jovem, então, retoma a viagem para o reino do irmão. Este, por sua vez, para alegrá-lo, organiza uma caçada. O visitante decide não ir e presencia uma orgia da cunhada com os empregados do castelo. Tudo isso antes de chegar na história de Sheherazade que para evitar ser morta emenda uma história na outra, o que justifica as mil e uma noites do título.
9. Laila & Majnum
Autor: Nizami
A história do amor proibido dos jovens Laila e Majnun é considerada o Romeu e Julieta do mundo Persa. O livro trata do sentimento avassalador entre os dois personagens e tudo o que conspira para que ele não se realize.
10. O Banquete
Autor: Platão
Antes de torcer o nariz para esse título, é preciso contextualizar para o jovem que leitor que a obra nada mais é do que a discussão sobre como o amor é gerado, na qual cada convidado do encontro coloca a sua visão do sentimento. Aristófanes, por exemplo, fala do amor heterossexual e homossexual.
11. Cem Anos de Solidão
Autor: Gabriel Garcia Marquez
Considerada uma das obras-primas da literatura latino-americana moderna, o livro narra a história de Macondo, uma cidade mítica, e a dos descendentes de seu fundador, José Arcadio Buendía, durante cem anos. “O livro tem passagens muito sensuais e eróticas”, comenta o professor Claudio Bazzoni.
12. Máscaras
Autor: Menotti delPicchia
No poema lírico escrito em forma de peça, a Colombina está apaixonada pelo Arlequim, enquanto este, na verdade, está obcecado por roubar dela um beijo. Para completar o triângulo amoroso, o Pierrot sofre por não ser correspondido pela Colombina.
13. Amor Natural
Autor: Carlos Drummond de Andrade
“É um conjunto de poemas de tirar o fôlego”, diz o professor Claudio Bazzoni. Entre as poesias, títulos como “A Língua Lambe”, “O Chão é Cama” e “A Bunda, que Engraçada”, carregados de descrições minuciosas de partes do corpo e do ato sexual.
14. A Casa dos Budas Ditosos
Autor: João Ubaldo Ribeiro
CLB, uma mulher de 68 anos, conta com detalhes sua intensa e longa vida sexual. A história foi transformada em peça de teatro de sucesso tendo Fernanda Torres como protagonista.
15. Porcos com Asas
Autores: Marco L. Radice e Lidia Ravera
O professor Claudio Bazzoni classifica como “explosivo” o começo desse livro em que são citados um sem número de nomes para os órgãos reprodutores masculino e feminino. O fio condutor é a história de amor de dois adolescentes e a descoberta da sexualidade.
16. Noite na Taverna
Autor: Álvares de Azevedo
Reunidos em uma taverna, um grupo de amigos conversa sobre noites passadas em estado de embriagues e no meio de orgias, com histórias surreais como atos sexuais com cadáveres. Publicada após a morte de seu autor, em 1855, em dois volumes, a obra é representante da escola byroniana do Romantismo no Brasil.
17. Decamerão
Autor: Giovanni Boccaccio
Para fugir da peste negra, no ano de 1348, sete moças e três rapazes resolvem fugir de Florença, na Itália, em direção de um castelo. Para passar o tempo, eles inventaram uma brincadeira que, a cada dia, um deles seria rei ou rainha e teria de contar dez contos. Nas histórias, com um tom de comédia, temas como violência e sexo.