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Ácre, encino… 10 erros e polêmicas de livros didáticos
0Falhas nos textos vão de cálculos matemáticos a fatos históricos

De falhas matemáticas a gramaticais, relembre 10 casos marcantes no Dia Nacional do Livro Didático
Foto: Getty Images / Terra
Publicado no Terra
O livro didático é uma fonte de pesquisa em que os alunos, geralmente, podem confiar. Mas e quando o livro está errado? Há casos em que as próprias publicações estão incorretas e precisam ser recolhidas e substituídas. Em outros, o conteúdo é que gera polêmica. De falhas matemáticas a gramaticais, relembre dez histórias marcantes no Dia Nacional do Livro Didático.
1. Ácre, Espíritu Santo e Minas Gertais
Ao abrir o livro didático, estudantes da rede municipal de Jundiaí (SP) encontraram alguns estados brasileiros com a grafia incorreta – e outros, da região Nordeste, sequer constavam no mapa. O Brasil representado no livro Projeto Ciranda mostra os
Estados “Ácre”, “Espíritu Santo” e “Minas Gertais”, além de ignorar a existência do Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe. A história virou notícia em abril de 2014. A Prefeitura da cidade multou a editora em R$ 23 mil, e as páginas com erros foram substituídas. Segundo a Secretaria de Educação de Jundiaí, quatro mil exemplares incorretos tinha sido distribuídos.
2. Dez menos sete é igual a quatro?
Em junho de 2014, escolas da rede rural do Estado de São Paulo receberam livros didáticos com a seguinte conta: 10 – 7 = 4. Sim, quatro! A resposta certa é três, mas ainda assim os livros foram distribuídos para cerca 1,3 milhão de alunos. O Ministério da Educação reconheceu os erros e o uso do material foi suspenso.
3. Dois Paraguais
América do Sul sem Equador e com dois Paraguais. Isso foi o que alunos da sexta série do ensino fundamental da rede pública do Estado de São Paulo encontraram no livro de geografia, em março de 2009. Foram 500 mil livros distribuídos com o erro. A fabricante alegou que o problema foi na diagramação, e a secretaria de educação do Estado determinou a troca dos exemplares.
4. Quando Colombo descobriu a América?
Na mesma série de livros distribuída no sistema de ensino paulista, a apostila de história dizia que Cristóvão Colombo descobriu a América em 1942. Isso mesmo, o continente teria sido descoberto no meio da Segunda Guerra Mundial, de acordo com o livro. O erro foi encontrado em abril de 2009 e, por ser em uma apostila bimestral que já estava em uso, não foi corrigido.
5. Sem Piauí
Em 1998, o Piauí foi esquecido em um mapa do Brasil do livro didático “Geografia”, editado pela Módulo Editora e Desenvolvimento Educacional, de Curitiba. Os alunos da primeira série de uma escola particular de Teresina repararam no erro do material. A empresa responsável pela publicação informou ter enviado páginas para corrigir os mapas incorretos. Outros erros foram encontrados no mesmo mapa. Fernando de Noronha não estava no lugar certo e Sergipe fazia fronteira com Pernambuco, o que não ocorre.
6. Propaganda eleitoral
Em 2007, o livro didático de história do Projeto Araribá foi distribuído com um texto sobre o programa Fome Zero, no capítulo sobre a história recente do País. O diretor-executivo da editora admitiu que a existência do texto sobre o programa social naquela edição, vendida para o ano letivo de 2008, foi um erro. Ele disse que a primeira edição da obra foi elaborada em 2003, quando o assunto estava em alta. À época, alguns veículos acusaram a publicação de fazer propaganda político-partidária favorável ao Partido dos Trabalhadores (PT).
7. Encino
Para cada livro didático, há a versão feita para os alunos e outra, com orientações para o professor. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo entregou aos professores exemplares com a palavra encino, grafada assim mesmo, com “C”, apesar de o correto ser com “S”. A assessoria de comunicação do órgão informou ser um erro de digitação e não houve recolhimento dos livros, pois eles não eram entregues aos alunos.
8. Nem o hino nacional escapou
Alunos de Vespasiano (MG) receberam um hino nacional um pouquinho diferente: “Fulguras, ó Brasil, forão da América, (…) Teus risonhos, lindos campos têm mais fores”. Sim, “forão da América”. Enquanto as palavras corretas são florão e flores. Outros erros também foram encontrados, como a palavra desafa (em vez de desafia), fâmula (em lugar de flâmula) e flho (em lugar de filho). Foram impressos 55 mil exemplares com essas falhas, ao custo de R$ 280 mil. O caso ocorreu em abril de 2014. A fabricante foi avisada para alterar os livros.
9. Homofobia
Em setembro de 2013, uma escola de Fortaleza, no Ceará, recebeu livros com conteúdo homofóbico. Em um exemplo de física sobre prótons e elétrons, a publicação sugere que dois meninos não se atraem, assim como duas meninas também não poderiam se atrair. A ilustração causou mal estar entre os alunos e levou a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais a se pronunciar sobre o caso.
10. Variação popular
Em 2011, um livro didático distribuído a alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) pelo Programa Nacional do Livro Didático chamou a atenção e teve grande repercussão na imprensa. No capítulo “Escrever é diferente de falar”, a frase “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” consta como correta. Não era um erro. O próprio livro explicava que essa frase só é correta na variação popular da língua portuguesa. Mas o debate provocou até um esclarecimento da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), responsável pelo livro.
‘Vivemos a era de ouro da ficção de crime’, diz Harlan Coben
0Autor americano atraiu centenas de fãs para a Bienal do Livro de São Paulo
Maurício Meireles em O Globo
RIO — Um dos principais best-sellers de mistério da atualidade, o americano Harlan Coben, que atraiu centenas de fãs para a Bienal do Livro de São Paulo no fim de semana, lança seu 16º romance no Brasil, “Seis anos depois”, pela Sextante.
Coben é um gigante literal e metaforicamente. Com quase 2 metros de altura, ele acaba de bater a marca de 1 milhão de livros vendidos no país. As estatísticas viraram gente, na manhã de anteontem, quando ele falou na Bienal para uma pequena multidão sobre a nova obra. Nela, o protagonista vai atrás da mulher que o deixou para casar com outro e descobre que o casamento havia sido uma farsa. Ele vai buscá-la, sem imaginar os perigos do ato. Em entrevista ao GLOBO, Harlan Coben fala da dificuldade de classificar a nova trama, conta por que não gosta de escrever histórias de serial killers e comenta as últimas polêmicas do meio literário.
Embora classificados como policiais, seus livros não têm crimes ou conspirações. Por quê?
Acho que chamam assim porque é preciso classificar o livro. “Seis anos depois” é mais uma história de amor que uma ficção de crime. Não me interesso por conspirações políticas ou serial killers. Prefiro histórias com as quais o leitor possa se identificar.
Com uma tradição tão longa, é possível manter o frescor da ficção policial?
Agatha Christie e Elmore Leonard escrevem ficção de crime e não são nada parecidos. Grandes autores tinham crimes em seus livros: Dostoiévski, Dumas, Dickens, entre outros. Mas acho que vivemos a era de ouro da ficção de crime. Ela nunca foi feita tão bem e com tanta variedade. Há autores homens, mulheres, americanos, britânicos, escandinavos… E temos que trabalhar duro para manter o frescor do gênero. Não pelo que foi escrito no passado, mas porque hoje competimos com outras mídias.
A Amazon e a editora Hachette têm brigado pelas condições comerciais de vendas de livros. Alguns autores se organizaram para apoiar a editora. Qual a sua posição nessa polêmica?
Sentar e esperar. Virei escritor porque não queria ir para um escritório, pensar em negócios, números. Sei que, quanto melhor eu escrever, melhor estarão meus livros (no mercado), porque as pessoas vão lê-los no papel, na tela ou numa tábua de pedra como a de Moisés. Não me sinto qualificado para me meter no assunto.
Hoje há o fenômeno da autopublicação. Você precisa de editor?
É isso que eu não entendo nessa polêmica. Se você quer se autopublicar, faça-o. Se você acha que os escritores estão sendo vilipendiados (pelas editoras), faça-o. Eu gosto de ter editor e não estou tentando convencer ninguém a ir para a minha editora. Não sei por que os outros se importam com quanto eu ou o Nicholas Sparks estamos cobrando pelos nossos livros. Faça seu livro e preocupe-se em como publicá-lo, não como eu publico os meus.
Você passou a escrever livros no gênero “jovens adultos”, que costuma ser criticado por falta de complexidade literária. O que você diria aos críticos?
Não leia. Tem uma resenha de um livro meu na Amazon que diz: “Esse livro deveria estar numa biblioteca de ensino médio”. Sim, deveria!
E sobre as críticas de que falta riqueza narrativa nesses livros?
Isso não faz sentido. Meu livro infantojuvenil é mais curto, mas provavelmente é mais sombrio que qualquer livro adulto que eu tenha escrito.
Você não deve mais precisar vir para eventos como a Bienal para vender livros. Por que vir?
Ajuda a vender o livro. E, se viajar é cansativo, é ótimo encontrar os leitores. Se há escritores que se sentem acima disso, só posso lamentar.
A ficção de mistério exige grande técnica. Você não comete erros?
Em um livro meu, um personagem costuma pentear o cabelo para a direita, no começo do livro, e depois para a esquerda, no fim dele. Com a internet, se você comete algo assim, você será avisado. Não gosto, mas não me preocupo muito.