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Jovem de quadrilha que fraudava Enem gastava R$ 4 mil por noite em boates
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Em Teófilo Otoni, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em mansão que seria de jovem apontado como um dos líderes da quadrilha que fraudou o Enem deste ano (Foto: Polícia Civil/MG/Divulgação)
Rayder Bragon, no UOL
Um jovem de vinte e seis anos é apontado como um dos líderes da organização criminosa acusada de ter fraudado o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2014. O rapaz vivia de maneira luxuosa e ostentava riqueza. Conforme a investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, em parceria com o MPE (Ministério Público Estadual), ele chegava a gastar R$ 4 mil em uma única noite.
“Ele é um delinquente de ostentação. Gastava de R$ 2 mil a R$ 4 mil por noite em boates”, afirmou o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária de Minas Gerais, Jeferson Botelho, durante coletiva dada nessa quarta-feira (26) à imprensa sobre o caso, na sede do Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte.
Conforme o policial, o acusado também fazia viagens ao exterior com frequência. Morador da cidade de Teófilo Otoni (a 468 km de Belo Horizonte), o homem seria dono de carros de luxo e uma mansão em bairro nobre da cidade.
O delegado Antônio Júnio Dutra Prado, integrante do grupo de Combate a Organizações Criminosas, informou que a polícia ainda não sabe o valor total do montante movimentado pelo grupo. “Essa informação vai ter de ser levantada em um segundo momento da investigação, quando a gente for investigar o crime de lavagem de dinheiro”, afirmou.
Segundo Prado, foram apreendidos carros de luxo e confiscados bens que seriam do rapaz na cidade mineira. Já no Guarujá, em São Paulo, foi identificada uma casa em condomínio de luxo que pertenceria a outro homem, também apontado como líder do esquema. A dupla e mais dez pessoas que integrariam o bando estão presas desde o último domingo (23).
“Entre os carros foram aprendidos dois veículos da marca Porsche, além do sequestro de uma fazenda na região. Eles ostentavam uma vida luxuosa”, declarou.
Três milhões livres de despesas
Apesar de a movimentação financeira ainda não ter sido determinada, o delegado Antônio Prado disse ter se surpreendido com o valor que o jovem receberia apenas no último trimestre deste ano com as fraudes em vestibulares.
“Um dos líderes, o de Teófilo Otoni, me confidenciou que, somente nessas ações (fraudes em vestibulares de medicina) de final de ano, ele embolsaria R$ 3 milhões livres de despesas”, afirmou o policial.
Por sua vez, o promotor de justiça André Luís de Pinho destacou que serão investigados os pais dos candidatos detidos (22 no total) com material eletrônico durante prova da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, realizada no dia 23 deste mês, em Belo Horizonte. Os estudantes foram ouvidos e liberados após pagarem fiança.
Conforme o promotor, os inscritos não teriam comprovação de renda que lhes permitisse pagar o valor cobrado pelo grupo criminoso pelas vagas supostamente garantidas aos clientes. Pela investigação, o grupo cobrava entre R$ 70 mil a R$ 200 mil com a promessa de fazer com que o candidato obtivesse a vaga.
“Como que um rapaz de 18 anos, estudante, obtém esse valor para comprar as vagas? Isso leva a investigação para um outro foco, que são os pais dos alunos. Vários são médicos, empresários e fazendeiros”, declarou.
Pinho disse não descartar pedido de quebra de sigilo bancário dos envolvidos, que não tiveram os nomes divulgados. “Eles também vão responder pelo crime de fraude contra certame de interesse público”, adiantou.
Os membros do grupo deverão responder pelos crimes de formação de quadrilha, fraude contra certames de interesse público, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, de acordo com os responsáveis pela investigação.
Polícia prende quadrilha suspeita de furtar 45 celulares na Bienal do Livro
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Celulares e notebook apreendidos com quadrilha de peruanos que furtava celulares em grandes feiras e eventos, em São Paulo (foto: Avener Prado/Folhapress)
Martha Alves, na Folha de S.Paulo
Quatro peruanos foram presos na noite de segunda-feira (1) suspeitos de pertencer a uma quadrilha que furtava celulares em grandes feiras e eventos, em São Paulo. A polícia chegou ao grupo após investigações.
Os policiais prenderam os dois homens e duas mulheres -uma delas grávida de três meses- após o furto de celulares de visitantes da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no Anhembi, em Santana, zona norte de São Paulo, na segunda.
Segundo o delegado Walter Ferraz, do Garra (Grupo de Repressão ao Roubos e Assaltos), o grupo costumava frequentar feiras com fluxo grande de pessoas para efetuar os furtos. Os ladrões se aproximavam da vítima, furtavam o aparelho e entregavam a outro integrante da quadrilha que guardava.
” Eles conseguiram furtar em um dia 45 celulares”, disse o delegado.
No imóvel onde a quadrilha foi presa, na região da Ponte Rasa, zona leste de São Paulo, foram recuperados os 45 aparelhos furtados na Bienal. Também foram apreendidos mais de 400 capas de celulares, óculos de sol, tablets, notebooks e câmeras furtados em outras feiras e que já tinham sido vendidos a receptadores.
O delegado disse que um dos presos confessou que as capas eram de celulares furtados que tinham sido vendidos a receptadores no bairro de Santa Ifigênia, região central de São Paulo, onde são vendidos eletroeletrônicos.
“Os celulares bloqueados eles desmontavam e vendiam as peças”, falou o delegado.
Com a prisão dos membros da quadrilha, a polícia passa também a investigar quem são os receptadores dos celulares furtados.
VÍTIMA
A advogada Karina Rachid, 27, foi uma das vítimas da quadrilha que procurou a polícia. Ela disse que foi pegar o celular na bolsa para verificar se tinha alguma mensagem quando percebeu que havia sido furtada.
Karina procurou um segurança da feira e ele disse que o celular de outras 15 mulheres também havia sumido da bolsa. Ela foi a delegacia de turismo dentro da bienal e descobriu que mais pessoas tinham sido furtadas.
“A Bienal estava lotada porque era o último dia e não estava em alerta como quando estou na rua. Não percebi o furto, eles têm muita destreza, são muito rápidos”, explicou.
Apesar de pequenos danos no celular, a advogada estava feliz por ter conseguido recuperar o aparelho que havia comprado em junho.
Editor da L&PM critica apreensão de livro por policiais no Rio
0Exemplar de ‘Mate-me por favor’ está entre o material apreendido na casa de um acusado de tentar invadir Alerj

Material apreendido na casa de Arthur dos Anjos indiciado por dano e formação de quadrilha durante as manifestações no Centro Diego Reis / Divulgação Polícia Civil
Eduardo Rodrigues, em O Globo
RIO — “O mais incompreendido fenômeno pop”. É assim que os autores Legs McNeil e Gillian McCain definem o punk rock, logo na abertura do livro “Mate-me por favor”, onde contam a história do movimento que conquistou os jovens desiludidos nos anos 1970 e até hoje influencia moda, comportamento e música sem nunca perder o tom controverso. Pois mais uma vez o agressivo estilo musical está confundindo. Entre o material apreendido na casa de um dos acusados de tentar invadir a Alerj durante as manifestações no Rio apareceu um exemplar de “Mate-me por favor”.
– O livro foi apreendido para demonstrar a ideologia (do acusado) perante a nação brasileira, de defesa da anarquia – disse o delegado Mario Andrade, responsável pela investigação.
No Brasil, “Mate-me por favor” foi publicado pela L&PM. Um dos diretores da editora, Ivan Pinheiro Machado, publicou uma dura crítica à apreensão em seu blog, com o título “O livro e o delegado”. No texto ele relembra a época da ditadura militar, quando policiais invadiram a sua casa e apreenderam “centenas de livros da bilbioteca” de seu pai.
A obra conta a história do punk rock, através de entrevistas com alguns dos principais nomes do gênero nos anos 1970, como Lou Reed, Iggy Pop, Patti Smith, Wayner Kramer e Dee Dee Ramone. O livro narra as raízes do movimento, desde o início do Velvet Underground na Factory de Andy Warhol, até a consolidação da cena em Nova York nos anos 1970 e a chegada ao Reino Unido, onde estouraria com Sex Pistols e The Clash.
Leia abaixo a íntegra do post de Ivan:
“Meu pai era um inimigo da ditadura militar de 1964. Por isso nossa família sofreu vários tipos de intimidações e perseguições. Minha casa foi invadida várias vezes pela repressão. A que mais me marcou foi o dia em que a polícia política (Dops) invadiu nossa casa e prendeu centenas livros da grande biblioteca do meu pai. “Vamos queimar esta imundície comunista”, dizia o delegado, jogando ensaios de Marx e Schopenhauer numa caixa de lixo.”
“Ontem, eu vi um delegado exibindo na TV um livro publicado pela L&PM Editores: “Mate-me por favor”, dos jornalistas e críticos musicais Legs McNeil e Gillian McCain, apreendido na casa de um suposto vândalo.”
“Não me interessa o que o rapaz fez. Mas o que me chamou a atenção foi a naturalidade com que o delegado apreendeu o livro. Um delegado que não serve a uma ditadura e apreende um livro é porque tem a vocação do autoritarismo. E nenhum respeito por um livro. “Mate-me por favor” é um livro maravilhoso, editado por minha indicação. Não faz a apologia da violência. Muito pelo contrário. Ele trata de jovens que foram abandonados pelo sistema e elegeram a música como uma forma de protesto. E esta música foi uma bofetada no sistema. Esta música fez com que os delegados e os políticos voltassem os seus olhos para uma enorme legião de jovens sem futuro e sem emprego nos idos dos anos 80. A L&PM Editores, meu caro delegado, já foi vítima durante sua história nos anos sombrios da ditadura de vários delegados que odiavam livros.”
“O que me surpreende é que um bom livro seja alinhado junto a facas e correntes e exibido na TV como se fosse uma arma. E ninguém diz nada. Lembrou-me do tira ignorante que invadiu a casa do meu pai nos anos 70 para prender os “livros comunistas”. Ele não teve dúvidas; atirou-se na estande e pegou ‘O vermelho e o negro’, de Stendhal, como um símbolo desta “corja vermelha que quer tomar conta do país…”