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As aventuras do poderoso Xangô: HQ transforma Orixás em super-heróis
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A criação: Página de “Contos de Òrun Àiyè”, com lançamento previsto para junho imagem: Divulgação
Tiago Dias, no UOL
Se a Marvel se inspirasse na mitologia yorubá para criar suas histórias, o guerreiro Xangô teria uma força tão impressionante quanto Thor, defenderia a justiça tanto quanto Capitão América, e contaria com a ajuda de Oxum, Ogum e Oxossi para conquistar o trono do império africano de Oyó.
Mas não é mais necessário uma gigante do ramo para fazer explodir um novo universo nos quadrinhos. A HQ “Contos de Òrun Àiyé”, que deve ser lançada em agosto, dará aos Orixás cores e contornos de super-heróis.
“Eles têm poderes e distinções muito claras de personalidade, como os super-heróis têm. Xangô e Iansã são vermelhos. Ogun é azul e verde. Oxum é dourado”, conta o criador da história, Hugo Canuto. “Tem um código ali que dialoga muito com a figura do super-herói.”

Os Vingadores da mitologia de matriz africana: Hugo Canuto bebe na fonte dos Orixás para nova HQ imagem: Divulgação
Como qualquer fã de heróis que se preze, o quadrinista baiano cresceu lendo o universo de Thor, Conan e Super-Homem, personagens inspirados em mitologias distantes, mas que nunca tiveram dificuldade de assimilação por parte dos leitores brasileiros.
Caiu então a ficha na cabeça do autor, que já visitara outras culturas em “A Canção de Mayrube”, inspirada nos povos latinos: Por que o deus nórdico, na ficção da Marvel, é um super-herói e Xangô, guerreiro africano, é considerado um demônio?
“Por que aquilo que é brasileiro, que faz parte da cultura do país, é vista dessa maneira negativa e esse mesmo arquetípico da cultura euro ocidental é vista como herói?”, questiona.

“The Might Xangô” ou “O Poderoso Xangô”: Homenagem a Jack Kirby deu origem ao projeto imagem: Divulgação
“The Orixás”
Com a vontade de afugentar preconceitos e fundir suas duas paixões, a cultura brasileira e as HQs, recriou em agosto passado uma capa clássica de “Os Vingadores”, com Xangô na mesma pose de Capitão América, e Ogún no lugar do Homem de Ferro.
Nascia ali “The Orixás” – uma homenagem despretensiosa ao quadrinista americano Jack Kirby, fundador da Marvel e um de suas maiores inspirações, que completaria 99 anos naquele dia se estivesse vivo.
A ilustração foi recebida com uma onda de curtidas e compartilhamentos. Canuto criou então capas fictícias para cada Orixá e decidiu bancar um projeto de verdade. Recusou ofertas de editores e foi para o conhecido crowdfunding. A “vaquinha” iniciada em novembro bateu sua meta de R$ 12 mil logo nas primeiras semanas — e encerrou a arrecadação com R$ 40 mil.
Fundindo mundos

Hugo Canuto: “Quero trazer esse universo para uma mídia que ainda é muito eurocêntrica, muito ligada a temas norte-americanos” imagem: Bruno Sarrion/Divulgação
Na prévia de “Contos de Òrun Àiyé”, cedida pelo artista e que abre esta reportagem, é possível ver a influência dos heróis clássicos, como se Jack Kirby e Stephen “Steve” J. Ditko (responsável pela arte de “Dr. Estranho”) jogassem suas cores e influências pop em um novo mundo de super-deuses.
Mas o projeto vai além de transformar os Orixás em meros arquétipos. “A história que eu estou construindo se situa no tempo lendário, no passado mítico, em que céu [Òrun] e terra [Àiye] é um só. Não tem como ser maniqueísta. Eles são muitos complexos, não se reduzem a bom e ruim”, explica Canuto.
“Quero trazer esse universo para uma mídia que ainda é muito eurocêntrica, muito ligada a temas norte-americanos. Trazer algo que é tão vítima de preconceito, que é combatida por movimentos reacionários, para uma linguagem diferente e fazer com que as pessoas olhem de outra maneira”, observa o baiano. “Fiz uma ponte entre duas realidades.”
Deuses Americanos, de Neil Gaiman, ganhará versão em quadrinhos
0Samir Naliato, no Universo HQ
Deuses Americanos é um dos livros mais conhecidos e celebrados de Neil Gaiman. Lançado originalmente em 2001, já saiu no Brasil por duas editoras: primeiramente pela Conrad e, neste mês de outubro, será relançado pela Intrínseca.
Agora, a Dark Horse anunciou que adaptará a história para os quadrinhos, com roteiro de P. Craig Russell e arte de Scott Hampton.
Russell é conhecido de Gaiman e já trabalhou com o autor na série Sandman, além de adaptar o livro ilustrado Sandman – Os Caçadores de Sonhos em forma de HQ.
A série contará ainda com desenhos dos artistas convidados Walt Simonson, Mark Buckingham, Colleen Doran, do próprio P. Craig Russell e outros. As capas serão de Glenn Fabry e Adam Brown, além de capas variantes de David Mack e Dave McKean.
Ao todo, serão 27 edições que contemplarão três arcos de histórias: Shadows, My Ainsel e The Moment of the Storm. O lançamento será em março de 2017.
Deuses Americanos também está sendo adaptado para uma série de televisão, pelo canal Starz (assista ao trailer no final deste artigo).
A história mostra a jornada de Shadow Moon, um ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo é voltar para casa e para a esposa, Laura. Os planos de Shadow se transformam em poeira quando ele descobre que Laura morreu em um acidente de carro. Sem lar, sem emprego e sem rumo, ele conhece Wednesday, um homem de olhar enigmático.
Shadow aceita trabalhar para Wednesday e embarca em uma viagem tumultuada e reveladora por cidades inusitadas dos Estados Unidos, um país tão estranho para Shadow quanto para Gaiman. É nesses encontros e desencontros que o protagonista se depara com os deuses – os antigos (que chegaram ao Novo Mundo junto dos imigrantes) e os modernos (o dinheiro, a televisão, a tecnologia, as drogas) –, que estão se preparando para uma guerra que ninguém viu, mas que já começou. O motivo? O poder de não ser esquecido.
Após hiato de seis anos, Laerte Coutinho volta às livrarias
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Isabel Costa, no Leituras da Bel
A cartunista Laerte Coutinho retorna às livrarias com Modelo Vivo, um recorte da multiplicidade de seu eu-artístico, fruto do caminho de livre experimentação que seguiu em sua trajetória. O novo livro, que será lançado pelo selo Barricada, da Boitempo Editorial, chega às livrarias em novembro. Laerte passou por um hiato de seis anos sem publicar livros físicos.
O lançamento anterior de Laerte foi o graphic-folhetim Muchachua, pela Quadrinhos na Cia., selo de HQs da editora Companhia das Letras.
“A Laerte que emerge dessa abertura para novas questões e desafios está presente nos desenhos baseados em modelos humanos, produzidos no decorrer de um curso livre organizado em 2013, junto com o filho Rafael Coutinho. Neles, Laerte retorna às origens, antes da profissionalização, e deixa de lado vários procedimentos que consolidaram seu lugar na história gráfica, como o uso de personagens e o traço “humorístico”, divulgou a Boitempo.
O livro também remete a um retrato histórico, por trazer uma seleção de histórias em quadrinhos – algumas já publicadas, outras muito pouco conhecidas e uma inédita – publicadas nas décadas de 1980 e 1990, em fanzines e revistas icônicas da Circo Editorial, como Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, Geraldão, Circo e Cachalote.
Desenhos do passado e do presente se intercalam, revelando ao mesmo tempo um forte contraste e a possibilidade de uma imersão criativa na obra da artista. O volume é organizado por Toninho Mendes, ex-editor das revistas da Circo Editorial.
Alan Moore, de ‘V de vingança’ e ‘Watchmen’, anuncia aposentadoria dos quadrinhos
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Autor pretende dedicar-se ao cinema e a literatura
Publicado em O Globo
RIO – Mestre dos quadrinhos, Alan Moore está dando adeus à arte que o consagrou. O roteirista, que deu ao mundo obras como “Batman: A piada mortal”, “V de vingança” e “Watchmen”, anunciou que vai parar de escrever HQs para tentar os tais “novos desafios”.
Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, em que divulga o romance “Jerusalem”, Moore afirmou que ainda tem “umas 250 páginas de quadrinhos para fazer”, e depois está oficialmente aposentado da arte sequencial.
“Acho que eu já fiz o bastante de quadrinhos. Já fiz tudo o que eu podia. Acho que se eu fosse continuar a trabalhar com isso, as ideias inevitavelmente iriam sofrer, vocês começariam a me ver como um pneu velho reutilizado. Você e eu provavelmente merecemos algo melhor que isso”, disse.
Além de quadrinista, Moore é romancista, roteirista, cartunista, músico e mágico. Seu plano é focar no seu trabalho literário e no cinema. Há algum tempo, ele vem externando seu desejo de passar o bastão para uma nova geração de quadrinistas. Segundo Moore, a decisão veio quando ele percebeu que se sentia “muito confortável” com o meio.
“As coisas que me interessam no momento são as coisas que eu não sei se consigo fazer, como filmes, que eu não faço ideia do que estou fazendo, ou romances gigantescos. Coisas que eu não tenho certeza de que tenho vigor para ir até o fim”, disse ele. “Não preciso provar nada para mim mesmo ou a ninguém. Eu sempre vou reverenciar os quadrinhos, é um meio maravilhoso. Mas esses outros campos são mais empolgantes para mim”.
A aposentadora, no entanto, não será imediata:
“Ainda estou fazendo algumas edições de um livro da Avatar, parte de uma obra do HP Lovecraft em que eu tenho trabalhado recentemente. Kevin O’Neil e eu estamos finalizando ‘Cinema purgatorio’ e temos um outro livro, um livro final do ‘League of extraordinary gentlemen’ para completar. Depois disso, embora eu possa fazer pequenas obras em algum momento do futuro, eu vou parar com os quadrinhos”.