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Quatro benefícios da leitura
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(Museu Picasso Barcelona/Divulgação)
As “reservas cognitivas” propiciadas pela leitura ajudam as células cerebrais a encontrar novas conexões em caso de danos causados por derrame
Publicado na Veja
– Ler ficção melhora o raciocínio
Estudo feito pela Universidade de Toronto mostrou que leitores de ficção tendem a recorrer menos ao chamado “fechamento cognitivo”, processo em que o indivíduo tira conclusões rapidamente, às vezes com base em informações incompletas, para satisfazer sua necessidade de “entender” um assunto. Os leitores de ficção, segundo os pesquisadores, usam menos esse expediente porque conseguem fazer raciocínios mais complexos, levando em conta nuances e ambiguidades.
– A leitura aumenta a longevidade
Um estudo da Universidade de Yale feito com 3 635 pessoas acima de 50 anos revelou que as que liam livros por trinta minutos diários viviam em média 23 meses mais que as que não liam. Pesquisadores atribuem o fato à melhora, proporcionada pela leitura, de dispositivos cognitivos associados à longevidade, como concentração, vocabulário, pensamento crítico e empatia.
– Quem lê tem melhor recuperação em caso de dano cerebral
Pesquisa feita pela Universidade de Santiago de Compostela mostra que, assim como o sangue se coagula para proteger o corpo de um ferimento, as “reservas cognitivas” propiciadas pela leitura ajudam as células cerebrais a encontrar novas conexões em caso de danos causados por derrame ou perda de memória.
– Ler ajuda a reduzir o stress
A leitura de um livro por seis minutos ajuda a diminuir em 68% o nível de stress. Psicólogos da Universidade de Sussex concluíram que, ao se concentrar em um livro, o indivíduo tem suas tensões nos músculos, inclusive os cardíacos, aliviadas de forma mais eficaz do que com outras opções relaxantes, como tomar um chá.
Quatro vezes Intrínseca
0Editora carioca tem os três livros mais vendidos e leva o 1º lugar no ranking das editoras
Cassia Carrenho, no PublishNews
A culpa é das estrelas (Intrínseca) já se acostumou ao topo da lista geral dos mais vendidos e dessa vez trouxe mais duas companhias da editora: A menina que roubava livros e Destrua este diário. Os três venderam 14.426, 5.763 e 5.544, respectivamente, somando 25.733 livros, mais de 1/3 do total de vendas de toda lista geral. Para completar, mais quatro livros da editora estão na lista geral, ou seja, tanto em quantidade vendidas, como em quantidade de títulos, a editora recheou a lista geral desta semana.
Para coroar a performance, ainda levou o ranking das editoras, com 19 títulos, seguida da Sextante, com 12, e Record, com 10. O velho trio carioca arrasando nos ensaios.
De novidades na lista tivemos: ficção, Fogo (LeYa) e A emparedada da rua nova (Cepe); não ficção, O melhor guia de Nova York (Rocco) e A estrela que nunca vai se apagar (Intrínseca); autoajuda, Sons do silêncio (Cidade da Luz) e negócios, Redbook (Saraiva) e A magia do atendimento (Saraiva).
Inveja de Eça de Queiroz teria motivado criação de ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’
0Marco Rodrigo Almeida, na Folha de S.Paulo
Uma certa mulher de olhos oblíquos e dissimulados não é o único mistério da obra de Machado de Assis (1839-1908).
Muita página já foi gasta com a dúvida torturante: Capitu traiu ou não Bentinho, o ciumento narrador de “Dom Casmurro” (1899)?
Mas um outro dilema, ainda mais antigo e, aparentemente, tão insolúvel quanto, atormenta alguns professores e pesquisadores: o que explica o salto abissal de qualidade de Machado a partir de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, em 1880?
João Cezar de Castro Rocha, crítico e professor de literatura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, dedicou-se a essa questão, com lupas de detetive, na última década. O resultado está no livro “Machado de Assis: Por Uma Poética da Emulação”.
O professor argumenta que o pulo do gato que propiciou a passagem do “Machadinho” do início da carreira ao “Machadão”, nome maior da literatura brasileira, teve origem na rivalidade com o português Eça de Queiroz (1845-1900).
Tudo teria começado em fevereiro de 1878, quando “O Primo Basílio”, de Eça, foi publicado no Brasil. A relação adúltera de Luísa com o primo e as críticas demolidoras aos costumes da burguesia de Lisboa escandalizaram leitores dos dois continentes.
Machado, em dois artigos publicados em abril do mesmo ano, fez severas restrições à trama. Apontou falhas estruturais, condenou a inconsistência psicológica de Luísa e descreveu a relação entre os primos como “um incidente erótico, sem relevo, repugnante, vulgar”.
“A análise de Machado foi considerada um dos pontos altos de seu exercício crítico, mas é esteticamente tradicional e moralmente conservadora”, diz Castro Rocha.
Quando publicou os dois ensaios sobre Eça, Machado era autor de quatro romances (“Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena” e “Iaiá Garcia”), “corretos, regulares e medíocres”, na visão do professor. “São histórias de corte tradicional, em que todos os elementos são esclarecidos pelo narrador.”
Mas o furação Eça apareceu no meio do caminho do comedido escritor brasileiro. Para Castro Rocha, a consagração de um escritor mais moço e que também escrevia em português agudizou a insatisfação de Machado com seus próprios romances e o levou a uma reformulação radical.
Em dezembro de 1878, seriamente enfermo, o “bruxo do Cosme Velho” partiu para uma temporada em Nova Friburgo. Voltou de lá, três meses depois, com o primeiro esboço de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, furacão ainda mais avassalador que o de Eça.
A narrativa do “defunto autor”, irônica, fragmentária, inventiva, foi um divisor de águas na literatura nacional e inaugurou a grande fase do autor nos contos e romances (“Quincas Borba”, “Dom Casmurro”).
A chave para essa reinvenção, defende Castro Rocha, está na “poética da emulação” do título de seu estudo. Machado abasteceu-se do cânone literário (em “Brás Cubas”, o caldeirão inclui a Bíblia, Xavier de Maistre, Sterne, Shakespeare e muito mais) de forma despudorada, criando a partir disso uma obra inovadora.
Teria Machado, então, escrito sua primeira obra-prima com a pena da galhofa, a tinta da melancolia e os papiros da inveja? “Inveja no sentido de produzir algo tão bom quanto. Trata-se de uma rivalidade estética com Eça que o levou a se arriscar. A tese é controversa, e não tenho a pretensão de que seja a única explicação. Machado é complexo demais para ser resumido”, diz.
dica do João Marcos