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Mãe usa batalha naval para ensinar tabela periódica a seus filhos
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Claudia Fusco, na Galileu
Mãe de quatro filhos, todos educados em casa, a americana Karyn Tripp decidiu inovar na hora de ensinar química a seus filhos: transformou a tabela periódica em um mapa de batalha naval. Os jogadores devem circular linhas de dois a cinco elementos para demarcar suas embarcações, e então brincar usando as coordenadas, como em um jogo normal.
Para Tripp, a brincadeira virou uma forma divertida de ensinar os elementos, mesmo para quem ainda não aprendeu o que eles significam. “Minha filha de oito anos não sabe química, mas gostou muito do jogo”, contou a mãe, orgulhosa. “Adoro meu tempo com eles, pois posso vê-los crescer, explorar e aprender”. Confira mais fotos abaixo:
Mais de mil livros didáticos foram descartados em terreno baldio de MG
0Livros jogados fora eram de matérias como química e geografia.
Material seria destinado às escolas públicas, para alunos do Ensino Médio.
Publicado no G1
Mais de mil livros didáticos, alguns ainda embalados, foram jogados em um terreno baldio em Minas Gerais. O material seria destinado às escolas públicas, para alunos do Ensino Médio.
Os livros foram abandonados em dois terrenos na zona rural de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Nos locais havia livros de matérias como química e geografia. Eram mais mil unidades novas e embaladas. Em um adesivo foi possível ver que a verba foi do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Programa Nacional do Livro Didático, e os livros seriam enviados para cidades da região metropolitana, como Nova Lima.
Os policiais tiveram trabalho para descarregar o material apreendido. As viaturas ficaram lotadas. Um homem que passava pela região no momento em que a polícia recolhia os livros se ofereceu para ajudar.
Os livros foram comprados para serem distribuídos em escolas públicas e deveriam ser usados nos anos letivos de 2015, 2016 e 2017. A entrega deveria ter sido feita entre outubro de 2014 e fevereiro deste ano e depois de recebidos pelas escolas, eles deveriam ser guardados em local apropriado até a entrega aos alunos.
As pilhas dos volumes levados para um distrito da Polícia Militar serão encaminhadas a Polícia Civil, que irá apurar se o material foi roubado ou se houve algum tipo de fraude. O Ministério da Educação recebeu a denúncia e disse que irá apurar os fatos.
Fuga de professores
0Maioria dos alunos que ingressam em licenciaturas de física, biologia, matemática e química não conclui o curso
Antônio Gois, em O Globo
Ao investigar a base de dados do Censo da Educação Superior no Brasil, a pesquisadora Rachel Pereira Rabelo descobriu um dado inédito e preocupante: dos alunos que ingressaram em 2009 nos cursos de licenciatura em física, biologia, matemática e química, apenas uma minoria consegue concluir o curso. A situação mais preocupante está em física, onde somente um em cada cinco (21%) estudantes obtém o diploma. Em matemática e química, a relação é de apenas um em cada três universitários (34% em ambos os cursos). Em biologia, a taxa é de 43%.
Os dados constam de sua dissertação de mestrado na Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Rachel, que é também servidora do Inep (instituto vinculado ao MEC responsável pelas avaliações e censos educacionais), conseguiu trabalhar pela primeira vez com dados longitudinais dos estudantes, ou seja, pôde acompanhar até 2013 a trajetória de uma mesma geração de alunos que ingressou nesses cursos cinco anos antes. Isso só foi possível porque, a partir de 2009, os dados do censo permitiram identificar cada universitário em todo o seu percurso acadêmico.
Além de uma minoria de alunos conseguir se diplomar nessas licenciaturas, a tese mostra que, desses poucos que se formam, a maioria, uma vez no mercado de trabalho, acaba desistindo da profissão e migra para outras ocupações, possivelmente em busca de melhores salários.
O olhar de Rachel para essas quatro licenciaturas se justifica porque elas estão entre as de maior déficit de professores em sala de aula. A tese mostra que somente 20% dos profissionais que dão aulas de física no país possuem formação adequada para esta disciplina. Esses percentuais são um pouco maiores nos casos de química (35%), biologia (52%) e matemática (64%).
Outro dado que revela o tamanho do problema nessas áreas é o percentual de alunos na educação básica que não tiveram professores nessas disciplinas. Em 2013, de acordo com o Censo Escolar, um terço das turmas do ensino médio não tiveram docentes de biologia (33%), química (35%) ou física (36%) para dar aulas. Em matemática, a proporção foi de 25%.
Ou seja, uma parcela nada desprezível de nossos jovens têm formação precária nessas disciplinas porque sequer havia professor com titulação adequada para dar aulas.
O problema não é novo, e, nos últimos anos, o Ministério da Educação tentou combatê-lo estimulando a criação de novos cursos ou tentando atrair mais alunos para essas áreas de formação de professor, oferecendo bolsas e outros incentivos tanto para professores já em atuação, mas com formação inadequada, quanto para novos alunos que pretendem seguir a carreira docente.
Esse esforço, até agora, tem se mostrado insuficiente para dar conta do desafio. Com base nas taxas de ingresso, conclusão, e em componentes demográficos e do mercado de trabalho, Rachel fez projeções do número de professores em sala de aula até 2028. Elas indicam que o problema é mais preocupante em física e matemática, pois, mesmo no cenário mais otimista, a estimativa é de que chegaremos em 2028 com um número menor de professores até do que o verificado hoje nessas duas áreas.
Ao fim, a conclusão do estudo é de que seria muito mais eficiente desenvolver políticas para evitar a evasão nesses cursos do que priorizar a ampliação do número de vagas. É como se estivéssemos insistindo em colocar mais água numa banheira com vazamentos por todos os lados.
Professores adotam o funk para motivar alunos antes do vestibular
0Paródias de hits recentes e antigos do funk fazem sucesso na sala de aula.
Professores do Rio de Janeiro contam como o ritmo foi parar na educação.
Ana Carolina Moreno, no G1
Os alunos do professor Silvio Predis, de 37 anos, não usam só o caderno e caneta para memorizar o conteúdo das suas aulas de química no Rio de Janeiro. As mãos batucando na carteira ao ritmo de funk com letras adaptadas também ajudam a reter a matéria. Predis, que dá aulas no cursinho Miguel Couto e no Colégio Santo Agostinho, afirma que começou a compor paródias de funk para motivar os estudantes a não desistirem da preparação para o vestibular
“Existe um desgaste emocional que acontece ao longo da preparação para o vestibular. A música vem em um momento para quebrar esse estresse. Numa hora dessa você consegue arrancar um sorriso que não conseguiria [de outra forma], de um aluno que pode estar bastante angustiado. Ela faz o aluno receber a química de peito mais aberto”, explicou Predis ao G1.
O professor de química levou o funk para a sala de aula há mais de dez anos e ganhou fama no Rio de Janeiro, em outros estados e até fora do país por causa disso. Segundo ele, os alunos começaram a gravar as “aulas-show” e, nos últimos anos, elas foram parar nas redes sociais. Em janeiro, ele foi convidado para dar uma aula em uma escola em Alagoas.

Silvio Predis, professor de química do Rio, ficou
famoso por suas aulas com paródias de funk
(Foto: Arquivo pessoal/Silvio Predis)
Vira e mexe Predis volta a “viralizar” na web com suas aulas. No dia 30 de junho, um usuário do Facebook publicou um de seus vídeos, reclamando, na descrição, que seus professores nunca deram aula desse tipo na sua escola. Em menos de um mês, foram mais de 12 mil compartilhamentos. No YouTube, porém, dezenas de vídeos com as aulas de Predis já renderem mais de 1,5 milhão de visualizações. Em um deles, Silvio canta a música sobre equilíbrio químico e até usa figurino para ajudar a animar os alunos.
O vídeo foi publicado por Paola Pugian, de 21 anos, em 2011. “A minha intenção era divulgar para os amigos de turma poderem estudar. Eu sentava na frente e conseguia filmar direitinho as aulas”, explicou ela ao G1. Hoje, Paola estuda farmácia na Universidade Federal Fluminense (UFF), e diz que já pensava em seguir a carreira, mas as aulas de química do professor Silvio “ajudaram um pouco mais” para que ela optasse pela profissão. “Adorava as aulas dele. As músicas eram somente uma parte das aulas. Excelente professor”, disse ela.
Vem, vem, vem, vem, vem, vem
Na oxidação o anodo é negativo
Onde ocorre a corrosão
Eletrodo corrído
Concentrando a solução
Os elétrons vão partindo
Pro catodo boladão
E o nox vai subindo
Um beijão no coração”
‘Funk da pilha’
(paródia de música de MC Niterói)
Inspiração no trânsito
Predis conta que não tem formação em música e não sabe tocar instrumentos. A ideia de usar o funk apareceu por acaso.
“Como você fica dando aula o dia inteiro, quando sai de uma aula o conteúdo fica martelando na cabeça. Liguei um som, com aquilo na cabeça girando, aí fui bolando e saiu o começo da música. Cheguei em casa, terminei a música e saiu.”
Além do ritmo, ele diz que a batida do funk é fácil de aprender e que isso ajuda na interação dos alunos. Depois da primeira apresentação, ele diz que os alunos gostaram tanto que ele acabou compondo paródias para mais de dez músicas.
Mas Predis explica que memorizar uma música não significa aprender a matéria, e que as paródias são apenas uma pequena parte da sua metodologia de ensino. “As músicas sempre acontecem como fechamento de um grande tema. A música é um fechamento, uma bonificação para aquele que prestou bastante atenção, participou.”
‘Beijinho no ombro’ dos concorrentes na Uerj
O funk também entrou na tradicional paródia pré-prova que os professores do Curso e Colégio De A a Z, também no Rio, elaboram especialmente para seus alunos. No ano passado, quem inspirou uma das montagens foi a cantora Anitta. Neste ano, o ‘Beijinho no ombro’ de Valesca se transformou no ‘Azinho na Uerj’ em uma superprodução do cursinho publicada no início de junho no canal do colégio no YouTube (assista ao vídeo acima), na véspera do primeiro exame de qualificação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
“O que a gente faz que é uma coisa nossa, uma tradição, é fazer esses vídeos mais motivacionais”, explicou Fellipe Rossi, professor de matemática e vice-diretor acadêmico do colégio. Ele também se vestiu de Valesca e protagonizou o vídeo, que foi gravado no Castelo de Itaipava, mesmo local da gravação do vídeo original que rapidamente viralizou na web. “Na véspera das principais provas aqui no Rio a gente sempre faz esses vídeos. É para os alunos que estão mais cansados, mais nervosos, conseguirem dar uma relaxada.”
Segundo Fellipe, o trabalho é coletivo: a produtora de vídeos do colégio se ocupa da filmagem e edição, e os professores dividem as tarefas de elaboração das letras e do figurino.
Antes de publicarem o vídeo na web, os professores também passam o resultado final na sala de aula. “Quando termina de passar, a reação dos alunos é inexplicável. Uns choram, uns riem, uns choram de rir”, diz o professor de matemática.
O funk no vídeo não explica nenhum conteúdo que cai nas questões do vestibular, mas estimula os jovens vestibulandos a acreditarem que o esforço na preparação antes das provas vai valer a pena no final. “Eles percebem como a gente se esforçou, se superou para fazer isso tudo. E a mensagem é exatamente essa: a gente é capaz de tudo para tentar fazer os alunos se prepararem melhor, relaxarem, porque eles são capazes de coisas que nem imaginam.”