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Como saber a hora da primeira vez

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A primeira vez delas: em tese, as meninas começam a amadurecer o suficiente para lidar com a primeira relação sexual entre os 14 e 15 anosA primeira vez delas: em tese, as meninas começam a amadurecer o suficiente para lidar com a primeira relação sexual entre os 14 e 15 anos (Thinkstock)

Aretha Yarak, na Veja Online

A escritora Thalita Rebouças é um fenômeno editorial. A venda de seus livros já ultrapassa mais de um milhão de exemplares. Muito do seu sucesso deve-se ao livro Era Uma Vez Minha Primeira Vez, no qual descreve os dilemas que se apoderam das adolescentes sobre a hora certa de ter a primeira relação sexual — um momento naturalmente permeado de dúvidas. Alçada à condição de guru entre as meninas, recebe mais de 100 e-mails por dia. Cerca de 20% deles são para conversar sobre o início da vida sexual. “A principal dúvida delas é saber se eu acho que elas estão prontas ou não”, diz a autora. Thalita reconhece que não está apta a opinar em uma questão tão pessoal e importante. “Não dou esse tipo de conselho, pois não conheço as meninas. Sempre peço que elas conversem com alguém do universo delas, como os pais”, afirma, com razão. Em tempos onde o sexo é tema recorrente até em propagandas de sabonete, o papel orientador dos pais faz-se cada vez mais necessário. Não basta ter um corpo maduro para entregar-se à primeira relação, especialistas alertam, é preciso esperar também pelo amadurecimento psicológico, tão ou até mais importante nesse caso.

As perguntas que chegam a Thalita são feitas por uma maioria esmagadora de meninas entre 13 e 16 anos, curiosas ainda sobre o uso da camisinha ou se é preciso estar namorando para perder a virgindade. As protagonistas do livro têm entre 15 e 19 anos, quando perdem a virgindade. A autora é enfática ao afirmar que a infância não deve ser encurtada. “Meninas de oito anos já me procuraram dizendo que leram meu livro. Fico chocada. É muito cedo para elas. Digo para esperarem até ficarem mais velhas”, diz Thalita.

De acordo com Alexandre Saadeh, psiquiatra especialista em sexualidade e professor da PUC-SP, não há uma idade padrão e indicada para o primeiro ato sexual. Em termos fisiológicos, no entanto, a garota estaria mais preparada acima dos 14 ou 15 anos. Biologicamente, é a menarca que determina o amadurecimento do organismo feminino. Com a primeira menstruação, o corpo da garota dá o sinal de que está pronto para a concepção – e, assim, para o sexo.

Uma coisa, no entanto, é o amadurecimento fisiológico do corpo, outra é o bom senso diante de uma questão tão importante, que pode determinar uma série de consequências no futuro da jovem. A legião de mães solteiras adolescentes pode atestar que uma garota nessa idade não tem condições de arcar emocionalmente com o peso do resultado quando algo sai errado. Uma gravidez, por exemplo, pode significar ter de adiar – ou até descartar – sonhos e projetos de uma faculdade, um intercâmbio no exterior, viagens, diversão com outros jovens da mesma idade.

Pílula não é tábua de salvação — Toda adolescente precisa saber que o início da vida sexual implica em uma série de cuidados obrigatórios com a saúde: a ida períódica ao ginecologista para a realização de exames como o papanicolau e a preocupação constante com as doenças sexualmente transmissíveis são alguns deles. Outra preocipação constante na rotina de quem está ativa sexualmente é contracepção. Por mais que logo após a primeira menstruação o organismo esteja apto para uma relação, os médicos recomendam que pílulas anticoncepcionais só comecem a ser usadas dois anos depois. Isso porque o eixo hipotálamo-hipofisário, estrutura cerebral responsável pela produção de diversos hormônios, entre eles o que regula os ovários, demora esses dois anos para estar completamente amadurecido, alerta Liliane Diefenthaeler Herter, presidente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Infanto-Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

O uso da pílula desperta ainda outros cuidados. De acordo com Maurício de Souza Lima, hebiatra (especialista em adolescentes) do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e médico do Hospital de Clínicas de São Paulo, algumas garotas tomam a pílula que a amiga está tomando, sem ter feito todos os exames clínicos e laboratoriais necessários para saber qual a melhor indicação. “É preciso descartar alguns fatores de risco, que só o médico pode fazer no consultório, como tendência familiar à trombose, problemas hepáticos e alterações na coagulação”, diz.

Além do uso da camisinha, é importante que a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) seja tomada já a partir dos nove anos. A indicação precoce se deve aos riscos de transmissão do vírus mesmo sem que haja a penetração. “O HPV não é transmitido apenas na relação sexual completa, mas também durante as preliminares, com o toque da mão ou do corpo do parceiro”, diz o hebiatra Maurício de Souza Lima. Assim, como no início da descoberta sexual os jovens costumam apenas ‘brincar’, o risco de transmissão do vírus é alta.

Escolhas erradas — Segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh, professor da PUC-SP, é fundamental que a garota tenha todas as informações básicas e uma boa orientação de alguém que confia antes de tomar a decisão. Ela precisa saber que os sinos podem não tocar. E em vez disso, ela poderá sangrar e sentir desconforto – nem sempre a primeira vez é prazerosa, se a garota não estiver relaxada e devidamente protegida. Outra coisa importante é ela estar segura para entender que as coisas podem mudar – e melhorar – conforme for ganhando confiança em si e no parceiro, conhecimento do próprio corpo, enfim… amadurecendo. Em resumo: amadurecimento é a palavra-chave para a qualidade e a saúde na vida sexual.

Timão ganha livro de luxo e especial em homenagem ao centenário

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Publicado originalmente no Globo Esporte

Edições de 30 quilos e mais de 600 páginas terão preços variados entre R$ 6.500, R$ 9 mil e até R$ 15 mi

Ronaldo é um dos personagens do livro especial sobre o centenário do Timão (Foto: Divulgação)

Ronaldo é um dos personagens do livro especial sobre o centenário do Timão (Foto: Divulgação)

O Corinthians completou 101 anos de vida no último dia 1º de setembro, mas aquele torcedor mais fiel – e com dinheiro – poderá guardar um livro de luxo e especial em comemoração ao centenário alvinegro.

A Toriba Editora lança ainda neste mês 1.500 edições do Collector’s Book Nação Corinthians, que contará com depoimentos de corintianos ilustres, autógrafos de personalidades e imagens históricas do Timão. Mas os valores fogem dos padrões tradicionais já conhecidos pelos torcedores de futebol.

As dez primeiras edições (0002 a 0011) custarão R$ 15 mil e terão um acabamento especial, apresentadas em estojo de madeira e com capa em couro italiano, além de seis páginas com autógrafos de ídolos do Corinthians.

As versões de valor intermediário (até a edição 0100) custarão R$ 9 mil e terão revestimento em couro natural e apenas uma página autografada. Os exemplares mais baratos da coleção (da edição 0101 até a 1500) custarão R$ 6.500.

Livro de luxo em homenagem ao centenário do Timão terá 30 quilos e mais de 600 páginas

Livro de luxo em homenagem ao centenário do Timão terá 30 quilos e mais de 600 páginas

Por que a Escandinávia é terra fértil para livros policiais

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Depois do sucesso avassalador de Millenium, de Stieg Larsson, o mundo se rende à ficção criminal que vem da Escandinávia

Publicado originalmente na revista Exame

Ronaldo Bressane, da

Jonathan Harriot / Stock Xchng

 

Faca e sangue

Mesmo sendo uma região aparentemente pacífica, a Escandinávia deu ao mundo autores criminais de alto nível

O cheiro de podre que Hamlet sentia no reino da Dinamarca se espalhou por toda a região nórdica. Renda-se às evidências. Em Oslo, um serial killer deixa pentagramas em forma de diamantes vermelhos nas pálpebras das vítimas, de quem costuma arrancar um dedo. Na praia de uma cidade da Suécia foi encontrado o corpo de uma jovem; sob o cadáver jaziam mais dois esqueletos de mulheres, assassinadas há décadas. Em Jukkasjärvi, outra aldeia sueca, uma pastora é enforcada em plena igreja. Na Lapônia, lar do Papai Noel, o cúmulo: uma onda de homicídios de velhinhos. Isso tudo em três anos, fazendo da Escandinávia um lugar bem mais perigoso do que o Iraque ou o Congo.

Essas cenas vêm de enredos de romances policiais escandinavos lançados no Brasil. A frente fria pega carona, claro, no sucesso de Stieg Larsson — cuja trilogia Millenium vendeu aqui mais de 350 mil exemplares, 66 milhões no mundo todo (só perde para Paulo Coelho, e escreve muito melhor). O enigma é: por que uma região aparentemente tão pacífica deu ao mundo tantos autores criminais de alto nível? O que tem de diferente na água (ou vodca) que eles bebem? Algumas conjecturas: o longo inverno mantém os escandinavos dentro de casa por muito tempo — estão entre as nações com mais leitores no planeta. E eles amam romances policiais.

Assim, gerações e gerações educadas lendo sobre crimes aprenderam todos os truques do gênero. Outra é que romances policiais vendem. Quase todos os autores agora lançados já se aventuraram em poesia, teatro, romance psicológico e até mesmo ficção experimental, antes de mergulhar nesse gênero com consistência — e com o engenho que caracteriza a cultura nórdica. Talvez o mais peculiar tempero para o sucesso escandinavo esteja na sutil noção de paradoxo. Em quase todos os romances, o cenário evoca a tranquilidade e a ordem que esperamos dessas gélidas sociedades; quando um crime aparece, é o fim do mundo. Uma morte suja contrasta mais com um campo de neve do que com um beco de Los Angeles ou Londres.

O finado Stieg Larsson explorava esse chiaroscuro entre crimes cruéis e lugares bacanas de Estocolmo. Uma cena de A Garota Que Brincava com Fogo se passa numa unidade da Ikea, famosa loja de design sueca. Ele aproxima violentamente um mundo asséptico e cosmopolita, em que as pessoas brincam com iPods, iPads e outros gadgets, a delitos surpreendentes envolvendo ativistas de esquerda, hackers obsessivos, burocratas corruptos, molestadores de crianças e jornalistas investigativos. Como seu herói, Mikael Blomkvist — que será vivido por Daniel Craig no remake de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, dirigido por David Fincher, com estreia prevista para dezembro.

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10 dicas para escrever melhor

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Publicado originalmente no Livros e Afins

O blog Pick The Brain trouxe uma lista com 10 dicas dos mestres para escrever melhor.

Traduzi e adaptei:

  1. Corte as partes chatas: desenvolva a sensibilidade para descobrir quais partes de seu próprio texto você pularia. Provavelmente o leitor também faria o mesmo. Se é uma parte essencial, então está mal escrita: reescreva; se não for essencial, corte.
  2. Corte as palavras desnecessárias: não afirme nunca que uma coisa é interessante ao seu leitor. Se for interessante de fato, o seu leitor é inteligente o suficiente para perceber isso. O mesmo vale para adjetivos, advérbios e afins. Um substantivo bem colocado vale muito mais que tais categorias gramaticais. (Agora leia com as palavras cortadas e perceba como faz sentido).
  3. Escreva com paixão: se você não estiver interessado no que você escreve, quem estará?
  4. Desenhe com palavras: não afirme que uma coisa é interessante ou importante. Dê os dados necessários para que o leitor descubra isso sozinho. Não diga que o luar é bonito: explique como ele atravessa a vidraça, abraça a madeira dos móveis e projeta uma luz levemente azul, sem calor, na parede branca como se fosse a tela de um filme prestes a começar.
  5. Escreva simples: as artes japonesas são boas nisso. Hai-kais são curtos e conseguem desenhar cenas inteiras. Samurais resolviam lutas complexas com poucos golpes de espada. Diga o necessário, diga rápido, diga tudo.
  6. Escreva porque você gosta: se você não gosta, de nada adiantará. Se você fizer isso sem esperar nada em troca, em algum momento talvez alguém ofereça algo. Se não oferecerem, ao menos você está fazendo algo de que gosta.
  7. Saiba quando aceitar a rejeição e quando rejeitar a aceitação: quando você publica escritos seus está sujeito aos elogios e às críticas desmedidas. Saiba lidar com as duas situações.
  8. Escreva, escreva, escreva: se você escreve em seu blog uma vez por mês, as chances de que seu estilo melhore são menores do que se você escrever todos os dias. Isso nem sempre é verdade, mas quantidade conduz à qualidade.
  9. Escreva sobre o que você sabe e sobre o que você quer saber: a primeira parte dessa afirmativa diz respeito à especialização. Se você é uma autoridade em um assunto, seu texto vai fluir melhor e transmitir domínio. A segunda parte diz respeito ao desejo dessa autoridade.
  10. Seja único: ouse experimentar novos estilos. Seguindo o que já deu certo, você repetirá fórmulas.

 

Se você quer mesmo saber quem foram os escritores deram todas essas dicas recomendo veementemente com grande ênfase e entusiasmo a visita ao artigo The Art of Writing: 10 Tips from the Masters.

Um jogo em capítulos

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Publicado originalmente no Link

Livro interativo mistura literatura, games e vida real e questiona os limites da ficção

17 finais. Escritora criou fluxogramas e fez aulas de Lógica para organizar o livro. FOTO: Wilton Junior (AE)

17 finais. Escritora criou fluxogramas e fez aulas de Lógica para organizar o livro. FOTO: Wilton Junior (AE)

Qualquer artista espera que seus trabalhos sejam olhados, ouvidos ou lidos. E para produzir, é preciso imaginar o quem está do outro lado da obra. Agora imagine escrever um livro pensando em vários modelos de leitores que podem intervir no destino dos personagens.

Após conquistar uma das bolsas do Programa Petrobras Cultural, Simone Campos, uma jovem escritora carioca, resolveu experimentar o desafio. Para isso, baseou-se em um tipo de literatura conhecida como livro-jogo ou ficção interativa, e armou uma história na qual o protagonista é um técnico de informática louco por videogames.

Seu novo livro Owned – Um Novo Jogador, em processo final de edição, tem 274 páginas e 17 desfechos possíveis. O mais curto vem logo na página 80 e o mais longo, na 229. O estilo não-linear segue uma característica da literatura que ficou famosa com o escritor argentino Julio Cortázar em seu romance O Jogo da Amarelinha (ed. Civilização Brasileira, 604 págs., R$ 44,50). A “rayuela” do título original é um jogo que se equivale à nossa amarelinha, em que o jogo muda conforme uma ação do jogador.

Em Owned, o personagem André ganha um objeto enquanto joga um game no computador e, a partir desse momento, sua vida começa a ser afetada pelas ações no ambiente virtual. A escritora afirma que assim como o personagem Dom Quixote, André também sofre na sua vida real por causa de elementos imaginários ou virtuais. “O objetivo é mostrar o poder da ficção no dia a dia das pessoas”, diz a autora.

A cada capítulo, o leitor decide qual atitude o personagem deve tomar, o que o leva a uma página diferente e, consequentemente, a uma outra história. Assim o leitor não só participa como molda o personagem, o que, segundo a autora, cumpre um dos objetivos do livro que é fazer o leitor refletir sobre sua personalidade e caráter. O livro estará disponível também online. Além de gratuita, a edição na web permite gravar as escolhas do leitor.

Gamer. Simone Campos, de 28 anos, com três livros e diversos contos na carreira, teve uma infância baseada nos dois elementos: literatura e videogame. Assim como André, Simone Campos também ganhava livros e jogos eletrônicos do padrinho desde os sete anos. Ela ainda é uma jogadora fiel e dona de um PlayStation 3 e, hoje, avalia sua infância e seu hobby favorito com mais maturidade.

Para ela, jogos cumprem a função de “largar âncoras longe da realidade”, diz. “A ficção inclui tudo que é fantasia: livro, videogame, imaginação, mentiras; elementos que servem para escapar e retrabalhar a vida real. A forma como você vive uma vida paralela na sua cabeça influencia a forma como vai ver a sua vida real.”

Videogames carregam o prejuízo de serem vistos como um desvio, sempre responsabilizados por notas baixas na escola ou introversão. A escritora carioca espera que seu livro seja não só uma quebra desse preconceito mas também tem a esperança de unir os dois mundos e seus habitantes. “Eu quero que leitores que nunca tiveram contato com videogames passem a jogar; e jogadores que se mantêm longe dos livros, se interessem por literatura”, diz. Até porque “o livro é como se fosse um software e a cabeça, o hardware”.

Owned - Um Novo Jogador

Questionada sobre a relação entre atrocidades no mundo real e jogos violentos, a escritora-gamer se mostra irritada. “Essa ligação é absurda. E quando o assassino é religioso? Veja Macbeth (William Shakespeare) ou Dom Casmurro (Machado de Assis). Não há violência quando Bentinho tenta matar o filho? E a suposta onda de suicídios após o Os Sofrimentos do Jovem Werther do Goethe? Videogame é arte e obras de arte em geral são capazes de muita coisa.”

Simone, que quando jovem fugiu da literatura de “moçoilas” para os videogames, explora o seu ponto de vista crítico quanto à visão desequilibrada em relação às mulheres também em Owned. Embora o protagonista seja homem, ele terá de se envolver com sete mulheres durante a história. Moldando suas personagens, Simone relembra heroínas duronas como Lara Croft, de Tomb Raider, mas diz que o perfil mais comum no mundo do games ainda é de mulheres muito frágeis ou seminuas e atraentes. No livro, algumas delas são nerds, fãs de pornografia e jogadoras ferrenhas.

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