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Uma das maiores bibliotecas de História da Arte e História Medieval do mundo reabre em Paris
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Salle Labrouste, Richelieu © JC Ballot/ BnF /Oppic/Inha/Enc
Construído em 1635, o local foi reinaugurado no fim do ano passado e hoje reúne três instituições: a Biblioteca, o Instituto Nacional de História da Arte e a Escola de Chartes, um dos mais importantes centros de história medieval do mundo. A renovação vai continuar e uma nova ala será aberta em 2020.
Letícia Constant, na RFI
Título original: Biblioteca Richelieu, em Paris, reabre mais moderna para atrair novo público
A ideia foi recriar um lugar único e o resultado é mágico. Podemos dizer que os arquitetos franceses Virgine Brégal e Bruno Gaudin cumpriram a missão: valorizaram o aspecto histórico do edifício, suavizaram a austeridade das grandes bibliotecas tradicionais e criaram um clima que convida um público maior a vir conhecer a nova Biblioteca Richelieu, que fica bem no centro de Paris.
E é justamente a descoberta deste patrimônio arquitetônico uma das propostas mais ambiciosas, para atrair não somente os leitores como também os admiradores de arte.

Galeria Rondel, Artes do espetáculo, Richelieu
© JC Ballot/ BnF /Oppic
Cheng Pei, chefe do projeto Richelieu, me fez descobrir salas suntuosas cuja beleza são de tirar o fôlego, entre elas, a mundialmente famosa Sala Labrouste, que leva o nome do arquiteto, pioneiro na utilização de ferro no interior. Ele nos fala sobre a renovação do prédio histórico, de 2011 a 2016. “Esta renovação é, em primeiro lugar, um desafio arquitetônico. Trata-se de renovar as infraestruturas, os equipamentos técnicos para garantir a segurança das pessoas, mas também para melhorar as condições de conservação de nossa coleção patrimonial. É também um projeto científico e cultural, é um desafio maior da renovação propor a nossos pesquisadores e leitores um polo de excelência em matéria de História da Arte e de Patrimônio, com as três bibliotecas reunidas. Acho que temos aqui a maior biblioteca do gênero”.
Cheng Pei também ressalta a importância do local seduzir novos visitantes. “Nosso outro desafio é cultural, é estender nossa oferta ao público, abrir esse espaço. Teremos um percurso de visita, um museu que será criado, espaços que serão abertos a todas as pessoas, sejam estudiosos ou simples visitantes”, informa.

Rotonda das Artes do espetáculo, Richelieu
© JC Ballot/ BnF /Oppic
Diante da imensidão das salas da Biblioteca Richelieu, uma pergunta se impõe: quantos livros estão aqui dentro?
“É muito difícil dizer, pois não há somente livros aqui, temos coleções especializadas, manuscritos, estampas, moedas, medalhas, partituras musicais, textos de artes e espetáculos… Podemos estimar, se quisermos dar um número, que temos cerca de 22 milhões de documentos”, observa Cheng Pei.
Richelieu: arquitetura já era inovadora no século XIX
Visitar a Biblioteca Richelieu é explorar um lugar quase mágico, como confirma a arquiteta de patrimônio, Camille Brêtas. “É realmente um espaço impressionante com sua arquitetura do século XIX, com aqueles volumes, uma arquitetura super inovadora para a época. Tem uma estrutura toda de ferro na sala Labrouste, que inclusive é o nome do próprio arquiteto que fez o projeto, ele foi um dos primeiros a utilizar arquitetura de metal; e tem poucos exemplares aqui na França”, diz Camille.

Galerie de verre, Richelieu
©BnF/Inha/Enc – Bruno Gaudin, Virginie Brégal, Architectes Paris
Sobre as obras de restauração destes quatro últimos anos, ela afirma que foram de uma complexidade e de um investimento bem elevados. “A obra foi muito complexa, com muitas obras literárias antigas, com papel é sempre muito complicado. A redescoberta desta biblioteca vai ser um momento importantíssimo para a história da restauração e da arquitetura para o grande público também”, se entusiasma a arquiteta.
A renovação da Biblioteca Richelieu continua até 2020, abrangendo todo o quarteirão, com duas entradas: uma pela pela rue vivienne e a outra pela rue de Richelieu.

Entrada da biblioteca Richelieu
©Photo JC Ballot/ BnF