Posts tagged Bob Dylan
Bob Dylan não vai à cerimônia de premiação do Nobel de Literatura
0
Bob Dylan em show de 2012 – KI PRICE / REUTERS
Cantor e compositor americano alegou ‘compromissos preexistentes’
Publicado em O Globo
RIO — O cantor e compositor americano Bob Dylan, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2016, decidiu que não vai à cerimônia de premiação em Estocolmo, anunciou a Academia Sueca, nesta quarta-feira.
Reconhecidamente avesso à imprensa, Dylan disse há três semanas que aceitaria o prêmio de US$ 900 mil, após repetidas tentativas da Academia de entrar em contato com ele desde que sua vitória foi divulgada, no dia 13 de outubro.
Agora, a Academia disse em nota que recebeu uma carta de Dylan explicando que, por conta de “compromissos preexistentes”, ele não teria condições de viajar a Estocolmo em dezembro.
“Estamos ansiosos pela conferência de Bob Dylan, que ele precisa conceder — esse é o único requisito do prêmio — dentro de seis meses contados a partir do dia 10 de dezembro”, diz o comunicado, que afirma ainda que novas informações serão divulgadas nesta sexta.
A conferência não precisa ser realizada em Estocolmo. Quando a romancista britânica Doris Lessing foi premiada com o Nobel de Literatura em 2007, ela escreveu um discurso e mandou para seu editor sueco, que leu o texto em uma cerimônia na capital do país.
Entre outros vencedores do Nobel que não participaram da cerimônia estão o britânico Harold Pinter e a austríaca Elfirede Jelinek.
Bob Dylan fala de cerimônia de Nobel pela primeira vez: ‘Vou se for possível’
0
O cantor e compositor Bob Dylan, durante show no festival Vieilles Charrues em Carhaix-Plouguer, no oeste da França, em julho de 2012 (Foto: Fred Tanneau/AFP/Arquivo)
Ele pretende ir à premiação e diz a jornal ‘Telegraph’ que é ‘difícil de acreditar.
Academia Sueca diz que ele ligou e disse: ‘Se eu aceito prêmio? É claro’.
Publicado no G1
Após duas semanas de silêncio, Bob Dylan falou sobre ter ganhado o Nobel de Literatura, em entrevista ao jornal britânico “The Telegraph” e em comunicado divugado pela Academia Sueca, ambos publicados nesta sexta-feira (28). Ao ser questionado se pretende ir à cerimônia de premiação, ele disse ao jornal: “Absolutamente. Se for possível”.
A Academia Sueca, que concede o Nobel, divulgou um comunicado dizendo que o cantor ligou para eles nesta semana e disse: “Se eu aceito o prêmio? É claro”. “A notícia sobre o Prêmio Nobel me deixou sem palavras. Eu agradeço muito por essa homenagem”, disse o compositor.
O comunicado diz que ainda não está decidido se Dylan vai participar presencialmente da cerimônia do Nobel em dezembro, em Estocolmo.
O prêmio foi anunciado há duas semanas, e o cantor chegou a ser criticado por não atender às ligações da Academia nem se pronunciar sobre o prêmio
O compositor disse ao “The Telegraph” que, ao saber que tinha ganhado, achou “supreendente, incrível. Quem sonharia com uma coisa dessas?”. “É difícil de acreditar”, afirmou Bob Dylan.
O “Telegraph” questiona o artista por ele não ter respondido antes às ligações de congratulação da academia. Ele não explica a falta de resposta e afirma apenas: “Bem, eu estou aqui”.
Ao ser questionado se concorda com a afirmação da Academia Sueca de que suas canções estão no patamar da alta literatura, ele diz com “hesitação”, segundo a reportagem: “Acho que sim, de certa maneira. Algumas de minhas músicas – ‘Blind Willie’, ‘The Ballad of Hollis Brown’, ‘Joey’, ‘A Hard Rain’, ‘Hurricane’ e outras – têm um valor homérico [em referência ao poeta grego Homero, citado pela Academia ao justificar a premiação].”
Nobel
Bob Dylan, de 75 anos, foi anunciado no dia 13 de outubro como o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2016. A escolha foi divulgada em um evento em Estocolmo, na Suécia. Além do título, Dylan, que é considerado um dos maiores nomes da música do século XX, poderá receber 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,9 milhões).
A opção por um músico – e não por um escritor de ofício – soa incomum, mas o nome do Dylan vinha sendo cotado havia muitos anos. Também poeta e com diversos livros lançados (veja lista abaixo), o artista é aclamado sobretudo pelo lirismo de suas letras. Desta vez, no entanto, ele não estava entre os favoritos nas casas de apostas.
Reconhecendo que o Nobel de literatura de 2016 pode parecer surpreendente, a secretária-geral da Academia Sueca, Sara Danius, declarou que Dylan foi escolhido “por criar novas expressões poéticas dentro da grande tradição da música americana”.
A academia citou ainda que “Dylan tem o status de um ícone” e que “sua influência na música contemporânea é profunda”. “Ele é provavelmente o maior poeta vivo”, declarou Per Wastberg, membro da instituição.
A nota biográfica do prêmio afirma que “Dylan gravou um grande número de álbuns que giram em torno de temas como a condição humana, religião, política e amor”. Dentre os clássicos compostos por ele, estão “Blowin’ in the wind”, “Subterranean homesick blues”, “Mr. tambourine man” e “Like a rolling stone”.
Vargas Llosa considera que dar o Nobel a Bob Dylan foi “um equívoco”
0
Mario Vargas Llosa recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Burgos
| EPA/ Santi Otero
Talvez no próximo ano a Academia Sueca dê o prémio a um futebolista, disse o escritor, que recebeu o Nobel em 2010.
Publicado no Diário de Notícias
A cultura “tende a converter-se em espetáculo” e aquilo que se apresenta como uma democratização cultural não é mais do que “banalização do frívolo”. Estas foram as palavras do escritor peruano Mario Vargas Llosa, que ganhou o Nobel da Literatura em 2010, quando, ontem, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Burgos, em Espanha. E considerou que um dos exemplos mais recentes do domínio da cultura do espetáculo é o facto de a Academia Sueca ter atribuído o prêmio Nobel da literatura ao músico Bob Dylan.
Vargas Llosa deixou claro que gosta de Dylan como cantor mas, na sua opinião, este prêmio foi um equívoco. E perguntou se, para promover ainda mais o Nobel, no próximo ano o vão dar a um futebolista. Na sua opinião, o premio deveria distinguir uma grande obra que tenha marcado um tempo, ou a obra de um autor até aí pouco conhecido mas que mereça esse reconhecimento, “e não o espetáculo de um grande cantor”.
Na conferência de imprensa que deu na ocasião, o escritor reconheceu que “há um público que exige” esta cultura do espetáculo e que, graças às novas tecnologias e redes sociais, “é impensável a censura”. Porém, esta cultura tem aspectos “preocupantes” e “aterradores”, como o facto de a mentira poder espalhar-se com facilidade. Cabe, por isso, às elites culturais (“que não resultam do privilégio mas do esforço e do talento”) contrariar esta tendência. E não estimulá-la, como fez a Academia Sueca.