A Diferença Invisível

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Por que este professor quer que você demita o seu coach

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Svend Brinkmann (Foto/Divulgação)

Svend Brinkmann (Foto/Divulgação)

Para filósofo dinamarquês, ler autoajuda não traz sucesso e fazer coaching é mais perigoso do que parece. Veja a entrevista exclusiva

Claudia Gasparini, na Exame

São Paulo — Olhe bem para o espelho, respire fundo e repita para si mesmo em voz alta: o 1º passo para o sucesso é… esquecer a autoajuda. O 2º passo é demitir o seu coach. Pelo menos se você for convencido pelas ideias de Svend Brinkmann, professor na Universidade de Aalborg, na Dinamarca.

Autor do livro “Stand Firm: Resisting the Self-Improvement Craze” (em tradução livre, “Fique firme: Resistindo à mania do autodesenvolvimento”), ele é crítico ferrenho da psicologia positiva e da crença de que a felicidade é uma escolha.

Em entrevista por telefone a EXAME.com, o filósofo dinamarquês afirma que parte da indústria da autoajuda só contribui para reforçar o problema que ela própria diz combater: a infelicidade causada pelo individualismo e pelo desinteresse em soluções coletivas.

Brinkmann faz um diagnóstico parecido sobre o efeito do coaching para o mundo do trabalho. “O próprio conceito de coach [“treinador”, em inglês], que vem do mundo dos esportes, pressupõe que você está competindo com os demais para vencer o jogo. Há um perigo em enxergar a vida como uma partida em que há vencedores e perdedores”, explica. Caminho contrário: Abaixo a competição nas empresas

A seguir, confira os principais trechos da conversa com o professor, em que ele fala sobre as relações entre produtividade, sucesso e ética — e dá um conselho para os brasileiros enfrentarem a situação amarga do mercado de trabalho sem cair em “discursos motivacionais baratos”:

EXAME.com – O que há de errado com a autoajuda?

Svend Brinkmann – Na verdade, o problema não é a autoajuda em si. Não nego que livros desse tipo podem ajudar certas pessoas, até porque também há bons títulos dentro desse gênero. Ainda assim, no geral, essas obras só reforçam o problema que supostamente deu origem a elas.

Incutem a ideia de que felicidade é uma escolha individual, algo que “só depende de você”. E quando as pessoas fracassam — o que acontece com qualquer ser humano — elas se enxergam como as únicas responsáveis pela própria derrota. Elas se sentem culpadas por algo que não estava sob seu controle.

A autoajuda é um sintoma de um outro problema, subterrâneo, mais grave, que é o individualismo. As pessoas se sentem desligadas umas das outras, completamente sozinhas, quando acreditam que podem atingir seus objetivos de vida, por conta própria, se seguirem “7 passos para a felicidade” ou algo parecido.

Livros com “receitas” como essa frequentemente viram best-sellers. Por quê?

Todo mundo deseja ser feliz, fazer fortuna, ter muitos amigos, construir uma carreira incrível. Apresentar esse objetivo como algo que depende só de você, como indivíduo, é algo muito atraente. A ideia se popularizou tanto que podemos dizer que está presente em tudo, inclusive na forma como as pessoas entendem o desenvolvimento das suas competências no trabalho. Aprenda: Como construir uma carreira à prova de crise

Numa era de incertezas como esta que vivemos, as pessoas se viram cada vez mais para dentro de si mesmas para tentar ter sucesso. A indústria da autoajuda ofereceu ferramentas a elas nesse sentido. Antes, não havia essa ideia de que era sua responsabilidade ser feliz. Era algo mais diluído em práticas culturais. Agora virou uma questão individual.

Qual é a origem desse fenômeno?

Os primeiros livros de autoajuda foram lançados na metade do século 20. Um dos exemplos mais famosos é “O poder do pensamento positivo”, lançado em 1952 pelo [pastor norte-americano] Norman Vincent Peale.

Uma curiosidade é que Peale foi o sacerdote da família de Donald Trump desde quando ele era criança, em Manhattan, e chegou a conduzir sua cerimônia de casamento [com a primeira esposa, Ivana]. Trump já citou “O poder do pensamento positivo” como um livro bastante inspirador para ele.

O livro de Peale fala sobre como você pode conseguir o que quiser se tiver pensamentos positivos. E veja o que aconteceu com Donald Trump! É um perigo. Eu pessoalmente sou bastante cético com relação a Trump e, assim, temo que essas técnicas sejam usadas para fins problemáticos.

Como essas técnicas aparecem no mundo do trabalho?

O mundo do trabalho se tornou muito psicologizado. Não são apenas as minhas competências que preciso desenvolver, mas também a minha personalidade, os meus sentimentos mais íntimos. Para ser um bom profissional hoje, preciso fazer cursos de desenvolvimento pessoal, coaching e por aí vai.

O empregador não pede apenas para o funcionário vender o seu tempo por uma certa quantia de dinheiro, mas também vender a si mesmo, a sua personalidade. Se eu me entregar nesse sentido, eu realmente não tenho nada mais que é meu. Esse é o problema.

Que tipo de mentalidade deveria existir, então?

Deveríamos pensar em termos mais coletivos. Não sou contra os objetivos que os livros e cursos de autoajuda pregam. Eu também quero que as pessoas sejam felizes e conquistem seus sonhos! [risos] Mas nós precisamos pensar na forma como tentamos fazer isso. Precisamos lembrar que os nossos males e tristezas têm uma natureza política. Portanto, os desafios precisam ser resolvidos de forma social, e não só individual.

Quando seguem o discurso do autodesenvolvimento, as pessoas tentam ser versões melhores de si mesmas, mas esquecem que também são responsáveis pelas demais. Vivemos numa sociedade que não dirige a sua atenção às necessidades dos outros. A alternativa à autoajuda, a “antiautoajuda”, seria ajudar o outro em vez de ajudar a si mesmo.

O autodesenvolvimento – isto é, estar interessado no próprio aperfeiçoamento pessoal e profissional – exclui a possibilidade de cuidar das outras pessoas?

Não, em princípio não. Teoricamente é possível ter um foco no seu próprio desenvolvimento sem deixar de pensar nos demais. Mas, na prática, essa atenção que você dirige a si mesmo, por meio da autoajuda, dificulta o pensamento nos outros.

Muita gente diz que você precisa primeiro amar a si mesmo para então amar o outro. Elas citam aquela instrução que recebemos em viagens aéreas: em caso de despressurização, coloque a máscara de oxigênio antes em você, e só então ajude a pessoa ao seu lado. Para mim isso está completamente errado. Não no sentido literal do avião, claro! Mas, na vida, precisamos estar lá para o outro, incondicionalmente, e não pensar antes em nós mesmos.

Para aproveitar a metáfora, imagine que a humanidade é um avião em queda livre. Hoje, as pessoas só estão preocupadas em respirar nas suas máscaras de oxigênio. Estamos chamando isso de autoajuda, “mindfulness”, e por aí vai. Ocorre que ninguém se levanta para checar que se há algum piloto na cabine, tentando salvar o avião. Se fizessem isso, descobririam que a cabine está vazia.

O que deveríamos fazer? Assumir o controle da cabine e tentar salvar o avião da queda. O que estamos fazendo? Estamos concentrados em respirar nas nossas máscaras individuais. O que quero dizer com essa imagem é que estamos numa sociedade desestruturada, que está enfrentando muitas crises, como um avião caindo. E nós somos esses passageiros que ficam sentados em suas poltronas, concentrados na sua própria felicidade e no seu próprio sucesso, nas suas máscaras de oxigênio.

Deveríamos sair dos nossos lugares e buscar uma solução sistêmica se quisermos salvar o avião, ou o mundo, do desastre. Não vamos melhorar o mundo se apenas melhorarmos nós mesmos. Precisamos agir juntos.

O mundo de trabalho está cada vez mais competitivo. Não seremos menos produtivos se tirarmos o foco do autodesenvolvimento?

Todos nós queremos ter um emprego e contribuir para o progresso. Não há nenhum problema em ser produtivo, em adquirir novas competências para trabalhar melhor. O problema é que o discurso sobre maximizar a produtividade tem uma consequência paradoxal. Ele deixa as pessoas cansadas e tristes, o que as torna menos criativas e menos eficientes.

Seres humanos fazem um bom trabalho quando se sentem seguros, quando sentem que podem confiar nos seus chefes, nos seus colegas. A economia moderna, a economia do conhecimento, precisa de pessoas que tenham coragem de desenvolver novos produtos e novas ideias. Todo mundo sabe disso. Mas o sistema que temos não tem dado sustentação a esse fato.

Talvez seja uma herança da velha sociedade industrial, por exemplo, que os empregadores ainda falem de seus funcionários como “recursos humanos”. Como se pessoas fossem recursos comparáveis a carvão ou petróleo. Coisas que se deve explorar, usar, otimizar.

Em primeiro lugar, isso é antiético, pessoas não são recursos, são seres humanos, com dignidade e direitos, elas não são coisas. Em segundo lugar, não é produtivo. Na vida moderna, precisamos trabalhar em equipe, com autonomia, com horários flexíveis. O modelo de trabalho mudou, exige mais liberdade. As pessoas precisam ser tratadas como pessoas, não como recursos humanos.

Na Dinamarca e em muitos países, há estatísticas assustadoras sobre a quantidade de profissionais com depressão, ansiedade, estafa por causa dos seus empregos. Esse tipo de coisa não poderia existir em um mundo civilizado. Nós deveríamos conseguir trabalhar sem passar por esses problemas. Você se identifica? 8 sinais de que você pode estar com depressão

Qual é a sua definição de sucesso?

De forma simplificada, ter sucesso é ser capaz de cumprir as suas obrigações. Algumas delas são comuns a todos os seres humanos, algumas são específicas de cada um de nós. Não acho uma boa ideia falar sobre sucesso sem falar em compromissos e obrigações.

Se você perguntar para um coach como Tony Robbins, um dos mais famosos do mundo, ele dirá que sucesso é fazer o que você quer, quando você quer, onde você quer, com quem você quer. Eu questiono isso. E se o que eu quero não for digno? E se o que eu quero for prejudicial para os outros? Se esse for o caso, eu serei realmente bem-sucedido se conseguir o que quero?

Acho que não. Eu preciso ter um objetivo digno. Mas, para saber o que é um objetivo digno, preciso fazer uma avaliação ética da minha vida. Não posso definir sucesso sem ética. Ter sucesso é conseguir fazer muito bem o que eu preciso fazer.

O título de um dos capítulos do seu livro é “Demita o seu coach”. Por que o coaching é algo descartável na sua opinião?

O próprio conceito de coach [“treinador”, em inglês], que vem do mundo dos esportes, pressupõe que você está competindo com os demais para vencer o jogo. Há um perigo em enxergar a vida como uma partida em que há vencedores e perdedores. Talvez o coaching faça algumas pessoas pensarem nesses termos e por isso é potencialmente perigoso.

Além disso, o coach muitas vezes age como um mero espelho seu. Ele fará você olhar ainda mais para si mesmo. No fundo, ele só reforça o individualismo, só cria um ciclo de autorreflexão perpétuo. Não precisamos de mais insights sobre nós mesmos. Precisamos olhar para fora.

Qual é o seu conselho para os brasileiros, que atualmente estão sofrendo com a alta nos índices de desemprego e a escassez de oportunidades em meio à crise?

É importante estar atento para não cair em discursos motivacionais baratos. Quando a economia de um país vai mal, é quase constrangedor ouvir alguém dizendo frases como: “Basta que você esteja motivado para ter sucesso”.

O título original do meu livro, em inglês, é “Stand firm” [“Fique firme”, em português]. Mas para um país que está enfrentando múltiplas crises, como o Brasil, seria importante acrescentar a palavra “juntos” a essa mensagem: “fiquem firmes juntos”.

É importante não transformar a solução em mais um projeto individual. Pensar só em si mesmo é uma tentação muito grande em tempos de crise. Mas eu espero que as pessoas percebam que, a longo prazo, será melhor para todo mundo se buscarem soluções coletivas para os seus problemas.

Saiba o que levar e o que será proibido no dia do exame do Enem

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 Nas últimas edições do Enem, candidatos foram eliminados por postar imagens da prova em redes sociais - Foto: Agência Brasil

Nas últimas edições do Enem, candidatos foram eliminados por postar imagens da prova em redes sociais –
Foto: Agência Brasil

 

Publicado no Terra

Após a rotina de estudos e em meio à ansiedade nos dias que antecedem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o estudante deve ficar atento ao material que precisa levar no dia da prova e ao que não é permitido durante a aplicação do exame.

Para fazer as provas, a redação e preencher o cartão de respostas o candidato terá de usar caneta esferográfica de tinta preta, fabricada com material transparente. Outra cor de tinta impossibilita a leitura óptica do cartão de respostas.

Não é autorizado o uso de celular ou qualquer aparelho eletrônico durante as provas. Os aparelhos terão de ser colocados em um porta-objetos com lacre, que deverá ficar embaixo da cadeira até o final das provas.

Nas últimas edições do Enem, candidatos foram eliminados por postar imagens da prova em redes sociais. O diretor do Colégio Concórdia, de São Paulo, Edson Wander Eller, alerta os estudantes para o risco de tirar fotos e usar redes sociais no exame. “Hoje, com a moda dos selfies, é comum o aluno entrar na sala e querer fotografar a prova e publicar nas redes sociais. É importante lembrar que o Ministério da Educação e outros órgãos do governo fazem o acompanhamento disso e podem fazer com que o aluno seja desclassificado”, diz o professor.

O candidato também não poderá usar lápis, lapiseira, borrachas, livros, manuais, impressos, anotações, óculos escuros, boné, chapéu, gorro e similares e portar armas de qualquer espécie, mesmo com documento de porte. Se estiver com um desses objetos, eles deverão ser colocados no porta-objetos.

Neste ano haverá, pela primeira vez, identificação biométrica dos estudantes. O objetivo é prevenir fraudes. As impressões digitais serão colhidas durante as provas. O Ministério da Educação informou que também haverá fiscalização dos lanches dos candidatos.

Ao receber a prova, é importante que o estudante verifique se o caderno de questões e o cartão de respostas têm a mesma quantidade de itens e se não há defeito gráfico. É recomendado ler e conferir as informações no caderno de questões, no cartão-resposta, na folha de redação e na lista de presença.

O aluno poderá deixar o local após duas horas do início da prova. Só é possível sair com o caderno de questões nos últimos 30 minutos antes do fim das provas. Caso descumpra qualquer uma dessas regras, será eliminado.

O documento de identidade com foto é obrigatório para fazer o exame. Pode ser apresentada a carteira de identidade, a identidade expedida pelo Ministério da Justiça para estrangeiros, as carteiras expedidas por ordens ou conselhos de classes validadas por lei, a carteira de trabalho, o certificado de reservista, o passaporte ou a carteira de habilitação.

Se tiver perdido o documento, o estudante deve apresentar boletim de ocorrência com data de, no máximo, 90 dias antes da prova.

Inglaterra irá incluir músicas dos Beatles em exame que certifica estudantes secundaristas

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General Certificate of Secundary Education terá questões relacionadas a três canções da banda

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Publicado em O Globo

A música “Lucy in the Sky with Diamonds” é um hino rebelde ao consumo selvagem de drogas, ou uma homenagem emotiva à imaginação de uma criança? A questão, que manteve os fãs dos Beatles ocupados desde o lançamento da canção, em 1967, logo poderá ser matéria de prova para os adolescentes britânicos.

O comitê examinador Assessment and Qualifications Alliance (AQA)— que elabora e corrige o exame que concede certificado aos estudantes secundaristas do Reino Unido, o chamado General Certificate of Secundary Education (GCSE)— planeja colocar canções dos Beatles no programa de música em setembro de 2016.

“A música pop começou neste país com os Beatles nos anos sessenta, de forma que qual a melhor banda para estudar a música contemporânea que os Fab Four?”, afirmou o líder do departamento de música da AQA.

A AQA afirmou que pedirá aos estudantes que analisem a melodia, a harmonia, a estrutura, o ritmo e o significado de três músicas dos Beatles que influenciaram gerações inteiras de músicos e mudaram as técnicas de gravação: “Lucy in The Sky with Diamonds”, “Within You, Without You” e “With a Little Help form My Friends”.

A soma das canções do disco “Sgt. Peppers” ao currículo musical do exame GCSE coloca os Beatles ao lado de compositores clássicos como Joseph Haydn e Aaron Copland, e também de guitarristas influentes como Carlos Santana.

“Lucy in the Sky with Diamonds” foi durante muito tempo objeto de debate entre os que afirmam que a letra se refere à droga LSD e aqueles que aceitam a explicação mais inocente de John Lennon. O cantor sempre manteve que a canção foi inspirada por um desenho de seu filho de cinco anos, Julian, sobre uma amiga do colégio chamada Lucy.

Você sonha em viver de escrever?

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Você sonha em viver de escrever? Conheça Cris Correa, que na estreia emplacou um best-seller

Adriano Silva, no Projeto Draft

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Cris Correa, às vésperas de lançar seu segundo livro, tendo vendido mais de 250 mil exemplares com o primeiro

Em maio de 2011, Cris Correa era editora executiva da revista Exame, na Editora Abril. Cuidava de negócios e gestão na mais influente revista do Brasil voltada ao público executivo. Num almoço com um amigo, ele lhe perguntou como iam as coisas. E Cris teve uma crise de pânico. Ela estava infeliz com o trabalho. E ali, naquele momento, isso ficou evidente. O que ela estava negando lhe apareceu pela frente com uma clareza que lhe cegou – e que, ao mesmo tempo, lhe permitiu ver tudo.

“Eu estava exausta. Trabalhava em redação já havia mais de dez anos. Adoro John Pizzarelli e tinha acabado de desistir de ir a um show dele em São Paulo por estafa, por sensaboria”, diz Cris. Na volta daquele almoço, Cris pediu demissão. Que, claro, foi prontamente negada. Ao invés disso, ganhou uma licença de dois meses para pensar na vida.

Cris, que acaba de completar 44 anos, se formou em Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo, em 1991. Trabalhou seis anos em assessoria em imprensa – chegou a montar a sua própria empresa nessa área. Aí, em 1998, tirou um sabático e foi para Londres. Na volta, trabalhou na IstoÉ, da Editora Três. Mas no réveillon do milênio já estava a bordo da Exame. (Eu lembro porque também estava lá. Fomos colegas durante alguns meses.)
A licença não aliviou suas angústias profissionais. “É um limbo desgraçado, em que você fica sem rotina, numa contagem regressiva para resolver o seu problema. Que nem sempre pode ser resolvido dessa forma e nesse tempo”, diz.

Na volta à Exame, Cris disse a um colega que tinha vontade de escrever sobre Jorge Paulo Lemann. “A ideia era de 2007 e tinha surgido numa conversa com Marcel [Telles, sócio de Jorge Paulo, junto com Beto Sicupira, na empresa de investimentos 3G Capital]. Eu já tinha feito muita matéria sobre eles desde a época do GP Investimentos”, diz Cris. “Jorge Paulo já havia mandado dizer que não falaria. Mas me recebeu para um café. E confirmou que não falaria – embora não se opusesse a que eu escrevesse o livro”.

Cris chegou a aprender tênis para se aproximar de Jorge Paulo – tênis é uma das grandes paixões dele. “Depois de quatro anos de insistência, período em que me aproximei também de Beto, reclamei com Jorge Paulo do tempo que estava levando para convencê-lo a falar comigo para o livro. Aí ele sorriu e me disse que havia levado 20 anos para comprar a Anheuser-Busch [cervejaria americana, a terceira maior do mundo, adquirida pela InBev, empresa controlada por José Paulo, em 2008]…”, diz.

Em setembro de 2011, ainda tentando restabelecer suas rotinas na Exame, ficou claro para Cris que seu coração não estava mais ali. E ela negociou sua saída em definitivo da revista para janeiro de 2012. Em paralelo, acertou com a editora Sextante, cujo dono, Marcos Pereira da Veiga, ela conhecia. Ele era sócio de Helio Sussekind na Primeira Pessoa, um selo da Sextante dedicado a biografias e livros de negócio. Helio também conhecia Cris de sua época de assessoria de imprensa.

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Sonho grande é ser feliz. E Cris, ao que parece, está realizando o seu

Um ano depois, em janeiro de 2013, Cris entregava os originais de “Sonho Grande – Como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo”, que seria lançado em abril. O contrato era para escrever o livro em 18 meses – Cris usou só dois terços desse tempo.

E como foi a vida nesse ano sem salário? “Eu tinha um adiantamento da editora equivalente a dois meses do salário que eu ganhava. Eu sei gastar quando tenho dinheiro. E sei viver comedidamente quando a grana é curta”, diz ela. “E eu tinha uma poupança equivalente a 36 meses de salário. Sabia que o mercado editorial paga trimestralmente, e às vezes semestralmente”. Cris estava preparada para o salto.

“Sonho Grande” chegou ao mercado com 15 mil exemplares – a tiragem média no mercado brasileiro é de 3 mil livros. A editora estava apostando no lançamento – a primeira biografia de negócios de Jorge Paulo Lemann. “A meta era vender 50 mil livros. Em seis meses, vendemos 100 mil. Em agosto de 2014, o livro bateu em 200 mil exemplares vendidos. E hoje está na casa dos 250 mil”, diz Cris. “Já tivemos cerca de 10 reimpressões e continuamos vendendo 1 200 exemplares por semana. O livro está há mais de 80 semanas na lista dos mais vendidos de não-ficção da Veja”.

Segundo Cris, “Sonho Grande” está vendendo muito bem em inglês – aqui no Brasil. Lá fora, o livro só existe, por enquanto, em versão e-book. Em 2015, ele será lançado em chinês.

Estrear com um livro de negócios na lista dos mais vendidos abriu para Cris as portas do mercado de palestras. “Dois dias depois do lançamento, fui chamada para falar. Montei uma apresentação e a testei com o Salibi [José Salibi Neto], da HSM Educação”, diz ela. “Cheguei a ligar para faculdades e oferecer a palestra de graça. Para aprender. E para divulgar o livro, para tê-lo adotado como bibliografia”.

Cris já falou em mais de 20 faculdades – da Anhanguera ao ITA. E chegou a vender 100 exemplares do seu livro em uma única apresentação, para 200 pessoas, em Belo Horizonte. “O Laurentino [Gomes, autor dos best-sellers 1808 e 1822 e, como Cris, ex-jornalista da Abril], com quem eu fui me aconselhar, me disse – ‘lança o livro e põe o pé na estrada’”, diz ela.

Cris também fez muita ronda em livrarias para ver se “Sonho Grande” estava bem exposto. “Uma vendedora da livraria La Selva, em Congonhas, já me conhecia e a gente comentava sobre as vendas do livro toda vez que eu entrava na loja para conferir a exposição”, diz ela. “Livro não é diferente de uma margarina na prateleira do supermercado”.

Ao todo, Cris já deu mais de 60 palestras – 80% dos convites chegam pelo seu site, os outros 20% chegam pela Palestrarte, que a agencia. E hoje Cris cobra pelas apresentações. “Eu sempre adapto a palestra às demandas do contratante. Em média, dou duas palestras por mês. Mas no primeiro semestre desse ano, cheguei a dar cinco palestras em vários meses”, diz ela.

O sonho grande de qualquer candidato a escritor é emplacar um best-seller. E Cris acertou o pote de ouro em sua primeira tacada. O desafio dela agora, como autora estreante bem-sucedida, é se manter no topo – e emplacar o segundo livro, que já tem tema: Abílio Diniz e sua história à frente do Grupo Pão Açúcar. O próximo livro de Cris também já tem data para chegar às livrarias: abril de 2015.

“O caminho para mim é escrever. Até porque o cargo que eu ocupava quando era empregada não existe mais. Eu achei o meu caminho, que é fazer o que eu acho que faço bem. Não sei o que virá. Mas sei que darei conta. Aprendi isso. Já não tenho esse tipo de ansiedade”

“Defini esse projeto em setembro de 2013. Abílio resolvia sua questão com os franceses do Casino e eu lhe enviei um e-mail, que ele respondeu. Combinamos que ele me daria as entrevistas, mas que não teria controle sobre o produto final – essa negociação tomou quatro reuniões com ele”, diz Cris. “Quis fazer uma biografia do homem de negócios, capturar o estilo Abílio, encontrar as fundações da sua resiliência – ele já apanhou muito na vida. O conteúdo já está todo apurado. Agora estou escrevendo. Preciso entregar os originais em janeiro.”

Cris sabe que precisa lançar um livro bem-sucedido a cada dois anos, a partir de agora, para seguir sendo uma escritora profissional. Até aqui, à beira de fechar três anos dedicada a essa nova carreira, ela afirma que, na média, tem conseguido ganhar o equivalente ao que ganhava como editora executiva da Exame. “Uso o carro automático mais barato que tem, consegui preservar minha poupança e me dedico hoje a escrever 5 mil caracteres por dia”, diz ela, que já recebeu de Jorge Gerdau o conselho (talvez o pedido) de não escrever livros com mais de 250 páginas. (“Sonho Grande” tem 264. Cris não quer que o livro sobre Abílio tenha mais de 300.)

A ousadia de Cris, que lhe permitiu esse salto para a carreira literária, já podia ser vista em sua atuação como jornalista. Certa vez, pagou do próprio bolso os custos de uma viagem para entrevistar Jim Collins, consultor americano, guru dos negócios, autor de best-sellers como “Empresas Feitas para Vencer”, de 2001. O investimento acabou se pagando – Jim assina o prefácio de “Sonho Grande”.

Cris recebeu dois conselhos de Jim Collins, de escritor para escritor. O primeiro: tenha uma estrutura na cabeça, mas escreva livremente, mesmo que fora da ordem estabelecida para o livro, acompanhando o desejo e o humor do dia. Depois você costura a obra. O segundo conselho: ame cada livro como se fosse o único, sem compará-lo com o anterior, como a um filho – que nem Cris nem Jim têm ou pretendem ter.

Na contracapa de “Sonho Grande”, outro fruto do empreendedorismo de Cris – uma recomendação do livro escrita por Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo. “Consegui o e-mail da secretária dele e enviei uma mensagem. Ele me respondeu o e-mail no mesmo dia. Um dos maiores homens de negócio da história – e aqui no Brasil a gente não consegue acessar um gerente médio, que dá uma canseira no interlocutor, porque se recusa a responder e-mails”, diz Cris. Em maio deste ano ela esteve em Omaha, no Nebraska, sede da empresa de Warren, a Berkshire Hathaway, e a convite dele vendeu 300 exemplares de “Sonho Grande” aos executivos da companhia, numa convenção.

“O caminho para mim é escrever. Até porque o cargo que eu ocupava quando era empregada não existe mais. A cada novo livro o autor está zerado, tem que começar tudo de novo. Mas eu achei o meu caminho. Que é fazer o que eu acho que faço bem. Não sei o que virá. Mas sei que darei conta. Aprendi isso. Já não tenho esse tipo de ansiedade”, diz Cris, inspirando um monte de gente, antes mesmo de colocar um ponto final em seu novo manuscrito.

9 motivos para (ainda) estudar na USP

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A Praça do Relógio é um dos principais símbolos da Universidade de São Paulo | estadão conteúdo

A Praça do Relógio é um dos principais símbolos da Universidade de São Paulo | estadão conteúdo

Publicado no Brasil Post

Neste domingo (30), 141.888 candidatos irão realizar o exame da Fuvest 2015, que irá selecionar estudantes para as 11.057 vagas da Universidade de São Paulo (USP) e para as 120 vagas do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Apesar de viver atualmente uma grave crise financeira e ter sido alvo de uma série de denúncias de violência contra a mulher, a USP ainda é a principal instituição de ensino do país.

O Brasil Post selecionou, então, nove motivos que provam que, sim, ainda vale muito a pena estudar na USP. Pra você que vai prestar Fuvest, descubra alguns dos prazeres de ser um “uspiano”.

1. É de graça!

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Beleza, tem o lance dos impostos que a gente paga e tudo mais, mas pelo menos não tem mensalidade, né?

2. O bandejão custa apenas R$ 1,90.

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Repetindo: UM E NOVENTA!

3. Piscina, campo de futebol e diversos espaços para praticar esportes e exercícios físicos pela universidade.

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Universidade que tem clube dentro é o seguinte, hein?

4. É a melhor universidade do país e da América Latina.

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A concorrência pira!

5. Quem é a 1ª colocada em 20 cursos e dona da maior nota geral?

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Hein? Hein?

6. USP também é a 1ª em ranking de produção científica entre universidades latino-americanas.

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À frente até de OXFORD!

7. Ah! Gosta de museus? A USP é o lugar certo para você!

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São 17 museus, SEIS deles dentro do campus

8. Em busca de música, teatro e dança? Aqui há cultura em todas as partes.

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E cada festa…

9. Campus enorme, imensa área verde e trilha de 1140m para correr ou caminhar: seja bem vindo à USP.

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Imagens meramente ilustrativas.

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