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Já ouviu falar da livraria portuguesa que inspirou J. K. Rowling em Harry Potter?
0Publicado no Nômades Digitais
O mundo de Harry Potter não foi retirado totalmente da imaginação da escritora inglesa J. K. Rowling. A maravilhosa arquitetura da Lello, livraria de mais de 100 anos de idade localizada no centro da cidade de Porto, em Portugal, serviu como fonte de inspiração para vários cenários da saga do bruxinho que conquistou fãs em todo o mundo.
Quando viveu na cidade no início dos anos 1990, Rowling encontrou nas imensas paredes forradas de livros, na escadaria, nos clássicos vitrais e na linda decoração do lugar, inaugurado em 1906, muita inspiração para seus livros.
Entre 1991 e 1993, quando morava na cidade e era professora de inglês, Rowling foi frequentadora fiel da livraria. Na época ela era uma mera desconhecida, mas a partir de 1997, quando seus livros se tornaram sucessos de venda, os vendedores da Lello perceberam que o local estava relacionado aos livros.
Claro, a livraria é tão bonita que por si só mereceria receber a visita de milhares de turistas diariamente, mas foi mesmo Harry Potter que alçou o lugar à fama. Hoje, a livraria vive lotada de fãs da saga que adoram se surpreender comparando cada cantinho do local com o cenários de Harry Potter, principalmente com a loja ‘Floreios e Borrões’, lugar onde os pequenos magos compravam os livros escolares para Hogwarts.
Imagens: Reprodução.
dica do Marcos Vichi
Tudo que você precisa saber para estudar em Portugal
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Ruas de Lisboa, Portugal (Foto: Agliberto Lima)
Custo de vida baixo, excelência acadêmica e idioma em comum. Conheça as vantagens de estudar em Portugal e entenda como se candidatar, seja na graduação ou na pós.
Publicado na Época Negócios
O pequeno país na “ponta” da Europa virou destino de muitos brasileiros. São vários os motivos que tornaram Portugal o queridinho da vez: o custo de vida reduzido, as vantagens de estudar em universidades europeias, o idioma similar e o clima ameno. Tanto para graduação quanto para a pós, incluindo mestrados acadêmicos e doutorados, as instituições portuguesas são avaliadas como excelentes e apresentam facilidades para brasileiros.
Esse perfil mais amigável não surgiu à toa. Além do histórico dos dois países, que remete aos idos do Brasil colônia, as mudanças na legislação de Portugal e os acordos firmados com o governo brasileiro facilitaram o intercâmbio de estudantes. Por exemplo, com a permissão de processos seletivos alternativos que contemplassem alunos estrangeiros, esse movimento ganhou força. De 2014 para cá, mais universidades portuguesas aderiram à mudança.
Como se candidatar para estudar em Portugal
Quando se trata de graduação, o caminho mais certeiro para os alunos interessados é o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Graças às parcerias firmadas com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), algumas instituições portuguesas aceitam o resultado do teste como requisito único para admitir brasileiros. Esse movimento começou com o pontapé inicial vindo da Universidade de Coimbra, a mais antiga de Portugal, que hoje disponibiliza mais de 600 vagas para brasileiros.
“O que me chamou a atenção foi o nome e a tradição de Coimbra como um todo”, resume a paulista Fabíola Pretel, que começou a graduação em Jornalismo em Coimbra em 2015. Na época, ela conta que a possibilidade de estudar no exterior contando com a nota do ENEM pareceu uma ótima oportunidade, além dos custos baixos no país. Atualmente, diversas instituições adotaram o ENEM como porta de entrada para a graduação, como a Universidade do Algarve, a Universidade de Aveiro e o Instituto Politécnico do Porto (IPP).
Já os candidatos a mestrado e doutorado (ou “doutoramento”, como dizem os portugueses) passam por um processo diferente. Cabe ao aluno interessado reunir documentos como histórico escolar e cartas de recomendação para fazer a application – aos moldes do que acontece em outras instituições europeias. “Eles pediram meu histórico escolar, o diploma, uma carta de motivação, e, ainda, que três pessoas me recomendassem”, explica Ramon Bittencourt Mendes, que cursa o Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico na Universidade do Porto.
Ainda que muitos currículos de pós-graduação sejam oferecidos em inglês, não há exigência de testes padronizados como o TOEFL ou o IELTS na seleção inicial. No máximo, é solicitada uma declaração do candidato sobre sua proficiência no idioma. “Só que, além das aulas, as apresentações dos seminários, os debates e os artigos exigidos por disciplina devem ser todos falados e escritos em inglês”, destaca a doutoranda em Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas Saskya Lopes.
Já o doutorando Jamil Farkatt enxerga, nas exigências do doutorado, uma oportunidade para trabalhar de vez o inglês. “Se você não tiver o idioma na ponta da língua, mas um currículo bom e muita vontade de aprender, consegue se desenvolver bem”, diz ele, que estuda Engenharia e Gestão Industrial na UPorto.
Cabe ao estudante, portanto, ficar atento às exigências específicas de cada instituição, disponíveis nos sites oficiais. Em casos como o da Universidade do Porto, por exemplo, cada candidato deve também enviar aos professores do departamento de interesse pedidos para orientação da tese.

Porto, Portugal (Foto: Wikimedia Commons)
Como conseguir um intercâmbio
Para quem não pretende fazer uma etapa inteira da formação em terras portuguesas, outra opção é a do intercâmbio acadêmico. Há diversas bolsas para graduação, como as oferecidas pelo banco Santander, a exemplo das Bolsas Ibero-Americanas. Para esse tipo de programa, cabe à universidade brasileira conveniada selecionar os alunos que são elegíveis ao intercâmbio – de acordo com processos internos.
Já entidades como a Capes (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) também lançam editais para doutorados-sanduíche, que incluem um período determinado em universidades portuguesas combinados à experiência no Brasil.
Quais são os custos com anuidade
Quando se trata de anuidade (ou “propina”, como é chamada por lá), os valores podem variar de acordo com a instituição de ensino e os acordos firmados com o Brasil. Algumas delas estabelecem valores menores para os países lusófonos, como é o caso da Universidade do Porto. Também há diferença para os níveis de formação, como é o caso dos custos para graduação e pós-graduação. Na Universidade de Coimbra, famosa por concentrar mais estudantes brasileiros, a mensalidade sai por 700 euros.
“O que eu aconselharia é tentar verificar qual a universidade na qual a sua área tem mais relevância, escolher a melhor e buscar financiamento”, opina Jamil Farkatt, que conseguiu uma bolsa Erasmus, depois de se formar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Pagar por si próprio vale a pena, também. Em comparação às universidades mais conceituadas e privadas no Brasil, uma pós-graduação aqui sai muito barata”, complementa.
Em média, a candidatura sai por 50 euros – com taxas extras para quem deseja fazer cursos que necessitem de exames de aptidão física.
Quais as vantagens, então, de estudar em Portugal
Por um custo baixo e com um processo de candidatura simplificado, Portugal oferece uma experiência acadêmica consistente. Em outras palavras, bons professores e boas oportunidades para os alunos. Como a baiana Saskya Lopes explica, as universidades investem na internacionalização. “Há sempre a possibilidade de estar em contato com pesquisadores de todo o mundo, de conhecer a perspectiva sobre seu tema nos mais diferentes lugares, seja em palestras ou discussões no café com os colegas”, ela explica, destacando sua experiência em Coimbra.
“Portugal hoje é um país com universidades muito boas, reconhecidas lá fora. Nomeadamente, a de Lisboa e a do Porto se destacam em tecnologia”, aponta Jamil Farkatt. No caso dele, a ideia era a aproveitar a oportunidade na Europa para pesquisar energia eólica. “Temos aqui a oportunidade de trabalhar com docentes portugueses que têm experiência nos EUA, em Londres… O corpo docente português é um corpo docente top class”, resume.
Porto tem uma das livrarias mais bonitas do mundo
0A Lello & Irmão fascina e impressiona os visitantes que mergulham na imensidão de obras literárias em meio a uma decoração, no mínimo, surpreendente
Publicado no Pure Viagem
Já pensou juntar, em uma mesma cidade, a oportunidade de degustar um dos vinhos mais saborosos do mundo com a chance de conhecer uma das livrarias mais bonitas do planeta? Pois então sua próxima viagem precisa incluir Porto , em Portugal, no roteiro. A Lello & Irmão é conhecida como “a livraria do Harry Potter” por ter servido de inspiração para o estabelecimento de Hogwarts na bem-sucedida sequência de filmes do bruxo.

A Lello & Irmão é conhecida como “a livraria do Harry Potter” por ter servido de inspiração para o estabelecimento de Hogwarts na bem-sucedida sequência de filmes do bruxo
Tudo neste fascinante mundo dos livros impressiona. Por fora, um edifício centenário em estilo neogótico. Por dentro, uma imensidão de obras literárias que formam um belo contraste com as decorações em madeira, as escadarias e os vitrais. O local é um dos pontos turísticos mais visitados do Porto, e agora fica fácil entender o por quê, né?
A magia começa logo na entrada. No piso, trilhos onde antigamente um carrinho ajudava no transporte dos livros fascinam os olhos de quem entra no estabelecimento pela primeira vez. Mas há outra coisa que chama ainda mais a atenção no lugar, uma escadaria com formato sensacional que leva até o segundo andar. Passear pela Lello & Irmão, admirar a decoração e mergulhar no universo literário é de deixar qualquer um de queixo caído.

Por dentro, uma imensidão de obras literárias que formam um belo contraste com as decorações em madeira, as escadarias e os vitrais
A livraria foi inaugurada no dia 13 de janeiro de 1906, pelos irmãos José e António Lello, que deram o nome do estabelecimento. Na época, era impossível prever que a Livraria Lello & Irmão seria, hoje, uma das principais atrações dos milhões de turistas que todos os anos visitam o Porto, além de ser considerada uma das casas de livro mais bonitos do mundo.
A Livraria, em Portugal, que inspirou J. K. Rowling
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Fachada da Livraria Lello, em Portugal, que inspirou J. K. Rowling (Foto: Aryane Cararo/Editora Globo)
Título original: procurando Harry Potter
Aryane Cararo, no Crescer
Ela já foi considerada a terceira livraria mais bonita do mundo pelo jornal britânico The Guardian, em 2008. Isso já seria motivo suficiente para inclui-la em um passeio para quem vai ao Porto, em Portugal. Mas a Lello & Irmão é muito mais do que bela. Dizem que foi ali que a autora J.K. Rowling se inspirou para criar a livraria da saga do bruxo Harry Potter, a Floreios e Borrões. Basta entrar na Lello para entender isso e mais: eu diria que ali tem muito de Hogwarts.
Não sou necessariamente uma fã do bruxinho, mas gostei de imaginar J.K. Rowling passeando por aqueles corredores apertados, aquela imensidão de livros até o teto, olhando para a madeira escura e sóbria, os vitrais tão coloridos, os baixos-relevos de grandes autores como Eça de Queirós e a escadaria tão bem ornamentada. Quase pude a ver ali, folheando livros, escolhendo obras, como tantas vezes todos nós já fizemos nas livrarias. E não pude deixar de pensar nas coisas que levei de cada uma delas que merecesse fazer parte de um livro. Qual teria capacidade de me influenciar? A Lello certamente teria.
A inspiração vem da vida. Não sei até que ponto a Lello influenciou a criadora de Harry Potter, mas fato é que ela morou no Porto entre 1991 e 1993, quando foi lecionar inglês, e escreveu ali uma parte da obra – ao menos o capítulo O Espelho de Ojesed, de A Pedra Filosofal. E se tem um programa obrigatório na cidade é conhecer a livraria. Para quem gosta de livros, é uma perdição. Há obras raras, expostas nas mais altas prateleiras. Há seções próprias para Camões, Fernando Pessoa, Saramago. E há também uma área para títulos infantis ao fundo, onde o carrinho que deslizava nos trilhos dentro da loja, para facilitar a devolução de cada exemplar a seu devido lugar, hoje está repleto de exemplares de Harry Potter.

Interior da livraria, com seus detalhes rendilhados e a escada carmim (Foto: Aryane Cararo/Editora Globo)
É linda por dentro e por fora. Para onde se olhe no interior do prédio de fachada neogótica, construído em 1906, há madeira rendilhada (em alguns pontos, sua imitação em gesso). Mas você só consegue prestar atenção direito nesses detalhes depois de ter sido abduzido pela beleza da escadaria vermelha em espiral. Não é à toa que a livraria viva tão lotada e tenha até instituído um sistema de cobrança na entrada – 3 euros, que são descontados na compra de um livro.
Li em algum blog que não eram permitidas fotos no local, a não ser pelas manhãs. Não sei se é verdade, mas fui pela manhã e fiz quantas fotos quis. Difícil é só não fotografar inúmeros desconhecidos. Apesar da muvuca, vale a pena respirar desse ar tão mágico e levar as crianças para conhecer, se houver a oportunidade de visitar o Porto. Não só por ter inspirado a autora de Harry Potter, mas para criar nelas o encantamento com as livrarias e os livros, justamente por causa desse clima de fantasia que a Lello tem.
E, uma vez que se está no Porto, por que não brincar de caçar outras referências ao universo do bruxinho? Eu as levaria ainda ao belíssimo Majestic Café, local de artistas e intelectuais nos anos 1920 e onde J. K. Rowling passou bastante tempo às voltas com a história de seu bruxo, e ainda faria um passeio próximo à universidade, para ver os estudantes vestidos como… Harry Potter, claro: de uniforme e capa pretos. Vocês vão ver que um livro nasce de onde menos se espera!
Trabalho de restauro de livros vem ganhando novos adeptos no RS
0Mercado de restauração é alternativa para quem deseja trabalhar por conta.
Escola técnica sediada em Porto Alegre ensina a arte para novas gerações
Daniel Bittencourt no G1
A arte de restaurar livros e documentos pode parecer uma técnica fadada ao esquecimento. O ofício, porém, ainda deve seguir vivo por muitos anos se depender de uma nova geração de restauradores de Porto Alegre. Facilidades como trabalhar em casa e ter flexibilidade na jornada de trabalho têm atraído cada vez mais pessoas para esse mercado, considerado uma boa opção para quem deseja trabalhar por conta própria ou empreender na área.
Na capital gaúcha, a prática feita basicamente por dois tipos de profissionais: os que carregam décadas de experiência e os mais jovens, que estão apreendendo as técnicas e artimanhas do restauro em uma escola da capital criada por uma restauradora.

Há 50 anos no mercado, Eleonir restaurou ata de
fundação do Hospício São Pedro, de 1884, e outros
documentos históricos (Foto: Daniel Bittencourt/G1)
Eleonir Fróes, de 80 anos, é um exemplo do primeiro grupo. Em cinco décadas de trabalho, já passaram pelas mãos dela diversos livros e documentos históricos, como a ata de fundação do Hospício São Pedro de Porto Alegre, datada de 1884, e até um estojo com livros oferecido ao então governador do estado, Borges de Medeiros.
“Antes eu encadernava livros decorados com a capa em couro e com adereços que coincidiam com o assunto do livro. Depois, encadernei por muito tempo capas feitas de couro em diversos livros e restaurei muitos documentos antigos. Sempre trabalhei em casa. É um trabalho artesanal”, diz Eleonir.
O interesse pelo restauro de obras antigas começou aos 17 anos, na extinta Escola do Livro, do professor Jayme Castro, expoente da atividade no estado e no país. Depois de passar pelo básico, Eleonir fez vários outros cursos com profissionais da Europa que traziam novas técnicas ao Brasil.
O trabalho é extremamente minucioso e requer paciência e dedicação. O tempo da reforma depende de diversas variantes como a qualidade do papel do livro, do formato do livro e do estado em que ele se encontra.
“Trabalho com papel australiano ou japonês, que são papeis especiais para isso. No caso de encadernação com capa dura, desmonto todo o livro e refaço a costura de forma artesanal, a mão. Depois é passada uma camada de cola na lombada, colocamos uma folha de maculatura e a guarda, que é uma folha dobrada que fica na frente e nas costas do livro. E por aí vai”, detalha a restauradora.
Com tantos anos de mercado, Eleonir já perdeu as contas de quantos livros já restaurou. Ela fez trabalhos para o governo do Estado, para a Assembleia Legislativa e para muitas pessoas que a procuram para restaurar obras antigas ou documentos de importância pessoal. Outro exemplo de trabalho feito por Eleonir é o restauro de desenhos do artista plástico Joseph Lutzemberger que datam de 1916 a 1920.
“Foram mais de 60 estampas que eram os esboços de estudo dos atuais vitrais da Igreja São José. Foi um trabalho feito em equipe. Restaurei também jornais da federação de 1884 e de 1912”, relembra.

Escola Livro e Arte já formou mais de 200
novos profissionais em Porto Alegre
(Foto: Silvia Breitsameter/Divulgação)
Escola ensina técnicas a nova geração
O trabalho de conserto de papéis e obras literárias, no entanto, não vai morrer com a geração de Eleonir. A oficina de restauro Livro e Arte, sediada na capital, é uma das poucas escolas de restauração e conservação de livros e documentos históricos do país , afirma a diretora Silvia Maria Jansson Breitsameter, 53 anos.
Atuando no mercado há 36 anos, Silvia vem treinando novos profissionais desde 1988 e resolveu montar a Livro e Arte em 2009. Hoje a escola possui 30 alunos no curso de conservação e restauração de bens culturais com suporte em papel, couro e pergaminho. Equivalente a uma graduação, o curso dura oito semestres e já formou mais de 200 profissionais.
“Somos a única escola de restauração de livros e documentos históricos com conteúdo programático do Brasil. A nossa profissão ainda não foi regulamentada. O nosso curso é de capacitação livre. E a pessoa que sai daqui está capacitada para fazer qualquer trabalho de restauração e conservação de livros e documentos históricos e atuais”, garante Silvia.
Uma das alunas do curso é Deborah Laner dos Santos, de 51 anos. A sua formação é em engenharia química, mas nos últimos cinco anos ela vem atuando como restauradora e encadernadora de livros. Desmotivada na empresa de tintas onde trabalhava, ela resolveu mudar de profissão e encontrou na atividade um novo rumo para a carreira.

Exemplo do trabalho de encadernação artística
feito pela restauradora Eleonir Fróes
(Foto: Daniel Bittencourt/G1 RS)
“Eu trabalhei durante quase 20 anos como formuladora de tintas. Daí a empresa foi vendida para um multinacional americana, a coisa ficou muito difícil para mim e comecei a rever uma série de coisas na minha vida. Com a saída eu resolvi procurar uma ocupação diferente. E como eu sempre gostei da área de restauro de patrimônio histórico, procurei trabalho nessa área”, conta Deborah.
O primeiro curso serviu de inspiração para seguir na área de restauro. Pouco tempo depois Deborah acabou se inscrevendo na Livro e Arte e fez parte da primeira turma da escola. Hoje, ela trabalha com restauro de livros e faz encadernações artísticas como álbuns de fotografia e diários de viagem para vender em feiras e lojas da capital.
“A minha renda vem do meu trabalho. O restauro é muito demorado, mas a confecção de livros é mais rápida e rende financeiramente. As pessoas acham que o livro em papel vai deixar de existir. Eu não acredito nisso. O prazer da leitura em papel é algo imensurável. A restauração é muito importante, pois existem livros de cunho histórico e livros que carregam um valor sentimental. E no lado da encadernação artística tem a questão de você incentivar as pessoas a escrever, pois eu faço diários em branco”, destaca Deborah.
De acordo com Silvia Breitsameter o valor do restauro de um livro histórico pode variar conforme o material e o estado em que a obra se encontra. “Estou restaurando três livros que foram feitos com pergaminho verdadeiro. Somente o restauro de um deles custou R$ 5 mil”.
A grande dificuldade para os profissionais de restauro e conservação de papel no Brasil é de encontrar materiais de qualidade, comenta a diretora da escola. “É muito difícil de encontrar materiais nacionais. E quando encontra a qualidade deixa a desejar. Mas mesmo assim, o mercado está cada vez mais em ascensão. E é um trabalho muito bom”, garante Silvia.