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Machado de Assis é maior que Dickens, Balzac e Eça de Queiroz, diz crítico e escritor espanhol
0Antonio Maura fará conferência no Egito para falar do brasileiro. Sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, ele diz que o autor ainda é ‘um grande desconhecido’.
Publicado no G1
Escritor e crítico espanhol, Antonio Maura acredita que Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), o grande gênio da literatura brasileira, não foi devidamente valorizado pela crítica e mereceria ser reconhecido como um dos melhores escritores do século XIX.
“Acho que Machado é um dos grandes nomes do século XIX. Não acredito que se compare nem a [Charles] Dickens, [Honoré de] Balzac, Eça de Queiroz ou ao nosso [Benito Pérez] Galdós. São grandes escritores, mas estão abaixo nos quesitos riqueza, crítica e análise da sociedade e versatilidade. Não chegam aos pés”, diz.

Imagem de perfil do escritor Machado de Assis em 1904 (Foto: Divulgação)
Sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras, Maura está no Cairo para a conferência “El autor y sus máscaras: Una aproximación a Cervantes y Machado de Assis” (“O autor e suas máscaras: Uma aproximação de Cervantes e Machado de Assis)”, no Instituto Cervantes local.
Ele afirma que, fora de suas fronteiras, o escritor brasileiro “é um grande desconhecido”. Em sua opinião, até mesmo no Brasil os estudos sobre Machado de Assis “não refletiram bem” sua faceta de grande crítico do sistema de sua época e da escravidão.
Para Maura, o cronista e poeta teve que recorrer à ironia para falar “na surdina” de um tema que não podia ser encarado abertamente por ele ser neto de escravos.
Um exemplo disso é “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881). De acordo com Maura, a verdadeira intenção do autor é “colocar o dedo na ferida” da sociedade e para isso se serve de uma sutil alegoria para denunciar que o morto é o próprio Brasil.
A escolha do nome do protagonista, que coincide com o início do nome do país, “não é à toa” para alguém tão “inteligente e cuidadoso com a linguagem” quanto era Machado de Assis. Para Maura, “a crítica brasileira foge” desta interpretação porque “não é fácil aceitar que seu país é um país morto ou esteve morto”.
O crítico espanhol defende que as obras que o romancista e dramaturgo escreveu depois de “Memórias póstumas”, como “Dom Casmurro” ou “Quincas Borba”, são dos livros “mais importantes de sua geração, não apenas do Brasil, mas de todo o mundo”.
Segundo ele, alguns autores de língua espanhola, como Jorge Edwards, Julián Ríos e Carlos Fuentes, destacaram a importância de Machado de Assis, mas o mestre brasileiro ainda carece do merecido reconhecimento mundial.
‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, de Machado de Assis, é um dos 5 livros preferidos de Woody Allen
0Publicado em Todo Dia
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, obra de Machado de Assis, aparece em lista que o cineasta Woody Allen escreveu para o jornal britânico “The Guardian” sobre os seus cinco livros prediletos.
Segundo o cineasta, ele recebeu o livro em sua correspondência. “Algum brasileiro desconhecido me mandou por correio e escreveu ‘você vai gostar disso’. Como é um livro pequeno, eu li. Se tivesse sido um livro grosso, eu teria descartado”, afirmou.
Allen disse que ficou surpreso como o livro é encantador e divertido. “Eu não pude acreditar que ele [Machado de Assis] viveu há tanto tempo. Você pode pensar que ele escreveu o livro ontem. É tão moderno e tão divertido. É uma obra de trabalho muito, muito original. Tocou um sino em mim assim como ‘O Apanhador no Campo de Centeio’. Foi tratado com grande inteligência, originalidade e sem sentimentalismo.”

Machado de Assis
No livro, é o próprio protagonista, morto, quem conta sua história. Os outros livros que compõem a lista são “O Apanhador no Campo de Centeio” de JD Salinger, “Really the Blues”, de Mezz Mezzrow e Bernard Wolfe, “O Mundo de S. J. Perelman”, de S. J. Perelman, e “Elia Kazan: A Biografia” de Richard Schickel.
| FOLHAPRESS
ABL publica em seu site manuscritos digitalizados de Machado de Assis
0Publicado na Folha de S.Paulo
Em 825 páginas escritas à mão, Machado de Assis escreveu a história de dois gêmeos idênticos, Pedro e Paulo, mas de temperamento oposto no romance “Esaú e Jacó”, publicado em 1904. Há uma semana, desde a última terça (10), o texto pode ser consultado em sua versão original na internet: a ABL (Academia Brasileira de Letras) disponibilizou os manuscritos desse e de outros dois textos do escritor.
As rasuras, na caligrafia do autor, dão pistas sobre as idas e vindas de sua escrita e indicam as mudanças, inclusive, de nomes dos personagens do romance. A consulta, porém, ainda não é amigável: é preciso seguir uma série de recomendações do site, explicadas pela Academia.

Página de manuscrito de ‘Esaú e Jacó’, de Machado de Assis, digitado pela Academia Brasileira de Letras
Os documentos já integravam o Arquivo Múcio Leão, da ABL, coordenado pelo historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho. E podiam ser consultados digitalmente, porém apenas nos computadores instalados no prédio da instituição, no Rio.
A grande procura para observar esses textos motivou a publicação irrestrita na internet, segundo a instituição. Além de “Esaú e Jacó”, estão disponíveis também “Memorial de Aires” e o poema “O Almada”. A previsão é que, no futuro, todos os manuscritos de Machado de Assis estejam abertos para consulta.
Em pesquisa, professora descobre que Machado de Assis era contador
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Machado de Assis foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (Foto: Reprodução/TV TEM)
Publicado no Jornal Floripa
Além de escrever contos, romances, peças teatrais, poemas e crônicas, o escritor carioca Machado de Assis tinha habilidade com os números. Uma pesquisa de cinco anos descobriu que ele dividia o dom com as palavras entre a profissão de contador, que lhe rendeu o cargo de responsável pelas contas do Ministério de Obras e Aviação em 1873, o agora Ministério dos Transportes.

Isabel ficou ainda mais interessada em ler os contos
depois da descoberta (Foto: Reprodução/TV TEM)
A descoberta partiu de uma curiosidade da professora de contabilidade e pesquisadora Isabel Cristina Sartorelli, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) de Sorocaba (SP). “Eu sabia que os números poderiam conviver harmonicamente com a literatura, e eu via alguma ligação do Machado com questões econômicas quando eu via os contos dele e observava que em vários tinha a figura do guarda livros, que seria o que é hoje o contador.”
Machado de Assis foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras e é tido por muitos como o maior nome da Literatura Nacional, por isso o fato de ter habilidades também com os número é inusitado.
A famosa frase “o dinheiro não traz felicidade, para quem não sabe o que fazer com ele”, já dava a dica da outra profissão de Assis. Graças a documentos históricos, como por exemplo a divulgação em um jornal da nomeação do escritor para um cargo público, Isabel conseguiu concluir o trabalho de pesquisa. “O que me deixou assim, especialmente feliz, porque aí realmente eu vi que pode existir sim o casamento entre os números e a literatura”, conta a professora.

Publicações antigas em jornais ajudaram na pesquisa (Foto: Reprodução/TV TEM)
A partir da descoberta, a pesquisadora teve ainda mais vontade de ler os romances e contos de Assis, responsável por obras como Dom Casmurro, Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Os escritos do século 19, de um Brasil que ainda tinha escravos e não era República, são referências até hoje aos estudantes, principalmente nas listas de vestibulares. As obras inspiraram peças teatrais e montagens televisivas.
“Para mim, Machado de Assis foi alguém que buscou na Contabilidade um meio de sobrevivência, mas que sim, se dedicava a literatura. Mas nesse caminho ele não se furtava, não podia deixar de levar o dia a dia dele na contabilidade, dessas questões, para as obras dele”, acredita Isabel. “Então, nesse ponto, eu acho que esse trabalho é interessante porque ajuda a compreender o homem que existe por trás do então Machado de Assis, grande autor de gente conhece”, finaliza.
Livro “Capitu Vem Para o Jantar” reúne receitas citadas na literatura
0Denise Godinho mostra passo a passo para quem quer reproduzir, por exemplo, a canjica de Dona Flor e a cerveja amanteigada de Harry Potter
Rosualdo Rodrigues, no Metrópoles
Há três anos a jornalista Denise Godinho se dedica a reproduzir, no blog Capitu Vem Para o Jantar, receitas citadas em livros, filmes, seriados e músicas. Parte delas estão reunidas no livro que ela acaba de lançar, com o mesmo título da página na internet.
O que inspirou Denise a criar o projeto foi a leitura de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Num trecho da narrativa, Bentinho oferece uma cocada à amada Capitu, às vésperas de ir para o seminário. A jornalista ficou intrigada: “Por que uma cocada? Será que Machado de Assis gostava do doce?”.
Surgiu assim a ideia de aprender a cozinhar e reproduzir no blog os pratos citados nos livros. Hoje, o Capitu Vem Para Jantar tem 11 mil seguidores no Facebook e se desdobra em canal no Youtube. Do mundo virtual, foram pinçadas as 35 receitas que compõem o livro, focado na literatura.
De Dona Flor a Harry Potter
Entre outras, a autora ensina como fazer a compota de maçã de “O Morro dos Ventos Uivantes”, os cookies de “O Diário de Anne Frank”, a cerveja amanteigada da série “Harry Potter” e, é claro, a cocada de “Dom Casmurro”.
Nesses casos, Denise realizou uma pesquisa a partir da citação para criar a própria receita. “No caso da cocada, por exemplo, na época em que a história se desenrola, o leite condensado era caríssimo no Brasil e muito difícil de achar. Cocada era feita com o mel da rapadura”, conta a blogueira.
Há também receitas que são descritas pelos autores. Denise cita como exemplo “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. “Dona Flor, cozinheira de mão cheia, vive dando receitinhas ao longo da história”. Ela lembra também de “Como Água Para Chocolate”, em que a autora Laura Esquivel encerra cada capítulo com uma receita diferente.