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Bem que a literatura avisou: A realidade pode ser absurda

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Distopias clássicas e produções como ‘Black Mirror’ continuam provocando mal-estar ao mostrar um futuro fictício assustadoramente familiar.

Amanda Mont’Alvão veloso, no HuffpotsBrasil

Fui obrigado a ler e ouvir muitas coisas incríveis sobre a época em que as pessoas ainda viviam livres, isto é, num estado de desorganização selvagem. (…) Levantavam-se e deitavam-se para dormir quando lhes desse na cabeça. Alguns historiadores dizem, inclusive, que naquele tempo as ruas ficavam iluminadas durante a noite inteira, e as pessoas caminhavam e dirigiam a noite inteira. Isso eu não consigo compreender de maneira nenhuma.”

(Nós, escrito em 1923 por Ieveguêni Zamiátin)

Se algum de meus parentes perceber que eu sou gay, eles não hesitarão um minuto antes de me matar. E se eles não fizerem isso, eles vão se matar por não terem cumprido a honra da família.”

(Checheno perseguido por ser gay)

O absurdo é aquilo que foge à logica, grita incoerência, inspira perplexidade. Uma vida sem absurdos parece utópica, pois as relações humanas são feitas de irracionalidade. Mas uma vida em que o absurdo parece virar regra mostra que a distopia não tem lugar apenas na fantasia.

Na distopia, nos vemos diante de um lugar fora da história, geralmente sem localização exata, mas estranhamente familiar a cada um de nós. O controle, a ordem e a opressão dão o tom à sociedade, geralmente subjugada por um governo totalitário ou pela servidão voluntária a um determinado sistema. A racionalidade se torna ameaçadora e monstruosa na medida em que impede qualquer tipo de singularidade ou desejo.

Enquanto que na utopia as nações são idílicas, “em que homens solidários e justos mantêm relações de cordialidade em meio a uma natureza dadivosa e domesticada”, como descreve o escritor e crítico literário Manuel da Costa Pinto, na distopia podemos dizer, com segurança, que fracassamos em nosso humanismo. Se vieram à mente os episódios “White Bear” ou “Odiados pela Nação”, da série Black Mirror, bem, você sabe de que desconforto estamos falando. É ficção, é absurdo e provoca-mal-estar. Parece real.

De certa forma, Freud mostrou, em 1930, o caráter impossível das utopias ao falar do papel da civilização nas relações humanas e no estabelecimento de limites a um comportamento que, sem regras, naturalmente tenderia à selvageria. Viver em sociedade, portanto, exige a renúncia à satisfação de “instintos” poderosos, em uma espécie de comprometimento com a existência do outro. As regras da vida coletiva, no entanto, não são assimiladas pacificamente e produzem perdas bastante incômodas para os sujeitos. “Não se pode fazer tudo” é a mensagem que o pai da Psicanálise parece deixar no texto Mal-Estar na Civilização (Companhia das Letras).

Em paralelo, “pode fazer quase nada” é uma premissa clássica das grandes distopias da literatura mundial. As proibições têm a pretensão de regular até mesmo o pensamento, como é o caso de 1984 (Companhia das Letras), a obra-prima do britânico George Orwell publicada em 1949. O protagonista, Winston, é vigiado 24 horas pelo Estado por meio do Big Brother (O Grande Irmão). A propaganda governamental é tão intensa que não deixa tempo para a população pensar por conta própria e, portanto, desconfiar que aquilo tudo está muito, muito errado. A tortura é a punição aplicada a quem ousa questionar.

Na sociedade pensada pelo norte-americano Ray Bradbury em Fahrenheit 451 (Editora Globo), de 1953, livros são considerados altamente subversivos e não podem existir nos lares. Pensar, refletir e imaginar são atitudes altamente proibidas. O Corpo de Bombeiros, em vez de apagar incêndios (as casas são à prova de combustão), é designado a colocar fogo em publicações. O principal mal-estar causado pela leitura, porém, não vem do fato de se queimarem livros, mas sim de se reconhecer como sociedade que abre mão da leitura e de seu potencial revolucionário e libertador.

“Os bombeiros raramente são necessários. O próprio público deixou de ler por decisão própria. (…) São muito poucos os que ainda querem ser rebeldes”, lamenta o professor Faber, que possivelmente teria sua melancolia reforçada ao saber que, no Brasil de hoje, apenas 8 em cada 100 pessoas sabem interpretar o que leem. A julgar pelas inflamadas opiniões nas redes sociais, a capacidade de entender uma mensagem parece ter cada vez menos valor.

Em Laranja Mecânica (Editora Aleph), de 1962, o inglês Anthony Burgess explora a violência como motor de perversidades tanto de cidadãos quanto do Estado. Proibida, aqui, é a liberdade de escolha. Alex, o protagonista, se expressa por um dialeto próprio e bizarro; mas a sua comunicação com o mundo é marcada mesmo por seus atos de crueldade e de violência. Ao ser preso pelo governo, ele passa por um experimento bastante controverso, que pretende “curar” mentes criminosas.

Quando o inglês Aldous Huxley escreveu Admirável Mundo Novo (Editora Globo), publicado em 1932, o nacionalismo estava em ascensão, fomentado inclusive pelos rastros de destruição causados pela Primeira Guerra Mundial. No livro, a serventia ao totalitarismo é voluntária, uma vez que o povo acredita estar nas mãos do Estado a sua felicidade e satisfação. O amor é proibido, o sexo é propagado como um substituto e o papel de cada pessoa na sociedade é definido pela manipulação genética.

O amor é também uma proibição aos personagens de Nós (Editora Aleph), impressionantemente escrita em 1923 por Ieveguêni Zamiátin e que neste ano ganhou uma caprichada edição traduzida diretamente do russo. É o livro que encantou Orwell antes de escrever 1984. Números em vez de nomes próprios e uniformes se tornam a norma nesta sociedade batizada de Estado Único, onde a igualdade é levada às últimas consequências e se torna abusiva e perigosa por impedir qualquer tipo de diferenciação entre os habitantes. Pouca coisa parece surpreender D-503, o satisfeito engenheiro que protagoniza a obra. Mas uma vida com desejos e escolhas, como a que ele descreve no primeiro parágrafo deste texto, lhe parece completamente fora de sentido. Para ele, a felicidade do povo depende das regras e da ausência de singularidade instituídas pelo governo totalitário de seu país.

Quando a realidade é asfixiada pela censura, pelo abuso, pelos direitos suprimidos, pelo sacrifício consentido da privacidade e pelo silêncio, essas distopias, com sua visão tenebrosa e assustadoramente realista de um futuro fictício, vêm exercendo a crítica social necessária à desistência e à apatia.

No mundo em que arautos da intolerância se tornam líderes políticos; boatos e notícias falsas definem condutas particulares e políticas públicas; pais são demandados a matarem seus filhos gays em nome da “honra”; a escravidão tem seus efeitos ignorados; milhões de pessoas são obrigadas a se refugiar, sem a certeza de que serão acolhidas por outros países; mulheres são impedidas de tomar decisões sobre a própria existência; moradores de rua são tratados como “sujeira” e doentes mentais são acorrentados em celas de hospícios abandonados, é difícil não remeter à literatura distópica e seu assustador recado de “eu avisei”.

Absurdos então reservados ao imaginário da ficção científica passam a ocupar páginas de jornais e sites, perfis de redes sociais e pronunciamentos oficiais. Ainda que a obscuridade de fatos e personagens cotidianos encontre ressonância nas obras acima – afinal, os dias têm sido difíceis -, há um furo determinante para impedir um profundo pessimismo. Do lado de cá, da vida real, ainda é permitido sonhar, desejar, lidar com o que vai ser perdido e vislumbrar o que pode ser modificado.

Biblioteca de Babenco é doada para Centro Cultural São Paulo

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Foto: Divulgação

 

Entre os títulos doados pela família do diretor, que trabalhou com Selton Mello, estão raridades beatniks

João Gabriel Veiga, no Bahia

A partir de setembro, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) vai abrigar 454 livros da biblioteca pessoal do cineasta Hector Babenco. O argentino morreu em 2016, e seu último filme, “Meu Amigo Hindu”, contou com a participação de Selton Mello.

Entre os inúmeros títulos que Babenco deixou de herança, estão edições raras de autores beatniks – como Allen Ginsberg, Lawrence Ferlinghetti e Richard Brautigan.

Os usuários da biblioteca terão acesso a esses livros, que ganharão o selo “Acervo Hector Babenco”.

Lázaro Ramos abre a Flip lendo trechos de biografia de Lima Barreto

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Lázaro Ramos participa da cerimônia de abertura, que terá o lançamento de “Lima Barreto – Triste Visionário” ao lado da autora Lilia Schwarcz. O ator também estará em mesa na qual fala sobre sua autobiografia, “Na Minha Pele”

Publicado na Marie Claire

Flip – Lima Barreto começa nesta quarta (dia 26) com Lázaro Ramos realizando uma leitura da biografia Lima Barreto – Triste Visionário, na qual a escritora Lilia Schwarcz narra a trajetória do primeiro autor negro homenageado pela Feira Literária de Paraty. “Vai ser muito legal”, acredita Lázaro. “Adoro a Flip. Fui a primeira vez no ano passado para lançar um livro infantil, na Flipinha”, diz ele.

Lázaro Ramos (Foto: Bob Wolfenson)

Lázaro Ramos (Foto: Bob Wolfenson)

O ator leva consigo Na Minha Pele (Objetiva/Companhia das Letras), mescla de autobiografia e estudo sobre o racismo na qual Lázaro Ramos conta suas experiências pessoais, desde a infância. A obra foi lançada em junho e está na lista de livros mais vendidos: “A Flip será o primeiro grande evento em que vou poder experimentar o livro e ver como as pessoas o receberam”, acredita Lázaro. “Venho escrevendo já faz um tempo para crianças ou peças infantis… A Flip tem um lugar de reflexão importante para a literatura que eu não tinha acessado com um livro adulto. Vai ser muito importante”.

A edição deste ano do evento tem outra característica marcante: é a primeira vez que a maior parte da programação é dominada por mulheres, como um reflexo da curadoria de Josélia Aguiar, primeira mulher à frente do programa da feira. Entre os destaques, autoras africanas ou de origem afrodescentes como a franco ruandesa Scholastique Mukasonga, a brasileira Conceição Evaristo e a angolana Djaimilia Pereira de Almeida.

A seguir, confira a segunda parte da entrevista exclusiva de Lázaro Ramos à Marie Claire, na qual ele fala sobre sua iniciação sexual, a parceria com Wagner Moura e responde a pergunta: É bom ser negro no Brasil?

MC Você foi um adolescente feliz?
LR Não pensava sobre isso porque tinha urgência em ter trabalho, receber um salário mínimo, o ritmo da vida não permitia parar para ficar lamentando. Eu era muito tímido e sempre me cobrei muito. Eu não ia a festas, queria ser bom aluno na escola, sentar na cadeira da frente, ser responsável. Começar a fazer teatro, aos 15 anos, me trouxe um pouco mais de relaxamento. Me mostrou que ter prazeres não ia me atrasar em nada. A arte me salvou.

MC Usa drogas? Defende a legalização?
LR Não vou dizer que sou moderninho, que já usei, porque não é verdade. Quero dizer, eu bebo. Sobre legalização, não consigo ter uma opinião. Fui criado com medo de tudo, inclusive de maconha. Uma vez, um primo fumou e foi pego. Rolou reunião de família. Foi um drama. Convivo com amigos que fumam e não vejo alteração no comportamento deles.

MC Como foi sua iniciação sexual?
LR Com minha primeira namorada, aos 17 anos. Disse a ela que já tinha transado horrores, para parecer que era experiente, mas não tinha ideia do que fazer quando me vi no quarto. Lembro que caprichei na saliva pro beijo, porque li que dava mais tesão [risos], mas achei nojento e engoli. Não sabia se chupava as partes íntimas dela ou se aquilo era asqueroso.

MC Quem tomou a iniciativa de voltar?
LR Para mim, nunca me separei. Sempre disse a ela: “Isso é só um tempo, mas a gente volta”. Ficava enchendo o saco. Não parava de telefonar para ela.

MC O que foi fundamental para formar esse Lázaro que existe hoje?
LR A infância, tanto na casa de Dindinha, em Salvador, quanto na ilha do Paty, a uma hora dali. Crescer na ilha, um lugar lúdico, viver num quintal, que me protegeu da rua e me deu uma possibilidade criativa, definiram quem sou e a escolha da profissão. Quando vou trabalhar, ainda acho que estou naquele quintal, brincando nas ruas. Ao mesmo tempo, ao vir para o Rio, deixar uma família que me amava, o Bando de Teatro Olodum, no qual um ator negro não tinha limites para viver um personagem, me apresentou outros desafios. Ter encontrado diretores como Karin Aïnouz, que investiu num rapaz de 21 anos como protagonista de Madame Satã, foi uma loucura! Nunca tinha feito um homossexual e fui desafiado a fazer não cenas de sexo gay, mas de amor gay.

MC Você tinha preconceito antes?
LR O Zebrinha [José Carlos Arandiba, diretor do Balé Folclórico da Bahia], meu mestre artístico, é gay e casado há 25 anos. Um dos meus primeiros conceitos de família foi a dele. Por outro lado, ao ler o roteiro pensei: “Pô, tem cenas de sexo, vou ter de ficar nu…”. Tinha toque, tinha pele. Mas tenho a tendência a me envolver com os personagens e estava tão apaixonado por Madame Satã que fiz tudo com facilidade.

MC Você é movido pela paixão até hoje?
LR Sou ator há 27 anos, mas continuo me impondo desafios. Depois do Foguinho, só recebi convites para fazer comédias e neguei. Não fui para esse lugar seguro. Persigo até hoje a paixão que senti por Madame Satã.

MC No livro, você conta que recusou personagens importantes porque não segura uma arma. Como é isso?
LR Pelo jeito que mostram os negros em cena, decidi que não aceitaria viver esse tipo de personagem, virou uma regra. Não queria que as pessoas vissem um ator negro nessa situação. Isso fez diferença no meu processo criativo e na maneira como as pessoas me encaram como ator. Não contribuo para que o negro seja visto como bandido. (mais…)

Livro sobre os últimos dias de Nelson Mandela é recolhido por editora

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O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela - AP Photo/Denis Farrell

O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela – AP Photo/Denis Farrell

 

Obra foi escrito por médico do sul-africano, mas família afirmou não ter dado autorização

Publicado em O Globo

JOHANNESBURGO — Um livro recém-lançado sobre os últimos dias de Nelson Mandela, escrito por um médico que trabalhou com o ex-presidente da África do Sul, foi recolhido pela editora, após a família do líder sul-africano afirmar que não havia autorizado a obra.

“Mandela’s last years” (Os últimos dias de Mandela, em tradução livre), escrito por Vejay Ramalakan, foi lançado na África do Sul no dia 18 de julho, para coincindir com o nascimento de Mandela, que morreu em 2013, aos 95 anos.

De acordo com a “BBC”, o livro mostra episódios polêmicos do final da vida do ex-presidente, assim como disputas dentro de sua família pelo seu legado.

Capa do livro 'Mandela's last years', escrito pelo médico Vejay Ramalakan - Divulgação

Capa do livro ‘Mandela’s last years’, escrito pelo médico Vejay Ramalakan – Divulgação

A viúva do ex-presidente, Graça Machel, cogitou processar o médico, alegando que ele teria quebrado o sigilo entre médico e paciente.

O médico afirmou, em entrevista ao canal “eNCA”, que recebeu permissão da família para escrever o livro, mas não especificou de quem.

A editora do livro, Penguin Random House, disse que a intenção era “mostrar a coragem e a força de Mandela até o final da sua vida”, e explicou que a decisão de recolher a publicação foi tomada “em respeito” à família. O número de cópias vendidas não foi informado.

O porta-voz da Fundação Nelson Mandela, Sello Hatang, afirmou que o livro não deveria ter sido publicado, e elogiou o fato da obra ter sido recolhida.

— No momentos, estamos avaliando sistematicamente o livro. Quando terminarmos, iremos divulgar uma listas das imprecisões — afirmou.

10 leituras obrigatórias de vestibular que parecem chatas, mas não são

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(FOTO: PIXABAY)

(FOTO: PIXABAY)

Publicado na Galileu

Quando o assunto é literatura brasileira muita gente tem medo ou preconceito, porque acha chato ou difícil demais de entender. Por isso, a GALILEU, com ajuda de seus conselheiros — um grupo de leitores antenados que avalia e torna a revista melhor a cada mês — fez uma lista de clássicos brasileiros que aparecem em muitos vestibulares por aí e que a primeira vista podem parecer chatos, mas não são.

Quem sabe depois dessa lista você dá uma chance para alguns escritores consagrados? Confira:

Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (312 páginas, Editora Ateliê, R$ 30)
É difícil pensar em literatura e não pensar em Machado de Assis. Considerado um dos maiores autores brasileiros, seus livros podem parecer difíceis de ler, o que não é o caso de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Cheio de ironia e bom humor, o livro que conta a história de Brás Cubas (um defunto autor, não um autor defunto!) e faz um retrato do Brasil na época do Imperador de forma dinâmica e divertida. Além disso, o estilo de Machado faz com que a narrativa não fique parada, o que dá mais vontade ainda de ler.

Capitães da Areia, de Jorge Amado (288 páginas, Companhia das Letras, R$ 37,84)
A história dos jovens que vivem em um trapiche abandonado retrata a Bahia do século 20 de forma dinâmica, realista e divertida. Não é à toa que ele sempre fica entre os preferidos dos jovens em época de vestibular.

O enredo que conta com personagens marcantes como Pedro Bala, Dora, Sem Pernas e Gato conquista logo nos primeiros capítulos e entretém, fazendo com que o leitor se dê conta de seu aspecto político e social só ao fim da leitura.

A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo (168 páginas, Editora Ática, R$ 37,90)
O livro é engraçado e a narrativa envolve o amor desde o início. Misturando romance, costumes da época e um pouco de imaginação, a história da vida da Moreninha passa rápido e dá vontade de reler assim que a leitura termina.

Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna (192 páginas, Editora Nova Fronteira, R$ 35,47)
O texto de teatro já foi encenado inúmeras vezes e já conquistou leitores por todo Brasil. A história de João Grilo e Chicó conta de forma engraçada a vida no Nordeste brasileiro, incluindo tradições religiosas e crendices populares. O livro é rápido e fácil de ler, mas dá margem para diversas interpretações e reflexões acerca dos personagens e do Brasil da época (anos 1950) e atual.

Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues (71 páginas, Editora Desiderata, R$ 54,90)
A obra de Nelson Rodrigues revolucionou o teatro brasileiro por apresentar em uma mesma peça três planos: o presente, os flashbacks e os delírios. Se isso já não for motivo suficiente para ler, vale lembrar que Vestido de Noiva, assim como outras obras de Nelson, é uma história cheia de reviravoltas e descobertas chocantes, que abalam o leitor e o fazem terminar a leitura com gostinho de quero mais.

Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles (208 páginas, Companhia das Letras, R$ 42,87)
Este livro reúne uma série de contos cativantes e é perfeito para quem quer começar a conhecer a obra da autora. O clima de suspense e mistério permeia quase todo o livro. Destaque para os contos “A Janela”, “Venha Ver o Pôr do Sol” e “Antes do Baile Verde”, que dá nome à coletânea.

Caminhos Cruzados, de Erico Verissimo (368 páginas, Companhia de Bolso, R$ 24,97)
Caminhos Cruzados conta a história de várias famílias: o interessante do livro é, justamente, como a trajetória dos personagens se cruza em meio ao crescimento de Porto Alegre no começo do século 20.

Na obra, o autor relata a dureza da vida de pobres e ricos, homens e mulheres, e fala de forma delicada sobre como cada uma dessas pessoas vê e afeta a própria vida e a do próximo.

Laços de família, de Clarice Lispector (136 páginas, Editora Rocco, R$ 18,96)
A coletânea de contos da autora ucraniana naturalizada brasileira fala sobre família. Na obra, Clarice Lispector explora as diferentes formas nas quais as relações familiares ao mesmo tempo que protegem, podem aprisionar.

Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida (220 páginas, Editora L&PM Pocket, R$ 18,90)
O bem humorado (e único) romance de Manuel Antônio de Almeida conta a história de Leonardo, “filho de uma pisadela e um beliscão”. A vida do garoto é cheia de acontecimentos e é zero politicamente correta. O livro também conta com vários outros personagens marcantes, como o padre e a Cigana, que dão o que falar.

Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade (80 páginas, Companhia das Letras, R$ 33,92)
A coletânea de poemas de Drummond pode até parecer complicada e chata em uma primeira leitura, mas ao reler os textos a profundidade e a sensibilidade da obra arrebatam o leitor. É uma boa pedida para quem quer conhecer este poeta consagrado — ou para quem quer descobrir o gênero literário.

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