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Amazon rebate João Doria e disponibiliza livros de graça. Até os rivais entraram na “briga”
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Nilton Kleina, no TecMundo
Título original: Briga entre João Doria e Amazon rende eBook grátis e doações de rivais
Ainda está longe de terminar a polêmica entre o prefeito de São Paulo, Joao Doria, e a filial brasileira da Amazon. Depois do polêmico comercial em que a empresa critica a limpeza de grafites e pichações na capital paulista (e da resposta do próprio político), a própria loja e até a concorrência está repercutindo o fato.
A Amazon.com.br topou o “desafio” lançado pelo prefeito de mostrar que está mesmo preocupada com São Paulo. Em um novo vídeo, a companhia anuncia o download de um livro digital gratuito em uma seleção bem variada com mais de 30 títulos. Para acessá-la, é só clicar aqui e fazer o login para confirmar o download sem custos.
Além disso, ela prometeu doar “centenas de dispositivos Kindle para instituições que promovem cultura e educação”, pedindo para os fãs “ficarem ligados” em novidades, possivelmente com a divulgação dos locais agraciados com os eReaders.
Rivais aproveitam para ajudar a cidade
Sofrendo muitas críticas, a Amazon foi rápida em responder à polêmica e ao desafio de Doria. Porém, mais velozes ainda foram as concorrentes: alguns e-commerces brasileiros largaram antes, entraram na briga e anunciaram ações sociais similares para mostrar serviço.
A KaBuM!, por exemplo, foi a primeira do varejo a anunciar que vai doar computadores e tablets para uso em escolas e instituições do município.
Já a Saraiva também demonstrou interesse em “ajudar a incentivar a leitura” e realizar ações sociais que complementem as que já existem sob os cuidados da empresa, como o Instituto Jorge Saraiva.
Livro do Uruguai causa polêmica ao comparar Smurfs com comunismo
0Katiúscia Vianna, no Adoro Cinema
O que surge na sua cabeça quando pensa em Smurfs? Seres azuis e … comunismo?
Um livro didático utilizado em escolas do Uruguai causou polêmica ao fazer uma comparação entre a aldeia dos amados personagens infantis e o sistema comunista.
“Talvez o próximo exemplo te ajude a entender a ideia de uma sociedade comunista. Conhece os Smurfs? Eles formam uma comunidade que vive numa vila. Todos eles tem uma moradia. Ninguém passa fome. A água é de uso coletivo. Todos tem obrigações na comunidade. Por exemplo, um Smurf cozinha. Outro é carpinteiro e conserta coisas quebradas. Então, cada um contribui com seu trabalho e recebe do trabalho dos outros. Comunismo é algo similar”, afirma o livro, criado para o sexto ano do ensino fundamental. A publicação ainda posta uma foto dos Smurfs ao lado do político comunista Lênin.
O porta-voz da Administração Nacional de Educação Pública do Uruguai (Anep), declarou que o livro não faz parte da leitura obrigatória nos colégios públicos. Porém, é um título recomendado na biografia de algumas instituições particulares – que não são sujeitas ao controle do governo. A situação causou tanta polêmica que o caso vai ser analisado por autoridades locais, a partir do dia 21 de fevereiro.
Rio 2016 impede livraria de usar expressão ‘ano olímpico’ na vitrine
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Desde 2009, Folha Seca cria homenagens temáticas com desenhos de Loredano
Aline Macedo, em O Globo
RIO — Rodrigo Ferrari vê seu estabelecimento, fincado na estreita Rua do Ouvidor desde 2004, como uma livraria especializada em temas cariocas. Amante de esportes, escolheu a jogada imortalizada por Didi para batizar o espaço: Folha Seca. Agora, de uma só vez, foi impedido de celebrar dois de seus temas preferidos, o Rio e o esporte: A organização da Rio 2016 notificou a loja para que retirasse da vitrine um cartaz onde constava a palavra “olímpico”.
Em 2009, por ocasião do bicentenário de Paula Brito, Ferrari se uniu ao cartunista Cassio Loredano para homenagear o primeiro livreiro carioca. Desde então, as caricaturas de Loredano enfeitam banners produzidos anualmente, que já honraram o compositor e caricaturista Nássara, o escritor Nelson Rodrigues, o cantor Orlando Silva e a seleção brasileira.
Entretanto, a homenagem ao bicampeão olímpico de salto triplo Adhemar Ferreira da Silva (1927-2001) foi proibida por infringir os direitos dos Jogos Olímpicos. No banner que causou o problema, lê-se: “2016 Ano olímpico Adhemar Ferreira da Silva na Folha Seca”.
— Fica essa sensação de não poder comemorar o fato da Olimpíada acontecer na nossa cidade — lamenta Ferrari, que foi notificado pela Rio 2016 por um e-mail. A organização não o procurou pessoalmente nem por telefone.
O empresário acredita ter caído no radar olímpico por usar a imagem criada para divulgar, pelo Facebook, um evento celebrando o dia do choro, em 23 de abril. Um dia antes, chegou a notificação e, com medo de uma possível represália, Ferrari apagou as menções à palavra “olímpico” do perfil da livraria na rede social. Entretanto, ele ainda não sabe que atitude vai tomar com relação ao banner, que às vezes volta a adornar a vitrine.
— Vários amigos que frequentam aqui se colocaram à disposição para ajudar, dizendo que eu deveria processar, já que não estou me aproveitando disso comercialmente. A ideia era só fazer essa homenagem ao Adhemar. Se vai ter Olimpíada na minha cidade, eu não posso dizer que ela é olímpica? — questiona.
O artista Loredano, responsável pelo desenho do banner proibido, onde o esportista aparece de braços abertos em meio a um salto, acredita que o comitê poderia ter sido mais flexível:
— Eu acho perfeitamente ridículo o comitê achar que é dono da palavra “olímpico”. Todo ano a livraria coloca um banner. Em 2014 foi o Pelé, ano da seleção brasileira. Imagina se a CBF viesse dizer que “seleção” é um nome registrado? Está no dicionário: “olímpico”. Esse desenho é para botar na memória do Brasil, que é um país desmemoriado, o maior campeão olímpico do Brasil. A Folha Seca não iria ganhar um vintém com isso.
Já o deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL), que em 2011 concedeu a medalha Pedro Ernesto a Rodrigo Ferrari por seu trabalho de revitalização da área da Praça XV, classificou a atitude da Rio 2016 como “um absurdo”.
— Como você vai intervir numa atividade de trabalho? O protocolo de intenções que o Brasil assinou para realziar as Olimpíadas no país não pode estar acima da Constituição de 1988 — disse o político, que pretende usar a tribuna da Alerj para denunciar o que considera um “erro” na legislação.
A lei 13.284, de 10 de maio de 2016, diz que as denominações “Jogos Olímpicos”, “Jogos Paraolímpicos”, “Jogos Olímpicos Rio 2016”, “Jogos Paraolímpicos Rio 2016”, “XXXI Jogos Olímpicos”, “Rio 2016”, “Rio Olimpíadas”, “Rio Olimpíadas 2016”, “Rio Paraolimpíadas” e “Rio Paraolimpíadas 2016”, assim como demais abreviações e variações criadas com o mesmo objetivo são símbolos oficiais, portanto, estão sob proteção do regime especial de registro de marcas.
Procurada, a assessoria da Rio 2016 explicou que os únicos com permissão de associar o nome às Olimpíadas são os patrocinadores oficiais do evento. O departamento de proteção às marcas realiza um monitoramento constante da internet e redes sociais para identificar possíveis usos indevidos dos símbolos dos Jogos, avisando eventuais infratores por e-mail. Caso identifiquem o uso persistente de uma das marcas protegidas, medidas judiciais podem ser tomadas.
A entidade explicou que a referência a 2016 como um “ano olímpico” constitui “marketing de emboscada”, ou seja, cria uma falsa associação entre a livraria e os Jogos de 2016.
Editora recusa livro para ‘não engrossar o caldo do impeachment’ e Fla-Flu das redes sociais vai para o mundo literário
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Gustavo de Almeida, no Extra
O escritor baiano Antonio Risério teve um romance cancelado nesta terça-feira pela Editora 34, que havia lançado dois livros de sua autoria em 2007 e 2012. Segundo email recebido por Risério, a principal justificativa da editora era “não engrossar o caldo do impeachment”. Em menos de 24 horas, o editor Carlos Andreazza, da concorrente Record, fez proposta a Risério de lançar o romance – que estava programado para sair em junho.
– Fiquei sabendo por e-mail. Achei triste, coisa que remonta às velhas práticas stalinistas que pareciam ter sido sepultadas. E isso de uma gente que hoje publica autores russos que Stalin condenou… ninguém olha mesmo para o próprio rabo. Mas não teve nada de terrível, não. Minha educação trotskista da juventude me preparou para todo e qualquer tipo de embate, sempre jogando limpo – disse Risério ao EXTRA.
Procurada, a Editora 34 não respondeu até o fim da tarde desta quarta-feira. No comunicado feito a Risério, a editora argumentou ao escritor que os defensores do impeachment estão usando medidas criminosas: “Em face do acirramento da crise, com a turma pró-impeachment apelando para medidas ilegais e até criminosas para levar a cabo, a qualquer custo, a derrubada do atual governo (…), nós, editores e diretores da 34, não nos sentiríamos bem engrossando esse caldo. Num momento em que o bom senso e a reflexão crítica estão indo por água abaixo, o seu livro poderia ser instrumentalizado nesse sentido”.
Segundo o escritor, a obra fazia referência ao marketing político usado pela presidente Dilma Roussef na campanha eleitoral de 2014. O curioso: Risério é contra o impeachment da presidente.
– Impeachment não é golpe, mas não acho que seja o melhor caminho. Fico com a Rede e o PSOL: minha opção é a via eleitoral. A minha postura é clara. O sistema político brasileiro apodreceu e merece cair por inteiro. Fernando Henrique e Lula foram fundamentais para que isso acontecesse: jogaram fora, cada um a seu modo, a oportunidade histórica que tiveram de reinventar a política no Brasil. Ao contrário dos mártires cristãos, Lula não está pagando por suas virtudes, mas por seus pecados – explicou o autor.

Risério, de esquerda, fará parte do mesmo catálogo que o direitista Constantino Foto: Marco Antônio Teixeira
Na Record, o esquerdista Risério terá a companhia de, por exemplo, Rodrigo Constantino, autor de “Esquerda Caviar” e detrator do governo do PT. Mas ele é muito claro:
– Tudo está acima do Fla-Flu das redes sociais. Uma editora supostamente “de esquerda” me censurou. Outras editoras fizeram propostas. Entre elas, a Geração Editorial, do Emediato, que é considerada “de esquerda”, e a Azougue, do Sérgio Cohn, que tende para um saudável libertarismo algo anarquista. A Record chegou primeiro. Na minha memória, quando ouço o nome Record, ocorre-me logo a figura do generoso comunista Jorge Amado. Agora, não temo nada. Nem ando ao lado de Collor, Calheiros ou Maluf e outros bandidos… Tenho a minha vida e o meu trabalho. E só converso em cima disso – disse.
O editor da Record, Carlos Andreazza, elogia Risério – “um pensador independente” – e nega que haja qualquer necessidade de se publicar apenas escritores de um só perfil ideológico.
– A Record é uma editora plural e publica – e quer publicar – todos aqueles que, dentro da lei, são vozes relevantes e representativas. É o caso, por exemplo, do Rodrigo Constantino. São 74 anos de existência e de compromisso com o debate público. Nós, aliás, queremos abrigar o debate aqui dentro. É o papel de uma editora. O editor que temer “acirramento” de estigma deve procurar outra ocupação – diz
“Há perigo em muitos livros, até na Bíblia”, diz editor que publicará Hitler
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Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, comenta a polêmica sobre o relançamento da obra ‘Minha Luta’, ícone nazista
Nataly Costa, na Veja SP
Após setenta anos sob os cuidados do Estado da Baviera, na Alemanha, a autobiografia do ditador nazista Adolf Hitler, Minha Luta, caiu em domínio público no primeiro dia de 2016. Três editoras, todas de São Paulo, se interessaram em publicar a obra, o que gerou um amplo debate. Afinal, o livro tem valor histórico e deve estar disponível nas livrarias ou é um texto de pura incitação ao ódio, capaz de influenciar negativamente e disseminar ideias criminosas?
A Edipro, com sede na Bela Vista, abandonou a ideia logo após anunciá-la. “Muitos leitores ligaram afirmando que a publicação poderia ser irresponsável. Ficamos preocupados”, disse a coordenadora administrativa Maira Micales. A Centauro já tinha o texto pronto – entre 2001 e 2006, imprimiu uma edição não autorizada pelo governo alemão, que solicitou o recolhimento dos livros. Expirados os direitos autorais, a editora mandou rodar mais 5 000 cópias, mas foi proibida pela Justiça carioca de vender naquele estado. Em São Paulo, é possível encontrar sua edição na livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista.
Quem mais encampou a briga pelo direito de publicar o volume, porém, foi a Geração Editorial, na Lapa, Zona Oeste. O dono, Luiz Fernando Emediato, preparou uma edição crítica (a exemplo do que foi feito na Alemanha), com 400 páginas de comentários de historiadores, apêndices, contestações e notas de tradução.
A tiragem inicial é de 5 000 exemplares e as vendas começam em março. Confira a entrevista com o editor:
Quando a Geração Editorial começou a cogitar a publicação de Minha Luta?
Há uns quinze anos, quando li um artigo do professor da USP Nelson Jahar Garcia, morto em 2002, no qual ele afirmava que “Minha Luta (Mein Kampf) foi a melhor obra já escrita contra o nazismo”. Ele mesmo colocou uma tradução do livro para consulta pública no site da Unicamp. Está lá ainda hoje. Lembro que a obra não está proibida em Israel e que no Brasil vários líderes judeus já se manifestaram a favor da publicação de uma edição crítica e comentada.
Uma das críticas à edição é sobre a capa, que trará uma imagem de Hitler. Essa capa se mantém? Se sim, por que a editora achou importante colocar a foto do ditador na capa?
Essas críticas foram sobre um layout de capa que vazou. Essa capa não será usada (a nova versão, no entanto, também traz a figura do ditador). Mas a crítica é absurda: desde a derrota de Hitler, quase todos os filmes, livros e peças sobre a II Guerra e o nazismo usam imagens do ditador e os símbolos do movimento. A imagem de Hitler é tão icônica quanto as de Jesus Cristo, Stalin, Trotsky, Lenin, Mao Tse Tung, Che Guevara e o Carlitos, de Chaplin.
Qual sua opinião sobre o posicionamento de livrarias como Saraiva e Cultura (as lojas afirmaram que não venderão o livro)?
Creio que mudarão de ideia quando conhecerem nossa edição. Mas se não mudarem de ideia não tem problema, é um direito delas vender ou não.
Como será a edição crítica e comentada? Além dos textos de introdução, cada página terá notas de rodapé, os comentários serão por capítulo?
As notas, comentários, apêndices (há comentários que ocupam várias páginas) não estarão nos rodapés, mas entremeando o texto de Hitler, corrigindo erros históricos e mentiras, comentando e contestando ideias equivocadas e contextualizando e atualizando fatos, como por exemplo o Holocausto. São 278 comentários de dez historiadores norte-americanos para uma edição já fora do mercado, de 1939, além de 48 notas de um historiador brasileiro que atualizou e contextualizou essas notas antigas, mais 28 notas do tradutor, totalizando 354 notas, que ocuparam mais de 400 páginas.
Quem é contra a publicação do livro sustenta que a obra é medíocre como literatura e somente dissemina ideias de ódio contra minorias (judeus, negros, gays, deficientes). O que você acha?
O livro de Hitler não é elegante, nem pode ser considerado literatura. É um panfleto de propaganda política e racista raivosa, ressentida, violenta e equivocada, mas é um livro histórico que não pode ser ignorado, pela tragédia que causou. Hitler registrou neste livro todo o seu ódio, disse que faria o que estava ali escrito e fez, com apoio das elites alemãs que temiam o comunismo e depois de todo o povo, que se considerava humilhado e passou a ver nele quase um deus. A obra de um homem assim merece ser conhecida. Crime pela lei brasileira é fazer propaganda do racismo, da violência e do ódio. Nossa edição faz o contrário: critica as ideias de Hitler, alerta para o perigo delas e contesta uma por uma. Trata-se de uma edição antinazista, antiracista e antiviolência.
Outra crítica é que, como documento histórico, o livro não é imprescindível – temos amplo material sobre Hitler e o nazismo sem precisar recorrer ao “diário” do ditador. O que você acha?
Não há livros prescindíveis e imprescindíveis. Há livros que, pelo bem ou pelo mal que causam, precisam ser lidos. Quem defende tal ideia é autoritário como Hitler e a ele se iguala. Existem perigos em muitos livros, até na Bíblia – que autoriza sacrificar filhos e apedrejar adúlteras – e no Alcorão – que manda decapitar infiéis. Prega-se violência armada nos livros de Che Guevara. E contra a propriedade privada na literatura marxista. Nem por isso esses livros devem ser proibidos.
Também diz-se que Mein Kampf poderia figurar em prateleiras de bibliotecas, mas não de livrarias. Qual sua opinião sobre isso?
Visão elitista e autoritária de quem considera o leitor um idiota cujo acesso à leitura deve ser controlado.
A editora está enfrentando batalhas judiciais aqui em São Paulo contra a publicação do livro?
Nenhuma. Existe uma decisão preliminar da Justiça do Rio, que proíbe a venda apenas lá, mas essa decisão deve cair, porque é inconstitucional.
Você acha que a polêmica aguça a curiosidade em relação ao livro?
Nossa intenção é fazer uma edição de apenas 5 000 exemplares, mas se com uma repercussão imprevista os leitores pedirem mais, reimprimiremos.