Uma Sombra na Escuridão

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Bill Gates indica 5 livros ler nas férias

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(FOTO: FLICKR / ONINNOVATION)

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Publicado no Ariquemes Online

Recentemente Bill Gates, o bilionário dono da Microsoft, fez em seublog uma lista de 5 livros para ler neste verão (americano). As dicas também valem para quem quiser seguir as dicas do ricasso aqui no Brasil — mesmo em uma estação diferente.

Born a crime, de Trevor Noah

Neste livro, o apresentador do programa de TV The Daily Show conta sobre sua história de luta até chegar na televisão americana. Por ser sul-africano, Noah aborda as dificuldades do preconceito e de crescer em um país com tantos problemas raciais.

The Heart, de Maylis de Kerangal
A única ficção da lista, The Heart conta a história de um transplante desde a hora em que o jovem dono do coração perde a vida até o momento em que o órgão muda de corpo. Muito sensível, a história tem uma linda linguagem para conectar leitores e personagens.

Hillbilly Elegy, de J.D. Vance
Neste livro, o autor conta a triste história de sua infância com os avós após ser abandonado pelo pai e posto de lado pela mãe. Vance narra sua trajetória até a Universidade de Direito Yale e como a pobreza afetou sua vida.

Homo Deus, de Yuval Noah Harari
O único que já possui versão brasileira, Homo Deus investiga o futuro da humanidade com base em nosso passado. O autor combina pesquisas e novidades científicas com sua capacidade de observar a sociedade para escrever esta obra que pretende entender o que ocorrerá com a Terra após tanto tempo de guerras, fome e pobreza.

A Full Life, de Jimmy Carter
Neste livro o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, conta algumas anedotas sobre sua vida na presidência, mas também sobre a vida que levou antes da carreira política no interior do estado da Geórgia. O político conta como foi crescer sem água e energia elétrica, mas também fala de alguns episódios — bons e ruins — da vida que levou na Casa Branca.

Os 23 melhores livros de desenvolvimento pessoal para ler antes dos 23 anos

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  Fonte: Shutterstock

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Estas obras podem ajudar no aperfeiçoamento de habilidades e na superação de desafios

Publicado no Universia Portugal

A leitura faz parte do crescimento de uma pessoa. Alguns livros podem auxiliar no aperfeiçoamento de habilidades e na superação de desafios. Conheça uma lista de 23 livros que ajudam no desenvolvimento pessoal para ler antes dos 23 anos – a ajuda que estava a precisar pode estar escondida numa das obras abaixo:

1. Whatcha Gonna Do with That Duck?: And Other Provocations, de Seth Godin

O livro reúne o melhor conteúdo do blog do autor Seth Godin. A coletânea escolheu os melhores posts dos últimos seis anos, além de textos exclusivos que falam desde sobre como tratar os clientes até como partilhar histórias e ideias.

2. Fooled by Randomness: The Hidden Role of Chance in Life and in the Markets, de Nassim Nicholas Taleb

O livro faz parte da série Incerto, juntamente a The Black Swan, Antifragile e The Bed of Procrustes. Fooled by Randomness é uma obra sobre sorte, incerteza, probabilidade, erro humano, riscos e tomadas de decisões.

3. As 48 leis do poder, de Robert Greene

A obra conta como agem os mestres em requisitos que envolvem inteligência, perspicácia, planeamento e dissimulação. As 48 Leis do Poder incluem a capacidade de esperar pelo momento certo para atacar e como criar uma aura de mistério para confundir os inimigos.

4. Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, de Stephen Covey

Sete princípios que, se estabelecidos como hábitos, ajudam a atrair a verdadeira interdependência efetiva. O livro é o resultado de pesquisa feita em duzentos anos de publicações sobre sucesso pessoal.

5. Eat That Frog!, de Brian Tracy

A obra mostra a maneira certa de organizar as tarefas diárias: fazendo com que o leitor obtenha resultados mais rápidos e assertivos.

6. Pense e Enriqueça, de Napoleon Hill

Investigando a vida de diversos milionários, o autor descobriu um segredo que poucos tinham desvendado: o que esses homens têm em comum que e que fez com que fossem tão bem-sucedidos? Descubra com Pense e Enriqueça.

7. The attention revolution, de B. Alan Wallace

A meditação oferece um método para atingir níveis de concentração previamente inconcebíveis. O autor, que pratica meditação há quase 30 anos, apresenta o seu conhecimento sobre o assunto mostrando resultados reais da prática.

8. The Paleo Manifesto: Ancient Wisdom for Lifelong Health, de John Durant

No seu livro, John Durant defende uma visão evolutiva, revolucionária e futurista para a saúde.

9. Mindsight: The New Science of Personal Transformation, de Daniel J. Siegel

Com suas pesquisas científicas voltadas para a vida quotidiana, o autor desenvolveu abordagens inovadoras, que estão a ajudar centenas de pessoas a livrarem-se dos obstáculos que bloqueiam a sua felicidade.

10. Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie

Os conselhos, métodos e ideias dados pelo autor Dale Carnegie auxiliam as pessoas, de maneira extremamente direta, a criar boas relações e a alcançar os seus objetivos pessoais e profissionais.

11. Feeling Good, de David D. Burns

O livro mostra como a ansiedade, a culpa, o pessimismo, a procrastinação e a baixa autoestima podem ser curados com uma simples leitura. David D. Burns apresenta técnicas cientificamente comprovadas que irão ajudar os leitores a desenvolver uma perspetiva positiva sobre a vida.

12. Psycho-Cybernetics, de Maxwell Maltz

A obra mostra como é possível criar e alcançar metas que podem transformar a vida, além de mostrar como é possível conquistar o sucesso de maneira simples.

13. Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, de Daniel Kahneman

O vencedor do Nobel de Economia, Daniel Kahneman, mostra as duas formas de pensar: o pensamento rápido, intuitivo e emocional; e o lento, lógico e ponderado. A obra apresenta-nos de que forma o entendimento do seu funcionamento nos pode ajudar nas nossas decisões pessoais e profissionais.

14. Guia de um astronauta para viver bem na Terra, de Chris Hadfield

A história pessoal do autor, que queria tornar-se astronauta em 1969, quando o primeiro homem pisou a lua.

15. Failing forward, de John C. Maxwell

Qual é a verdadeira razão para o seu sucesso? O autor John C. Maxwell tem a resposta: a diferença entre as pessoas comuns e as pessoas realizadas é sua perceção e resposta ao fracasso.

16. O Poder do Agora, de Eckhart Tolle

Combinando conceitos de diferentes tradições espirituais, o autor elaborou um guia para a descoberta do nosso potencial interior: manual prático que nos ensina a tomar consciência dos pensamentos e emoções que nos impedem de vivenciar plenamente a alegria e a paz.

17. The Last Lecture, de Jeffrey Zaslow e Randy Pausch

Livro sobre a importância de se superar obstáculos e de se aproveitar cada momento. O autor combina humor, inspiração e inteligência na sua escrita.

18. A Coragem de Ser Imperfeito, de Brené Brown

Os maus sentimentos podem prejudicar-nos nos estudos, no trabalho e dentro da nossa própria casa. O autor mostra de que forma as sensações podem ser transformadas em coragem, emprenho e propósito.

19. O Mundo Assombrado pelos Demónios: A Ciência Vista Como Uma Vela No Escuro, de Carl Sagan

O autor reafirma, no seu livro, o poder positivo e benéfico da ciência e da tecnologia para tentar recuperar os valores da racionalidade. A obra aborda a falsa ciência e os irracionalismos acompanhados por lembranças da infância.

20. Philosophy for Life: And Other Dangerous Situations, de Jules Evans

Jules Evans entrevistou soldados, psicólogos, gangsters, astronautas e anarcas e descobriu as maneiras pelas quais as pessoas estão a usar a filosofia agora para construir uma vida melhor.

21. Em Busca de Sentido, de Viktor Frankl

O livro retrata as experiências do autor como um detido de um campo de concentração, descrevendo o seu método psicoterapêutico para encontrar uma razão de viver.

22. Simplify: Ten Practices to Unclutter Your Soul, de Bill Hybels

O autor identifica questões que atrapalham a vida e oferece medidas para ajudar o leitor a viver de uma maneira melhor, erradicando a desordem do seu mundo interior e criando propósitos mais claros e relações mais ricas.

23. Love Yourself Like Your Life Depends On It, de Kamal Ravikant

Coleção de pensamentos sobre aprendizagens diárias: o que funciona ou não; onde é possível encontrar o sucesso; e como lidar com as falhas. O segredo está em saber amar-se a si mesmo.

Como os livros podem salvar sua vida

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Publicado por Fred Di Giacomo

Antes de ter dinheiro para conhecer o mar ali do lado, no litoral paulista, eu já tinha rodado o mundo com os navios de John Silver e Gulliver, tinha ido até o coração da África com Livingstone e admirara o Mississipi em aventuras passadas com Tom Sawyer. Antes de sonhar em entrar na universidade, eu tivera algumas aulas curtas com mestres como Camões, Darcy Ribeiro e Platão. Eu não tinha uma namorada ainda, mas achava que Romeu e Julieta tinham sido muito ansiosos em se matarem e que o primo Basílio era um tremendo sacana.

Marilyn Monroe lendo o clássico “Ulysses”, de James Joyce. Seus poemas foram reunidos em “Fragments: Poems, Intimate Notes, Letters”

Marilyn Monroe lendo o clássico “Ulysses”, de James Joyce. Seus poemas foram reunidos em “Fragments: Poems, Intimate Notes, Letters”

 

Na minha vida, tive três grandes influências: meus pais, os livros e a música — inicialmente cavalgando os três acordes do punk rock. Provavelmente, meus pais — professores — foram a mais importante de todas, porque foram eles que me estimularam a ler desde os 6 anos de idade. Seu grande tesouro era uma biblioteca recheada de livros que me rodearam por toda infância e adolescência. Livros que disputavam espaço com os móveis e pessoas em casa. Livros e seu cheiro de papel novo ou amarelado, espalhados, deitados, catalogados. Livros cheios de nomes estranhos que eu fui decifrando quando aprendi o “bê — a — bá”: Macunaíma (seria um livro sobre índios?), Trópico de Capricórnio (um livro sobre geografia?), Guimarães Rosa (um homem com nome de flor?). O que aqueles livros grossos e sem figuras tinham de tão legal para tomar a atenção dos meus pais por tanto tempo? Entre um livro da coleção Vaga-Lume e um infantil da Ruth Rocha, fui descobrindo que livros ensinavam, divertiam e viciavam sem grandes efeitos colaterais. Aliás, o único efeito colateral dos livros era te deixar mais inteligente.

Os livros foram meu curso de inglês, meu reforço escolar, minha aula de administração, game design e cultura geral. Graças a eles eu tive assunto em mesas de bar, entrevistas de emprego e reuniões de negócio.

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Cientificamente, já se provou que ler faz muito bem para o ser humano. A leitura retarda suas chances de desenvolver Alzheimeir, melhora sua memória, reduz o estresse e combate a depressão. Mais que isso: ler te ajuda a escrever melhor, aguça o pensamento analítico e aumenta seu conhecimento. E você pode perder sua casa, seu dinheiro e sua família, mas nunca ninguém poderá tirar seu conhecimento. (A não ser que te façam uma lobotomia, é claro.)

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Albert Einstein: o único efeito colateral da leitura é torná-lo mais inteligente

Albert Einstein: o único efeito colateral da leitura é torná-lo mais inteligente

 

Se você quer ficar rico ou garantir a paz mundial. Se você quer entender o sexo oposto ou apenas fazer mais sexo. Se você quer aprender uma língua ou se preparar para o mercado de trabalho, então LEIA. Leia tudo que cair na suas mãos, mas comece com leituras que te agradem. Uma das coisas que mata o prazer da leitura é dar para uma criança de 10 anos a obrigação de devorar as obras de José de Alencar. O menino abre as primeiras páginas cheias de descrição rococó de “O Guarani” e dorme no segundo parágrafo. Quando acorda, vai jogar videogame. Eu adoro videogame , mas acho que todo mundo deve reservar umas horinhas para a leitura no seu dia. E você deve começar lendo o que te dá prazer. Também não vale a pena começar com coisas muito difíceis. Encare a leitura como um jogo: a cada fase você vai evoluindo um pouco. Quando eu tinha 10 anos abri o “Grande Sertão: Veredas” e não entendi uma frase; catorze anos depois, ele se tornou um dos meus livros favoritos. Você é uma pessoa romântica? Leia “Bridget Jones”. Você acha que todos os livros só falam de playboys? Leia “Cidade de Deus”. Você gosta de aventura? Leia “Os Três Mosqueteiros”. Livros não são chatos. Acredite, existem livros sobre sexo e drogas, rock n’ roll. Existe um livro para cada pessoa, você só não achou o seu ainda.

Como já disse, sugiro que você comece lendo sobre o que gosta. E, quando o que você gosta se tornar a leitura, expanda seu universo. Aí está a verdadeira magia da literatura: ela te permite viajar pelo mundo, pelo tempo e para lugares que nunca existiram. Ela te permite ter aulas com os melhores professores do mundo. A literatura é a única universidade onde você pode aprender sobre felicidade com Aristóteles, sobre o mal com Hannah Arendt e sobre a guerra com Sun Tzu. Você pode descobrir como era a vida de uma escrava em “Um defeito de cor”, ir até o inferno com “A Divina Comédia” ou se aventurar com elfos e anões em “O Senhor dos Anéis”.

Bukowski num momento de leitura íntima

Bukowski num momento de leitura íntima

 

Depois que você descobrir um autor favorito, comece a criar uma “teia de autores” que se relacionam com ele. Eu descobri o Bukowski na faculdade e adorei seu “Misto Quente”, que falava da infância e adolescência de um garoto feio, pobre e virgem de uma forma crua, sarcástica e, ainda assim, engraçada. Tive aquela mágica sensação de “escreveram essa história para mim” e terminei o livro com vontade de tomar uma cerveja com o autor. Tinham me falado que Henry Miller seguia uma linha parecida e, então, fui ler seus livros. De lá, passei por Anaïs Nin, Nietzsche, os beats e John Fante numa prazerosa sequência de descobertas de uma literatura (e filosofia) marginal. Em outras palavras: você descobriu o prazer da literatura lendo “50 tons de cinza”? Leia, na sequência, “Crepúsculo” que inspirou o livro de E. L. James e continue com o “O morro dos ventos uivantes”, de Emily Brönte — o livro favorito de Bella e Edward. Em um ano, você estará lendo Jane Austen e vai ter se divertido muito no caminho.

Um dado interessante: ler aumenta sua empatia. Quando você lê histórias da vida de mulheres mulçumanas, meninos afegãos e angolanos alforriados; você passa a ver todas essas pessoas como… Pessoas. Você começa a enxergar a humanidade como uma (turbulenta) família. Você percebe que os “outros” são como você. Você entra na vida de pessoas com as quais você nunca conviveu e se identifica com o que existe de universal em toda vida humana: a dor, o amor, o ciúme, o medo, a inveja… Quase o mesmo efeito de viver em outro país. Por isso, como escrevi antes, eu recomendo que você comece lendo sobre o que te interessa e depois passe a ler de tudo — inclusive livros de pessoas completamente diferentes e opostas a você. Eu sempre simpatizei com autores da esquerda libertária, mas aprendi muito com conservadores como Céline, Nélson Rodrigues, Paulo Francis e Gilberto Freire. O maior símbolo da nossa direita — Reinaldo Azevedo — diz que seu autor favorito é o comunista Graciliano Ramos. Quer se arriscar? Se você é um machista convicto, leia “O Harém de Kadhafi” e depois Simone de Beauvoir. Se você é um stalinista, leia “1984” e “A revolução dos Bichos” (ambos escritos por um militante socialista, o grande George Orwell). Leia quem escreve o que você concorda e quem escreve o que você discorda. Mesmo que você não passe a concordar, isso lhe dará melhoras argumentos em seus próximos debates. Aliás, antes de entrar em um debate no bar ou na internet, antes de emitir opiniões definitivas, antes de sentenciar alguém em seus julgamentos: leia sobre o assunto, pesquise, reflita. Existem excelentes livros sobre seu tema polêmico favorito: leia!
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A Tatiane de Assis, leitora do Glück, nos mandou uma belíssima entrevista com o cineasta Cristiano Burlan — que foi criado na periferia de São Paulo e teve diversos membros de sua família assassinados ao longo de uma vida dura. Entre a pobreza, a marginalidade e a violência; o que mais me impressionou na entrevista de Cristiano foi seu amor pela literatura e as artes. Como a literatura salvou sua vida de um fim trágico. Aliás, arte e cultura têm operado milagres e salvado muita gente de uma morte violenta, como bem lembrou o cantor Criolo. Tem salvado tantas almas quanto as igrejas espalhadas pelo mundo. Mas a literatura não serve de apoio apenas aos marginalizados. Ela ajuda executivos a subirem em suas carreiras, viajantes a conhecerem o globo, apaixonados a fazerem declarações bonitas e deprimidos a enxergarem algum sentido no labirinto da existência.

Malala sofreu um atentado por lutar pelo direito das mulheres poderem frequentar escolas no Paquistão. Na foto, ela lê no hospital.

Malala sofreu um atentado por lutar pelo direito das mulheres poderem frequentar escolas no Paquistão. Na foto, ela lê no hospital.

Se eu tivesse só um conselho para dar para você, leitor desse blog em busca da felicidade, eu repetiria: leia. Leia tudo que você puder. Faça carteirinha na biblioteca municipal da sua cidade, se você não tem dinheiro. Troque suas roupas de marca por centenas de livros, se você é rico. Presenteie seus amigos com livros. Pesquise sobre os autores, vá a sebos, leia livros que estão gratuitos na internet. E, se você quiser bater um papo sobre literatura, estou aqui pronto pra passar uma madrugada enchendo o saco de todos falando sobre meus livros favoritos, os livros que eu preciso ler antes de fazer 40 anos, os livros que quero escrever um dia e até sobre um livro-disco que escrevi. Mas leia. Se tem um conselho que eu posso dar para quem quer mudar de vida é esse.

Os livros salvaram minha vida. Eles podem salvar a sua também.

dica do Marcos Vichi

Marcelo Gleiser participa da Bienal do Livro do Ceará

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Marcelo Gleiser aproxima questões científicas e filosóficas na busca pelo sentido da existência

Publicado em O Povo

A busca pelo sentido da existência e a vontade de entender nosso papel no universo são questões que permeiam a humanidade. Essas indagações se tornam ainda mais fortes pelo fenômeno que nos rodeia: a vida. É no tripé religião-ciência-filosofia que estão as bases para se enveredar por essa busca, é o que acredita o físico e professor Marcelo Gleiser.

Autor de livros que tratam a ciência de um modo descomplicado – com os quais ganhou dois prêmios Jabuti -, ele estará presente na Bienal do Livro do Ceará para debater a humanidade, o universo e a vida sob perspectiva da ciência, filosofia e religião.

“Vejo uma transformação ocorrendo hoje devido à essa nova percepção da importância e raridade do nosso planeta oferecida pela ciência. Ao nos relacionarmos com o mundo de modo mais profundo, despertamos também um novo tipo de espiritualidade, inspirada pela beleza do mundo natural e por nossa compreensão de que estamos todos juntos no mesmo barco”, comenta.

Aproximar a ciência de quem não entende nada de fórmulas, sem afastar do saber poético ou das questões espirituais pode parecer uma tarefa quase impossível. Porém, Gleiser procura resolver isso ministrando um curso chamado “Física para Poetas”, na Dartmouth College, nos EUA. “Não uso equações e sim ideias para estruturar as aulas. Ideias e os ideais dos homens e mulheres que contribuíram e contribuem para a construção dessa incrível narrativa da natureza chamada ciência”, explica.

Esse cuidado ao estruturar as ideias se reflete na sua escrita. Leitor de Jorge Luis Borges, Edgar Alan Poe, Fernando Pessoa e Monteiro Lobato, é se pondo no lugar do outro que Marcelo tenta escrever. “Quero criar uma narrativa que tenha significado universal, que diga algo válido para o maior número possível de pessoas, independente de onde moram ou no que acreditam”.

Em seu último livro, A simples beleza do inesperado, Marcelo resgata da infância momentos que refletem a busca pela essência e o mistério das coisas que não consegue explicar. Portanto, é ainda na infância que a curiosidade deve ser explorada, podendo formar inclusive novos leitores.

Para ele, é no fazer perguntas que crescemos, porém, o processo educacional não é desenhado para incentivar a dúvida, e sim o culto da certeza. “As crianças que perguntam ‘por quê?’ são em geral silenciadas, sua curiosidade tachada de errada ou de inapropriada. Isso é um crime, e pagamos o preço no final, criando uma sociedade apática, que não se questiona sobre o mundo ou sobre a importância de suas vidas. O Brasil tem muita gente criativa, mas precisa de muitas mais”, defende o professor.

Literatura e ciência

O convite para que Gleiser viesse à Bienal partiu da busca por fomentar uma literatura científica que interaja com a sociedade, comenta Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado. Para o secretário, é preciso entregar produtos literários que facilitem o conhecimento desses fenômenos que acontecem em nossas vidas.

Durante os dias da Bienal, textos acadêmicos que versam sobre temas como química e botânica, produzidos por pesquisadores cearenses, serão apresentados como um modelo do que pode ser feito.“Na Bienal vamos fazer esse exercício de ver o que podemos aperfeiçoar, a linguagem que podemos utilizar para aproximar as pessoas, e não que elas se assustem com uma fala totalmente científica”.

Inácio também acredita que “descomplicar” esse tipo de leitura pode ser a porta de entrada para outros saberes. “Há ainda um mercado que é pouco explorado. Se publicam muitas teses, as pessoas ficam receosas de ler. Se você deixar essa produção voltada somente para a academia, você deixa de transformar um produto que poderia trazer muita riqueza”, conclui.

Catadora vai à formatura carregando as latinhas que pagaram sua faculdade

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“Eu tinha que ser alguém na vida, não ser só sucateira, mas ter um curso superior pra dar exemplo para as minhas filhas.”

Publicado no Razões para Acreditar

A paraibana Luciene Gonçalves, 35 anos, conseguiu pagar os quatro anos do curso de serviço social em uma faculdade particular de Souza, no sertão da Paraíba, com o dinheiro arrecadado da venda de latinhas de alumínio.

A conquista serve de inspiração para as filhas que estão concluindo o ensino médio. O segredo para a vitória foi não perder tempo reclamando dos problemas da vida. “E eu sempre digo ao meu marido que não reclame, pois quem reclama não sai da lama”, disse a sucateira ao G1.

Ela entrou na faculdade junto com o marido, Pedro Filemon, 35 anos, também sucateiro e que escolheu estudar administração, após Luciene insistir para que ele participasse da seleção.

“Eu tinha que ser alguém na vida, não ser só sucateira, mas ter um curso superior pra dar exemplo para as minhas filhas. Tem gente que trabalha em escritório e diz que não tem tempo para estudar. Eu trabalho dentro da sujeira e pra mim não faltou garra para terminar meus estudos. Tem gente que reclama de barriga cheia”, afirma Luciene.

Luciene largou os estudos para trabalhar e ajudar a família. Dez anos depois de concluir o ensino médio, ela voltou para a sala de aula. “Serviço Social foi feito pra mim. Eu gosto muito de ajudar as pessoas. E depois que entrei no curso e fiz estágios, tive a certeza de que aquilo foi feito para mim”, diz.

Quando estava prestes a terminar o curso, o pai de Luciene ficou doente e ela era única pessoa que poderia acompanhá-lo na hemodiálise 3 vezes por semana.

“Às vezes chegava na sala de aula chorando, mas também amigas que foram como irmãs, que me apoiaram. Essa foi a época mais difícil, pois ocorreu quando eu já estava fazendo meu trabalho de conclusão de curso”, lembra Luciene.

No baile de formatura, ela decidiu homenagear o marido, que abriu mão de participar da comemoração. Luciene entrou no baile carregando latinhas e as imagens da festa emocionaram os internautas. “Eu quis homenagear e confesso que estou um pouco surpresa com a repercussão que está tendo”, conta.

Confira a entrada triunfal de Luciene no baile de formatura:

Foto: David Silva/Alian Eventos

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