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Saiba como transformar o hábito de leitura das crianças em uma atividade divertida
0Publicado no Cenário MT
Apesar de ser consenso que o hábito de ler é fundamental para o desenvolvimento das crianças, é notória a dificuldade que os pais e educadores têm de incutir essa atividade no dia a dia. O desinteresse pode estar ligado a inúmeros fatores, como o fato de a criança enxergar os livros como uma atividade pedagógica enfadonha e chata, que ela tem que fazer por obrigação.
Para reverter esse problema, é importante mostrar para elas que a atividade de leitura pode ser muito prazerosa e divertida. O hábito é essencial para o desenvolvimento infantil, a retenção de vocabulário, o estÃmulo ao pensamento analÃtico e criativo, além de trazer outros benefÃcios.
Participação dos pais é fundamental
Os pais possuem um importante papel nessa tarefa. De acordo com a quarta edição da pesquisa âRetratos da Leitura no Brasilâ, realizada pelo Instituto Pró-Livro, há uma grande associação entre os leitores (classificados pela pesquisa como aqueles que leram um livro inteiro ou em parte nos últimos três meses) com o hábito de leitura dos pais.
Segundo a pesquisa, a percepção de que o pai ou a mãe costumavam ler é maior no grupo de leitores do que no grupo de não leitores. Portanto, a dica é que os pais sejam os exemplos, mostrando que eles leem com frequência.
Leitura pode ser atividade familiar
O estÃmulo passa, também, a transformar esse momento em uma atividade familiar. O objetivo, nesse caso, é incentivar as crianças a procurarem livros sobre assuntos pelos quais elas se interessam. Nada de obrigar seu filho a ler sobre temas com os quais ele não se identifica. Isso só vai reforçar o estereótipo de que livros são chatos e desinteressantes.
Nesse momento, converse com a criança sobre a história que ela está lendo, pergunte sobre o que mais gostou, faça questionamentos sobre a narrativa e estimule-a a raciocinar acerca do enredo. Para tornar a atividade ainda mais divertida, você também pode ler histórias fazendo uso de entonações diferentes e dramatizações.
à importante que você também mostre a obra que escolheu para ler. Não para a criança ler, e sim para ela saber que existem diversos tipos de literatura e assuntos que podem ser abordados em uma obra. O espaço deve estimular a criatividade, a liberdade e a descoberta.
Apresente o mundo dos livros
A teoria é importante, mas a prática e as atitudes são mais ainda. Presenteie os pequenos com livros de vez em quando, leve-os para bibliotecas e lugares que estimulam essa prática. Há diversos projetos que incentivam a literatura infantil, como é o caso de clubes de livros como o leiturinha.com.br, que manda por correspondência obras que passaram antes por uma curadoria de pedagogos e psicólogos.
Músicas inspiradas em livros para ouvir agora
0Canções inspiradas em grandes clássicos da literatura brasileira e internacional
Pâmela Carbonari, na Superinteressante
Para você que não dispensa uma boa playlist durante a leitura, este post é para você
Amor I love you, Marisa Monte â O Primo BasÃlio, Eça de Queiroz
O romance burguês sobre o relacionamento extraconjugal de LuÃsa com seu primo BasÃlio publicado pelo português Eça de Queiroz, em 1878, rendeu várias adaptações para o teatro, cinema e música. Uma das músicas mais chiclete do inÃcio dos anos 2000 foi inspirada na obra: âAmor I Love Youâ, de Marisa Monte. Quem diria!
Se você é uma das pessoas que, assim como eu, ouviu essa música 180 mil vezes quando foi lançada e nunca tinha percebido que era uma referência ao livro, preste atenção aos versos que Arnaldo Antunes cita a partir da segunda metade da canção â trata-se de um trecho de O Primo BasÃlio:
âE LuÃsa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saÃa delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!â
Donât Stand So Close To Me, The Police â Lolita, Vladimir Nabokov
A história do professor universitário Humbert Humbert que fica loucamente atraÃdo pela enteada Dolores, de 12 anos, é um dos livros mais controversos do século XX (que, a meu ver, é uma das obras mais pedófilas da literatura, que fique aqui registrado). A obra virou filme, dirigido por Stanley Kubrick, ópera, balé e foi adaptada para o teatro várias vezes. Não era de se espantar que a fascinação de H.H pela menina também virasse tema de música.
Em âDonât Stand so Close To Meâ, a banda britânica The Police faz menções diretas ao livro: âThe accusations fly / Itâs no use, he sees her/ He starts to shake/ And he starts to cough / Just like the old man in the / Famous book by Nabokovâ ( As acusações voam / Não tem jeito, ele a vê / Ele começa / E ele começa a tossir / Assim como o velho / Famoso livro de Nabokov).
No inÃcio da canção há um trecho que diz: âThis girlâs an open page/ Book marking â sheâs so close now / This girl is half his ageâ (Esta menina é uma página aberta/ Marcação de livro â ela está tão perto agora/ Esta menina tem metade da idade dele). Apesar dessa também ser uma referência clara à Lolita, o narrador Humbert não tem o dobro da idade de Dolores. Nas primeiras páginas, ele diz que nasceu em Paris no ano de 1910. Se fizermos as contas com outras informações apresentadas ao longo da narrativa percebemos que ele tem 36 ou 37 anos. O que o faz três vezes mais velho que ela.
Admirável Gado Novo, Zé Ramalho â Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
Se existisse um prêmio para homenagear o livro que mais foi citado em músicas, provavelmente Admirável Mundo Novo seria chamado ao palco para receber esse troféu. A distopia de Huxley em que as pessoas são organizadas em castas para viverem em harmonia, tranquilas e dopadas com Soma, a droga da felicidade, já serviu de base para várias músicas.
Lançada na ditadura militar, em 1979, âAdmirável Gado Novoâ, de Zé Ramalho, é uma nÃtida referência à sociedade descrita por Huxley e, consequentemente, à nossa, que é de onde parte a crÃtica do escritor. Se pelo nome você não reconheceu, aqui vai uma dica: âÃ, ô, ô, vida de gado / Povo marcado, ê!/ Povo feliz!â. Reconheceu? Além do refrão icônico, o restante da letra é um grito necessário contra a alienação.
âSoma is what they would take when/ Hard times opened their eyes/ Saw pain in a new way / High stakes for a few names / Racing against sunbeams / Losing against their dreamsâ (Soma é o que eles tomariam quando / Tempos difÃceis abrissem os seus olhos / Vissem a dor de um novo jeito / Riscos altos para poucos nomes / Correndo contra raios de sol / Perdendo contra seus sonhos), canta Julian Casablancas, vocalista do The Strokes, na música âSomaâ. Como o próprio tÃtulo entrega, a canção é uma alusão à droga que condiciona os cidadãos de um futuro a uma falsa sensação de bem-estar, desprovido de criatividade, revolta ou inquietude.
A banda Iron Maiden também usou o livro como referência para seu décimo disco, inclusive o nome âBrave Worldâ é homônimo do tÃtulo da distopia de Huxley. No Brasil, também temos uma forte representante dos influenciados pelo universal Admirável Mundo Novo, a baiana Pitty. Com a imperativa âAdmirável Chip Novoâ, ela critica a robotização dos homens reduzindo-as a meros fantoches consumistas.
Caçador de mim, Milton Nascimento â O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger
Os dilemas do jovem Holden Caulfield, grande Ãcone dos adolescentes incompreendidos, também entraria nesse páreo hipotético de obra mais adaptada para música.
âNada a temer / Senão o correr da luta / Nada a fazer / Senão esquecer o medo / Abrir o peito à força / Numa procura / Fugir à s armadilhas da mata escuraâ, canta Milton Nascimento no disco homônimo à músicaâCaçador de mimâ.
Também há várias menções ao livro na cançãoâCatcher In The Ryeâ, no álbum Chinese Democracy da banda Guns Nâ Roses. Além do tÃtulo, o refrão é uma citação direta: âOoh the Catcher in the Rye again/ Ooh wonât let you get away from his gun / Itâs just another day like todayâ (Ooh o apanhador no campo de centeio novamente / Ooh não o deixará fugir de sua arma / à só mais um dia como hoje). De tantas menções aos questionamentos de Holden, esta é uma música que poderia ter saÃdo da mente de J. D. Salinger facilmente.
Falando em Salinger, é por ele que a banda Green Day pergunta na músicaâWho Wrote Holden Caulfield?â âThereâs a boy who fogs his world and now heâs getting lazy / Thereâs no motivation and frustration makes him crazy / He makes a plan to take a stand but always ends up sitting / Someone help him up or heâs gonna end up quittingâ (Existe um garoto que obscurece o mundo dele e agora está ficando preguiçoso / Não há motivação e a frustração o deixa louco / Ele tenta encarar de frente mas acaba desistindo / Alguém o ajude ou ele vai acabar desistindo). Quem será, hein?
1984, David Bowie â 1984, George Orwell
O livro 1984 foi um dos grandes responsáveis por nos incutir a paranoia da falta de privacidade. Dada a força da narrativa, não é de se admirar que a obra seja habituè das listas de mais vendidos e tenha motivado tantas produções. Lembra do concurso imaginário de obra mais influente da música? Eis aqui outro grande candidato.
Em 1974, o livro de Orwell virou música de um titã tão grande quanto ele: David Bowie. A versão cantada no álbum Diamond Dogs é uma sÃntese da inquietação da utopia totalitária descrita em 1984.
Bowie não foi o único, o grupo britânico Muse compartilha de questionamentos semelhantes na música âResistenceâ, que dá nome ao álbum. Nos versos âIs our secret safe tonight?/And are we out of sight?/Or will our world come tumbling down?/ Will they find our hiding place?/ Is this our last embrace? /Or will the walls start caving in?â (Será que nosso segredo está seguro esta noite? / Nós estamos fora de vista?/ Ou será que nosso mundo está desmoronando?/ Será que descobriram nosso esconderijo? /Será esse nosso último abraço? / Ou será que as paredes começam a desmoronar?), a banda remete ao personagem principal que, apesar de detestar o sistema, só começa a acreditar em uma possÃvel rebelião ao ter um caso amoroso com Júlia, uma funcionária do governo tirânico. Os amantes mantêm o relacionamento escondido do Big Brother, o lÃder invasivo que espiona a população através de âteletelasâ(televisões que funcionam como um espelho duplo) espalhadas em todos os lugares, públicos e privados.
UFRJ recupera 12 dos 423 livros roubados da universidade
0Publicado na Isto Ã
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiu recuperar doze livros das 423 obras que foram roubadas da Biblioteca Pedro Calmon, pertencente à instituição. Por meio de nota divulgada nesta noite, a UFRJ disse que pediu apoio da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph), da PolÃcia Federal (PF), para reincorporar ao acervo três obras interceptadas a caminho da Europa e que agora estão sob a guarda do órgão em São Paulo. âSão livros dos séculos 17 e 18 sobre medicina e história natural. Mais nove obras já foram reincorporadas pela bibliotecaâ, informou a nota.
Como parte das investigações sobre o roubo de 303 livros raros e mais 120 obras do acervo da instituição, dois agentes da Delemaph visitaram hoje (5) a biblioteca, após terem participado de uma reunião ontem com representantes da universidade. A reitoria pretende acionar órgãos internacionais para reaver o patrimônio.
A UFRJ informou que apresentou à PF os resultados da sindicância interna que começou em novembro do ano passado e terminou em março. Por causa da gravidade do caso, a reitoria da universidade abriu, esta semana, uma nova sindicância, âpara documentar de forma precisa o acervo subtraÃdo e apurar responsabilidadesâ. Segundo a instituição, este foi o primeiro caso de roubo na Biblioteca Pedro Calmon, que desde 1950 guarda o acervo.
A universidade afirmou também que, após o registro do furto, adotou práticas para reforçar os mecanismos de segurança já existentes, em especial os relativos à proteção de acervos raros.
Livro póstumo de Scliar traz crônicas inéditas sobre judaÃsmo
0Autor gaúcho, que completaria 80 anos, terá mais três obras lançadas esse ano
Publicado em O Globo
RIO â Escritor compulsivo, Moacyr Scliar publicou, até sua morte, em 2011, mais de 80 livros, entre romances, contos, crônicas e infantis. E o número não para de aumentar. O autor gaúcho, que completaria 80 anos hoje, acaba de ganhar mais uma obra póstuma. âA nossa frágil condição humanaâ traz uma série de crônicas inéditas em livro, originalmente publicadas no jornal âZero Horaâ, onde colaborou durante 34 anos e publicou cerca de 5 mil textos. Esse vasto arquivo vem sendo destrinchado aos poucos pela viúva do escritor, Judith Scliar, e pela escritora e professora Regina Zilberman, organizadora da publicação. Depois de âA poesia das coisas simplesâ (2012), dedicado à cultura, e âTerritório da emoçãoâ (2013), que se concentrava no exercÃcio da medicina, âA nossa frágil condição humanaâ tem como recorte as incursões em temas judaicos, com 68 reflexões que abrangem três eixos: literatura, antissemitismo e as tensões entre Israel e os paÃses árabes.
âA identidade judaica era muito forte para o Moacyr. Mesmo ele não sendo um ser religioso, isso transparece nos seus textos â diz Judith. â Ele era filho de imigrantes e morava no Bom Fim (bairro de imigrantes judeus de Porto Alegre). Uma de suas lembranças de infância é ver as famÃlias colocando cadeiras na calçada e contando durante horas histórias dos lugares de onde vinham.

Scliar. Escritor gaúcho publicou 80 livros até sua morte, em 2011, além de cerca de 5 mil crônicas – Divulgação / Agência O GLOBO
Para Regina Zilberman, que organizou todos os três livros de crônicas póstumas de Scliar, o autor soube tratar, ao longo das décadas (a coletânea cobre de 1977 a 2010) assuntos espinhosos com um notável equilÃbrio, especialmente no que diz respeito à s relações entre Israel e outros paÃses árabes.
â Ele tem uma visão crÃtica, mas que não é fundamentalista sobre o conflito â diz a organizadora. â Seu posicionamento lúcido, que apontava problemas de ambos os lados, é uma lição para a era de extremos em que vivemos hoje. Escolhemos esse tÃtulo do livro para reforçar a ideia dele de que não adianta radicalizarmos: vivemos na fragilidade e há problemas que não podemos controlar. A vida humana é um cristal.
As milhares de crônicas do âZero Horaâ ainda devem render novos livros, mas Judith teve acesso recentemente a textos que Scliar assinava na âRevista Shalomâ, publicação judaica de circulação restrita em São Paulo â e que também devem virar livro no futuro. Para o segundo semestre, estão previstos ainda os relançamentos de três obras que se encontravam fora de catálogo. A reunião de anedotas judaicas âDo Ãden ao divãâ (1991) sairá pela Companhia das Letras. Já a L&PM vai tirar do limbo âHistórias que os jornais não contamâ (com crônicas escritas para a âFolha de S. Pauloâ entre 2004 e 2008) e o raro âMistérios de Porto Alegreâ, coletânea de lendas urbanas e histórias curiosas ambientadas na capital gaúcha.
Há, porém, obras que provavelmente nunca chegarão â ou voltarão â a circular. à o caso da coletânea de contos âHistórias de médico em formaçãoâ (1962), obra de estreia de Scliar, que ele renega e que nunca chegou a ser relançada. Esgotada desde seu lançamento, há mais de 50 anos, a primeira edição está custando até R$ 1400 nos sebos virtuais. Diversos originais nunca publicados também continuam guardados a quatro chaves por Judith, em respeito à vontade do autor.
Anotações em cartão de embarque
Por outro lado, os estudiosos de Scliar têm a possibilidade de descobrir quase mil manuscritos e datiloscritos de seu acervo, digitalizados e disponibilizados desde 2015 para consulta pública no site do Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS (delfosdigital.pucrs.br). Entre os documentos, há anotações de ideias e esboços de narrativas que nunca foram escritas, além de obras abandonadas logo no inÃcio.
Os documentos comprovam a compulsão de Scliar pela escrita (para Regina, só Machado de Assis foi mais prolÃfico). O autor, que escreveu sua primeira história aos seis anos em um papel de cobrir pão, nunca perdeu o hábito de rabiscar em tudo que surgia a seu alcance. Há anotações em recibo de posto de gasolina, cartão de embarque e até receituário.
â Uma vez Moacyr teve uma ideia no banho e saiu do chuveiro à s pressas para anotar â lembra Gabriel Oliven, cunhado do autor. â Foi obrigado a escrever em um papel higiênico.
Amigo de Scliar, o escritor Luiz Antonio Assis Brasil diz que aprendeu uma lição importante sobre pesquisa e escrita com o autor. Um dia, quando ambos conversavam sobre literatura, Scliar perguntou a Assis o que ele estava escrevendo.
â Por pura timidez, dei uma resposta breve, mas me lembro que eu disse que ainda estava na fase “das pesquisas” â conta o escritor. â Ele pensou um pouco, escolhendo as palavras, e de maneira indireta, me deu um conselho: âPois sabe? Eu também pesquiso, quando não tenho muita familiaridade com o assunto. Mas vou até 10%â (posso estar equivocado quanto à porcentagem, mas era baixa) âe o resto eu deixo para a imaginação preencherâ. Sem querer, aquilo foi uma aula, que eu imediatamente assimilei. Depois disso, a pesquisa, para mim, tornou-se mais leve e, digo ainda, perdeu o rigor de antes. E a imaginação, enfim, achou o seu lugar.
Diversos encontros lembrarão os 80 anos de Scliar. Dia 30 de março, em São Paulo, a USP organiza um Simpósio literário sobre o escritor. No dia 26 de maio, os escritores Ignácio de Loyola Brandão, Luis Fernando Verissimo, Zuenir Ventura e Antônio Torres se reúnem para um bate-papo no Centro Cultural da Santa Casa de Porto Alegre.
Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o Nobel de Literatura
0Escritoras feministas ainda carecem de reconhecimento
Publicado no Midia News
O Dia Internacional da Mulher chama a atenção para as desigualdades de gênero, violência e conquista de direitos. Costuma-se apontar a falta de equidade em áreas como a ciência ou em posições de poder, mas na literatura há também um número menor de mulheres que conseguem reconhecimento sobre suas obras.
Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o prêmio Nobel de Literatura. No Prêmio Camões, que é concedido por Brasil e Portugal a escritores lusófonos, apenas seis mulheres foram homenageadas em 28 anos. No prêmio Jabuti, premiação literária mais importante da literatura brasileira, apenas 12 mulheres receberam o prêmio desde 1959 na categoria “Romance”.
Apesar do pouco reconhecimento, muitas autoras escrevem sobre feminismo: seja do ponto de vista polÃtico, filosófico ou social, seja por meio de poemas ou colocando mulheres como personagens protagonistas em histórias que provocam reflexão. Dessa forma, ajudam a compreender o movimento que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Conheça 10 escritoras que, em suas obras, ajudam a compreender esse conceito:
Ana Cristina César
Também conhecida como Ana C, Ana Cristina César foi uma poetisa brasileira que fez parte do movimento de Poesia Marginal e deixou uma obra em que retrata seu cotidiano e intimidade, por vezes criticando padrões de comportamento impostos à mulher. Nos seus livros, em que a poesia se mistura com outros estilos como a carta e o diário, ela fala abertamente sobre seu corpo e sua sexualidade.
Ana Maria Gonçalves
Antes publicitária, a mineira Ana Maria Gonçalves abandonou a profissão para se dedicar à literatura e lançou, em 2006, o livro Um defeito de cor. Na obra, ela mostra a trajetória de uma menina negra capturada como escrava ainda na infância, e sua luta até conseguir se tornar uma mulher livre. Aém de retratar, na obra, a força da mulher, ela faz um relato detalhado sobre a vida das pessoas negras no Brasil Colonial.
Angela Davis
A filósofa e professora norte-americana Angela Davis dá aulas no departamento de estudos feministas na Universidade da Califórnia e é ex-integrante do grupo Panteras Negras. Ativista pelos direitos da mulher e igualdade racial, Angela é autora de diversos livros, e sua obra mais conhecida â Mulheres, Raça e Classe â,de 1981, foi traduzida e lançada no Brasil apenas em 2016.
Carolina Maria de Jesus
A mineira Carolina de Jesus era catadora e registrava seu cotidiano, na antiga favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, em cadernos que encontrava pelo lixo. Seus escritos, datados de 1955 a 1960, se tornaram o livro Quarto de Despejo, que denuncia a miséria, a fome e a violência sofrida por ela e seus vizinhos. A autora é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, e ainda hoje é considerada referência para estudos sobre a sociedade brasileira.
Chimamanda Gnozi Adichie
A escritora nigeriana Chimamanda Gnozi Adichie tem apenas 39 anos e desponta como um dos principais nomes femininos da literatura africana. Suas obras retratam o cotidiano de mulheres negras, abordando questões como o racismo e a violência contra a mulher. à autora dos livros Sejamos Todos Feministas e Para Educar Crianças Feministas â Um Manifesto, que são uma introdução para quem busca compreender o assunto.
Clarice Lispector
Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector é um dos exemplos em que o feminismo se mostra por meio de mulheres protagonistas. Nos romances escritos por ela, as personagens mergulham em reflexões sobre a condição humana, muitas vezes questionando o que elas são e o que a sociedade impõe que elas sejam.
Conceição Evaristo
A mineira Conceição Evaristo é doutora em literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e se destaca por abordar, em suas obras, a discriminação de gênero, raça e classe, valorizando a reflexão sobre as pessoas afrodescendentes, suas memórias e importância histórica para a cultura do Brasil. à autora do romance Ponciá Venâncio (2003), e dos livros de contos Histórias de leves enganos e parecenças (2016) e Olhos D’água (2014), este último vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Contos.
Simone de Beauvoir
A filósofa e escritora francesa, integrante do movimento existencialista, é referência em estudos sobre o feminismo, abordando, especialmente na obra O segundo sexo, a diferença entre a existência e a construção social de gênero, bem como os fatores que levam à opressão das mulheres. Ao falar de comportamentos e de esteriótipos dos homens, ela faz ainda crÃticas ao patriarcado e à resistência dos homens à compreensão sobre as demandas feministas.
Svetlana Aleksiévitch
A escritora ucraniana Svetlana Aleksiévitch é a mulher que mais recentemente recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, em 2015. Seu livro A guerra não tem rosto de mulher, ela apresenta a história da Segunda Guerra Mundial sob a perspectiva â até então desconhecida â das soldadas soviéticas que estiveram no front de batalha atuando como franco-atiradoras, voluntárias, pilotos de tanques ou enfermeiras. Com o livro, Svetlana denuncia que os conflitos militares costumam ter narrativas apenas masculinas, muitas vezes ignorando o importante papel das mulheres em momentos históricos.
Toni Morrison
Toni Morrison é a única mulher negra que já recebeu um Prêmio Nobel de Literatura. A obra Amada, pela qual foi condecorada, conta a história de uma ex-escrava que foge com os filhos após a abolição da escravatura nos Estados Unidos. O livro é o primeiro de uma trilogia, que inclui ainda Jazz (1992) e ParaÃso (1997).
Fonte http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2017-03/em-115-anos-apenas-13-mulheres-receberam-o-nobel-de-literatura