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Professoras da rede pública gastam salário com equipamentos para aula
0Marcelle Souza, no UOL
Se a escola pública oferece poucos recursos, a professora Verônica Eliane de Souza Batista, 42, não hesita em tirar dinheiro do bolso para tornar as aulas de biologia e química mais atrativas para os alunos. Sua lista de investimentos tem desde material em áudio sobre o corpo humano até um projetor multimídia e um microfone.
O mini-projetor com controle remoto custou cerca de R$ 1.300 e teve que ser parcelado em cinco vezes. Com o microfone e o amplificador, foram gastos outros R$ 340 –o piso salarial nacional de um professor é de R$ 1.567.
“No ano passado, um grupo de alunos preparou uma apresentação para um trabalho, mas não conseguiu mostrar para a turma porque o responsável pela montagem do projetor da escola ainda não tinha chegado. Fiquei bem chateada e decidi comprar o meu”, conta.
Verônica garante que valeu a pena. “Acho que faz muita diferença, gosto de tentar sempre melhorar a minha aula, mudar um pouco a rotina. Comprei o equipamento faz uns dois meses e percebo que consigo prender mais a atenção dos alunos”, diz ela, que dá aulas na zona leste de São Paulo.
O equipamento de som previne as inflamações de garganta, os antibióticos e as faltas – antes mais frequentes por causa da rouquidão constante.
Mês de salário
Assim como Verônica, a professora de sociologia Valéria Tenório, 29, também cansou de disputar o único projetor da escola pública em que leciona e decidiu gastar R$ 1.800 – que corresponde a aproximadamente um mês de salário – para comprar um projetor.
“Eu uso para preparar aulas mais dinâmicas, trabalhar com imagens e vídeos. Sociologia não tem exercício na lousa, é mais verbal, mais teórica. Então, a aula não vai ser convidativa se eu ficar falando por 50 minutos em uma sala com mais de 45 alunos”, afirma a professora da zona leste da capital.
As professoras dizem que existem projetores nas escolas em que trabalham, mas que os equipamentos são disputados e, às vezes, é preciso enfrentar problemas como tomadas que não funcionam e demora na hora de instalar a aparelho na sala de aula.
“Muitas vezes, você tenta falar e o aluno não presta atenção. Eu não acho que é culpa dele, nem todo mundo tem a obrigação de gostar de tudo. Mas se você se interessa em dar aula, o aluno valoriza”, diz Valéria.
Falta de condições de trabalho
Para a professora Andrea Caldas, do setor de Educação da UFPR (Universidade Federal do Paraná), a atitude das duas professoras é um mérito, mas melhorar as condições de trabalho da categoria deveria ser uma prioridade dos governos.
“Isso revela o quanto os professores se sentem sozinhos no seu trabalho. É uma ação isolada, emergencial, uma improvisação, enquanto quem tinha que prover essas ferramentas de trabalho é o Estado”, afirma.
A especialista acrescenta que Estados e municípios precisam planejar a adoção de novas tecnologias para que ações como a das professoras não sejam dispersas e desarticuladas. Para Caldas, os equipamentos são acessórios e, em primeiro lugar, é preciso investir na formação dos professores. “O professor pode tornar a aula mais interessante se ele souber exatamente o que fazer com a ferramenta.”
Sempre mais
A professora Verônica promete não parar no projetor e no microfone, agora está estudando comprar um microscópio para as aulas de biologia.
“Dar aula é um trabalho em que temos que comprar desde a caneta que a gente escreve, só temos o giz a lousa”, diz. “E, mesmo depois de 18 anos, eu sinto que preciso sempre me adaptar, porque a tecnologia está na mão dos alunos”, afirma.
Ao contrário da não ficção, romances e contos brasileiros não emplacam boas vendas
0Marco Rodrigo Almeida, na Folha de S.Paulo
Basta uma rápida olhada nas listas de livros mais vendidos para notar dois cenários bem distintos no mercado editorial brasileiro.
A categoria de não ficção é dominada por livros nacionais, quase sempre ocupando os primeiros lugares.
Já entre os títulos de ficção, encontrar um autor brasileiro é como achar uma agulha em um palheiro.
O site “PublishNews”, que monitora as vendas de 25% a 35% das livrarias do país, publicou um balanço de 2012 que ilustra bem a questão.
Entre os 20 livros de não ficção de maior sucesso no ano, há 14 títulos brasileiros (veja ao lado). Biografias do bispo Edir Macedo e do empresário Eike Batista e o manual de etiqueta da colunista da Folha Danuza Leão são os maiores sucessos da categoria.
Na seara da ficção, há apenas dois autores brasileiros entre os 20: Jô Soares e Luis Fernando Verissimo, ambos no fim da lista.
O livro de Jô, “As Esganadas”, ocupa o 17º lugar no grupo liderado pela trilogia britânica “Cinquenta Tons de Cinza”. É o melhor desempenho de uma ficção brasileira em 2012, embora tenha sido lançado em outubro de 2011.
A aferição feita pelo “PublishNews” é considerada hoje pelas editoras a mais confiável do país. Ainda assim, não há números exatos de exemplares vendidos no Brasil. As listas de livros mais vendidos dependem de dados de editoras e livrarias, que nem sempre divulgam essas informações.
Escritores, autores e críticos ouvidos pela Folha apontaram tanto questões de mercado quanto artísticas para tentar, ao menos em parte, explicar o fenômeno.
LITERATURA POPULAR
“O mercado cresceu, mas ficou mais concentrado. Poucos títulos vendem muito. Neste cenário, fica difícil competir com um blockbuster internacional”, diz Otávio Marques da Costa, publisher da Companhia das Letras.
“Enquanto isso, na não ficção”, completa, “os títulos internacionais têm menos força. O público prefere assuntos que lhe são próximos, sobre nossa história. É mais fácil entrar na lista.”
Para ele, falta ao Brasil a tradição de uma literatura comercial de qualidade, que faça frente aos sucessos estrangeiros. Cita como exemplo vitorioso o caso de “As Esganadas”, editado pela Companhia.
Sergio Machado, presidente do grupo editorial Record, aponta o mesmo problema.
“Há pouca gente aqui se arriscando a fazer uma ficção mais popular. Quem poderia fazer isso bem prefere ir para a TV, escrever a novela das oito.”
Os dois maiores sucessos brasileiros do grupo em 2012, segundo o levantamento do PublishNews, são de não ficção: “A Queda”, de Diogo Mainardi, e “Encantadores de Vidas”, de Eduardo Moreira.
O último, conta Machado, recebeu uma verba de marketing “agressiva”: mais de R$ 200 mil. Um livro de ficção nacional considerado “normal” recebe cerca de R$ 2.000 de marketing.”Esse investimento é mais raro mesmo na ficção. Não adianta fazer publicidade de um produto que não vai despertar o interesse do público”, afirma.
Enquanto Companhia e Record dizem dividir seus catálogos brasileiros de forma equiparada entre ficção e não ficção, a Leya tem privilegiado este último.
“Simplesmente porque são poucos os autores de ficção que merecem publicação”, justifica o diretor-geral da editora, Pascoal Soto.
Ele esteve envolvido em alguns dos principais fenômenos da não ficção dos últimos anos, como “1808” (quando Soto ainda atuava na Planeta) e a série “Guia Politicamente Incorreto” (já na Leya).
“Na não ficção, encontramos autores dispostos a atender à demanda do grande público. Eles escrevem de forma acessível. Já os romancistas escrevem para os amigos, para ganhar o Nobel de Literatura”, alfineta Soto.
Escritor Rubem Braga será homenageado no Carnaval de 2013
0O Brasil comemora o centenário do cronista, que nasceu em 1913
Publicado no Zero Hora
2013 será o ano para lembrar o centenário do mestre da crônica brasileira, o escritor Rubem Braga (1913 – 1990). A cidade capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, onde Rubem nasceu, começou a celebrar a data já em 2011, realizando a Bienal Rubem Braga, em maio.
No Carnaval, uma escola de samba da cidade, a Unidos de Jucutuquara, programou um desfile em homenagem ao escritor. Com 22 alas, cinco carros, um tripé e aproximadamente 1,5 mil componentes, a escola vai levar para a avenida os temas preferidos de Rubem Braga, como infância, mar, mulheres, amigos, saudade, esperança, solidão e até mesmo a morte. O título do samba-enredo é “A centenária noite do sabiá da crônica: entre pássaros, palavras, chiquitas e baianas”.
No Rio, cidade onde o escritor morou a maior parte da vida, Rubem Braga também será lembrado nos dias de folia. O bloco carioca Banda de Ipanema homenageia em 2013 o arquiteto Oscar Niemeyer, além dos centenários de Vinicius de Moraes, Jamelão, Rubem Braga, Paulo Tapajós, Wilson Batista e Ciro Monteiro.
Foto: Dulce Helfer / Agencia RBS
Chef de cozinha Jamie Oliver diz que nunca leu um livro
0O chef Jamie Oliver afirmou que nunca leu um livro na vida devido à dislexia
São Paulo – O que Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, e Jamie Oliver, famoso chef britânico, têm em comum? Ambos admitem que nunca terminaram de ler um livro na vida.
“Eu nunca li um livro na minha vida”, diz o chef de 37 anos, fenômeno do mercado editorial e que já lançou ao menos 16 obras de culinária mundo afora. “Eu sei que isso soa incrivelmente ignorante, mas eu sou disléxico e fico entediado facilmente”, explica Oliver, em uma entrevista dada ao jornal The Independent, do Reino Unido.
A dislexia é definida como um problema de aprendizagem de origem neurológica, de acordo com a associação brasileira da doença. “É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração”, explica a instituição, em seu site. O tratamento ajuda ao paciente a ter mais segurança para usar a linguagem escrita.
O chef Jamie Oliver parece já ter passado por algum tratamento em sua vida, uma vez que já iniciou a leitura de um livro. “Eu quase terminei Cozinha Confidencial, de Anthony Bourdain”, afirma o chefe. Porém, devido a uma briga com o autor, Oliver parou de ler a obra do chef nova-iorquino. “Mas depois ele pediu desculpa e a gente fez as pazes. Agora eu deveria voltar a ler o resto do livro”, brinca o britânico.